sab1080.jpg

 

HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Anne Mather

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Fruto do amor, n.º 1080 - junho 2017

Título original: The Greek Tycoon’s Pregnant Wife

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9838-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Jane entrou no seu apartamento e foi directamente ao frigorífico. Talvez não houvesse nada para comer, mas sabia que deixara meia dúzia de refrigerantes. Tirou uma das latas, abriu-a e bebeu. Então, tirou os sapatos e foi para a sala. Alegrou-se de estar em casa. Olhou à sua volta e também se alegrou de ter conseguido que o construtor tirasse a divisória que separava a sala de jantar da sala de estar. Aquela zona, juntamente com uma cozinha muito pequena, o quarto e uma casa de banho, era o seu lar há cinco anos.

Deixara a mala no hall minúsculo e, quando foi buscá-la, viu que a luz do atendedor de chamadas estava a piscar. Pensou, com resignação, que seria a sua mãe. Certamente, estava ansiosa por saber que a sua filha chegara a casa, sã e salva. Embora navegasse muito bem na Internet e, certamente, tivesse confirmado os voos que tinham aterrado em Heathrow, precisava de ouvir a voz da sua filha para ficar descansada.

Jane carregou no botão, disposta a ouvir a voz da sua mãe. Os seus amigos sabiam que estivera fora e as chamadas de trabalho estavam desviadas para a galeria. Por isso, estava desprevenida quando uma voz masculina, conhecida e perturbadora, disse o seu nome.

– Jane… Jane, onde estás? Se estiveres aí, atende. Ineh poli simandiko. É importante.

Jane deixou-se cair na poltrona que tinha ao lado do telefone. Embora tivesse decidido firmemente não permitir que Demetri Souvakis voltasse a entrar na sua vida, não podia negar que aquela voz profunda e com um sotaque muito característico tinha a capacidade de fazer com que lhe fraquejassem os joelhos.

No entanto, se conseguira ser multimilionário antes de ter feito vinte e cinco anos, não fora pela sua voz. Fora pela sua herança e porque não tinha compaixão nos negócios, uma falta de compaixão que se estendera à sua vida privada. Jane soprou e tentou acalmar-se. Então, ouviu outra mensagem.

– Sou o teu marido. Sei que estás aí. Não me obrigues a ir ter contigo. Não podemos tratar-nos como adultos civilizados?

Aquela arrogância era-lhe característica. Assumia que ela estaria sempre ao seu dispor. Além disso, como se atrevia a apelidar-se «seu marido», quando passara cinco anos sem se preocupar em saber se estava viva ou morta?

Sentiu tanta raiva que cravou as unhas nas palmas das mãos, mas isso não impediu que as lembranças dolorosas toldassem a objectividade que tanto lhe custara atingir. Como se atrevia a telefonar-lhe naquele momento, como se tivesse o mínimo direito de o fazer? Ela, por seu lado, eliminara-o da sua vida. Bom, quase…

Suspirou. Lembrou-se de quando conhecera o seu pai na galeria de Londres onde ela trabalhava. Leo Souvakis fora muito encantador. Explicara-lhe que queria uma escultura para a Grécia. Se fosse possível, em bronze, para não destoar das restantes obras que coleccionara durante anos.

Ela estava há pouco tempo naquela galeria, mas demonstrara habilidade para reconhecer o talento quando o via e aquela escultura da Deusa Diana, de um artista quase desconhecido, parecera-lhe a escolha mais adequada.

Leo Souvakis ficara encantado, tanto com a escultura, como com Jane, e estavam a comentar as excelências da porcelana oriental quando Demetri Souvakis aparecera…

Jane abanou a cabeça. Não tinha vontade de pensar naquilo. Acabava de chegar de uma viagem muito frutífera pela Austrália e pela Tailândia, e só queria meter-se na cama. Ia levantar-se, disposta a não se sentir intimidada, quando ouviu uma terceira mensagem.

