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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

© 2012 Trish Wylie

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Um rebelde em Nova Iorque, n.º 1472 - Abril 2015

Título original: New York’s Finest Rebel

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

I.S.B.N.: 978-84-687-6594-5

Editor responsável: Luis Pugni

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

«Todas as raparigas sabem que há dias de saltos altos e dias de sapatos rasos. Bem pensado, podia ser uma metáfora da vida. Façamos com que hoje seja um dia de saltos altos, está bem?»

Vermelhos e com saltos perigosamente altos, eram os sapatos mais sensuais que Daniel Brannigan vira na sua vida. Viu-os desaparecer pela escada, amaldiçoando em silêncio a quantidade de tempo que demoravam a fechar as portas do elevador.

Queria conhecer a mulher que calçava aqueles sapatos.

Carregou no botão até sentir uma sacudidela para cima e seguiu no elevador mais lento alguma vez inventado. Depois da primeira das suas três viagens interminavelmente lentas, decidira que as escadas seriam o seu principal modo de subir no futuro. Contudo, antes, tinha de levar todos os seus pertences para o quinto andar.

Viu uma mancha vermelha pelo canto do olho e olhou com mais atenção para valorizar cada detalhe. Umas correias estreitas rodeavam uns tornozelos finos e o ângulo dos pequenos pés dava forma suficiente aos calcanhares para lhe recordar que precisava de umas férias. Se vivia no mesmo bloco de apartamentos para onde ele se mudara, seria uma complicação não desejada. Contudo, a julgar pelo efeito que os sapatos causavam na sua libido, supunha que valia a pena. Ganhara a alcunha Danny Perigo por alguma razão.

O elevador deteve-se inesperadamente e uma mulher idosa com um cachorro ao colo fez uma careta ao ver as caixas amontoadas à volta dele.

– Vai descer?

– Vou subir – respondeu Daniel, cortante. Chegou-se para a frente e carregou no botão com o cotovelo.

«Não desapareças, boneca.»

Sempre gostara da adrenalina causada pela perseguição… e também do tipo de mulher que conseguia usar uma saia tão curta que o fazia reprimir um gemido ao vê-la. A saia de estilo animadora de claque ajustava-se às curvas das ancas e perdia-se numa cintura estreita. Daniel olhou para a mão de ossos finos que segurava os sacos com nomes que não lhe diziam nada e sorriu ao não ver nada no dedo anelar. No andar anterior ao dele, ela deteve-se para falar com alguém no corredor. Para sua frustração, isso significava que não conseguiria ver-lhe a cara quando o elevador passasse. Em vez disso, ficou com uma imagem de um cabelo comprido, castanho e encaracolado e o som de uma gargalhada feminina cristalina.

Quando o elevador voltou a parar, fez o que fizera nas suas viagens anteriores e empurrou uma caixa com o pé para a abertura. Depois, ouviram-se passos na escada. Daniel virou-se e levantou o olhar até ver uns grandes olhos escuros. Os olhos semicerraram-se e ele parou de sorrir.

– Jorja – afirmou, com secura.

– Daniel – replicou ela. Inclinou a cabeça para um lado e arqueou uma sobrancelha. – Já pensaste que talvez haja mais alguém que queira usar o elevador?

– As escadas são um bom exercício.

– Suponho que isso é um «não».

– Estás a oferecer-te para me ajudar na mudança? É muito amável da tua parte – passou-lhe a caixa que tinha nos braços e soltou-a, antes de ela ter oportunidade de recusar.

A caixa caiu ao chão entre os dois e ouviu-se um barulho de vidros partidos.

– Ena! – ela pestanejou.

Daniel olhou para ela com raiva. O facto de ter feito mudanças interessantes no seu guarda-roupa enquanto ele estava fora não a tornava menos irritante do que o fora nos últimos cinco anos e meio.

– Não há um cartaz de boas-vindas? – perguntou.

– Isso não sugeriria que fico feliz por estares aqui?

– Se tens algum problema com eu estar aqui, devias tê-lo dito quando apresentei a minha candidatura ao Comité de Residentes do bloco.

