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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1998 Janelle Denison

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Uma cerimónia precipitada, n.º 610 - janeiro 2020

Título original: Ready-Made Bride

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1348-233-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Epílogo

Se gostou deste livro…

Prólogo

 

 

 

 

 

O seu pai precisava de uma esposa e ele precisava de uma mãe. Andrew Fielding, de sete anos de idade, tinha a solução para os dois.

Sentado na mesa de carvalho que o seu pai construíra com as suas próprias mãos, Andy estava a escrever a Megan Sanders para a convidar a visitar a sua aula. Queria que viesse para a sua festa de anos, que seria no mês seguinte.

Há um ano e meio que se escreviam. Tudo começara quando Andy lhe contara por carta o muito que a admirava por ter escrito os livros da série: As aventuras de Andy.

Eram aventuras tão divertidas como as dele. E a criança dos desenhos era parecida com ele: louro, com olhos castanhos. Andy gostava de imaginar que ele era o protagonista dos livros da escritora, sempre a lutar contra os piratas ou a esconder-se dos índios.

Ela era solteira e não tinha filhos. Uma vez, tinha-lhe inclusive dito, por correspondência, que gostaria de ter um filho tão maravilhoso como ele.

Andy queria que ela fosse a sua mãe, para tomar conta dele e do seu pai e para lhe fazer bolachas de chocolate nos dias de chuva.

O seu pai precisava de uma esposa que o fizesse rir mais vezes, alguém que o convencesse a fazer as pazes com os seus sogros, o avô e a avó Linden.

Megan poderia fazer isso e a criança sabia que o seu pai acabaria por gostar tanto dela como ele.

Era um plano perfeito.

E tudo o que tinha que fazer era conseguir que o seu pai se apaixonasse por Megan.

Capítulo 1

 

 

 

 

 

– Ela vem, papá! Ela vem! – exclamou Andy, a correr pelas escadas.

Trazia uma folha de papel na mão e uma expressão de felicidade no rosto.

– Vem para o mês que vem, para os meus anos – continuou a dizer o rapaz.

Kane Fielding olhou para o seu filho com curiosidade, enquanto tentava subir as escadas da parte traseira da casa.

– Quem é que vem para os teus anos? – inquiriu ele.

Andy foi para o lado do seu pai e replicou:

– Megan.

Surpreendido, Kane arqueou as sobrancelhas.

– Megan Sanders, a escritora dos livros que tu lês?

– Sim.

O pai sabia perfeitamente quem era aquela escritora, era a responsável por o seu filho passar horas a falar dela e das suas histórias. Às vezes, arrependia-se de ter ido à grande biblioteca da cidade e ter pedido um bom livro para o seu filho, que tinha acabado de aprender a ler. O empregado dissera que As aventuras de Andy era o livro indicado e com maior sucesso no mercado. Daquela maneira, a criança tinha-se afeiçoado à série e tinha escrito à autora para lhe contar o muito que gostava das suas histórias.

– Importavas-te de me dizer como foi que essa ideia surgiu? – inquiriu Kane, com uma certa suspeita de que não ia gostar nada daquilo.

– Escrevi uma carta a convidá-la a visitar-nos para o dia dos meus anos – declarou Andy, orgulhoso de si mesmo. – Disse-lhe que podia ficar connosco e que tu não te ias importar.

O pai abriu a porta da cozinha, deixando passar primeiro a criança. Uma coisa era manter uma relação por carta e outra, muito diferente, convidar uma pessoa a vir a Linden para a conhecer pessoalmente.

– Mas, Andrew, se nem sequer a conheces.

– Claro que a conheço e tu também a conheces! – exclamou a criança, franzindo a testa. – Telefona muitas vezes e tu já falaste com ela várias vezes.

