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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Linda Lael Miller

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Melodia para dois, n.º 1173 - Outubro 2014

Título original: The McKettrick Way

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2009

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Julia e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5895-4

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

 

Capítulo 1

 

Brad O’Ballivan abriu a porta da carrinha e virou-se para se despedir do piloto e da tripulação do avião privado onde esperava nunca mais entrar. Estava finalmente em casa.

Alguma coisa dentro dele vibrava quando se encontrava nas terras altas do Arizona e, especialmente, no rancho Stone Creek. Era uma sensação especial que nunca sentira na sua mansão de Nashville, nem na sua villa do México, nem em nenhum outro sítio por onde passara ao longo dos anos, desde que começara a percorrer o mundo a cantar para ganhar a vida.

A sua retirada do mundo da música country com trinta e cinco anos fora um verdadeiro terramoto mediático. Vendera o avião e as casas, assim como a maior parte do que havia dentro delas, excepto a guitarra e a roupa que levava vestida e sabia que nunca se arrependeria da sua decisão.

Essa vida fazia parte do passado e quando um O’Ballivan decidia alguma coisa, era definitivo.

Estava quase a entrar na carrinha e dirigir-se para o rancho quando viu um carro a aproximar-se. Esperou, ansioso.

O velho Chevy parou e a sua irmã Olivia saiu do carro e dirigiu-se para ele.

– Voltaste – disse Olivia, surpreendida.

A mais velha das três irmãs mais novas de Brad, de vinte e nove anos, nunca lhe perdoara o facto de ter saído de casa. Muito menos, o facto de se ter tornado famoso. Era baixa, com o cabelo escuro e brilhante e olhos azuis. Olivia trabalhava numa clínica veterinária na cidade mais próxima de Stone Creek e era especializada em animais de grande porte.

– Eu também fico muito feliz por te ver outra vez, doutora – respondeu Brad.

Com um pequeno grito de exasperação, Olivia abraçou-o, atirando-lhe o chapéu ao chão. Abraçou-o com força e, quando se afastou, Brad viu que estava a chorar.

– Se isto é algum tipo de golpe publicitário – disse Livie, – nunca te perdoarei.

Era orgulhosa. Deixara que lhe pagasse o seu curso universitário, contudo, devolvera-lhe todos os outros cheques com uma anotação de «Não, obrigada».

– Não é nenhum golpe – replicou. – Voltei mesmo, «disposto a cuidar de tudo», como costumava dizer Big John.

A menção do seu avô provocou um silêncio pouco confortável. Brad estivera em digressão quando o seu avô morrera com um enfarte, seis meses antes, e mal conseguira ir ao funeral. O pior fora que tivera de partir assim que a cerimónia religiosa acabara, para ir a Chicago dar um concerto. Todo o dinheiro que enviara para casa durante esses anos nunca conseguira aliviar o seu sentimento de culpa.

«Quanto dinheiro é suficiente? Quanto mais famoso tens de ser?», perguntara Big John centenas de vezes. «Volta para casa. Preciso de ti. As tuas irmãs precisam de ti. Stone Creek precisa de ti».

Brad passou uma mão pelo cabelo e suspirou, enquanto olhava para os campos à sua volta.

– O velho garanhão continua a correr em liberdade? – perguntou, procurando desesperadamente mudar de assunto, enquanto era invadido pelas lembranças do seu avô.

– Vejo Ransom de vez em quando – respondeu. – Sempre longe, no horizonte, mantendo as distâncias.

Brad apoiou uma mão no ombro da sua irmã. Sentia-se fascinada por aquele garanhão selvagem desde que era pequena. Fora visto pela primeira vez no final do século XIX e tinham-lhe chamado King’s Ransom. O animal era preto e brilhante e tão esquivo que algumas pessoas diziam que não era real, mas um espírito. O mito mantivera-se tanto tempo que se tornara realidade. Até os menos crédulos diziam que Ransom fazia parte de uma longa estirpe de garanhões que descendia daquele senhor misterioso.

