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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2004 Anne Mather

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Amante proibida, n.º 853 - Janeiro 2016

Título original: The Forbidden Mistress

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2005

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7732-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Oliver estava de pé a olhar pelas janelas do escritório quando o intercomunicador começou a tocar.

Suspirou, parou de olhar as ruas molhadas de Newcastle, atravessou o escritório amplo e atendeu a chamada da sua secretária.

– Diga – disse laconicamente.

A interrupção não lhe tinha agradado e a senhora Clements aclarou a garganta antes de responder.

– É o seu irmão, senhor Ferreira – a resposta surpreendeu Oliver. – Disse-lhe que estava ocupado, mas ele insiste que o receberá.

Oliver estava a habituar-se à ideia do irmão ter tido o descaramento de se apresentar ali, quando ouviu um alvoroço e a porta do escritório se abriu de par em par. Thomas Ferreira, um homem alto e robusto, estava na soleira da porta com a minúscula senhora Clements, muito nervosa, atrás dele.

– Mas o que é isto? – perguntou com um gesto de aborrecimento que alterava as suas bonitas feições. – Preciso de marcar hora para te ver, Oliver? Sei que não nos falamos há muito tempo, mas não o tomes tão a peito.

Oliver afastou-se da mesa enorme, com superfície de granito, e olhou para a secretária nervosa por cima do irmão

– Não se preocupe, senhora Clements. Sei que fez tudo o que era possível.

A secretária contorceu as mãos.

– Senhor Ferreira, não se esqueça que tem um compromisso às quatro com o senhor Adler.

– Não me esquecerei – afirmou Thomas bruscamente, enquanto agarrava no trinco da porta. – Não se preocupe, eu também não tenho intenção de o entreter tanto tempo; sou seu irmão, não sou um fiscal das Finanças.

A senhora Clements não fez caso do comentário e conseguiu aparecer com a cabeça pela fresta da porta que se fechava.

– Quer mais alguma coisa, senhor Ferreira? Quer chá ou café?

– Desde que não seja uma garrafa de uísque… – comentou, ironicamente, Thomas.

– Um pouco de chá, senhora Clements. Se não for muito incómodo – pediu Oliver.

– Naturalmente. Não é nenhum incómodo – Thomas imitou a resposta da secretária, fechou a porta e apoiou-se na mesa de mogno. – Sinceramente, Oliver, sabes perfeitamente que essa mulher andaria sobre carvão a arder se lhe pedisses. Embora, na verdade, quase todas as mulheres o fizessem…

– Mas não todas – replicou Oliver com certa amargura. – O que queres, Tom? Já ouviste que não tenho muito tempo.

Tom aproximou-se da mesa e sentou-se numa das poltronas de pele.

– Esperemos que o chá chegue. Preferia que a boa da senhora Clements não ouvisse.

Oliver conteve a ira.

– A senhora Clements é de absoluta confiança. Não anda a contar por aí o que ouve no meu escritório.

– Mesmo assim… – Thomas encolheu os ombros. – Tinha-me esquecido da vista que se tem daqui. Tenho a certeza de que tu também sentias falta dela, quando estavas encerrado em Abbey.

Oliver esteve prestes a expulsar o irmão, mas isso teria provocado mais perguntas do que respostas e decidiu conter-se até saber o que queria. Embora isso não alterasse a sua sensação ao voltar a vê-lo. Tinham passado quase quatro anos desde que mantiveram uma conversa muito séria e não podia negar que sentia uma certa curiosidade em saber o motivo da sua visita.

Talvez fosse o momento de esquecer o passado. Eram muito bons amigos em crianças, antes que a traição de Thomas e o fracasso do seu casamento os afastasse. Tinha que aguentar o facto de que tanto Sophie como o irmão eram os culpados por o seu casamento se ter desfeito. Afinal, ela era sua mulher e Tom um homem livre.