– Jane… Estás aí, querida? Acho que me disseste que chegarias às oito horas e já são oito e meia. Estou a começar a ficar preocupada. Telefona-me assim que chegares. Estou à espera.

Jane tentou esquecer as outras mensagens e pegou no telefone.

– Olá, mamã! Lamento que tenhas ficado preocupada. O avião fez uma escala imprevista no Dubai.

– Ainda bem – a sua mãe pareceu aliviada. – Supus que teria acontecido algo do género. À excepção disso, fizeste boa viagem? Tens de me contar tudo ao almoço.

Almoço? Jane conteve um resmungo. Não tinha forças para ir almoçar com a sua mãe.

– Não poderá ser hoje – disse-lhe, com tom de desculpa. Sabia que a sua mãe não gostaria da recusa. – Estou exausta. Tenho de dormir, pelo menos, oito horas antes de conseguir fazer algo.

– Oito horas? Jane, eu quase nunca durmo mais de quatro horas. Não dormiste no avião?

– Muito pouco – Jane teria gostado de ser menos sincera. – Podemos almoçar juntas amanhã… Assim terei tempo para me recompor.

Fez-se silêncio.

– Jane, estiveste fora quase três semanas. Tinha pensado que gostarias de ver a tua mãe. Sobretudo, quando sabes que passo o dia quase todo metida nesta casa.

Jane esteve prestes a perguntar-lhe quem tinha a culpa disso, mas mordeu a língua para não começar uma discussão.

– Porque não propões a Lucy que vá almoçar contigo? Tenho a certeza de que irá.

– Eu também tenho a certeza – respondeu a sua mãe, com pouco entusiasmo. – Além disso, se a tua irmã vier almoçar, Peter e Jessica andarão a correr pela casa toda.

– Mamã, são os teus netos!

– Sim e não têm nenhuma disciplina.

– Mamã…!

– Está bem, se não podes dar-te ao trabalho de vires visitar a tua mãe, fico sozinha. É uma pena, queria contar-te quem veio visitar-me na semana passada.

Teria sido Demetri? Jane respirou fundo para se acalmar.

– Tiveste uma visita? – perguntou, com um tom que tentou ser de ligeira curiosidade. – Que bom…!

– Não foi nada bom! – replicou a sua mãe, com aborrecimento. – Suponho que te terá contado. Ele é o motivo para me adiares até amanhã?

– Não! – Jane susteve a respiração. – Suponho que te referes a Demetri. Deixou-me algumas mensagens no atendedor de chamadas. Ao não obter resposta, terá suposto que saberias onde estava.

– O que, naturalmente, sabia.

– Disseste-lhe? – perguntou-lhe Jane, com receio.

– Disse-lhe que estavas no estrangeiro – respondeu a senhora Lang, secamente. – Não esperarias que lhe tivesse mentido…

– Não – Jane suspirou. – Disse-te do que quer falar comigo?

– Como já te disse, se quiseres saber, terás de esperar até teres espaço na tua agenda repleta. Sabes que não gosto de comentar os assuntos familiares ao telefone – fez uma pausa. – Então, virás amanhã?

Jane apertou os dentes. Era o que lhe faltava! Tivera uma viagem muito proveitosa e pensara tirar alguns dias livres antes de voltar para a galeria. No entanto, sentia-se obrigada a ir ver a sua mãe, nem que fosse só para saber o que estava a acontecer.

– Posso ir jantar…

Sabia que a sua mãe adoraria aquilo. Ter a sua filha mais velha numa situação comprometedora era um dos seus maiores prazeres. Enquanto vivera com Demetri, soubera perfeitamente que a sua mãe estava convencida de que aquele casamento correria mal. Quando fracassara, ela estivera presente para a apoiar, mas Jane também soubera que o fizera com uma certa satisfação, por ter voltado a provar que acertara.

– Jantar? – pensou um segundo. – Referes-te a esta noite?

Jane sabia que era ceder, mas estava demasiado cansada.

– Quando te der mais jeito – respondeu, com aborrecimento. – Deixa-me uma mensagem quando tiveres decidido.

