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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2011 Jennifer Lewis

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

A esposa do irmão, n.º 43 - Julho 2015

Título original: The Prince’s Pregnant Bride

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7120-5

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Epílogo

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Capítulo Um

 

– O que estás a tentar dizer com isso de eu ter de casar com ela?

A.J. Rahia tentou falar em voz baixa. Os empregados iam distribuindo champanhe e o murmúrio das conversas chegava até aos seus ouvidos. A mulher em questão estava apenas a alguns metros, de entre os presentes no funeral.

A mãe agarrou na sua mão.

– É o teu dever. Quando um rei morre, um dos irmãos deve casar com a sua viúva.

As paredes do velho palácio pareceram desabar sobre a sua cabeça.

– Isso é ridículo. Estamos no século XXI. Tenho a certeza de que quer tanto casar comigo como eu com ela.

Hesitou ao virar-se para contemplar a viúva jovem e baixa que não via desde o casamento, cinco anos antes.

A mãe rodou a cabeça.

– É tão doce quanto bonita – disse calmamente.

– Mãe!

– Não tenho mais filhos.

A.J. endireitou-se. Alguma coisa tinha acontecido no seu nascimento que tinha impedido a mãe de ter mais filhos. Mais uma carga de culpa que sentia nos ombros de cada vez que regressava a Rahiri.

Tinha acabado de chegar para o funeral do irmão, ou lá como se chamavam aquelas cerimónias em que o corpo não estava presente, e conseguia sentir arder na algibeira o bilhete de regresso a Los Angeles.

– De certeza que vai querer esperar pelo menos um ano até pensar novamente em casar – disse colocando a mão no ombro da mãe. – Nessa altura, vais encontrar o marido perfeito para ela.

– Um rei não se escolhe. Um rei é-o a partir do momento em que nasce.

– Eu não nasci rei. Há quem julgue que nasci para rodar filmes que envolvem grandes verbas e por isso sou tão bem pago.

– São disparates e sabes disso – disse a mãe agarrando-lhe na mão. – Volta para casa. Este é o teu lar e precisamos de ti.

– Para governar o país? – perguntou ignorando a pressão que sentia no peito. – Acho que não. E o primo Ainu? Sempre gostou de tratar de tudo. Vai certamente adorar.

– A família Rahia tem governado Rahiri desde sempre. Essa tradição não pode ser quebrada.

– As mudanças podem ser boas – disse ele sem parecer tão convincente como desejava. – Abaixo o antigo, viva o… – começou por dizer mas parou ao ver lágrimas brotarem dos olhos da mãe. – Desculpa, foi despropositado da minha parte. Não me estava a referir ao facto de a morte do Vanu ter sido uma coisa… uma coisa…

«Boa?».

A verdade era que fora a primeira coisa que lhe tinha vindo à cabeça ao receber tal notícia.

Por outro lado, se queriam que ele ocupasse o lugar do irmão, não seria uma coisa boa.

– Eu sei, querido. Não consegues evitar pensar em voz alta. Sempre foste assim, insubordinado, de espírito livre…

– E completamente inadequado para ser um monarca.

Não era assim tão insubordinado como a sua reputação sugeria, mas aquela imagem podia jogar ao seu favor naquele momento.

– Vamos falar com a Lani.

O sorriso da mãe não foi suficiente para ocultar a determinação convicta espelhada no seu olhar. A.J. olhou à sua volta. Com alguma sorte, nenhum dos presentes imaginaria as intenções da sua mãe, principalmente, a viúva do seu irmão.

Acompanhou-o até à outra ponta da sala, cravando-lhe as unhas na mão.

– Lani, querida, lembras-te do A.J., o irmão mais novo do Vanu?

Os olhos da jovem cintilaram de preocupação.

– Sim, claro que sim – balbuciou. – É um prazer voltar a ver-te – disse forçando um sorriso.

Estava horrorizada.

A.J. estendeu a mão e apertou a dela. Sentia os dedos a tremer. Baixa e magra, tinha vestido o tradicional vestido azul de luto, tapado parcialmente pela sua enorme cabeleira. Lembrava-se daquela original cor dos seus olhos, castanho dourado como a carapaça das tartarugas, mas não do seu ar preocupado.

– Os meus sentidos pêsames.