Kane ficou calado, incapaz de negar a evidência. Costumava trocar algumas palavras com ela antes de passar o auscultador ao seu filho, quando ela telefonava. A sua voz sempre o afectara, pensando como seria ao natural. Nunca se importara por aquela mulher telefonar para casa, porque o seu filho ficava muito contente.

– Mas, Andy, falar por telefone e escrever algumas cartas não é a mesma coisa do que conhecê-la pessoalmente – tentou fazer compreender. A alegria desapareceu do rosto da criança.

– Então, não queres que venha?

Kane esfregou o queixo, incomodado pela desilusão de Andy.

– Não é isso, é que…

– Pelo menos, poderias ler a sua carta – sugeriu a criança, com um fio de esperança na voz.

– Porque é que não ma lês tu, enquanto lavo a loiça?

Kane ouviu o seu filho a ler a carta. Felizmente, a escritora deixava a última palavra do convite ao pai de Andrew.

Assim que a criança acabou de a ler, ele ficou na expectativa, a olhar para o seu pai.

– Então, papá, pode vir ou não?

Secando as mãos num pano, Kane respondeu:

– Não me parece uma boa ideia.

– E porque não?

– Porque não é muito apropriado.

Andy ficou a pensar que o seu pai não saía com nenhuma mulher há muito tempo. Desde que Cathy, a sua esposa, tinha morrido, que não entrava uma mulher em casa. Os coscuvilheiros da povoação iam ficar surpreendidos…

Lágrimas de tristeza caíram pelas faces do seu filho, enquanto ele ficava com um nó na garganta.

– É o único presente que quero para os meus anos. Pensava levá-la à escola e apresentá-la aos meus amigos. Agora vão pensar que sou um mentiroso.

O pai hesitou. Andy não costumava pedir nada e magoava-o ter que lhe recusar algo que a criança queria.

Afinal de contas, não seria a primeira vez que o criticariam em Linden.

– Por favor, papá – insistiu a criança.

Como poderia dizer que não? Fazer feliz o seu filho era o seu objectivo principal. Estava decidido a aceitar com tal de que a convidada não esperasse muita dedicação da sua parte.

– Está bem, pode ficar cá em casa – replicou, finalmente, suspirando.

– Iupii! – exclamou Andrew, com os olhos cheios de alegria e dançando em volta do seu pai. – Vou telefonar-lhe neste mesmo instante.

Os dois dirigiram-se para a sala de estar, mas o adulto fê-lo de uma maneira mais comedida.

 

 

Megan Sanders ficou paralisada ao ver Kane pela primeira vez. Era muito atraente. Estava a trabalhar na serração, de costas para ela. Vestia calças de ganga gastas, que deixavam adivinhar as suas pernas compridas e musculosas, e uma velha camisa azul que marcava o seu tronco. O seu cabelo preto era comprido, encaracolado, e dava-lhe pela nuca e, naquele momento, estava cheio de serradura.

Megan reparou num certo mal-estar, como o que sofrera durante a viagem de dois dias. Eram os nervos…

Ocupado como estava na carpintaria, não ouvira chegar o carro de Megan nem os seus passos. Kane estava a lixar uma superfície lisa de madeira e, quando acabou, acariciou-a com os seus dedos duros. Virou-se para observar a contraluz a peça de carvalho. Megan conseguiu ver as harmoniosas feições do seu rosto e a sua boca sensual. Era o homem mais sensual que vira na sua vida.

A escritora decidiu aclarar a voz, para fazer notar a sua presença.

– Desculpe…

Ele virou-se, observando com os seus brilhantes olhos verdes de quem se tratava.

Megan esperara ver alguém parecido com Andy, mas não aquele homem…

– Não o queria assustar – declarou ela. – Bati à porta de casa e ninguém me abriu.

Em seguida, a escritora aproximou-se da porta da serração, enquanto Kane a via avançar sem sorrir.

Megan disse para si mesma que aquilo não parecia umas boas-vindas muito hospitaleiras. Talvez se tivesse enganado de casa.