Naturalmente, isso não queria dizer que tivesse que confiar no irmão. O divórcio de Sophie tinha sido doloroso e demolidor e, durante meses, só encontrara consolo na bebida. O comentário vil sobre a garrafa de uísque e sobre a sua estadia em Abbey, um famoso centro de reabilitação para alcoólicos e drogados, deixava muito claro que o irmão não tinha ido desculpar-se pelo seu comportamento.

Oliver sentou-se na poltrona atrás da mesa e olhou para o irmão com curiosidade. Tom parecia mais velho, embora ele também o parecesse. Aquilo era o que acontecia com os traumas, sobretudo com os emocionais.

– Como está Sophie?

Decidiu enfrentar a situação e surpreendeu-se pelo pouco que lhe custou. Durante meses, depois do divórcio, o mero facto de ouvir o seu nome despertava nele os desejos mais destrutivos, mas, naquele momento, só sentia um ligeiro arrependimento por ter sido um parvo crédulo.

A pergunta surpreendeu Tom.

– Está bem, suponho – respondeu despreocupadamente. – Por que não lhe telefonas e descobres?

Teve que fazer um esforço, mas Oliver conseguiu fazer com que não notasse a irritação.

– Prefiro não o fazer – respondeu, enquanto apoiava as mãos nos braços da poltrona e esboçava um sorriso perante a aparição da senhora Clements. – Obrigado, parecem deliciosas – acrescentou ao ver um prato com bolachas.

– Se precisar de mais alguma coisa, diga – a mulher disse aquilo, enquanto olhava para o visitante de soslaio.

Oliver sabia perfeitamente o que estava a pensar, porque tinha sido sempre uma mulher muito leal e ficara muito furiosa perante a traição de Thomas.

– Fá-lo-emos – respondeu Thomas.

Ele também sabia o que a mulher sentia e aquela era a sua forma de lhe recordar que a sua opinião não lhe interessava nada.

A senhora Clements saiu e fechou a porta, mas Oliver não fez nenhum gesto para tocar na bandeja de chá. Se Tom queria tomá-lo, podia servir-se ele mesmo.

– O que queres? – perguntou-lhe com um suspiro de resignação. – Se for dinheiro, estás a perder tempo. Além de a minha ex-mulher ter feito tudo o que era possível para me deixar sem dinheiro, o mercado imobiliário está em baixo.

– Não esperas que acredite que o teu negócio depende dos contratos familiares – replicou Tom com certa firmeza. – Descobri que chegaste a um acordo para projectar o centro comercial de Vicker’s Wharf – franziu o sobrolho e perdeu parte do seu charme. – Em qualquer caso, não disse que queria dinheiro. Desde que Sophie investiu quase todo o rendimento do divórcio no centro de jardinagem, vai tudo de vento em popa – fez uma pausa. – A verdade é que comprei uma pequena parcela junto ao viveiro e espero que também possamos construir uma estufa.

– Fico contente por ti.

A Oliver alegrava-o saber que a perspicácia do irmão para os negócios estava a dar frutos. O centro de jardinagem Ferreira fora o negócio do seu pai antes de se reformar, mas Tom tinha sido o único a herdar o seu amor pela terra. Desde que Tom se encarregara do centro, o interesse geral pela jardinagem permitira-lhe duplicar os lucros. Aquilo e a contribuição da sua ex-mulher, naturalmente.

– Não sejas condescendente – balbuciou o irmão, que percebera algo mais no tom de Oliver. – Não somos todos génios para os estudos, alguns temos ambições mais modestas.

Oliver evitou o confronto. Era uma ofensa muito velha e não estava disposto a voltar a ela. Tom sabia muito bem que ele não era um génio, nem um bom estudante, mas percebia de matemática e de informática. Licenciou-se em Engenharia Informática e a carreira como engenheiro civil pareceu-lhe tão natural como a horticultura ao irmão.

– Então – continuou Oliver, – se não queres dinheiro, o que queres? Não acredito que tenhas vindo perguntar-me pela minha saúde.

– Porquê? – a resposta foi imediata e com tom ofendido. – Continuas a ser meu irmão, não? Tivemos as nossas diferenças…

– Eu não diria que seduzir a minha mulher e destruir o meu casamento seja uma «diferença».