– E o que te faz pensar que não o fiz?

– Então, penso que foram as palavras «decisão unânime» – ele encolheu os ombros. – O que queres que te diga? As pessoas gostam que um polícia viva no seu edifício. Faz com que se sintam seguras.

Ela sorriu com doçura.

– A mulher idosa que aborreceste dois andares mais abaixo é a presidente do Comité de Residentes. Dou-te uma semana antes de começar a fazer circular uma petição para te expulsar.

Daniel respirou fundo. Nunca conhecera outra mulher que causasse o mesmo efeito nos seus nervos.

– Sabes qual é o teu maior problema, boneca?

– Não me chames boneca.

– Que subestimas a minha habilidade de ser adorável quando quero. Posso fazer com que a senhora do caniche me faça bolachas de chocolate em menos de quarenta e oito horas.

– Bichon.

– O quê?

– O cão. É um bichon frisé.

– Tem nome?

– Gershwin – ela revirou os olhos ao perceber o que fazia. – E receio que já te tenha dado a minha cota de ajuda para todo o dia.

Ele inclinou-se, levantou a caixa e sacudiu-a.

– Deves-me meia dúzia de copos.

– Processa-me – troçou.

Virou-se e ele seguiu-a com o olhar pelo corredor até se lembrar de quem observava. Tratava-se de Jorja Dawson. E se fosse a última mulher que restasse no estado de Nova Iorque, ele faria um voto de castidade antes de se enrolar com ela. Até tinha uma lista de razões para não o fazer.

Ela pôs a mão na mala e virou-se para olhar para ele à porta do seu apartamento.

– Suponho que não tencionas aparecer no domingo para almoçar, pois não? A tua mãe iria gostar que fosses.

A relação dela com a sua família era a número seis na lista de razões dele. Olhou para ela nos olhos.

– Vais estar lá?

– Nunca falto.

– Cumprimenta-os da minha parte.

– Estás a dizer que não vais porque eu vou?

– Não penses que tens assim tanta importância – acomodou a caixa num braço e procurou a chave no bolso com a outra mão. – Se organizasse a minha vida a pensar em ti, não me mudaria para o apartamento à frente do teu. Mas quero que saibas uma coisa – fez uma pausa. – Vais mudar-te primeiro do que eu.

– Tu nunca estiveste mais de seis meses no mesmo sítio – indicou. – E só porque o exército te enviava.

– A Marinha – corrigiu. – E se há uma coisa que não deves esquecer sobre os marines é que nunca cedemos terreno.

– Vivo aqui há mais de quatro anos. Não vou a lado nenhum.

– Então, suponho que vamos ver-nos muitas vezes.

Teria preferido viver sem aquilo. Embora não tencionasse dizer-lho, ela era a razão principal por que hesitara em mudar-se para aquele apartamento. Ela era uma espiã que podia informar o resto do clã Brannigan nas conversas semanais enquanto comiam o assado ou o bolo de queijo. E no que dizia respeito a Daniel, se a sua família quisesse saber como estava, podia perguntar-lho. Quando o fizessem, dar-lhes-ia a mesma resposta que lhes dera nos últimos oito anos. Com algum bónus mais recente para despistar.

«Estou bem, obrigado. Claro, é um prazer voltar a casa. Não, não tive nenhum problema a voltar à minha unidade. Sim, se me chamassem novamente da reserva, voltaria a ir.»

Não precisavam de saber mais nada.

– Sabes qual é o teu problema, Daniel? – perguntou. – Achas que me incomoda que estejas aqui quando a verdade é que não quero saber onde estás, o que fazes ou com quem o fazes.

– A sério?

– Sim. Não sou uma dessas mulheres que consegues fazer babar com um sorriso. Espero que o teu ego consiga suportá-lo.

– Cuidado, Jo, podia pensar nisso como um desafio.

Ela deu uma gargalhada.

– Não sabia que tinhas sentido de humor – comentou.