– Posso ajudá-la? – inquiriu o homem, com uma voz profunda que encaixava muito bem com o seu aspecto.

– Espero que sim – replicou ela, a sorrir. – O senhor é Kane Fielding?

Deixando de lado a peça de madeira sobre uma mesa cheia de ferramentas, colocou as mãos nas ancas e replicou ameaçador:

– Sim, sou eu, o que é que quer?

Ignorando a sua atitude, ela aproximou-se e estendeu a mão.

– Sou Megan Sanders.

Um certo alívio descontraiu os seus músculos, mas não anulou totalmente a sua tensão.

– Mas não é nada parecida com as fotografias dos seus livros.

E ele apertou-lhe a mão, com os seus dedos envolventes. Uma onda de calor invadiu o braço de Megan, ao mesmo tempo que o seu coração começou a bater desesperadamente. Embora aquele homem a tivesse cativado tanto por telefone como em pessoa, não imaginara que o seu atractivo sexual fosse tão contundente. E o pior era que parecia que o conhecia desde sempre, em vez de só há dez minutos.

– É incrível o que um bom cabeleireiro e uma boa maquilhagem conseguem – replicou ela.

Kane pensou que era muito mais bonita pessoalmente do que na pequena fotografia a preto e branco que Andy lhe mostrara na capa dos seus livros.

Megan tinha um bonito cabelo liso de cor cobre e uns olhos azuis cheios de vida. Não trazia muita maquilhagem e tinha um aspecto são e agradável, não concordando com a imagem que ele tinha de uma escritora consagrada. Era baixa, mas tinha boas curvas sob o seu vestido lilás e tinha umas bonitas pernas.

Ele ficou com os músculos tensos e de mau humor por encontrar uma resposta tão rápida das suas hormonas ao ver aquela mulher.

– Não a esperava senão mais tarde – declarou Kane, irritado.

Confundira-a com uma assistente social, enviada pelos seus sogros para verificar a sua competência como pai.

– Demorei menos do que tinha calculado e tive receio de não encontrar ninguém em casa – replicou Megan, a sorrir, apesar da atitude hostil do seu anfitrião.

Normalmente, àquela hora, a escritora não o teria encontrado. Só trabalhava meio dia às sextas-feiras na serração. À uma da tarde já estava em casa e o resto do dia passava-o com o seu filho. O horário funcionava bem e proporcionava-lhe muito tempo para partilhar com Andy.

Como Kane não respondia, ela ergueu-se lentamente e continuou a dizer:

– Andy já voltou da escola?

– Ainda não – replicou ele, consultando o seu relógio. – Mas o autocarro deve estar a chegar.

– Não pode imaginar o que significa para mim passar uns dias com Andy.

– Faz isto com todos os seus admiradores?

– Andy é o meu preferido e não o podia desiludir quando me pediu que o visitasse para o dia dos seus anos.

– Mas, porquê o meu filho? – inquiriu Kane, surpreendido.

A expressão de Megan e a cor azul dos seus olhos tornou-se mais doce.

– Gosto muito dele.

– Mas quase não o conhece – replicou ele, com uma certa agressividade.

– Ficaria surpreendido se soubesse até que ponto o conheço. Sei muito sobre si pelas cartas que ele me escreveu durante um ano e meio. Certamente, o senhor leu-as.

Embora Kane não o tivesse feito, não se atrevia a dizer a verdade, pois assim, ela poderia pensar que não se preocupava com o seu filho. O que era completamente falso. A resposta não era tão simples.

Passado uns instantes, Kane propôs:

– O que é que acha de irmos para casa para esperarmos por Andy?

«E entretanto pensarei no que vou fazer consigo e com as suas perguntas», pensou Kane.

Os dois saíram da serração para a luz do sol e para o ar fresco. Quando chegaram a casa, entraram pela porta principal e dirigiram-se para a sala de estar e para a cozinha.

