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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2005 Christine Rimmer

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

O Engano das Gémeas, n.º 1022 - Fevereiro 2014

Título original: Lori’s Little Secret.

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2007

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Julia e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em queaparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5037-8

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

Capítulo 1

 

Lori Lee Billingworth Taylor sentia-se culpada e desgraçada e sabia que era uma cobarde. Qual era a probabilidade que havia de tropeçar sempre no mesmo homem? Dado que a vila de Tate’s Junction, no estado do Texas, onde se encontrava constantemente com o homem em questão tinha quase dois mil habitantes e que Lori não o fazia de propósito, as probabilidades não deviam ser muitas.

E, no entanto, Lori Lee não deixava de tropeçar com Tucker Bravo.

Como naquele momento.

Oh, sim, sabia muito bem que Tucker Bravo era o tipo de homem com o qual devia tropeçar. Infelizmente, também era o homem que não suportava ver.

Contudo, fá-lo-ia. Claro que o faria.

Depois do casamento da sua irmã gémea.

 

 

A primeira vez fora na bomba de gasolina.

Lori e Brody, o seu filho de dez anos, tinham acabado de chegar a Tate’s Junction. Vinham de Santo Antonio para passar três semanas de férias. E antes mesmo de estarem há cinco minutos na vila, ali estava ele.

Mais tarde perguntar-se-ia porque parara para atestar o depósito. Podia perfeitamente ter seguido até casa dos seus pais, em Pecan Street. O depósito não estava vazio e podia ter parado noutra bomba de gasolina mais à frente. No entanto, vira a loja e os abastecedores ao sair da auto-estrada e parecera-lhe mais fácil usá-los naquele momento.

Brody, ocupado com o seu Game Boy no assento de trás, levantara o olhar quando ela parara o carro.

– De certeza que aqui têm gelados.

Ela virara-se e olhara para ele com carinho.

– Não.

– Mas, mamã...

Lori pegara na sua mala e inclinara-se para carregar no botão que abria o depósito.

– Em dez minutos estaremos em casa da avó.

– A avó não tem gelados.

– Fica aí – ela desapertara o cinto de segurança e abrira a porta.

– Ah, mamã...! – protestara o rapaz.

Lori olhara para ele e vira que voltava a ficar absorto no Game Boy. Sorrira e pensara que não estava muito mal, apesar de Henry...

Henry...

Uma onda de tristeza invadiu-a. Henry morrera pouco mais de um ano antes. Os dois sentiam a falta dele, porém, o tempo ia fazendo o seu trabalho. Lori ultrapassara o pior: o primeiro desespero, o buraco vazio no meio do seu mundo. Agora, com frequência, quando pensava nele fazia-o com uma espécie de tristeza amorosa. Tinham vivido seis anos maravilhosos, sete se contasse com o ano antes do casamento. Lori teria sempre as lembranças reconfortantes desses anos. Era uma mulher sortuda, tinha um filho saudável e conhecera a alegria do amor firme e seguro de um homem bom.

Saíra do carro, fechara a porta atrás dela e procurava a sua carteira na mala quando ouvira um gemido.

Levantara o olhar. Ao lado da roda traseira estava sentado o cão mais feio e adorável que alguma vez tinha visto. Os seus olhos castanhos olhavam para ela suplicantes e o seu corpo peludo tremia.

Enfrentara o seu olhar e gemera mais alto, ao mesmo tempo que se levantava e movia o corpo com agitação, como se tivesse estado toda a vida à espera de encontrar alguém como ela.

Lori não conseguira evitar desatar a rir-se.

– De onde saíste?

O cão não precisara de mais nada. Aproximara-se dela, ofegante, e deitara-se de costas.

– Está bem, está bem – Lori ajoelhara-se para lhe acariciar a barriga. O cão gemera com a língua de fora. – Sim, és o cão mais simpático que alguma vez vi – declarara ela, que continuava a acariciá-lo. – Mas não, não te posso levar para casa.

– Não é fácil acreditar, vendo-o assim, mas já tem casa – dissera uma voz masculina atrás dela; uma voz profunda e firme, repleta de regozijo.

