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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2013 Maureen Child

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Cativa por vingança, n.º 1225 - Dezembro 2014

Título original: Her Return to King’s Bed

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5849-7

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Volta

Capítulo Um

 

– Um ladrão de joias aqui, no hotel? – perguntou Rico King ao chefe de segurança.

Franklin Hicks, um homem na casa dos trinta, alto, com a cabeça rapada e olhos azuis, franziu a testa.

– É a única explicação. A hóspede do bungalow seis, Serenity James, disse que lhe tinham roubado uns diamantes. Já interroguei a senhora e o serviço de quartos.

Rico não necessitava de olhar para o plano do hotel para localizar o bungalow seis. Como todos eles, estava suficientemente isolado para oferecer a máxima privacidade aos hóspedes. Gente como Serenity James, uma jovem e prometedora atriz que, contradizendo o seu nome, vivia no limite, e que, segundo sabia Rico pelo serviço de segurança, recebia contínuas visitas de homens. Qualquer um deles podia ter levado as joias. E Rico pensou que a resolução do roubo seria simples.

– Falaste com os convidados da senhora James?

– Estamos a tentar localizá-los, mas duvido que seja algum deles – respondeu Franklin resfolegando. – Quem quer que tenha roubado os diamantes fez uma seleção precisa das pedras que poderiam vender-se mais facilmente. Parece um trabalho profissional. Além disso, houve mais duas denúncias nos últimos dias.

– Raios partam! – murmurou Rico.

O hotel Castelo Tesouro estava aberto há apenas seis meses. Era um hotel exclusivo que rapidamente se tinha transformado no favorito de celebridades e milionários que procuravam um lugar isolado e discreto. O hotel estava situado no meio da ilha caribenha de Tesouro, uma propriedade privada. Ninguém podia atracar nela sem a autorização do dono, Walter Stanford.

A ilha era exuberante e o hotel era uma maravilha, com numerosas piscinas, magníficos spas e vistas espetaculares do oceano de todos os quartos. Era suficientemente pequeno para ser considerado um destino seleto. Contava com cento e cinco quartos, para além dos bungalows repartidos pela propriedade. Os interiores eram opulentos, o serviço impecável e a ilha tinha uma atmosfera de sonho. Para quem se podia dar a esse luxo, o Tesouro oferecia um mundo de lânguidos prazeres para os sentidos.

E Rico não estava disposto a permitir que o seu bom nome se visse manchado. Se houvesse um ladrão profissional, encontrá-lo-iam.

– Vocês viram as câmaras de segurança?

– Não há nada – respondeu Franklin, contrariado. – O que encaixa na teoria do profissional. Quem quer que o tenha feito, sabia evitar as câmaras.

– Convoca uma reunião com os teus homens. Quero todos com os ouvidos e os olhos bem abertos. E se for preciso, contrata mais gente – disse Rico. – Liga ao meu primo Griffin. A King Security pode proporcionar-nos o pessoal necessário já amanhã.

Franklin ficou tenso. Já tinha trabalhado noutra ocasião com os gémeos Griffin e Garrett King e tinha preferido aceitar o posto de chefe de segurança da ilha. Não gostava da insinuação de que não sabia resolver o problema por sua conta.

– Não preciso de mais homens. A minha equipa é a melhor. Localizaremos o ladrão.

Rico assentiu. Compreendia que tinha ferido o orgulho de Franklin e estava disposto a dar-lhe uma oportunidade. Mas se finalmente considerasse que necessitava de reforços, Franklin teria de aceitá-lo.

Aquele hotel era o sonho de Rico. Tinha sido construído pela sua empresa de construção de acordo com as suas especificações, e era o epítome do hotel de luxo. Era dono de vários hotéis, todos eles espetaculares. Mas o Tesouro era a joia da coroa e faria o que fosse necessário para proteger o seu bom nome.

Rico olhou pela janela com ar pensativo. A ilha era um verdadeiro tesouro: quilómetros de praias virgens, um mar de um azul translúcido, espessas florestas no interior com espetaculares cascatas de água, e sol todos os dias, com uma suave brisa que afugentava os insetos e aliviava o calor.