Antes de ele conseguir responder, abriu a porta do seu apartamento e entrou. Virou-se e olhou para ele de cima a baixo, rindo-se cada vez mais alto. Depois, fechou a porta.

Daniel abanou a cabeça. Aquela mulher tirava-o do sério!

Aquele homem tirava-a do sério.

Jo apoiou-se na porta, respirou fundo e franziu o sobrolho ao sentir que o seu coração estava mais acelerado do que de costume. Se subir as escadas com saltos causava aquele efeito, teria de pensar em começar a ir ao ginásio.

Era verdade que, provavelmente, poderia atribuir uma pequena parte à sua frustração por não ser capaz de manter uma conversa com ele sem a transformar num combate de boxe verbal. Contudo, ela não era a única que o fazia, ambos tinham a mesma reação.

Atravessou a sala de estar até ao quarto e resistiu ao impulso de calçar uns chinelos e vestir um pijama. Se ele conseguia fazê-la vestir a roupa de comer gelado no primeiro dia, não teria nenhuma esperança de sobreviver aos três meses seguintes. Quando o telemóvel tocou uma hora depois, viu o nome no ecrã antes de atender.

– Ainda não consigo acreditar que me tenhas feito isto.

A voz de Olivia era alegre.

– Que parte? Sair daí, vestir-te de dama de honor ou falar a Danny sobre o apartamento?

– Penso que sabes a que me refiro – indicou Jo. – Tenho de mudar de melhor amiga. O meu homem ideal podia ter chegado àquele apartamento se não o tivesses mencionado ao teu irmão.

– Desde quando procuras um homem ideal? E, além disso, ele não estará muito tempo aí. É um arrendamento temporário, lembras-te?

– Se renovar o contrato, farei um boneco e cravar-lhe-ei alfinetes – Jo afastou-se do espelho onde estava a fazer uma passagem de moda pessoal e dirigiu-se para a cozinha. – Mas quero que saibas que ele está decidido a fazer com que seja a primeira a mudar-me.

Como todos os que tinham vivido alguma vez em Manhattan sabiam o que um apartamento significava para um nova-iorquino, não era preciso explicar como era ridículo que Danny pensasse que ela ia sair dali. O apartamento que partilhara com Olivia e, de vez em quando, ainda partilhava com Jess era um espaço só dela.

Não trabalhara tanto para acabar num lugar em que jurara que nunca voltaria a encontrar-se.

– Já o viste? Há sangue no corredor?

– Ainda não. Mas dá-lhe algumas semanas e só um dos dois sairá intacto daqui – Jo levantou a cafeteira vazia e suspirou ao ouvir a música procedente do outro lado do corredor. – Ouves isto?

Aproximou o telemóvel da parede.

– O meu irmão e o rock clássico condizem, como…

– Satanás e a tortura eterna? – sugeriu Jo.

– Provavelmente, não é o melhor momento para mencionar que aceitou vir ao casamento, pois não?

– Não tenciono dirigir-me para o altar com ele.

– Podes ir com Tyler.

Melhor. Adorava Tyler Brannigan. Era divertido estar com ele.

– Pensava que estava decidido a não vestir um fato. Como o convenceste?

– Danny? Do mesmo modo que o convenci a ir ao aniversário da sobrinha no mês passado. Só que, desta vez, Blake ajudou-me.

Queria dizer que Daniel perdera uma aposta. Jo sorriu ao pensar no noivo de Olivia a conspirar com os outros irmãos Brannigan contra um deles na sua noite de póquer. Pôs o café na cafeteira. Ainda bem para Blake!

– Que aspeto tem?

Jo pestanejou ao ouvir a pergunta.

– O mesmo de sempre – replicou. – Porquê?

– Suponho que não viste as notícias hoje.

– Não – Jo entrou na sala de estar e ligou a televisão com o comando à distância. – O que perdi?

– Espera.