Lori virara a cabeça e ali estava ele, ao sol, apesar da sombra do telhado que protegia os abastecedores, com os braços grandes cruzados, as pernas um pouco afastadas e o cabelo castanho a brilhar à luz do intenso sol do Texas.

Tucker.

Era... maior do que recordava. O seu corpo, antes magro, agora transmitia força muscular. Os seus olhos escuros tinham perdido o olhar ofegante e selvagem de outros tempos.

Lori sentira um nó na garganta. Engolira em seco e sorrira amplamente. Levantara-se e olhara para ele.

– Lori Lee – ele também sorrira, sem a confundir com a sua irmã, Lena Lou. – Sabia que eras tu assim que saíste do carro.

Lori pensara que não era surpreendente que se tivesse lembrado dela, já que fora apaixonado por Lena Lou. Lena era a mais engenhosa, a mais popular. Todos os rapazes estavam loucos por ela. Lori era mais calada, melhor estudante e um pouco tímida. Embora fossem idênticas, ninguém na vila tinha dificuldade em distingui-las.

Excepto por uma noite mágica e especial... em que ela não quisera pensar nesse momento.

– Há quanto tempo! – exclamara Tucker.

Lori assentiu.

– Como estás? – perguntara.

Antes que ele tivesse podido responder, o cão soltara um uivo de impaciência.

– Fargo, descarado, vem cá! – ordenara-lhe Tucker.

O cão soltara outro gemido, no entanto, aproximara-se do seu dono e deixara-se cair ao lado da sua bota.

– Estou bem, muito bem – repôs Tucker.

Lori mantivera o sorriso, embora lhe tivesse custado um esforço sobre-humano. Sentira-se enjoada, desorientada... e aterrorizada. De repente, nada parecera real; era como se, quando se virara para olhar para ele, tivesse entrado num sonho estranho, um sonho perto do pesadelo.

– Ah... sei que conseguiste fazer o que tanto ansiavas: Viajar por todo o país e pela Europa... Espanha, Itália, Inglaterra...

– É verdade – ele inclinara-se para acariciar o cão atrás da orelha e ela pensara em todas as vezes que tentara entrar em contacto com ele nos primeiros anos.

Sempre que conseguira reunir coragem suficiente para o fazer, ele tinha-se mudado para outra cidade. Em Austin fora um desconhecido que lhe abrira a porta. As cartas angustiantes que lhe escrevera a explicar-lhe tudo tinham sido sempre devolvidas sem uma morada alternativa.

Tucker voltara a endireitar-se.

– E olha para mim agora. Aqui, em Tate’s Junction, para onde jurei nunca mais voltar – sorriu. – Acredites ou não, consegui estudar Direito durante os meus anos de vadiagem.

– Ah! – exclamara ela, com dificuldades em dizer algo mais.

– Tenho toda a ala sul da casa do meu mesquinho avô e um escritório em Center Street com um cartaz na porta que diz: Hogan e Bravo, Advogados. E também tenho Fargo – sorriu para o cão. – E sabes uma coisa?

Lori sabia. Adivinhara-o assim que olhara para ele.

– És feliz.

– Podes apostar que sim.

Lori ouvira a porta de trás do carro a abrir-se.

– Mamã? – Brody vira o cão e saíra imediatamente do veículo. O animal lançara-lhe um dos seus gemidos esperançados.

Lori pigarreou.

– Brody...

Mas o rapaz correra para o cão.

– Olá, cãozinho...

Fargo uivara de felicidade e Brody ajoelhara-se ali mesmo, aos pés de Tucker. O cão lambera-lhe a cara e o rapaz abraçara-o e acariciara-o atrás das orelhas.

Lori levantara o olhar e descobrira que Tucker olhava para ela. Um calafrio percorrera o seu corpo.

– O meu filho – disse, e não tinha acreditado que a sua voz não tivesse tremido. – Brody Taylor.

– Olá, Brody! – cumprimentou Tucker.

– Olá! – o rapaz mal levantara a vista, já que continuava ocupado a acariciar o cão. – Como se chama?