– Estão a tentar apanhá-lo – disse com as lágrimas nos olhos. – Querem colocá-lo num estábulo e tirar-lhe amostras de ADN. Usar o ADN do garanhão para poderem vender os seus filhos.

– Quem está a tentar apanhá-lo? – perguntou Brad.

Estava frio, tinha fome e entrar na velha casa do rancho onde já não estava Big John era inevitável.

– Não interessa – disse Livie. – Não estás interessado.

Não fazia sentido discutir com Olivia quando tinha aquela expressão e aquele olhar.

– Obrigado por me deixares aqui a carrinha – disse Brad. – E por vires receber-me.

– Eu não trouxe a carrinha – respondeu Livie. – Foi Ashley e Melissa. Devem estar em casa a pendurar cartazes de boas-vindas. Eu vim só porque vi o avião e pensei que devia ser uma estrela de cinema a perseguir os veados.

Com uma perna dentro da carrinha, Brad perguntou com um sorriso:

– Isso é um problema por aqui? Estrelas de cinema a perseguirem veados?

– Acontece muitas vezes no Montana – insistiu Livie.

Olivia tinha a mesma opinião sobre as motas de neve e qualquer outro tipo de veículo que circulasse fora da estrada.

Brad tocou-lhe na ponta do nariz com um dedo.

– Isto não é o Montana. Vemo-nos em casa?

– Depois – disse Livie sem ceder. – Quando a festa acabar.

Brad fez um som de protesto. Não estava preparado para festas, nem qualquer outro tipo de celebração que Ashley e Melissa, as suas irmãs gémeas, tivessem preparado em sua honra... porém, também não podia ferir os seus sentimentos.

– Diz-me que não planearam nenhuma festa – rogou.

Livie cedeu, sorrindo.

– Tem sorte, senhor Grammy. Há uma festa pelo iminente nascimento de um bebé McKettrick em Indian Rock e todo o condado está lá.

O nome McKettrick desassossegava mais Brad do que a perspectiva de uma festa.

– Meg não... – murmurou e depois corou ao aperceber-se de que falara em voz alta.

O sorriso de Livie intensificou-se e abanou a cabeça

– Meg voltou para Indian Rock e continua solteira – garantiu. – É a sua irmã Sierra que está grávida.

Numa tentativa de ocultar o seu alívio ao ouvir a notícia, Brad fechou a porta da carrinha e ligou o carro. Livie despediu-se, entrou no todo-o-terreno e desapareceu numa nuvem de pó. Brad ficou sentado no carro, tentando acalmar-se um pouco.

 

 

– Vai chatear outra! – sussurrou Meg McKettrick ao fantasma que estava sentado ao seu lado no carro, enquanto conduzia para a casa nova de Sierra.

Os carros amontoavam-se dos dois lados da estrada e, se não encontrasse um sítio onde estacionar rapidamente, não chegaria a tempo para a festa surpresa.

– Vai ter com Keegan, ou com Jesse... com qualquer outro menos comigo!

– Eles não precisam que os chateie – disse suavemente.

Não era nada parecido com o rosto de feições marcadas e cabelo grisalho das fotografias. Não, Angus McKettrick era um homem bonito de ombros largos e cabelo castanho-claro, com os olhos de um azul intenso.

Ainda corada, Meg descobriu um espaço entre um Lexus e uma pequena carrinha, estacionou o seu carro e desligou o motor. Saiu do carro, abriu a porta de trás e tirou um presente.

– Tenho notícias para ti – balbuciou. – Eu também não preciso que me chateiem!

Angus, que parecia mais real do que alguém que Meg tivesse conhecido, saiu do carro e respondeu:

– Isso é o que tu dizes – disse. – Estão todos casados, mantendo o apelido McKettrick.

– Obrigada por me recordares isso – disse Meg.

Agarrou no presente que levava para o bebé de Sierra e Travis e fechou as portas do carro.

– No meu tempo – disse Angus calmamente, – já serias considerada uma solteirona.

