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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2004 Beverly Beaver

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Felizes outra vez, n.º 1228 - Janeiro 2015

Título original: Laying His Claim

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2005

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-6429-0

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Epílogo

Volta

Prólogo

 

 

O radiante sol de primavera entrava pelos vitrais da velha igreja. Construída em 1834 pela família mais abastada de Prospect, Alabama, a magnífica estrutura de tijolo tinha aguentado as agruras do tempo, inclusive a guerra civil. E após vários restauros, continuava de pé, sendo um dos edifícios mais antigos da cidade.

Embora às vezes se sentisse fora de lugar na igreja que tinha erguido a família do seu marido, Kate acudia fielmente cada domingo com Trent e a sua tia Mary Belle, a grande dama de Prospect e o castigo da sua existência.

Mary Belle não era abertamente antipática com ela, pelo contrário. Sorria-lhe, dava-lhe palmadinhas nas costas e falava maravilhas dela. Mas de uma forma subtil, nunca a deixou esquecer que não merecia formar parte da família de Trenton Bayard Winston IV e, sem que ninguém lho pedisse, dedicava-se a dar-lhe conselhos sobre como devia comportar-se em qualquer situação.

Kate negava-se a que Mary Belle lhe estragasse aquele bonito dia, o primeiro domingo de abril, e à sua filha, Mary Kate. Queria que fosse perfeito para a sua filha de dois meses, a alegria da sua vida. Embora Mary Belle tivesse escolhido tanto o seu vestido como o da menina e também o que se serviria ao almoço.

Cada vez que dizia a Trent que deviam abandonar a mansão familiar, outro edifício histórico de princípios do século xix, ele dava-lhe um beijo e rogava-lhe que fosse paciente com a sua tia:

– Sei que pode ser um pouco chata, mas fá-lo com boa intenção – tinha-lhe dito muitas vezes. – Esta é a minha casa, a tua casa, e também a sua. É como uma mãe para mim, Kate. Como vou deixá-la sozinha? Além de que tu sabes que ela nasceu e cresceu aqui. Como eu. E aqui é onde quero que cresçam os meus filhos.

De modo que durante dois anos, Kate teve de suportar a tia Mary Belle, mas desde o nascimento da menina a situação piorara. Embora nunca o tivesse dito em voz alta, era evidente que, na sua opinião, era ela e só ela quem teria a última palavra sobre a educação de Mary Kate.

Kate passara os dois últimos meses a sorrir quando o que lhe apetecia era chorar. Tinha mordido a língua tantas vezes para que houvesse paz em casa que já perdera a conta, mas as coisas tinham que mudar… e o mais rápido possível.

Queria ter a sua própria casa e, dessa vez, quando confrontasse Trent com a ideia, não deixaria que a convencesse. Estava louca por ele, mas não pensava passar o resto da sua vida a ser tratada como uma criatura ignorante.

– Porque não voltamos para casa dando um passeio? – sugeriu-lhe ao sair da igreja. – Fica apenas a um par de quarteirões e faria bem à menina apanhar sol.

Queria estar sozinha com o seu marido para mostrar-lhe uma casa na avenida Madison, a casa Kirkendall. Estava vazia há anos e, embora necessitasse de algumas obras, era linda. Devia ter mais de três mil metros quadrados, bastante menos que Winston Hall, que presumia dos seus dez mil metros sem contar com o jardim.

– Hoje não, Kate. Sabes que a tia Mary Belle convidou o reverendo Faulkner e a sua família para almoçar…

– Por favor, Trent. Não chegaremos tarde, prometo.

– Mas viemos no meu carro. Lembra-te que não quiseste vir com a tia Mary Belle e…

– Diz ao Guthrie que venha buscá-la – interrompeu ela. – Por favor, isto é importante para mim.

Trent sorriu, passando-lhe um braço pela cintura.

– Deixa-me levar a Mary Kate ao colo. Cada dia pesa mais, eh?

A rir, Kate pôs-se em bicos de pés para lhe dar um beijo. Se fosse fácil convencê-lo a comprar a casa de Kirkendall todos os seus sonhos se tornariam realidade. Sonhava com ter o seu próprio lar, um sítio onde não se sentisse como num museu…

Então ouviram pigarrear atrás deles.

– Não é de bom-tom demonstrar afeto em público.

– A Kate e eu vamos a pé para casa, tia Mary Belle – sorriu Trent. – Mas não te preocupes, não chegaremos atrasados ao almoço.

– E como volto eu para casa? Não tenho desejo algum de ir a pé – replicou Mary Belle, levando a mão enluvada ao coração.

Trent olhou para a sua mulher.

– Não podemos deixar que a minha tia vá a pé, querida. Não lhe parece bem que as senhoras suem.

– Eu não suo – corrigiu ela. – As senhoras transpiram, não suam.

– Dá-lhe as chaves do carro. Pode ir de…

– Não estou acostumada ao carro do Trent – interrompeu-a Mary Belle. – Odeio conduzir, mas se me vejo obrigada a fazê-lo, prefiro o meu Lincoln.

– Poderias abrir uma exceção por uma vez, não? – Kate não tinha intenção de perder aquela batalha. Já perdera demasiadas durante o seu casamento.

Talvez exagerasse um pouco, mas estava farta de que a tia Mary Belle dirigisse a sua vida.

– Querida, é pedir muito que uma anciã com saltos altos não tenha de voltar para casa a pé? Ou que não tenha de conduzir um carro que não lhe resulta familiar?