– Eu sei, eu sei – Tom adoptou um ar melancólico. – Como disse, tivemos os nossos problemas, não vou negá-lo e também não vou negar que foi por minha culpa. Mas, caramba, eu alguma vez teria seduzido Sophie se ela não o tivesse desejado? Estavas obcecado em ser sócio da Faulkner. Tinhas abandonado a tua mulher, Oliver, reconhece-o.

Oliver apertou o queixo.

– Não penso reconhecer nada, Tom. Se for essa a tua forma de justificar o que fizeste…

– Não é – Tom interrompeu-o e inclinou-se sobre a mesa. – Sentir-te-ias melhor se te dissesse que tudo foi um erro? Nunca devia ter chegado ao ponto que chegou – mordeu o lábio inferior. – Fui um idiota arrogante. Não consegues lamentá-lo tanto como eu.

Oliver levantou-se e empurrou a poltrona contra a parede.

– Será melhor ires-te embora – deu uma breve gargalhada, carregada de amargura. – É incrível. Realmente pensaste que me consolaria que me dissesses que foi um erro?

Tom levantou o queixo.

– Sim, tinha pensado nisso – respondeu com tom obstinado. – Todos cometemos erros, não?

Oliver abanou a cabeça.

– Tom, vai-te embora, antes que digamos algo de que nos possamos arrepender.

Tom encolheu os ombros, mas não se moveu e Oliver olhou para o relógio de pulso. Viu com incredulidade que eram somente três e meia, que só tinham passado quinze minutos desde o aparecimento de Tom.

Soprou e olhou para o irmão sem saber o que fazer. Ia ter que o expulsar? Tom era robusto, mas ele estava em melhor forma e tinha mais uns dez centímetros de altura.

Recusou a ideia. Não lhe interessava arrastá-lo pelo corredor dos outros escritórios. Já fora suficiente ter que suportar a compaixão dos companheiros quando Sophie o abandonou e ele ficou dependente do álcool. Não tinha vontade de relembrar aqueles momentos nem de dar a impressão de que ainda se queria vingar do irmão. Além disso, apercebeu-se de que não o queria fazer. Só sentia desprezo por Tom pensar que ia acreditar nas suas mentiras.

– Dentro de pouco tempo, tenho um compromisso.

Compreendia que zangar-se não ia levá-lo a lado nenhum. Por algum motivo, Tom estava decidido a ficar até que dissesse o que queria dizer e Oliver suspeitava que o pior ainda não tinha chegado.

– Eu sei. Já ouvi a velha Clements.

– Então, compreenderás que não podes ficar e proponho que te vás embora antes que fiques como um perfeito idiota.

Tom olhou-o com olhos acusadores.

– Não te preocupas nada comigo, não é verdade? Não te importa o que me possa estar a acontecer.

– O que se passa? – Oliver olhou-o fixamente. – Pretendes resolver as coisas entre nós?

Tom voltou a encolher os ombros.

– Não exactamente.

– Estou desejoso de ouvir.

Tom franziu o sobrolho.

– Achas-te muito importante. Como não me tinha dado conta antes? Não te preocupas com ninguém, não é verdade, Oliver? Não te importava que Sophie precisasse de carinho e nunca o tenha tido de um canalha insensível como tu.

Oliver rodeou a mesa, agarrou o irmão pela camisa e levantou-o da poltrona.

– És um tarado malnascido.

Soltou-o para lhe dar o murro que merecia, mas Tom limitou-se a fechar os olhos à espera do castigo que Oliver não conseguiu fazer. Soltou um palavrão e voltou a atirá-lo para a poltrona antes de se dirigir à janela para recuperar a compostura.

Fez-se um silêncio. Oliver conseguiu que a sua respiração se normalizasse e passou a mão pelo cabelo preto que lhe chegava ao colarinho da camisa. Alisou o fato cinzento e certificou-se de que tinha a gravata no lugar. Também fez tudo o que lhe foi possível para não se esquecer de que ele era a vítima.