– Olá? – perguntou Meg sem mexer os lábios. Ao longo dos muitos anos de relação com Angus, aprendera a ser ventríloqua. – Isto é o meu tempo. O século XXI. As mulheres não se definem por estarem casadas ou não – fez uma pausa para recuperar o fôlego. – Tenho uma ideia: porque não esperas no carro? Ou melhor, vai dar um passeio por aí.

Angus manteve-se ao lado dela enquanto atravessava a rua. Como sempre, levava um casaco largo, uma camisa e umas calças de ganga. Na sua perna direita, via-se o vulto da Colt que levava sempre à mão...

– O problema deve ser o teu carácter irascível – murmurou Angus. – Uma mulher deve ter um pouco de picante, mas tu tens demasiado.

Meg ignorou-o enquanto subiam as escadas e tocavam à campainha. «Aqui chega o teu décimo nono enxoval de bebé amarelo», pensou, desejando ter escolhido um brinquedo ou algo do género. Se Sierra e Travis sabiam o sexo do bebé, não o tinham dito a ninguém, o que tornara mais difícil comprar os presentes.

A porta abriu-se e Eve, a mãe de Meg e de Sierra, apareceu com o sobrolho franzido.

– Já estava na hora – disse. – Ele está contigo?

– É claro que sim – respondeu Meg, enquanto a sua mãe olhava por cima do ombro, procurando Angus. – Nunca perde um evento familiar.

Eve encolheu os ombros.

– Estão atrasados – disse. – Sierra deve estar a chegar.

– Não me parece que seja uma surpresa, mamã – disse Meg. – Deve haver cem carros estacionados lá fora.

Eve fechou a porta e, antes que Meg conseguisse despir o casaco, agarrou-a firmemente pelo braço.

– Perdeste peso e tens olheiras. Não tens dormido bem?

– Estou bem – insistiu Meg.

E estava bem... para uma solteirona.

Angus, que não ia deixar-se intimidar por uma porta fechada, materializou-se mesmo atrás de Eve e olhou para a multidão. Todos os McKettrick estavam ali reunidos.

– Tolices – disse Eve. – Se não te tivesses ido embora, podias ter passado o dia em casa sem fazer nada.

Era verdade, contudo, com uma mãe como Eve McKettrick, Meg não podia ter feito outra coisa senão partir.

– Estou aqui – disse Meg. – Dá-me um descanso, está bem?

Tirou o casaco e deu-o à sua mãe. Meg, que passara todos os Verões da sua infância em Indian Rock, não reconheceu nenhuma das mulheres presentes.

– Está em todos os jornais – disse uma mulher alta e magra, carregada de jóias. – Brad O’Ballivan está novamente em reabilitação.

Ao ouvir o nome, Meg quase deixou cair o copo de ponche que alguém lhe pusera nas mãos.

– Tolices – respondeu outra mulher. – Na semana passada, a mesma revista dizia que tinha sido raptado por extraterrestres.

– É suficientemente bonito para ter fãs noutros planetas – disse uma terceira.

Meg tentou fugir do círculo, no entanto, o grupo fechara-se à volta dela.

– A minha prima Evelyn trabalha no posto de correios em Stone Creek – disse outra mulher com autoridade. – Segundo ela, o correio de Brad foi redirigido para o rancho familiar nos subúrbios da cidade. Não está em reabilitação e não está noutro planeta. Está em casa. Evelyn diz que vão ter de construir um segundo abrigo para armazenar todas as suas cartas.

Meg sorriu. De repente, a primeira mulher reparou nela.

– Tu costumavas sair com Brad, não era, Meg?

– Isso foi há muito tempo – disse Meg, consciente de que estava quase a ter um ataque de pânico. – Éramos crianças. Coisas de Verão... – frenética, calculou a distância entre Indian Rock e Stone Creek, pouco mais de sessenta quilómetros. Não era suficientemente longe.

– Tenho a certeza de que Meg saiu com muitos homens famosos – disse outra das mulheres. – Trabalhando para a McKettrickCo e viajando imenso no avião da empresa...

– Brad não era famoso quando eu o conheci – disse Meg.

