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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2014 Harlequin Books S.A.

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Nos braços do rancheiro, n.º 55 - Julho 2016

Título original: Beneath the Stetson

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas

registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8840-1

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Capítulo Dezasseis

Capítulo Dezassete

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

Gil Addison não gostava do FBI, nem sequer das agentes bonitas. Talvez fosse por causa do sangue comanche que lhe corria nas veias, que mantinha viva uma lembrança atávica: as promessas que o governo fizera durante anos e que jamais cumprira. A única coisa que lhe restava da herança nativa era o cabelo moreno, os olhos castanhos e a pele bronzeada, mas a desconfiança continuava presente.

De pé, com uma mão na cortina, viu como um carro preto se aproximava pelo caminho. Do ponto de vista técnico, a mulher que esperava não era uma agente federal, mas uma detetive estatal, mas formara-se no FBI e isso era suficiente.

– Quem é, papá?

O seu filho de quatro anos, Cade, agarrou-lhe a perna. Gil desceu o olhar e sorriu apesar de estar desassossegado.

– Uma senhora que quer falar comigo. Não te preocupes, não ficará muito tempo.

Prometera a Cade que iam montar a cavalo.

– É bonita?

Gil arqueou uma sobrancelha.

– Isso importa?

O menino sorriu.

– Sim, porque se for bonita talvez te apaixones por ela e te cases e...

– Outra vez? – perguntou ele, tapando-lhe a boca. Depois baixou-se e olhou-o nos olhos antes de acrescentar: – Tenho-te a ti. Não preciso de mais ninguém.

Ainda que não fosse fácil ser pai solteiro. E com frequência perguntava-se se não estaria errado. Abraçou o menino.

Cade afastou as cortinas e observou o carro a parar. A porta abriu-se e a mulher saiu.

– É bonita – decidiu Cade, quase aos saltos.

Gil concordava com ele, a custo. Bailey Collins era alta e andava com um passo firme. O cabelo ondulado chegava-lhe aos ombros e era castanho, com reflexos acobreados que refulgiam ao sol. Tinha as pestanas muito espessas. Ainda que estivesse muito longe para as apreciar, Gil tinha boa memória. E não era a primeira vez que via Bailey Collins.

A primeira vez que a vira, fora na esquadra de Royal, e já então sentira por ela uma mistura de desejo e de ressentimento. Talvez Bailey pensasse que as suas credenciais lhe davam poder, mas Gil não as ia aceitar sem mais.

 

 

Bailey tropeçou no último degrau e quase caiu de bruços. Felizmente, conseguiu recuperar o equilíbrio no último momento, porque ainda estava a agitar os braços quando a porta se abriu e apareceu um homem que conhecia muito bem.

Sentiu o coração aos saltos e então viu outra pessoa. O homem pelo qual sentia uma atração que era desagradável, mas visceral, não estava sozinho. Ia de mão dada com um menino pequeno que, segundo dizia o relatório, era seu filho. Não teve a menor dúvida, o pequeno era uma cópia quase idêntica do pai.

O menino afastou-se deste e deu um passo em frente sorrindo.

– Bem-vinda a Straight Arrow – cumprimentou-a, estendendo-lhe a mão. – Sou o Cade.

Bailey não conseguiu evitar sorrir também, deu-lhe a mão e respondeu:

– Olá, Cade, eu sou a Bailey.

– Senhora Collins– corrigiu-a Gil franzindo ligeiramente a testa. – Estou a tentar ensinar-lhe boas maneiras.

– Pode chamar-me pelo meu nome se eu achar bem, e eu acho bem – disse ela, olhando para o homem pelo qual passara várias noites sem dormir.

Cade olhou para ambos os adultos e mostrou-se confuso ao princípio, e triste depois. Tremeu-lhe o queixo.

– Eu queria que gostasse do meu pai – sussurrou, olhando para Bailey com os enormes olhos azuis, que devia ter herdado da sua mãe.

O coração dela derreteu-se.