– Fargo.

Lori olhara para o seu filho, para Tucker e novamente para o seu filho. Conseguia ver Tucker em Brody, no seu modo de inclinar a cabeça... na forma do queixo...

Na covinha do queixo...

Fechara os olhos e respirara com força. Quando voltara a abri-los, vira que Tucker olhava para ela com o sobrolho franzido.

– Estás bem?

– Sim, sim, muito bem.

– De certeza?

– Sim. Ou seja, afinal de contas, gostas de viver aqui.

– Sim, gosto. Vens para o casamento?

«E para te falar de Brody. Contar-te-ei tudo antes de me ir embora».

– Sim, claro. Para o casamento.

Lena Lou finalmente conhecera o homem com quem queria casar-se. Chamava-se Dirk Davison e vendia carros, tal como Heck Billingworth, o pai de Lori. Tinha dois concessionários nos subúrbios de Abilene e pedira Lena em casamento há um ano atrás.

– O casamento vai ser um grande acontecimento – comentara Tucker.

– Oh, sim – a sua irmã preparava o casamento mais elegante e dispendioso que alguma vez se vira em Tate’s Junction. – E nós temos de ir.

Tirou um cartão de crédito da carteira.

– Fiquei contente por te ver – garantira-lhe Tucker.

– Igualmente – dissera ela com um sorriso forçado. – Brody, volta para o carro.

Lori pagara a gasolina com o cartão de crédito e Tucker chamara o cão.

– Adeus, Brody – dissera e seguira-o.

– Adeus, Fargo – o menino observara-os enquanto se afastavam.

Lori respirara aliviada. Tinha sobrevivido a um encontro com Tucker. Ele vira Brody e não acontecera nada terrível, embora tivesse sentido as pernas de manteiga e tivesse precisado de se apoiar no capô do carro.

– Estás bem, mamã?

– Sim.

– Devíamos ter um cão.

– Não me parece – afirmara ela, para encerrar o assunto rapidamente. – Ajudas-me a meter gasolina?

– Sim.

Brody desenroscara a tampa da gasolina e Lori dissera para si que não precisaria de voltar a pensar em Tucker até depois do casamento, quando se visse obrigada a telefonar para que se encontrassem para lhe dizer o que lhe devia ter dito anos atrás.

 

 

No dia seguinte, domingo, voltou a acontecer.

E precisamente na igreja, o que fizera com que Lori se sentisse mais cobarde e culpada que nunca.

Na igreja, o último lugar onde esperava encontrá-lo. O Tucker Bravo que ela recordava nunca ia à igreja.

Ouvira-se música de órgão e a população sentava-se nos diferentes bancos. À direita de Lori estavam Brody, a sua mãe, Enid e o seu pai, Heck, que tinham cumprimentado os amigos e vizinhos que passavam por ali a caminho dos seus lugares.

Lena estava à esquerda de Lori, com Dirk do outro lado. O seu cabelo avermelhado caía-lhe em ondas suaves até aos ombros e o seu rosto parecera resplandecer de felicidade. Dirk e ela estavam de mãos dadas e, durante a missa, tinham olhado constantemente um para o outro com adoração.

Lori não teria acreditado se não o tivesse visto com os seus próprios olhos, porém, era evidente que Lena, pela primeira nos seus vinte e oito anos, estava apaixonada. Desde a sua paixão por Tucker no liceu, que não dedicara tantos sorrisos brilhantes e olhares encantados a um homem. E com Tucker tinha havido tantas caretas e zangas como sorrisos.

Com Dirk, havia apenas olhos brilhantes e sorrisos felizes. Dirk Davison era, sem dúvida alguma, o homem por quem ela esperara toda a sua vida.

O noivo de Lena era um homem grande e forte de trinta e cinco anos que curiosamente era muito parecido com Heck Billingworth. Os dois tinham um sorriso aberto e rápido de vendedor. Os dois riam às gargalhadas e com força e às vezes faziam com que as pessoas se perguntasse se ouviam alguma coisa do que diziam.

