desj948.jpg

 

HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Annette Broadrick

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Um homem silencioso, n.º 948 - abril 2017

Título original: Man from Stallion Country

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9848-6

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

A primeira viagem de Janeen White ao Texas para visitar a sua boa amiga Lindsey Crenshaw abriu-lhe os olhos à hospitalidade da região de Midwest. E, olhando em redor com assombro, teve de reconhecer também que os Crenshaw sabiam como organizar uma festa.

Os enormes carvalhos que povoavam o jardim estavam decorados com luzes e uma orquestra de música country situada no pátio animava os presentes a dançar enquanto, com o delicioso aroma do churrasco flutuando no ar, as pessoas faziam fila para encher os pratos.

O céu claro e a lua cheia davam o toque final à festa.

Janeen e Lindsey, sentadas em cadeiras de jardim um pouco afastadas dos convivas, observavam a cena. Eram amigas há anos, desde que se conheceram na Universidade de Georgetown, em Washington.

Janeen adorava Washington, mas para ir para lá tivera de desafiar a sua mãe, que queria que fosse para uma universidade em Nova Inglaterra. E tivera de lidar com os telefonemas semanais de dita mãe, para lhe contar cada um dos terríveis crimes que se cometiam em Washington e arredores. E a pobre Lindsey fora obrigada a escutar os seus lamentos sobre tão exagerada protecção maternal, mas como ela tinha crescido sem mãe, essas histórias pareciam-lhe fascinantes, inclusive divertidas às vezes.

Depois de terminar o curso, Janeen tinha conseguido um trabalho no Museu Metropolitano de Arte, em Manhattan, e Lindsey tinha casado com Jared Crenshaw, com o qual fora viver para o Texas. Mesmo que tenha vivido com ela em Nova Iorque durante um tempo, quando houve problemas na relação conjugal.

Nunca esqueceria o dia em que abriu a porta do seu apartamento para deparar com um homem alto, de olhos azuis, vestido como um rancheiro que perguntava por Lindsey. Claro que percebeu imediatamente porque a amiga estava louca por ele.

Lindsey voltou para Houston com o marido, mas permaneceram em contacto por telefone e por e-mail. E, naturalmente, quando tiveram de fazer uma redução de pessoal no museu e ficou sem trabalho, ela foi a primeira pessoa a quem ligou em busca de consolo.

Mas, em vez de sentir pena dela, Lindsey insistira para que fosse ao Texas durante umas semanas e se esquecesse de Nova Iorque.

A oferta não poderia ter chegado em melhor momento porque Steve se estava a tornar num problema. Janeen namorara com ele até descobrir que afinal não era nada daquilo que aparentava no início da relação. Mas ele não aceitava as suas negativas e continuava a ligar-lhe, indo visitá-la a todas as horas.

Se desaparecesse da cidade, com um pouco de sorte Steve esquecer-se-ia dela, de modo que ir ao Texas afigurava-se a solução ideal.

Estava ali há uma semana e tivera oportunidade de cumprimentar e despedir-se de Jared, o marido de Lindsey, antes de este partir para uma das suas viagens pelo estrangeiro. Após a partida, Lindsey e ela dedicaram-se a pôr a conversa em dia e a brincar com os três filhos da amiga, que geralmente só via nas fotografias.

Já há algum tempo que as crianças suplicavam à mãe que os levasse a visitar os primos e, no fim-de-semana, Lindsey decidiu escapar do calor e humidade de Houston. Além disso, desse modo Janeen poderia ver algo mais do Texas.

Quando chegaram ao rancho, Janeen entendeu as súplicas das crianças. O irmão mais velho de Jared, Jake, a sua mulher, Ashley, e os respectivos filhos, viviam na casa familiar dos Crenshaw, um fabuloso rancho estilo fazenda onde os Crenshaw tinham vivido durante gerações. Mas a propriedade era composta por tantos edifícios que quando chegaram pensou que era uma aldeia.

Surpreendeu-a que Jake e Ashley decidissem organizar um churrasco em sua honra, mas Lindsey explicou-lhe que os Crenshaw aproveitavam qualquer desculpa para organizar churrascos e convidar toda a gente.

Janeen tinha conhecido tantos parentes desde que chegara que sentia a cabeça zonza. Mas todos eles eram muito agradáveis.

Era como estar noutro mundo, nada parecido com o seu. Os homens eram tão atraentes que gostaria de ter ali a máquina fotográfica para demonstrar às amigas de Nova Iorque que tais homens existiam mesmo: altos, fortes, bronzeados, seguros de si e mais atraentes do que se poderia imaginar.