– Eu e o teu pai damo-nos bem – disse ao menino. – Há alturas em que os adultos se sentem frustrados, mas isso não significa que estejamos chateados.

Bailey tinha trinta e três anos e ainda se lembrava vagamente das discussões e dos gritos dos seus pais.

Sabia o que era ser criança e não poder intervir no curso dos acontecimentos. Como entendia o desgosto de Cade, fez um esforço para sorrir quase com naturalidade e olhou para Gil.

– Obrigada por me receber. Podemos sentar-nos uns minutos? Prometo não demorar muito.

Com Cade a observá-los, Gil não teve outro remédio senão assentir. Despenteou o cabelo do menino e acrescentou num tom amável:

– Porque não vem connosco à cozinha, senhora Collins? Eu e o Cade costumamos beber uma limonada e comer alguma coisa mesmo a esta hora.

– Tu também me podes chamar Bailey– murmurou ela, sem saber se Gil a tinha ouvido.

Seguiu-os até à parte de trás da casa, onde ficava a cozinha. Gil herdara a casa dos seus pais, que se tinham reformado e tinham ido para Austin. E os seus pais herdaram Straight Arrow dos avós de Gil. Era um rancho enorme.

Quatro anos antes, depois do suicídio da esposa, Gil contratara um batalhão de pessoas para poder ter tempo para tratar do filho. Bailey conhecia todos os detalhes porque investigara Gil... e admirava a sua entrega. Embora não o chegasse a compreender.

Cade ofereceu uma cadeira a Bailey e esta pensou que o menino era irresistível. Ao que parece, era verdade que Gil se esforçava para lhe ensinar boas maneiras. Ao ver como a criança interagia com o pai, Bailey mudou de opinião em relação a Gil. Um homem tão carinhoso e atento com uma criança não poderia ser má pessoa.

Ela também fora criada pelo seu pai e a experiência fora muito diferente. O pai fora um homem dominante e tirano. Talvez fosse por isso que a sua mãe se fora embora de casa sem ela.

Sentou-se com uma certa timidez e pousou o telemóvel em cima da mesa. Enquanto Gil tirava os copos dos armários de madeira de pinho e cortava umas maçãs para acompanhar a manteiga de amendoim, Cade perguntou a Bailey:

– Tens jogos no telemóvel?

O seu gesto esperançado fê-la sorrir.

– Alguns.

– O Angry Birds?

– Sim. Gostas?

Cade olhou para o pai e baixou a voz:

– Acha que se eu jogar muito me vou tornar...

Cade franziu a testa, procurando na sua mente a palavra adequada.

– Um desmiolado – disse Gil enquanto pousava os copos em cima da mesa e voltava depois com o prato das maçãs.

Sentou-se mesmo à frente de Bailey e agarrou a mão do filho para a inspecionar.

–Vai lavar as mãos, Cade. Eu e a senhora Collins esperamos por ti.

Quando Cade desapareceu a caminho da casa de banho, ela sorriu.

– É um menino maravilhoso. E muito maduro para quatro anos.

– Em breve faz cinco. Não teve oportunidade de estar com outras crianças até eu começar a levá-lo de vez em quando à creche do clube, por isso fala como um adulto. Sei que vou ter saudades dele, mas far-lhe-á bem começar a ir à escola no outono.

Bailey inclinou a cabeça.

– É possível que o tenha julgado erradamente. Agora penso que tem coração.

– Não confunda o amor paterno com fragilidade, senhora Collins. Não vou deixar que me manipule para a ajudar a acabar com alguns dos meus amigos.

A resposta surpreendeu Bailey. De repente, Gil ficara muito sério.

– Não confia em mim, pois não? – perguntou-lhe.

– Não confio em ninguém do seu meio – esclareceu ele num tom tenso. – Sequestraram o Alex Santiago, mas apareceu. Mais dia, menos dia recuperará a memória e poderá contar-nos quem o levou. Porque não esperam que isso aconteça e deixam que continuemos a tratar dos nossos assuntos em Royal?

Bailey olhou para o corredor, consciente de que Cade podia voltar a qualquer momento.