Kate deixou escapar um suspiro e Trent soltou uma risada. Ele adorava a sua tia e aceitava as suas coisas com bom humor. Uma vez disse-lhe que conhecia bem os seus defeitos e que nunca a levava a sério. Além de que a amava. Ela fora uma mãe e um pai para ele desde que os seus pais morreram num acidente quando tinha doze anos.

Trent pegou na sua tia pela mão.

– Vamos, iremos todos de carro. Deixemos o passeio para depois do almoço, Kate.

«Não», pensou ela. «Desta vez, não penso ceder. Só desta vez, põe-te do meu lado. Por favor, Trent, não a deixes ganhar-me outra vez».

– Vai com a tua tia, amor. Com certeza que não queremos fazer nada que a contrarie – disse então, olhando-o nos olhos. – A Mary Kate e eu daremos um passeio.

Depois, virou e começou a andar.

– Kate – chamou o seu marido. Mas ela continuou a andar. – Kate!

«Não grites, querido, é de mau gosto.» Kate quase podia imaginar o comentário de Mary Belle, mas estava demasiado longe para ouvir a conversa.

Ia tão depressa que a sua filha começou a fazer beicinho.

– O que tens querida? Estou a ir demasiado depressa ou apercebeste-te que estou zangada?

Mary Kate sorriu e ela ajustou-lhe o gorro cor-de-rosa, do qual se desprendiam uns caracóis loiros.

Se não podia mostrar a casa dos seus sonhos ao seu marido, pelo menos podia mostrá-la à sua filha, pensou. E ficariam o tempo que lhe apetecesse. Se chegasse atrasada para o almoço, pior para eles. Que protestasse a tia Mary Belle, que esperassem o reverendo Faulkner e a sua mulher. E se Trent se zangasse, pior para ele.

A casa Kirkendall ficava numa esquina da avenida Madison e, segundo a imobiliária, tinha sido construída em 1924. Pintada de branco, com o telhado de telha antiga, uma vedação em redor do jardim e um amplo alpendre, não era uma casa elegante, mas sim charmosa, o tipo de lar com que Kate sonhara.

– Olha que alpendre tão grande – disse à sua filha. – Poremos um baloiço aqui e um par de chaise-longues para apanhar sol. O que te parece? Olha que jardim tão grande, Mary Kate. Faremos uma casinha de bonecas e…

– Senhora? – ouviu uma voz feminina atrás dela.

Kate virou-se, sobressaltada. Em frente dela estava uma rapariga jovem, alta e desengraçada.

– Sim?

– Desculpe, não a queria assustar. Sou nova em Prospect. O meu marido e eu mudámo-nos de Birmingham para cá e vi o cartaz de venda…

Kate mordeu o lábio inferior. Queriam comprar a casa Kirkendall?

«Não, por favor, esta é a minha casa. Eu vou viver aqui com o meu marido e a minha filha. Terá de procurar outra».

– Esta casa é muito velha e necessita muitas obras. De certeza que podem encontrar algo melhor.

A jovem estava de calças de ganga, t-shirt e ténis. Tinha o cabelo curto e usava uns óculos-de-sol, que não tirou enquanto falava com ela.

– Talvez tenha razão. O meu marido preferiria uma casa na que nos pudéssemos instalar de imediato, sem ter de chamar pedreiros – disse, acariciando a carita de Mary Kate. – É muito bonita. Quanto tempo tem?

– Faz três meses no dia quatro.

– Nós estamos a tentar ter um bebé, mas… – suspirou a jovem então, com expressão triste. – Posso pegá-la ao colo?

Kate sentiu pena dela. Devia ser horrível querer formar uma família e não conseguir fazê-lo. Ela ficara imediatamente grávida, sem nenhum problema.

– Espero que não chore – disse, a sorrir. – É verdade, chamo-me Kate Winston e a minha filha chama-se Mary Kate.

A jovem pegou na menina ao colo.

– Que linda é… a tua mamã tem muita sorte, Mary Kate. Eu chamo-me Ann Smith – disse então, olhando para a casa. – É a proprietária?

– Não, mas a verdade é que estou interessada em comprá-la – respondeu ela, observando os degraus de madeira que conduziam ao alpendre e a porta ladeada por janelas envidraçadas. – Pensava mostrá-la hoje ao meu marido e…

Então ouviu Mary Kate chorar e quando se virou, viu a mulher a afastar-se pelo passeio. O que estava a fazer?

– Oiça, volte aqui! – gritou Kate, correndo para ela. – Oiça, espere!

Com o coração na garganta, alcançou-a e agarrou-a pelo braço… mas então uma mão agarrou-a, afastando-se de repente. Kate tentou lutar, mas não podia com o homem que a atirou ao chão e lhe deu um pontapé nas costelas.

– Entra no carro! – ouviu-o gritar.

Kate tentou levantar-se, mas o homem bateu-lhe com o punho na cara várias vezes. Cega pelo sangue, viu como introduziam a menina num carro e desapareciam a toda a velocidade.

– Ajudem-me! Socorro! Pelo amor de Deus, que alguém me ajude!

Aquilo não podia estar a acontecer, dizia-se. Era impossível. Isso não podia acontecer em Prospect, Alabama. E não a ela, a senhora de Trenton Bayard Winston IV.

– Mary Kate… – murmurou com o rosto banhado em lágrimas.

Então ouviu passos e viu gente a correr para ela. Quando ergueu os olhos, reconheceu Portia e Robert Meyer, que viviam perto da casa Kirkendall.

– Mary Kate! – gritou, abatida pela dor. – Levaram a minha filha!