Rico tinha demorado meses para convencer Walter Stanford para que ele lhe vendesse parte da ilha. De facto, tinha tido que recorrer aos seus primos mais velhos para irem falar com o idoso. E de facto, Sean King tinha saído beneficiado, ao acabar por casar-se com a neta de Walter, Melinda.

Com todo o trabalho e esforço investido, enfurecia-o pensar que algo pudesse correr mal. Os seus hóspedes iam à procura de beleza, privacidade e segurança, e estava decidido a que eles tivessem direito a tudo. A suspeita de que havia na ilha um ladrão de joias fê-lo apertar os punhos. Se fosse verdade, localizá-lo-ia e assegurar-se-ia que ele passasse uma longa temporada na prisão.

E encontrá-lo-iam. A ilha era de difícil acesso e há dias que nem atracava nem partia nenhum barco, portanto o ladrão não podia ter fugido.

Ladrão de joias.

Subitamente aquelas palavras acenderam-lhe uma luz de alarme na mente, mas disse imediatamente a si mesmo que devia estar confundido.

Ela não se arriscaria tanto. Não se atreveria a voltar a enfrentar-se a ele. Mas, e se estivesse errado?

– Chefe?

– Sim? – Rico olhou para Franklin por cima do ombro.

– Quer que contacte a Interpol?

– Não – disse Rico, perante a surpresa do chefe de segurança. E voltou o olhar para a janela enquanto sentia uma descarga de adrenalina ao pensar que podia estar prestes a levar a cabo a vingança que estava à espera para cumprir há cinco anos.

Só depois de poder comprovar que a sua intuição estava errada, pediria a intervenção da Interpol.

– Vamos resolver isto internamente – disse Rico, afastando o olhar da janela. – Depois decidiremos o que fazer quando localizarmos o ladrão.

– Como quiser – disse Franklin. E saiu.

– Pois é – murmurou Rico para si. E se descobrissem que o ladrão era na verdade uma mulher, e a mesma mulher que o tinha roubado anteriormente…

 

 

– Pai, por favor, vai-te embora antes que seja demasiado tarde – Teresa Coretti desviou o olhar do seu pai para a porta fechada da suíte.

Estava dominada pela ansiedade desde que tinha chegado a Tesouro, mas quando tinha descoberto que o seu pai e o seu irmão estavam lá para as suas supostas férias, não tinha tido mais remédio que ir procurá-los.

– Como é que me vou embora se ainda não acabaram as minhas férias? – perguntou o seu pai com um exagerado encolhimento de ombros e um sorriso malandro.

Férias. Que ironia!

Se fosse verdade que Nick Coretti tinha tirado férias, não se teria denunciado o roubo de nenhum objeto no hotel.

Dominick era a versão italiana de George Clooney, um pouco mais baixo e mais velho. Estava sempre bronzeado e nada passava despercebido aos seus penetrantes olhos castanhos. As cãs que lhe pintavam o cabelo escuro dotavam-no de um ar de distinção. Era um cavalheiro da cabeça aos pés e tinha sido um fiel esposo até à morte da mãe de Teresa, dez anos antes.

Desde então, tinha utilizado o seu carisma para ganhar um lugar na alta sociedade, onde, como ele mesmo dizia: «A colheita valia sempre a pena». Adorava as mulheres e elas adoravam-no a ele. E era o melhor ladrão de joias do mundo, entre os quais também estavam Gianni e Paulo, os dois irmãos de Teresa.

O seu pai estava sempre a planear o seguinte golpe e Teresa devia ter suposto que não resistiria à tentação que Tesouro representava, que para ele era um enorme filão. O pior de tudo era que o hotel pertencia a Rico King.

Há cinco anos que ela não o via, mas ainda lhe percorria um arrepio perante a mera menção do seu nome. Podia ver os seus olhos azuis como se o tivesse à sua frente; quase podia sentir o sabor da sua boca e mal passava uma noite sem sonhar com aquelas mãos sobre a sua pele. Depois de um esforço sobre-humano para apagá-lo da sua vida, encontrava-se no seu território.

Olhou para a varanda com ansiedade, como se esperasse que ele aparecesse a qualquer momento, olhando para ela destilando ódio pelos olhos.