– Não acredito que seja tão ingénuo – respondeu baixinho. – O facto de o Alex não se lembrar do que lhe aconteceu, não significa que não possa voltar a acontecer. Não temos outro remédio senão tentar encontrar os sequestradores. Tem de entender isso.

– O que não entendo é que pense que conheço o responsável.

– O Alex era um homem bastante querido em Royal, conquanto é evidente que tinha um inimigo. Você conhece muitas pessoas e eu espero que possamos apurar a verdade. É o meu trabalho, Gil. E sou boa nele. Só necessito da sua ajuda.

Cade entrou na cozinha.

– Tenho fome – disse.

O seu pai assentiu e o menino pegou em dois pedaços de maçã e começou a comer.

Bailey estava a observá-lo quando Gil lhe ofereceu um pedaço e pegou noutro para ele. Tentou comê-lo, mas não tinha fome. Precisava de ter Gil do seu lado. E precisava que confiasse nela. Quiçá levasse algum tempo.

Mordeu o lábio, pousou o pedaço de maçã e tentou dar um gole na limonada. Enquanto pai e filho conversavam de assuntos mundanos, ela tentou manter a compostura. Era difícil desequilibrá-la mas, por algum motivo, era importante conseguir a aprovação de Gil.

O telefone deste tocou e ele olhou para o ecrã e fez uma careta.

– Desculpe, senhora Collins. Preciso de falar em privado. Não demoro.

Cade olhou para o pai e disse:

–Não te preocupes, papá, eu entretenho-a.

 

 

Quando Gil voltou à cozinha meia hora mais tarde não conseguiu evitar sentir-se um pouco culpado por ter deixado Bailey nas mãos do seu filho. Nem todas as mulheres se davam bem com crianças e Bailey parecia uma mulher mais concentrada na sua carreira do que com vocação para ama. Atravessou a porta da cozinha e ficou petrificado. Cade e Bailey continuavam sentados à mesa, mas estavam muito juntos, com as cabeças agachadas para o telemóvel de Bailey.

Os copos da limonada estavam vazios, tal como o prato das maçãs.

Bailey abanou a cabeça.

– Pensa nos ângulos – disse. – Não dispares como um maluco.

Cade olhou-a nos olhos e o coração de Gil partiu-se. Nunca o vira com tanta atenção feminina. Ele tentara ser um pai perfeito, mas não havia nada que pudesse substituir o amor de uma mãe. De qualquer forma, não queria que Cade criasse falsas ilusões com Bailey e criasse uma situação incómoda para todos.

Gil pigarreou.

– Cade, dás-me meia hora para eu falar com a senhora Collins de um assunto de adultos? Prometo-te que depois vamos montar a cavalo.

Cade não levantou o olhar do telemóvel.

– Sim, papá, deixa-me acabar...

Gil tirou-lhe o telemóvel e deu-o a Bailey.

– Tens permissão para usar o computador do meu escritório. Agora, vai.

– Sim, senhor – respondeu o menino, sorrindo a Bailey antes de sair pela porta. – Dizes-me adeus antes de te ires embora?

Bailey pôs-se de pé e olhou para Gil.

Este assentiu.

– Eu aviso-te quando acabarmos.

Na ausência de Cade fez-se um silêncio constrangedor. A personalidade exuberante do menino servira para limar arestas com Gil.

Bailey hesitou, tentou encontrar uma maneira de quebrar o silêncio.

Gil fê-lo no seu lugar.

– Dado que o Cade está no escritório, vamos para o alpendre de trás. Se estiver de acordo.

– Naturalmente – assentiu Bailey.

Era janeiro e estava um tempo perfeito. Na semana anterior estivera frio e houvera uma tempestade, mas naquele dia davam máxima de vinte e seis graus centígrados, um recorde.

Logo que saiu, Bailey não conseguiu evitar sorrir. O Straight Arrow era um rancho enorme. Além da sua eficiência e rentabilidade, era um lugar cuidado e esteticamente agradável. Era preciso muito dinheiro para conseguir prestar atenção a todos os detalhes, e Gil tinha dinheiro. Muito. E por isso podia dar-se ao luxo de passar tempo com o filho.