– Deves sentir saudades da tua vida antiga – comentou alguém.

Embora fosse verdade que Meg estava a ter alguns problemas em passar de um ritmo acelerado para um muito mais calmo, não sentia falta das reuniões nem das sessenta horas de trabalho semanais. O dinheiro também não era um problema, pois tinha um fundo de poupança, para além de uma boa carteira de investimentos pessoais.

Uma confusão perto da porta principal salvou-a de continuar a ser interrogada.

Sierra entrou e parecia desconcertada.

– Surpresa! – gritou a multidão em coro.

«A surpresa é para mim», pensou Meg. «Brad voltou».

 

 

Brad pôs a carrinha a trabalhar e conduziu até um cruzamento. Se virasse à esquerda, estaria em casa dentro de cinco minutos, se virasse à direita, iria para Indian Rock. Não tinha nada para fazer em Indian Rock. Não tinha nada a dizer a Meg McKettrick e, se nunca mais voltasse a ver essa mulher, duas semanas passariam muito depressa.

Virou à direita em saber porquê.

Num dado momento, ligou o rádio da carrinha e procurou uma emissora de música country. Uma gravação da sua própria voz encheu o carro. Escrevera aquela balada para Meg. Desligou o rádio.

Quase simultaneamente, o seu telemóvel começou a vibrar. Considerou a possibilidade de o ignorar; havia muitas pessoas com quem não queria falar, porém, e se fosse uma das suas irmãs? E se precisavam da sua ajuda?

Abriu o telefone sem desviar o olhar da estrada.

– O’Ballivan – disse.

– Já recuperaste o juízo? – perguntou o seu agente, Phil Meadowbrook. – Tenho de voltar a dizer-te quanto dinheiro podes ganhar em Las Vegas? Querem construir a tua própria sala de concertos, meu Deus. São três anos de...

– Phil? – interrompeu Brad.

– Diz que sim – rogou Phil.

– Reformei-me.

– Tens trinta e cinco anos – arguiu Phil. – Ninguém se reforma com trinta e cinco anos!

– Já tivemos esta conversa, Phil.

– Não desligues!

Brad suspirou.

– O que raios vais fazer em Stone Creek, Arizona? – perguntou Phil. – Ser ganadeiro? Cantar para o teu cavalo? Pensa no dinheiro, Brad. Pensa nas mulheres que atiram sutiãs para o palco...

– Vou ter dificuldade em conseguir fazer com que essa imagem desapareça da minha cabeça – disse Brad. – Obrigado por me recordares isso.

– Está bem, esquece a roupa interior – disse Phil. – Mas pensa no dinheiro!

– Já tenho mais do que preciso, Phil. E tu também, portanto poupa-me a história de que os teus netos são meninos sem lar que rebuscam entre o lixo, atrás dos supermercados.

– Já usei isso contigo? – perguntou Phil.

– Oh, sim – respondeu Brad.

– O que estás a fazer agora?

– Estou a ir para o Dixie Dog Drive-In.

– O quê?

– Adeus, Phil.

– O que vais fazer aí que não possas fazer em Music City? Ou em Vegas?

– Nunca entenderias – disse Brad. – E não posso reprovar-te, porque nem eu entendo.

Voltar para os dias em que Meg e ele se encontravam no Dixie Dog por um acordo tácito quando um deles estivera longe, fora puramente intuitivo. Queria ver se ainda funcionava...

– Olha – disse Phil, procurando outro argumento, – não posso dizer àquela gente do casino para esperar. Agora estás no topo, mas não vai ser sempre assim. Tenho de lhes dizer alguma coisa...

– Diz «não, obrigado» – sugeriu Brad e então desligou.

Phil telefonou mais algumas vezes antes de desistir.

Enquanto atravessava paisagens conhecidas, Brad pensou que devia dar a volta. Os velhos tempos tinham passado. As coisas entre Meg e ele tinham acabado mal e ela não estaria no Dixie Dog.