– Isso parece-te uma forma de tratares a tua mãe? – no entanto, a senhora Lang pareceu dar-se conta de que não era o momento de esticar a corda. – Esta noite parece-me perfeito, querida. Parece-te bem às sete horas ou é demasiado cedo?

– Parece-me bem – respondeu Jane, inexpressivamente. – Obrigada, mamã. Até logo.

Jane alegrou-se de desligar e, quando o telefone voltou a tocar, atendeu-o com um tom realmente irritado. No entanto, era uma chamada para tentar vender-lhe uma cozinha e desligou bruscamente.

Apercebeu-se de que poderia ser Demetri, mas não lhe pareceu provável. Ele estaria em Londres por motivos de trabalho e não teria tempo para pensar na sua ex-mulher. Ela ocuparia um lugar muito baixo na sua agenda. Como sempre ocupara. A julgar pelo seu tom de voz, não tinha motivos para pensar que ele tivesse mudado.

Suspirou, decidiu que desfaria a mala mais tarde e foi para a casa de banho, para tomar um duche. Viu-se ao espelho, afastou algumas madeixas de cabelo loiro da cara e pensou que parecia exausta, que mudara muito naqueles cinco anos. Tinha ligeiras rugas nos cantos dos olhos, mas continuava a ter a cútis suave noutras partes da cara. Naturalmente, tinha as ancas um pouco maiores, mas os seios continuavam firmes, embora também tivessem crescido. Pensou que tanto fazia. Apanhou o cabelo molhado e meteu-se, nua, entre os lençóis. Nem sequer a preocupação em saber o que Demetri quereria, conseguiu que mantivesse os olhos abertos.

Acordou com o telefone. Ela achou que era o telefone, mas, quando atendeu o que tinha na mesa-de-cabeceira, o ruído não cessou. Era o intercomunicador do edifício. Alguém queria entrar num dos apartamentos e estaria a bater a todas as portas.

Suspirou, apoiou-se nas almofadas e olhou para o relógio. Era quase meio-dia. Dormira menos de quatro horas, mas teria de se contentar.

O intercomunicador voltou a tocar. Jane levantou-se e vestiu um robe verde de seda. Atravessou a sala e atendeu.

– Quem é?

– Jane? Jane, sei que és tu. Abres-me a porta?

Era Demetri. Ficou petrificada. Ainda estava desorientada e não conseguia falar. Era demasiado cedo. Precisava de tempo para organizar as ideias. Sempre pensara que, se alguma vez voltasse a encontrar-se com o seu ex-marido, fá-lo-ia como ela quisesse, não como ele quisesse.

– Jane! – ouviu-o praguejar em grego. – Jane, sei que estás aí. A tua mãe disse-me que chegavas hoje – o tom era cada vez mais impaciente. – Abre a porta. Queres que me prendam por desacato ou algo parecido?

Jane não conseguia imaginá-lo preso por desacato. Era demasiado autoconfiante. Era apenas uma desculpa para que lhe abrisse a porta. Evidentemente, os outros vizinhos estavam a trabalhar e ela era a única forma que tinha de entrar.

– Nem sequer estou vestida, Demetri.

Deu-se conta de que o dissera atrapalhadamente e foi a única coisa que lhe ocorreu.

– Por favor! Não seria a primeira vez que te vejo nua – recordou-lhe ele, ironicamente. – Ando há quase uma semana a tentar falar contigo. Nem todos podemos passar o dia na cama.

– Acabei de chegar de uma viagem, Demetri – replicou ela, com acritude. – Se bem me lembro, tu não suportas muito bem o jet lag.

– É verdade. Desculpa – não pareceu lamentar muito. – Fui desagradável. Atribui-o ao desespero. Também não o suporto muito bem.

– A quem o dizes…! – Jane tentou ser mordaz. – Como estás, Demetri? Vejo que tão impaciente como sempre.

– Pelo amor de Deus, tive paciência, ghineka! Vais abrir-me a porta ou vou ter de a deitar abaixo?