Após observar e ouvir Cade, Bailey apercebera-se que Gil conseguira dar ao seu filho uma estabilidade emocional. O menino era alegre, sociável e saudável. Não era fácil crescer sem mãe, mas Gil tinha mitigado o máximo possível a perda de Cade.

Gil ficara de pé, de modo que ela o imitou. Se se tivesse posto à vontade num dos cadeirões, ele teria ficado muito por cima. Tinha a certeza que teria gostado disso.

Não obstante, Bailey fora ali para trabalhar e não se ia deixar acobardar pela forte personalidade masculina de Gil. Trabalhava num mundo dominado por homens, de modo que aprendera a parecer dura para sobreviver, ainda que se estivesse a dilacerar por dentro.

Gil foi o primeiro a disparar.

– Pensei que tinha voltado para Dallas.

Ela encolheu os ombros.

– Fico só uma semana. O caso continua aberto. Quando acabar as primeiras entrevistas, o meu chefe encarregou-me de outro projeto temporariamente, mas agora que estamos mais calmos querem que volte a investigar.

– De modo que a última vez não correu tão bem – brincou ele.

Bailey olhou-o nos olhos.

– As investigações levam tempo. E para sua informação... Eu entendo, Gil.

– O quê?

– Sentiu-se insultado quando foi incluído na lista de suspeitos. Eu pus em questão a sua honra, e isso incomodou-o. Pus o dedo na ferida? – desafiou-o deliberadamente.

Ele tinha o maxilar apertado.

– Faria melhor em empregar o tempo a perguntar pelo delito em si, em vez de assediar os membros da nossa comunidade.

Ela fez uma careta. Era complicado lidar com o ego masculino ferido.

– Tenho uma extensa capacidade em avaliações psicológicas. E sabe muito bem que nunca o considerei suspeito, mas o meu trabalho é falar com todas as pessoas que conheciam o Alex para procurar pistas, já que qualquer informação, por mais insignificante que pareça, poderia ajudar a resolver o caso.

– E não obstante, não deslindou nada.

Bailey ficou tensa, estava a começar a cansar-se de que Gil a atacasse.

– O Alex está de volta – comentou.

– Mas não graças a si.

O seu tom trocista chateou-a.

– Não faz ideia do que acontece nos bastidores. E não tenho por que me justificar consigo. Podemos voltar ao assunto que nos interessa?

– E qual é?

Ao sair de casa, Gil pegara num chapéu de cowboy e colocara-o com um movimento suave que mostrava o amor pelo seu chapéu. Naquele momento, a aba ensombrava-lhe o olhar.

Bailey não era imune àquela imagem. Vestido com umas calças de ganga gastas que se ajustavam às suas pernas longas e musculosas, Gil era a personificação da testosterona. Pelo jeito que a camisa bege que usava se ajustava aos ombros largos, devia ser feita à medida. Gil Addison era uma bomba, da cabeça até às caras botas de pele.

E a atração que Bailey sentia por ele era muito forte, mas não podia ser. Há muito tempo que não estava com um homem tão atraente, mas Gil não gostava dela nem ia gostar do que lhe tinha de pedir.

– Preciso de aceder aos arquivos do Clube de Fazendeiros do Texas.

– Nem pensar.

Bailey apoiou-se no corrimão do alpendre com as mãos nas costas para não sentir a tentação de tentar agarrar Gil pelo pescoço e apertá-lo. Estava a tirá-la do sério.

– Tenho as permissões necessárias – acrescentou num tom amável, – mas prefiro não entrar de pistola nas mãos. Porque não se porta como um cavalheiro e me convida a ir ao clube consigo?

Ele murmurou um palavrão.

– Sou o presidente – acrescentou, como se ela não soubesse. – Os membros confiam-me os seus segredos. O que vão pensar se eu os contar a uma estranha?