Mas lá fora só havia uma mesa de vidro, umas cadeiras e uma espreguiçadeira, e um balde com gelo de prata com o champanhe favorito do seu pai.

– Pai, não te lembras que te disse para te manteres afastado do Rico King?

Nick tirou um inexistente traço de pó do seu elegante casaco e passou a mão pelo imaculado cabelo.

– Claro que me lembro, meu anjo. E tal como te prometi, não toquei em nenhum dos seus pertences.

Teresa suspirou.

– Não me referia a isso. Tesouro é do Rico, por isso roubar os seus hóspedes é o mesmo que roubá-lo a ele. Estás a tentar a tua sorte. O Rico não é precisamente um homem compreensivo.

– Teresa, foste sempre demasiado assustadiça, demasiado… honesta.

Teresa sorriu com tristeza, perguntando-se se haveria outra família em que a honestidade se considerasse um defeito. Tinha vivido desde pequena no limite da legalidade. Com cinco anos podia reconhecer à distância um polícia à paisana. Enquanto outras crianças brincavam, ela aprendia a abrir fechaduras. Enquanto as suas amigas aprendiam a conduzir, ela especializava-se em cofres.

Adorava a sua família, mas não tinha conseguido acostumar-se a roubar como modo de vida. Aos dezoito anos anunciou ao seu pai que abandonava tudo e que se tinha transformado na primeira Coretti que tirava um curso e conseguia um emprego legal. Algo que o seu pai considerava uma maneira de desaproveitar o seu talento.

Observou o seu pai a acomodar-se numa espreguiçadeira e a olhar à sua volta.

O Tesouro era um hotel excecional, tal como podia esperar-se de Rico. Ela mesma tinha descoberto anos atrás, ao conhecê-lo em Cancun, que ele aspirava sempre ao melhor.

No seu hotel do México, o Castelo do Rei, Teresa era uma das inumeráveis chefs que trabalhava na cozinha. Era o seu primeiro trabalho e adorava participar no bulício geral. Estava convencida de que era o melhor que lhe tinha acontecido na vida, até ter conhecido Rico em pessoa.

Após uma longa jornada de trabalho e antes de voltar para o seu apartamento, tinha-se permitido um capricho, relaxando-se numa espreguiçadeira da praia com um copo de vinho para desfrutar da calma da noite e de um momento de solidão.

Então apareceu ele caminhando à beira-mar. O luar fazia brilhar o seu cabelo escuro e a camisa branca que vestia. Tinha umas calças castanhas e caminhava descalço. Era alto e espetacularmente bonito. E também o seu chefe. Rico King era um playboy multimilionário, e naquele momento estava tão só como ela.

A cena estava gravada a fogo na mente de Teresa.

Rico tinha olhado na sua direção como se sentisse que ela o observava e, a sorrir, tinha-se dirigido a ela.

«Pensava que estava sozinho».

«Eu também».

«Queres que estejamos a sós juntos?».

Teresa lembrava-se perfeitamente do suave sotaque que tingia as suas palavras, dos seus penetrantes olhos azuis, do seu cabelo azeviche e do seu sorriso tentador. Rico tinha-se sentado a seu lado e tinha partilhado o copo de vinho enquanto conversavam durante um par de horas.

Teresa obrigou-se a si mesma a voltar ao presente e deixar de pensar nele ou no que poderia ter acontecido se tudo tivesse sido diferente. Estava no hotel de Rico por uma única razão: que a sua família se fosse embora antes de Rico os descobrir. Mas o seu pai negava-se a ouvi-la.

E a ela não lhe cabia a menor dúvida de que Rico os localizaria. Conhecia-o demasiado bem e tinha a certeza de que não descansaria até o conseguir. Era apenas uma questão de tempo. Por isso tinha que tirar os Coretti da ilha quanto antes.

Seguiu o pai até à varanda. O sol brilhava com força e na suave brisa pairava um perfume a flores tropicais.

– Pai, não conheces o Rico tão bem como eu. Asseguro-te que vos vai descobrir.

O seu pai bufou com desdém.

– Querida, nunca nenhum Coretti foi apanhado. Somos demasiado bons.