Embora ela não estivesse à procura de uma relação sentimental, sem dúvida que apreciava o desfile de homens charmosos.

– Estás muito calada – disse Lindsey.

– Não, estou extasiada. Não sabia que havia lugares como este.

– Referes-te à propriedade? O primeiro Crenshaw comprou os terrenos em 1840, antes de o Texas ser um Estado. E os seus descendentes orgulham-se de mantê-los para os legarem aos filhos.

– Toda a gente se parece conhecer.

– Não te lembras que eu conheci o Jared numa destas festas?

– Não poderia ser mais romântico – suspirou Janeen. – Quem necessita de Nova Iorque quando pode ter este tipo de animação grátis?

Uma brilhante camioneta preta deteve-se então junto dos demais carros e, distraída, Janeen observou o condutor aproximando-se do jardim.

– Não me digas, a ver se adivinho: o que acaba de chegar tem de ser um Crenshaw.

Lindsey seguiu a direcção do seu olhar.

– Sim, é Jordan Crenshaw, o primo do Jared e do Jake.

Janeen observou o recém-chegado detendo-se para cumprimentar um grupo de gente e cumprimentando outros com a mão.

– Onde estará a sua noiva? – murmurou Lindsey, olhando em redor. – Segundo a Ashley, toda a família ficou atónita quando Jordan contou ao Jake que estava prometido com Cindy O’Neil.

– O Jordan também é criador de gado?

– Sim, dedica-se à criação de cavalos. Mas, segundo o Jared, prefere a companhia dos animais aos seres humanos.

– Porquê?

– Por timidez, calculo. Além disso, sofreu um desengano amoroso. Namorava com uma rapariga na universidade, mas quando acabou o curso ela voltou para casa, perto de Washington, acho eu. Continuaram a relação por telefone e suponho que estar longe dela levou o Jordan a perceber quanto a amava.

– E o que se passou?

– O Jordan reuniu coragem para ir vê-la com um anel de noivado no bolso. E, conhecendo-o, com certeza que estava convencido que ela diria que sim.

– Mas disse que não?

– Não sei o que se passou. Só que ela tinha começado a namorar com outro rapaz ao voltar para casa, de modo que não houve casamento. A partir de então, o Jordan afastou-se do mundo e dedicou-se totalmente aos cavalos. Por isso é que nos surpreendeu saber do seu compromisso com a Cindy. Mas é um bom sinal, isso tem de significar que finalmente se esqueceu da tal rapariga – Lindsey encolheu os ombros. – O Jared pediu-me para saber da data do casamento para cancelar qualquer viagem de trabalho.

– Imagino que o Jordan é filho único.

– Não, não, tem um irmão gémeo, o Jack. Mas o Jack não está interessado em ter um rancho. Viaja por todo o país com o circuito de rodeo e já ganhou muitos prémios – Lindsey fez uma careta. – Na verdade, foi uma desilusão saber que o Jordan estava noivo. Queria apresentar-vos.

Janeen enrugou a testa.

– Porquê?

– Porque talvez o Jordan te fizesse esquecer desse parvinho com quem namoravas… o Steve.

– Eu não estava apaixonada pelo Steve, bem pelo contrário. Sempre me pareceu um pouco esquisito que insistisse tanto para conhecer a minha família. E por fim, quando o levei a Connecticut, percebi que só queria um lugar na empresa do meu pai. Apanhei uma desilusão porque gostava dele e pensei que ele também gostava de mim, mas o único que lhe importava era progredir na carreira. Portanto, por enquanto, não estou particularmente interessada em conhecer ninguém.

– Nunca disseste ao Steve por que não querias voltar a vê-lo, pois não?

– Não.

– Por isso é que te continuava a ligar.

Janeen sorriu.

– Sim, claro, não queria perder essa oportunidade profissional.

– Talvez esteja mesmo apaixonado por ti.

– Não, não está nada. Mas pelo menos aqui, no Texas, não me incomodará. E quando voltar a Nova Iorque, já terá aceitado a derrota.

Ficaram onde estavam, olhando em volta, até que Lindsey comentou:

– De ti não sei, mas eu já não resisto ao cheiro do churrasco. Vamos comer alguma coisa.

– Ainda bem. Eu estava há meia hora a salivar.

Encheram os pratos com um pouco de tudo: salada de batata, feijão, ovos recheados e torradas texanas… e isso antes de chegarem à carne no churrasco. Janeen sentiu vergonha ao ver o seu prato até acima… até que viu que Lindsey e todos os restantes faziam exactamente o mesmo.

– Parece que viemos tarde, as mesas estão todas ocupadas. Ah, olha, ali há uma – Lindsey indicou uma das mesas menos visíveis, onde dois homens comiam à sombra de um carvalho.