Voltou-se. Eram quatro menos vinte e Tom tinha que se ir embora antes que Sidney Adler chegasse. Adler era um político local que fora fundamental para que concedessem à Faulkner o projecto do novo centro comercial. Também era amigo íntimo de Andrew Faulkner, o sócio de Oliver, e não queria que pensasse que levava problemas pessoais para o escritório.

Soprou, voltou para a mesa e, sem se sentar, olhou para a cabeça inclinada do irmão.

– O que queres, Tom? Não posso desculpar-te e não julgo que Sophie gostasse de saber que vieste falar comigo.

– Tanto faz – Tom tirou um lenço do bolso e assoou o nariz com um grande estrondo. – Certamente fui eu que tomei a iniciativa, mas ela queria acabar com a relação tanto como eu.

Oliver ficou boquiaberto.

– O quê…? – perguntou sem dar crédito ao que ouvira. – Vieste dizer-me que acabaste com Sophie?

– E por que não? – perguntou com indiferença. – Neste momento está em casa da mãe. Como disse antes, foi um erro tremendo.

 

 

Eram quase seis horas quando Oliver saiu do escritório.

Adler comportara-se como um bisbilhoteiro e passara metade do tempo a falar mal de outros políticos locais. Tinham esclarecido pouca coisa e Oliver suspeitou que não lhe devia ter oferecido o uísque que reservava para as visitas. Adler aceitou mais de um copo e ele estava com os nervos em franja pela quantidade de Coca-Cola que teve que beber por cortesia.

Tinha o carro no estacionamento da cave. Era um Porsche de doze anos que oferecera a si próprio, quando entrou na empresa Faulkner. Também fora o único luxo que não vendera quando Sophie o deixou. Vendera a casa que partilharam e quase todas as suas propriedades. Em qualquer caso, teria que o ter feito porque não cabiam no loft para onde se mudara.

Antes do divórcio, ele e Sophie viviam numa urbanização muito selecta, no norte de Newcastle. Ficava pertíssimo do centro de jardinagem e, naquela época, viam os seus pais e irmãos com bastante frequência. Os seus pais compraram uma villa no sul de Espanha, de onde eram procedentes os antepassados do pai, e o bom homem assegurava sempre que ia voltar para as suas raízes.

Ao lembrar-se dos pais, não conseguiu evitar pensar no irmão. Não fora fácil convencê-lo a ir-se embora tranquilamente e continuava sem ter claro o motivo pelo qual o fora visitar. O que pretendera? Que ele ficasse tão contente por terem acabado que lhe perdoasse tudo? Aquilo era uma ingenuidade e Tom não era assim tão tolo.

Então, por que tinha ido? Por que tinha feito a viagem? Oliver não acreditava que voltassem a ser amigos e Tom teria uma decepção se esperava outra coisa.

Passou-lhe pela cabeça que tivesse sido enviado por Sophie. Se se tinham separado, como Tom dizia, talvez ela tivesse ideia de reatar a sua relação. O que era igualmente disparatado. Fosse como fosse, não tinha intenção de reatar a relação com a ex-mulher. Pensasse ela o que pensasse sobre o trauma que lhe produzira ao abandoná-lo, ele já o superara e nunca o limitara a Sophie. Deu-se conta de que a traição do irmão tinha significado o mesmo.

No entanto, concordara voltar a ver Tom. Fora a única forma de ele se ir embora do escritório antes que Adler chegasse. Tinham combinado ver-se no dia seguinte, à hora de almoço, no The Crown, um pub de Tayford. Há anos que Oliver não ia àquele pub, que ficava muito perto da casa dos seus pais. Felizmente, os seus pais estavam em viagem e não havia possibilidade de se verem implicados. Sabia que a mãe estava preocupada com o distanciamento dos irmãos e, se soubesse do encontro, teria pensado que estavam a resolver os seus problemas.

Oliver olhou à sua volta. Teve um desejo repentino de ver o centro de jardinagem. Dirigiu-se para norte e depois desviou-se em direcção a Belsay, em plena campina.