Tinha razão, mas nunca se tinham enfrentado a um adversário como Rico. Era certo que vários corpos de polícia de distintos países o tinham tentado em vão, mas o seu interesse na família de ladrões tinha sido meramente profissional, enquanto Rico o encararia como algo pessoal.

– Pai, tens de me ouvir – Teresa pousou uma mão no seu braço. – Por favor, vamos sair da ilha enquanto podemos.

O seu pai estalou a língua.

– Sobrevalorizas esse homem porque significou algo para ti. Achas que está obcecado connosco.

– Não te lembras que andou à minha procura?

O seu pai fez um gesto vago com a mão.

– Porque feriste o seu orgulho ao deixá-lo, querida. Nenhum homem ficaria indiferente se perdesse uma mulher tão maravilhosa. Mas já passaram cinco anos, e chegou a hora de deixares de te preocupar com ele.

Cinco anos que eram como cinco minutos. Rico era o tipo de homem que uma mulher nunca esquecia.

Além disso, o seu pai não sabia tudo o que tinha sucedido entre ela e Rico. Havia coisas difíceis de partilhar inclusive com a família.

Observando o seu pai naquele instante, que contemplava a vista como se fosse o dono da propriedade, pensou que, noutras circunstâncias, ele e Rico poderiam ter chegado a ser amigos. Eram os dois homens mais teimosos que ela conhecia.

E com essa reflexão apercebeu-se de que se tratava de uma batalha perdida. Dominick Coretti jamais deixava um trabalho a meias. Só se iria embora depois de dar tudo por concluído. E isso fazia dele um alvo fácil para Rico.

Todos os hoteleiros conheciam os Coretti. Não eram invisíveis, mas sim tão bons que nunca se encontraram provas contra eles. Eram ricos e não se escondiam. Nick Coretti, como os seus antepassados, achava que tinha que viver plenamente. Que para isso necessitasse do dinheiro alheio, não alterava nada. Normalmente, Teresa ter-se-ia resistido a acudir a Tesouro com medo de alertar Rico. Mas dado que a sua família se exibia sem a menor cautela, e que tinham desaparecido várias joias, era questão de tempo até Rico estabelecer a ligação.

O seu pai pôs-se de pé, serviu outro copo e apoiou-se no muro da varanda. Embora aparentasse olhar para a paisagem, Teresa sabia que estava a estudar os hóspedes, escolhendo a sua próxima vítima, se é que não a tinha já selecionado.

Por muito encantador que fosse, Dominick era um homem com muito caráter, que era melhor não contrariar. Como cabeça da família Coretti era um general comandando uma tropa. Quando fazia um plano, o resto da família obedecia.

Exceto ela. Quando era menina tinha ansiado instalar-se na casa que tinham fora de Nápoles em vez de viajar constantemente. Jamais permaneciam num mesmo lugar mais de um mês e, como só voltavam a casa ocasionalmente, era impossível ter amigos. Tanto ela como os seus irmãos tinham sido educados em casa, e juntamente com as disciplinas normais, os seus irmãos e ela tinham tido aulas de abertura de fechaduras, falsificação e cofres. Quando as crianças Coretti chegavam a adultos, estavam preparados para se incorporarem ao negócio familiar.

Foi então que Teresa tomou uma decisão. O seu pai tinha ficado enfurecido e tinha tentado convencê-la. A sua mãe tinha chorado e os seus irmãos não tinham acreditado nela, mas finalmente, fora o primeiro membro da família a sair do negócio.

– Preocupas-te demasiado, Teresa – disse ele, sacudindo a cabeça. – Não é um trabalho diferente dos outros. Quando acabarmos, vamo-nos embora e ponto final.

O problema era que a família Coretti tinha um assunto pendente com Rico do qual o seu pai não sabia nada e aquele não era o momento para lho contar.

– O que é que ele pode fazer se não tem nenhuma prova? – Nick riu-se e deu um sorvo ao champanhe. – Parece mentira que não saibas que ninguém pode apanhar os Coretti.

– É evidente que não é tão difícil como achas – disse uma voz profunda por trás de Teresa.

Teresa ficou paralisada. Tê-la-ia reconhecido em qualquer parte.

Com uma estranha mistura de temor e desejo, voltou-se lentamente e olhou para Rico King nos olhos.