Aquela última frase magoou-a, mas Bailey manteve-se firme.

– Na realidade, não tem escolha. As ordens vêm de cima, de modo que vou aceder a esses arquivos de um modo ou de outro. Pode dificultar-me a vida ou cooperar. Você decide. Mas vou conseguir a informação de que preciso.

Capítulo Dois

 

Gil tirou o chapéu e passou a mão pelo cabelo. Estavam em janeiro e não entendia que estivesse tanto calor e tanta humidade.

Apesar de vestir um casaco de fato, Bailey parecia não ter calor. Estava a olhá-lo com cautela, como se se tratasse de uma perigosa serpente que a pudesse morder.

O que não sabia era que Gil tinha fantasiado mordê-la... passar os dentes pelo seu pescoço e descer pelo decote. Ficou tenso. Tinha a certeza que Bailey não sabia que o excitava inclusive com aquela roupa tão séria. Imaginou-se a tirar-lha e a percorrer o seu corpo com o olhar.

Excitou-se e sentiu que as calças o apertavam. Resmungou em silêncio e olhou para longe; aqueles terrenos intermináveis eram seus. Tentou desesperadamente entreter-se com algo, de modo que perguntou:

– Ouviu falar da figura do general Philip Sheridan na guerra? – perguntou.

Bailey enrugou o nariz.

– História não era o meu forte no colégio, mas sim, ouvi falar dele.

– Depois da guerra, mandaram o Sheridan para o sul do Texas. Contam que dizia que se o Texas e o inferno tivessem sido seus, teria alugado o Texas e teria ido viver para o inferno.

– Surpreende-me que diga isso. Os texanos são bastante arrogantes.

– Temos motivos para ser orgulhosos, apesar do calor – acrescentou Gil voltando a colocar o chapéu.

– De modo que imagino que tudo no Texas é maior e melhor.

Aquele comentário surpreendeu-o. Estaria Bailey a tentar seduzi-lo? Não era possível. Olhou-a por cima do ombro. A sua atitude não era nada provocante. Uma pena.

– Sim – respondeu, – mas já deve saber disso, vindo de Dallas.

– Não sou de Dallas. O meu pai era militar, de modo que vivemos por todo o mundo, mas agora trabalho em Dallas.

– E onde é a sua casa então?

Passaram vários segundos, dois, três. Por um instante, Gil viu tristeza nos olhos castanhos de Bailey.

– Na realidade, em lado nenhum.

Ele não conseguia imaginar não ter um lar. Texas fazia parte da sua vida. Apercebeu-se que o assunto incomodava Bailey, de modo que se virou para ela.

– Bom, ainda que não tenha nascido aqui, veio viver para aqui assim que conseguiu – disse-lhe em tom de brincadeira.

Ela sorriu, abraçara-se pela cintura.

– Suponho que sim.

Gil voltou a ficar sério.

– Ao que parece, não vou poder evitar que vá ao clube, pois não?

– Pois não – confirmou ela.

– Nesse caso, vemo-nos lá amanhã às dez. E mostrar-lhe-ei por onde começar.

– Não vou precisar de ajuda, Gil, domino quase todos os programas informáticos. Não lhe devo roubar mais do que uma semana da sua vida.

«Que pena». Gil olhou para o relógio.

– Venha despedir-se do Cade.

Ao chegar ao escritório, o seu filho voltou a ficar muito contente ao ver Bailey.

– Passei mais três níveis – informou a criança à visitante.

– Que bem – respondeu esta.

Cade olhou para o seu pai.

– Vais chamá-la de Bailey?

– Suponho que sim – disse ele. –Vai ficar uns dias por cá.

O menino sorriu de uma maneira encantadora.

– Ótimo.

Gil agarrou-o suavemente pela orelha.

– Comporta-te, pirralho. Não preciso que me ajudes a encontrar namorada.

Bailey corou e Gil gostou de ver que se sentia constrangida. Pareceu-lhe justo. Fora intrometer-se na sua vida, de modo que quanto mais depressa se fosse embora de Royal, melhor.