– Quer beber alguma coisa? – ofereceu o anfitrião, abrindo o frigorífico. – Tenho sumo de maçã e cerveja.

– Um pouco de sumo de maçã, obrigada – declarou ela, sentando-se numa cadeira de madeira perto da mesa.

Kane serviu um copo e pegou numa lata de cerveja para ele.

– Quanto tempo pensa passar em Linden, connosco?

Megan fitou-o nos olhos e replicou:

– Pelo menos uma semana, se não houver nenhum inconveniente.

O homem reparou como ela mordia o lábio inferior. Seria tão suave como parecia? Maldição, uma semana era muito tempo.

– Está de férias? – inquiriu.

– É uma das vantagens de ser uma escritora independente. Pode-se trabalhar sem dar explicações a ninguém, salvo ao editor de vez em quando. Então, concorda?

– A que é que se refere? – inquiriu o pai de Andrew.

– Se posso ficar aqui uma semana – replicou ela.

A verdade é que ele começava a arrepender-se de ter dito que sim ao seu filho. Não tinha vontade de partilhar uma semana com aquela escritora nem com qualquer outra mulher.

– Linden não é uma povoação muito turística – tentou dissuadi-la. – Não vai precisar de mais do que uns dias para a conhecer completamente.

– Não vim para fazer turismo, mas para estar com o seu filho, se não se importar que eu fique.

Kane ficou a pensar que a escritora estaria provavelmente habituada a casas mais luxuosas e confortáveis do que a dele.

– A casa é pequena e nada elegante – replicou, por fim.

Tinham uma vida simples e ele sentia-se furioso por ter que se desculpar perante uma desconhecida. Herdara-a aos dezassete anos, quando o seu pai tinha morrido e nela tomara conta de Diana, a sua irmã de doze anos. Tentara fazer dela o lugar mais acolhedor do mundo. No entanto, não tinha sido suficientemente bom para a sua esposa. Nada fora suficientemente bom para Cathy Linden, depois de ter conhecido o segredo que Kane guardava.

– Não preciso de nada do outro mundo, só de um sofá onde possa dormir – declarou Megan, depositando o copo vazio no lava-loiça. – Pensei tratar da comida em troca.

– Não será preciso… – replicou Kane, enquanto uma ligeira fragrância feminina lhe invadia o cérebro.

– Insisto – interrompeu Megan, antes que ele dissesse que não era uma boa ideia que ficasse. – E pelo que me contou Andrew, o senhor não é um bom cozinheiro.

Kane deixou a lata vazia sobre a mesa, incómodo.

– Andy fala demais. E sobre ficar aqui…

Mas, naquele momento, ouviu-se o barulho do autocarro a travar e atraiu a atenção da escritora. Com os olhos brilhantes de emoção, olhou pela janela e disse:

– É Andrew?

– Sim – replicou o seu pai, praguejando baixo.

– Quero conhecê-lo – replicou ela, com excitação.

E saiu a correr para a porta principal, deixando o pai sozinho na cozinha, praguejando sobre a brilhante ideia do seu filho e porque é que ele a aceitara.

Um minuto mais tarde, saiu para o exterior, ali estava Megan, à espera que ele descesse as escadas do autocarro.

Andy, com a sua mochila às costas, viu os adultos.

Ela esboçou um sorriso deslumbrante.

– Aqui estou – murmurou, e imediatamente riu.

– Megan! – gritou Andrew, e começou a correr para a abraçar com todas as suas forças pela cintura.

– Por fim, chegaste!

– Claro que sim, prometi que vinha.

E acariciou-lhe os cabelos louros com a mão.

Andy retrocedeu uns passos e viu lágrimas nos olhos dela.

– Porque é que choras, Megan?

– Porque estou muito contente por estar contigo – replicou ela, observando-o com paixão. – És muito mais bonito do que na fotografia da escola.

Andrew sorriu.