– É igual ao papá – sussurrara Lori à sua irmã no dia anterior, depois de ter conhecido o jovial Dirk.

– Igualzinho – dissera Lena, que parecia maravilhada.

Lori não entendia. Como era possível que a sua irmã se tivesse apaixonado por um homem que era tão parecido com o seu pai?

Mas, por outro lado, Lena não tinha os problemas com o seu pai que ela tinha. Afinal de contas, a sua irmã não ficara grávida aos dezassete anos de um amante misterioso cujo nome se recusava a revelar.

Quando Heck descobrira que estava grávida, gritara com ela, ameaçara-a e dera-lhe todo o tipo de ultimatos, porém, Lori não lhe dissera quem era o pai. Não conseguira dizer a ninguém... Por razões diferentes.

E quando Heck compreendera que ela nunca o diria, mandara-a com a sua irmã Emma para Santo Antonio, como se ainda vivessem na Idade Média e fosse uma grande desonra que a sua filha tivesse um filho sem ser casada.

Com o tempo, Lori encontrara a felicidade em Santo Antonio. Começara a trabalhar para Henry, casara-se com ele e Henry sempre tratara Brody como um filho. E embora Lori não tivesse voltado para Tate’s Junction, o seu pai e ela tinham feito mais ou menos as pazes.

No entanto, isso não queria dizer que pudesse casar-se com um homem como ele. Nem num milhão de anos.

Lena, no entanto, ia fazê-lo e parecia feliz.

Para Lori, o amor da sua irmã pelo vendedor de carros parecia-lhe mais uma prova de como eram diferentes. Olhara de soslaio para os apaixonados. Dirk levara a mão de Lena aos lábios e Lori desviara o olhar com pudor. E nesse momento aparecera Tucker no corredor, directamente na sua linha de visão. Sentira um aperto no coração. Pestanejara. Tucker vira-a... e piscara-lhe um olho.

– Mamã – Brody dera-lhe uma cotovelada. – Olha – sussurrara. – É o homem do cão. Tucker.

– Sim – respondera ela, com uma calma que não sentia. – É Tucker – cumprimentara-o com a mão.

Ele devolvera-lhe a saudação e afastara-se.

Lori seguira-o com o olhar, admirando a amplitude dos seus ombros e o modo orgulhoso como se movia. Sentara-se num dos primeiros bancos com o seu irmão Tate e Molly, a esposa deste. A família dela também estivera presente: a sua mãe, o marido da sua mãe, a sua avó e um homem alto e mais velho que Lori não reconhecera.

 

 

Depois da missa, os Billingworth tinham ido comer ao restaurante Denny’s e Tucker também aparecera com Tate e Molly, tendo-se sentado na mesa do lado.

Molly inclinara-se para Lori e sorrira.

– Olá! Fico contente por te ver.

– Olá!

Molly andara três anos mais avançada do que ela no liceu e um à frente de Tucker. Sorrira a Brody.

– É o teu filho?

– Sim. Este é Brody.

Molly apertara-lhe a mão. Ela tinha um cabeleireiro, era a Presidente da Câmara de Tate’s Junction e mãe de gémeos; menino e menina.

Tate e Tucker procediam, pelo lado materno, da família mais importante da zona: os Tate. Durante gerações, o primeiro filho Tate recebera o nome de baptismo de Tucker, porém, Penelope Tate Bravo, a mãe de Tate e Tucker, fora filha única do último de uma longa linha de Tuckers Tate e chamara Tate ao seu primeiro filho e Tucker ao segundo para dar continuidade aos nomes da família com os seus filhos. Depois da sua morte, tudo fora herdado pelos seus filhos. Os dois irmãos possuíam pelo menos uma parte de quase todos os negócios da vila, além de um rancho chamado Doble T que tinha uma casa do tamanho de um palácio.

Molly, por outro lado, nascera numa caravana e procedia de duas gerações de mães solteiras. Era a última pessoa com que alguém teria pensado que Tate Bravo se casaria.

No entanto, tinham-se casado no Verão anterior e pareciam muito felizes juntos.

Lori estava muito contente por eles.