A notícia apareceu quase imediatamente no canal de notícias locais. Como não conseguia ouvir o que diziam sem aumentar muito o volume, leu o que havia na parte inferior do ecrã. Falava de um agente dos Serviços de Emergência que desprendera o seu arnês de segurança para resgatar um homem na ponte Williamsburg. A câmara tentava focar uma mancha situada entre os cabos de suspensão no momento em que outra mancha se aproximava dele. Por um segundo, ambos quase caíram e a multidão que olhava do chão emitiu um gemido coletivo. No último momento, rodearam-nos outras manchas e tiraram-nos dali.

No ecrã, ouviram-se aplausos e Jo abanou a cabeça.

– Não consigo acreditar.

– Eu sei – Olivia suspirou. – A mamã está furiosa. Já sofreu bastante quando estava fora.

– Ligaste-lhe?

– Não atende.

Jo olhou para a porta.

– Já te ligo.

No corredor, teve de bater várias vezes à porta com o punho antes de baixarem a música e abrirem.

– Liga à tua mãe – ordenou. E deu-lhe o telemóvel.

– O que se passa?

Ela carregou na tecla de marcação rápida e levou o telemóvel ao ouvido.

– És um imbecil desconsiderado – murmurou.

Assim que a mãe dele atendeu, Jo passou-lhe o telemóvel.

– Não, sou eu. Estou bem. Já te teriam ligado se não fosse assim, já sabes – recuou um passo e fechou a porta na cara de Jo.

De volta ao seu apartamento, praguejou. Ele tinha o telemóvel dela e, nele, estava toda a sua vida. Voltou à cozinha e marcou o número da irmã dele no telefone fixo.

– Agora, está a falar com a tua mãe.

– O que fizeste? – perguntou Olivia.

– Disse-lhe o que pensava dele.

– Na cara?

Jo continuou com o que estava a fazer antes e ligou a cafeteira.

– Nunca me custou muito dizer-lhe o que penso. Já sabes.

Bateram à porta.

– Espera – quando abriu a porta e encontrou os olhos azuis dele, pegou no telemóvel e substituiu-o pelo telefone que tinha na mão. – A tua irmã.

Ele levou o auricular ao ouvido e entrou.

– Olá, mana, o que se passa?

Jo pestanejou. Como acabara no seu apartamento? Fechou a porta e voltou à cozinha. Se ele pensava que aquilo ia tornar-se habitual, já podia começar a esquecê-lo. Ela não desejava passar tempo com ele. Olhou para a divisão, que parecia mais pequena com ele ali, e franziu o sobrolho quando ele olhou para ela pelo canto do olho.

O olhar dele percorreu o seu corpo e deteve-se nos pés durante mais tempo do que o necessário. O que era aquilo?

Jo resistiu ao impulso de baixar o olhar para ver o que vestia. A sua roupa não tinha nada de mal. Em todo o caso, tapava mais do que a que usara da última vez que a vira. Gostava do modo como as calças pretas faziam com que as pernas parecessem mais compridas, sobretudo, acompanhadas por uns sapatos de salto alto. Com um metro e setenta e cinco de altura, não podia dizer-se que era baixa, mas, tendo em conta o número de modelos mais altos que conhecia nas suas horas de trabalho, agradecia tudo o que oferecesse a ilusão de que era mais alta. Abanou a cabeça. Porque se importava com o que pensava dela? O que sabia de moda não encheria um dedal. E como prova… as calças de ganga que usava.

A julgar pelo tecido gasto nos joelhos e à volta dos bolsos do…

Jo desviou o olhar com rapidez. Se a apanhasse a olhar para o traseiro dele, rir-se-ia.

Aquele homem já tinha um ego do tamanho do Texas.

– É o meu trabalho – declarou, com uma nota de impaciência na voz, passeando pela divisão. – A corda não chegava, não havia tempo… Sabia que havia pessoas a cuidar de mim. Acabaste? Porque, certamente, a tua amiga tem de fazer mais três chamadas.

Jo pegou na chávena favorita e deixou-a na bancada. Esperava que Olivia lhe desse um bom sermão. Que tipo de idiota tirava o arnês de segurança àquela altura? Não ouvira falar da força da gravidade?