– E tu és muito bonita.

E virando-se para o seu pai com olhos brilhantes, continuou a dizer:

– Não achas que Megan é muito bonita, papá?

Com um leve gesto de orgulho, Megan olhou para outro lado, mas Kane viu o brilho do seu olhar. O sol iluminava o seu cabelo, realçando a sua cor canela. O pai de Andy perguntou-se se seria tão liso e suave como parecia.

Todos se dirigiram para o interior da casa. O rapaz carregou o peso da sua mochila dos Power Rangers sobre o outro ombro.

– Estás aqui há muito tempo? – inquiriu a criança à sua amiga.

– Há um bocado, o tempo de conhecer o teu pai – confessou a escritora, pousando maternalmente a mão na cabeça de Andy.

A criança olhou para os dois.

– Bom, gostam um do outro?

– Sim, claro – replicou o seu pai, discretamente.

– Tinha a certeza disso – replicou Andy, com um sorriso pícaro que lhe fez aparecer uma covinha no rosto.

– Vamos, Megan, quero mostrar-te o meu quarto e onde guardo todos os teus livros.

E, naquele preciso instante, ao ver o rosto de satisfação do seu filho, Kane percebeu que não se poderia libertar de Megan.

Ao passar o umbral da porta, a escritora virou-se para ele e declarou suavemente:

– Obrigada, Kane.

E sorriu de uma maneira que fez aumentar a temperatura do corpo de Kane uns quantos graus.

O pai de Andy ficou no alpendre. Compreendera que Megan lhe tinha agradecido por a ter deixado ficar, mas, no entanto, tinha a sensação de que a sua gratidão devia-se a outras coisas.

Soltando uma gargalhada, Kane dirigiu-se para a sua carpintaria, perguntando-se quem é que pensava que ele era, se achava que uma mulher como aquela iria olhar para um homem rude como ele.

De repente, toda a amargura acumulada no seu interior saiu à superfície. Uma vez, uma mulher detestara-o pelas suas carências e não ia deixar que isso acontecesse novamente, por muito tentadora que fosse a candidata.

 

 

– Olha para o que o meu pai me fez! – exclamou Andy, mostrando a Megan os encostos de madeira para os livros que mantinham em pé uma fileira de exemplares. – A parte da frente é a locomotiva e a parte traseira é a cauda de um comboio, não são bonitos?

– Sim, são bonitos – replicou a escritora, admirada pela habilidade e o gosto do seu criador.

– É a minha colecção de As Aventuras de Andy. Estão num lugar de destaque porque são especiais. Na gaveta da cómoda tenho o resto dos meus livros. Não tenho outro lugar para eles.

Ela olhou para os títulos com curiosidade entre os quais havia uma grande variedade.

– O meu pai está muito orgulhoso por eu gostar tanto de ler. Está sempre a trazer-me livros novos de uma grande livraria que há na cidade. Mas os teus são os meus favoritos.

– Fico muito contente – comentou Megan, desfrutando do entusiasmo da criança.

Há muito tempo que Megan não se divertia, que não tirava tempo para ela, como uns dias de férias. Tinha precisado de fazer algo espontâneo como ter uma aventura… o melhor que lhe ocorrera tinha sido visitar Linden para poder conhecer Andy e o seu pai, já que tinham estado presentes na sua mente durante um ano e meio.

– Olha para isto – mostrou Andy. – Um cavalo de madeira com sela e tudo. Foi o meu presente de Natal de há dois anos atrás.

Megan ficou surpreendia pela qualidade do trabalho, nunca vira um brinquedo tão bonito. Era uma peça única.

– É quase tão grande como tu! – exclamou ela.

– Sim, o papá fê-lo grande para que durasse enquanto eu crescia. Também fez o forte e os baloiços da escola.

A sorrir, a escritora continuou a ouvir as coisas maravilhosas que o pai de Andy sabia fazer.