Jane levantou o queixo. Teria adorado aceitar o desafio, mas a vergonha que passaria, se ele cumprisse a sua ameaça, dissuadiu-a. Carregou no botão.

Ouviu-se um zumbido, a porta abriu-se e ouviu alguns passos nas escadas. Passos que subiam tão depressa, que ela recuou até ao canto mais afastado da sala. Deixara a porta entreaberta e, embora pensasse que tanto lhe fazia o que pensasse dela, apercebeu-se de que nem sequer se penteara depois de se levantar da cama. Estava a passar os dedos pelo cabelo, quando Demetri apareceu à entrada. Alto, magro e com o cabelo preto e denso dos seus antepassados. Também parecia mais velho, consolou-se ela. No entanto, face às madeixas grisalhas nas têmporas, o seu rosto, com a sombra de barba preta de sempre, estava mais duro do que recordava, mas igualmente atraente.

A sua presença era tão imponente como quando entrara na galeria, à procura do seu pai. O seu pai apresentara-os e ele fora cortês, mas também a tratara com uma frieza e indiferença que quase a ofendera.

Demetri entrou. Ouvira dizer que estava bem no seu trabalho e admirou o apartamento espaçoso. A luz entrava pelas janelas que havia de cada lado e banhava o apartamento com um tom esbranquiçado.

No entanto, embora estivesse incomodado por o ter feito esperar na rua, os seus olhos dirigiram-se directamente para Jane. Estava no outro lado da sala, com os braços cruzados, como se quisesse proteger-se. Usava um robe de seda que fechava com força. Como se ele fosse uma ameaça, disse para si com desgosto. O que achava que ia fazer? Achava que ia atirar-se a ela?

– Jane… – disse, antes que aquela ideia acabasse com o desinteresse que sentia.

Pensou que tinha bom aspecto, demasiado bom para um homem que pensava casar-se com outra mulher, assim que estivesse livre para o fazer. Não em vão, Jane sempre tivera aquele efeito nele. Fora por isso que se casara com ela. Fora por isso que resistira tanto a encontrar outra mulher que a substituísse.

– Demetri – respondeu ela, laconicamente.

Ele apoiou-se na porta para a fechar e ela endireitou-se um pouco, como se se preparasse para o que a esperava.

Jane não usava maquilhagem, evidentemente, e Demetri supôs que a cor das faces se devesse mais a algum motivo interno do que externo. Aqueles olhos verdes que o obcecavam em sonhos…

– Tudo bem? – perguntou ele, enquanto se afastava da porta.

A boca de Jane secou quando ele entrou mais na sala. Mexia-se com uma elegância natural que fazia com que qualquer roupa que usasse parecesse do melhor estilista, embora tivesse a certeza de que as calças de algodão e o casaco preto de couro que usava eram. Deu-se conta de que continuava a usar a aliança de casamento. A aliança que ela comprara e que tinham trocado na pequena capela de Kalithi, a ilha propriedade da família e onde ele vivia quando não andava a viajar pelo mundo, para cuidar dos assuntos do seu empório naval. O seu pai reformara-se antes de se casarem, muito apesar dos desejos da sua mãe. Ela nunca quisera que o seu filho se casasse com uma inglesa e, muito menos, com uma que tivesse opiniões próprias.

– Tudo bem – respondeu ela, com um sorriso forçado. – Cansada, claro! Dormi muito pouco nas últimas vinte e quatro horas.

– Ainda por cima, acordei-te – Demetri pôs-se ao lado de um dos sofás e arqueou um sobrolho. – Desculpa.

– A sério? – Jane encolheu os ombros. – Importas-te de me dizer porque vieste? Disseste-me que era algo importante.

Demetri parou de olhar para ela e concentrou-se na mão que agarrava num dos almofadões do sofá.

– É.

Voltou a levantar a cabeça e olhou para ela de tal forma que ela tremeu.

– Quero o divórcio, Jane.