Embora tivesse gostado que não se tivessem sentado à mesa do lado.

E porque tivera de ficar sentada à frente dele? Tivera de fazer um esforço enorme para não olhar para ele a todos os instantes.

Molly perguntara como estavam a correr os preparativos do casamento e Lena enumerara uma longa lista de coisas que ainda tinha de fazer, e que iam desde arranjos florais às últimas provas dos vestidos das damas de honor ou mudanças no menu do clube de campo, para onde pensavam convidar trezentas pessoas. Recordara a Molly que queria que ela a penteasse no grande dia.

Enquanto as mulheres tinham falado dos preparativos do casamento, os homens tinham falado de Cadillacs. Aparentemente, Tate, que já tinha alguns, queria comprar um novo a Heck e Dirk oferecera o seu conselho de perito.

Tucker estivera em silêncio, tal como Brody e Lori, alheios aos dois assuntos de conversa. Tinham olhado um para o outro, contudo, estavam muito afastados para iniciar uma conversa própria.

A empregada levara-lhes a comida e Lori, embora tivesse o estômago às voltas, ficara contente por ter algo mais para fazer além de olhar para os olhos castanhos aveludados e para o rosto atraente de Tucker.

Brody dera algumas dentadas no seu hambúrguer com queijo e deixara-o no prato.

– Onde está Fargo? – perguntara a Tucker em voz tão alta que fizera com que as conversas paralelas sobre o casamento e os Cadillacs terminassem.

Heck desatara a rir-se.

– Fargo – franzira o sobrolho. – Refere-se àquele teu cão horroroso, Tucker?

O interpelado assentira.

– Parece que sim. Não é bem recebido na igreja nem no restaurante – explicara ao menino. – Não sei porquê. Gosta de um bom sermão tanto como as outras pessoas.

– Porque as suas maneiras à mesa deixam muito a desejar – assinalara Tate.

– Eu gosto muito de cães – Brody olhara para a sua mãe com cautela.

– O rapaz quer um cão – dissera Heck a Lori, como se esta não tivesse captado a indirecta.

– Eu sei – respondera ela.

A resposta saíra-lhe mais seca do que era a sua intenção, porém, entre o estado de nervos de ter Tucker à sua frente e a irritação que sentia porque o seu pai conseguia sempre com que se sentisse uma má mãe...

Bom, não estava no seu melhor momento.

O seu pai falara com gentileza... e a sua recriminação era evidente.

– Vá lá, Lori, é bom que um rapaz tenha um cão.

– Sim – assentira Brody em seguida. – Tenho dez anos, portanto já sou grande. E posso tratar de tudo, mamã. Dar-lhe-ei de comer e limparei tudo o que sujar. Tu não terás de fazer nada.

Lori deixara o garfo no seu prato sem comer a batata que cravara. Lançara um olhar de advertência ao seu pai.

– Brody. Falaremos disso mais tarde.

– Mas mamã, eu...

– Mais tarde.

Brody captara finalmente a mensagem. Pegara no seu hambúrguer e começara a comer.

Houve um momento de silêncio incómodo, contudo, pouco depois os homens voltaram para a sua conversa sobre carros e Lena ao assunto do seu casamento.

– Não posso acreditar que esteja tão perto. Faltam menos de duas semanas.

– Ainda bem – comentara Heck, entrando na conversa. – O meu livro de cheques não consegue suportar muito mais tempo.

Lena desatara a rir-se.

– Oh, papá! Farei com que te sintas muito orgulhoso de mim.

– Já o fizeste, querida. Sempre o fizeste.

Lori olhara para o seu prato e compreendera que lhe seria impossível dar mais uma dentada. A conversa fluía à sua volta... e ela não quisera levantar a vista.

No entanto, não podia olhar para o seu prato eternamente.

Levantara o olhar.

E encontrara-se com os olhos de Tucker.

Ele esboçara um sorriso que era ao mesmo tempo uma pergunta.

Lori devolvera-lhe o sorriso sem pensar.

Aquilo não era possível.

E, no entanto, acontecera.

Tucker Bravo estivera a seduzi-la.