Continuou a conduzir. Passou pelo cartaz «Bem-vindo a Indian Rock» e pelo Roadhouse, um bar restaurante de camionistas, de turistas e da população local. Alegrou-se ao ver que continuava aberto. Entrou na rua principal, sorriu ao passar pelo cabeleireiro de Cora e deu um salto ao ver uma livraria ao lado. Aquilo era novo. As coisas mudavam. Os sítios mudavam. E se Dixie fechara? O que importava isso?

Brad passou uma mão pelo cabelo. Se calhar Phil e todos os outros tinham razão: se calhar estava louco por rejeitar a proposta de Las Vegas. Se calhar ia acabar sentado num estábulo, a cantar para os cavalos.

Então viu o Dixie Dog, ainda aberto.

Brad parou num dos lugares ao lado de um altifalante e abriu a janela.

– Bem-vindo ao Dixie Dog – disse a voz de uma jovem. – O que deseja?

Brad ainda não pensara no que queria, no entanto, estava cheio de fome. Olhou para o menu luminoso que havia debaixo do altifalante e disse:

– Um Dixie Dog com cebola.

– Agora mesmo – foi a resposta. – Alguma coisa para beber?

– Um batido de chocolate – decidiu Brad. – Extra grande.

O seu telemóvel voltou a tocar. Ignorou-o.

A rapariga agradeceu e levou-lhe a comida cinco minutos depois.

Quando se aproximou da janela do condutor, os seus olhos abriram-se muito ao reconhecê-lo e deixou cair a bandeja com a comida. Brad praguejou para si.

A rapariga, magra e com demasiada maquilhagem, começou a choramingar.

– Lamento muito! – exclamou, tentando apanhar as coisas.

– Não faz mal – respondeu Brad com tranquilidade, conseguindo ver o seu nome no cartão que tinha ao peito. – Não faz mal, Mandy.

– Vou já buscar outro cachorro e outro batido, senhor O’Ballivan.

– Mandy?

– Sim? – perguntou, olhando para ele.

– Quando entrar, pode não dizer que me viu?

– Mas o senhor é Brad O’Ballivan!

– Sim – respondeu, reprimindo um suspiro. – Eu sei.

Mandy ficou a olhar para ele.

– Conhecê-lo foi a coisa mais importante que me aconteceu em toda a minha vida. Não me parece que consiga mantê-lo em segredo!

Brad abanou a cabeça e fechou os olhos.

– Não é para sempre, Mandy – disse. – Só o tempo necessário para que possa comer o meu Dixie Dog sossegado.

– Tem uma fotografia com o seu autógrafo para mim?

– Aqui não – respondeu Brad.

– Pode assinar-me este guardanapo – disse Mandy. – Está só um pouco sujo de chocolate.

Brad pegou no guardanapo e na caneta, rabiscou o seu nome e entregou-lho.

– Agora, poderei dizer aos meus netos que deixei cair a sua comida no Dixie Dog e que esta é a prova – disse Mandy, abanando o guardanapo no ar.

– Imagina só – disse Brad com ironia.

– Não direi a ninguém que o vi até ter saído – disse Mandy, decidida. – Acho que conseguirei resistir.

– Ainda bem – disse Brad.

A rapariga voltou para a entrada do estabelecimento e Brad esperou pacientemente.

Mandy voltou e entregou-lhe a bandeja sem problemas.

– Não disse nada! – sussurrou. – Mas Heather e Darleen perguntaram-me porque tinha a maquilhagem borrada.

Brad ia pagar, porém, Mandy abanou a cabeça.

– O chefe disse que é por conta da casa porque deixei cair a primeira bandeja.

– Está bem – disse com um sorriso. – Muito obrigado.

Mandy partiu e Brad ia começar a comer quando um Blazer vermelho parou ao seu lado. A porta do condutor abriu-se e bateu contra o altifalante. Então alguém saiu do veículo.

Meg McKettrick estava praticamente em cima da sua carrinha, com os seus olhos azuis resplandecentes fixos nele.

– Suponho que, afinal de contas, não te esqueceste de mim – disse Brad com um sorriso.