Oliver nascera naquela zona, mas há alguns anos que não desfrutava daquela paisagem. A chuva abrira caminho a uma linda e ensolarada tarde de Maio e sentiu um bem-estar a que não estava habituado.

Antes de chegar a Belsay, voltou a virar à esquerda para seguir um caminho rural ladeado por sebes. O centro de jardinagem ficava a menos de quatrocentos metros, nos subúrbios de Ridsgate, a povoação mais próxima de Tayford.

Da estrada, O Mundo das Plantas Ferreira tinha um aspecto impressionante. Tinha uma fama considerável e chegava gente de todos os lados para passear pelos seus jardins e estufas. Também tinha uma pastelaria, uma loja, uma floricultura e uma zona de jogos para crianças. Passavam das seis da tarde e continuava em plena actividade.

Havia alguns carros no estacionamento e Oliver, que não pensara parar, encontrou-se a estacionar o Porsche. Ficou alguns segundos a tamborilar com os dedos no volante e a perguntar-se o estava ali a fazer, até que decidiu que não ia partir sem saber se Tom estava a passar por uma má época económica.

Viu-a quando estava a fechar a porta do carro. Estava junto a uma estufa e parecia que fiscalizava a carga de uns sacos numa camioneta que ela mesma ia conduzir.

Era alta, passava do metro e setenta, e disse a si mesmo que aquilo, a altura, fora o que atraíra a sua atenção. Além disso, tinha umas pernas muito compridas escondidas dentro das calças de ganga mais justas que vira na sua vida e um corpo magro mas com formas, o que fazia com que não passasse despercebida. Para não falar da sua beleza quente e resplandecente e da cabeleira avermelhada com reflexos dourados que trazia apanhada numa trança.

villa

– Gostas? Refiro-me ao trabalho…

Ela encolheu os ombros e afastou-se do relógio solar; ele voltou a ficar impressionado com a sua altura. No entanto, ao contrário de uma modelo, tinha umas formas bastante generosas e os seus seios, embora não parecesse usar sutiã, eram firmes e altos…

Oliver perguntou-se de onde teria saído. Começava a sentir-se muito atraído por ela. Há anos que não reparava nos seios de uma desconhecida e, embora o frio os tornasse mais evidentes, isso não era uma desculpa. Devia estar a congelar, a julgar pelas protuberâncias que se marcavam debaixo da camisola. Também era evidente que o calor que ele sentia não era devido ao tempo que fazia.

– Está bem – Oliver demorou algum tempo a compreender que ela estava a responder à sua pergunta. – Quando acabei a universidade, pensei que queria ser professora, mas depois de trabalhar seis anos na cidade, decidi que precisava de mudar de ares.

Oliver fez um gesto de compreensão e puseram-se a caminho do edifício principal. Grace seguia-lhe o passo com umas passadas muito elegantes e ele apercebeu-se de que não pensara na sua idade. Calculara que teria vinte e dois ou vinte e três anos, mas naquele momento decidiu que rondaria os trinta anos. Também não lhe importava que fosse mais velha do que imaginara. Afinal, ele tinha trinta e quatro anos, uma história que ninguém invejaria e uma namorada. Além disso, certamente, ela teria namorado.

– Estás aqui há muito tempo? – perguntou-lhe Oliver.

Oliver queria encontrar uma desculpa para não entrar na loja. Não desfizera o engano quando ela julgara que ainda não tinha visto Tom e seria bastante violento que ele aparecesse.

– Sete meses – fez uma careta. – E foi o pior Inverno que o pessoal recorda! As duas estufas alagaram-se e tivemos que vir trabalhar com botas de borracha.

Oliver conseguiu esboçar um ligeiro sorriso.

– Um baptismo de fogo.

– De água, melhor dizendo – corrigiu-o antes de voltar a rir. – Que tolice! Todos os baptismos são com água, não é?

Oliver ia perguntar-lhe o que lhe parecia o norte de Inglaterra quando ela mudou de expressão. Corou e ele pensou que era uma pessoa encantadoramente natural, mas outra voz de mulher chamou-o e Oliver teve que reprimir um grunhido ao reconhecer a ex-mulher.