– Vamos lá antes que nos tirem o lugar.

– Importam-se que nos sentemos convosco? – sorriu a sua amiga.

– Não, claro que não, ora essa – respondeu um deles.

– Janeen, apresento-te o Tom Grayson. E ele é o Jordan Crenshaw. Senhores, esta é a minha boa amiga Janeen White.

– Olá.

– Olá.

Jordan continuou a comer, sem sequer olhar para ela, mas Tom sorriu-lhe com grande interesse.

– Muito prazer em conhecer-te, Janeen. Se queres diversão, vieste ao lugar adequado. Os Crenshaw sabem como organizar uma festa. Aliás, onde está o Jared? Ainda não o vi.

– Não veio. Está numa viagem de negócios.

Não falaram muito mais durante o almoço. Quando estavam quase a acabar, Lindsey disse:

– Disseram-me que é preciso felicitar-te, Jordan.

Ele tomou um gole de cerveja antes de responder:

– Obrigado.

– Onde está a Cindy?

– Não veio. O pai dela está constipado e ela não queria deixá-lo sozinho.

– Ainda bem que vieste. Há um ano que não nos víamos.

– As tuas crianças estão por cá?

– Sim, claro. Estão com os primos, a brincar por aí como loucos. Definitivamente, corre-lhes sangue Crenshaw nas veias, preferem o campo à cidade. Devo admitir que, para eles, estar aqui é muito mais divertido.

– Então, estás aqui de visita, Janeen?

– Sim – replicou Lindsey por ela. – E estou a adorar tê-la cá. Ando há anos a tentar convencê-la para vir cá. A Janeen pediu uma licença no museu de Manhattan onde trabalha para vir ver-me.

Janeen, que estava a tomar um gole de chá gelado, abanou a cabeça.

– Na verdade despediram-me.

– Porque tinham de reduzir o pessoal – suspirou Lindsey.

– Pois, mas a questão é que estou sem trabalho – Janeen voltou-se para Jordan. – Ouvi dizer que crias cavalos.

– Pois é.

– O meu pai sempre teve cavalos. Na verdade, eu passava mais tempo no estábulo do que em casa quando era pequena. Não terás um trabalho para mim, não? Sei limpar estábulos melhor do que ninguém.

Lindsey e Tom soltaram uma gargalhada.

– Mas estás de férias, querida! Depois terás tempo de procurar trabalho quando voltares para Nova Iorque – disse-lhe a amiga.

Jordan terminou de comer calmamente, limpou as mãos e só então olhou para Janeen. Aquela mulher de cabelo loiro cuidadosamente penteado e excelente maquilhagem devia estar a gozar com ele. Não tinha tanta imaginação para ver uma mulher daquelas a limpar estábulos.

– Que tipo de trabalho procuras?

– Para mim tanto faz. Poderia treinar os cavalos, limpar os estábulos… o que houver para fazer.

– Não acho que essas sandálias de salto sejam muito práticas para trabalhar num rancho.

– Tenho outros sapatos. A Lindsey disse-me que, aproveitando que estava aqui, certamente podia montar a cavalo.

Jordan abanou a cabeça. Quase parecia sincera… uma pena. Mas Jake também tinha cavalos e tinha a certeza que, se tanto interesse tinha em limpar estábulos, poderia limpar os do seu primo.

– Obrigado pela oferta, mas não – respondeu. Sabia que soava antipático, mas não se importava. – Passa bem – disse depois, levantando-se. – Tom, ligo-te amanhã antes do leilão. Foi um prazer rever-te, Lindsey. Dá cumprimentos meus ao Jared.

– Sim, claro.

Janeen esperou até que Tom também se levantou antes de se virar para a amiga.

– É imaginação minha ou o tal do Jordan é um antipático?

– Estava a brincar, imagino. Sabia que não tinhas intenção de trabalhar para ele.

– Porquê? Não é que não tenha experiência com cavalos.

– Tens-te olhado ao espelho ultimamente, querida? Não pareces o tipo de pessoa que se dedica a limpar estábulos.

– Não entendo como reparou nas minhas sandálias – murmurou Janeen. A rejeição tinha-a incomodado, mesmo não sabendo porquê. O último que necessitava era um vaqueiro antipático, por mais bonito que fosse.

– Pois está claro que reparou – replicou Lindsey. – Não viste como te olhava quando nos aproximávamos da mesa?

– Com essa atitude, surpreende-me que tenha encontrado uma mulher disposta a casar com ele. Não simpatizei nada com ele – Janeen encolheu os ombros. – Claro que não importa porque não tenho a menor intenção de voltar a vê-lo.