Desviou o olhar do seu rosto, seguindo a tradição rahiriana. Além disso, era o mais aconselhável tendo em conta a extraordinária beleza de Lani Rahia. Os seus traços finos e delicados eram o resultado da mistura entre a sua origem americana e rahiriana. A sua pele brilhava como o leite e o mel. A sua cabeleira espessa e brilhante era castanha, mas quando recebia a luz do sol brilhava como o ouro de vinte e quatro quilates.

Conseguia imaginar porque é que o seu irmão, ou teria sido a mãe, tinha escolhido Lani para rainha apesar da origem humilde.

Mas ele não tinha qualquer intenção de se tornar seu marido.

 

 

Lani desviou a mão de imediato e limpou-a no vestido. Aquele cumprimento era o início de uma intimidade que lhe dava voltas ao estômago. Queriam que casasse com aquele homem apenas por ser o irmão mais novo do marido.

Pelo menos, tinha tido a sensatez de não olhar diretamente para ela como a maioria dos americanos teria considerado normal. Sentia-se fraca demais para acompanhar o olhar de alguém. Ele não era americano, mas estava a viver em Los Angeles desde que ela tinha ido para o palácio.

Reparou que era mais alto e forte que o irmão. Apesar de ter olhado para ele apenas por alguns instantes, pela cara tinha parecido simpático.

Mas sabia perfeitamente que as aparências poderiam iludir.

– A morte de Vanu foi uma surpresa terrível.

Aquela voz profunda ficou suspensa no ar. Lani demorou alguns instantes a sair dos seus pensamentos e percebeu que estava a falar consigo mesma.

– Ah, sim, terrível. Saiu numa noite para arejar a cabeça, segundo disse, e nunca mais voltou.

Ficara à espera deitada, a tremer de medo pelo seu regresso e para terminar aquilo que tinha começado. Tinha dito que o faria com aquele tom cruel de voz e um brilho frio no olhar. As horas passaram lentamente enquanto ela esperava que se cumprisse o seu destino.

– Deve ser muito doloroso não saber aquilo que aconteceu.

Sentiu compaixão na voz de A.J. Que tipo de nome seria A.J.? Nem sequer sabia o seu verdadeiro nome. Nunca ninguém o utilizava para se dirigir a ele.

– Ainda não sabemos aquilo que aconteceu – disse a sogra de Lani, limpando os olhos com um lenço. – Mas após noventa dias… – acrescentou contendo um soluço. – Vai ser preciso nomear um sucessor.

Lani ficou nervosa. Segundo a tradição rahiriana, o sucessor iria tomá-la como esposa. Provavelmente o sentido daquela tradição seria proteger os filhos das viúvas e evitar confrontos pela sucessão entre os filhos e os irmãos do falecido rei. Só que ela não tinha filhos.

– Noventa dias… Para isso ainda falta mais de um mês. Quem seria o sucessor se o rei não tivesse irmãos? – perguntou A.J. à mãe.

A mulher limpou os olhos.

– Impossível. O rei tem sempre irmãos. Ter muitos filhos é uma bênção rahiriana.

Lani olhou para A.J., que parecia preocupado.

– Mãe, tem calma, por favor. Vamos arranjar uma solução, não te preocupes.

Passou o braço pelas costas da mãe e acariciou-lhe o ombro. Lani sentiu ternura perante aquele gesto.

– Obrigado, querido – disse a mãe esboçando um sorriso a A.J.. – Porque é que não levas a Lani à galeria para descansar? Tenho a certeza que está cansada depois do funeral e de ter de falar com tanta gente.

A.J. olhou para Lani. Ela engoliu em seco. Preferia estar ali com aquele monte de desconhecidos do que sozinha com o futuro marido.

Será que ia mesmo ter de passar por aquilo?

– Queres…? – começou ele, estendendo-lhe o braço.

Lani conteve o impulso de recuar e levantou os dedos em direção aos dele. O seu antebraço era musculado, não magro como o do marido, o seu falecido marido. Sentiu um arrepio ao tocar nele.

Ele tossiu.

– Se nos dás licença… – disse dirigindo-se à mãe.

– Claro.

A mãe esboçou um sorriso, satisfeita pelo facto de os seus planos estarem a correr conforme previsto.

Lani tentou manter um ar neutro enquanto avançavam lentamente pela sala. Será que todas aquelas pessoas queriam que casasse com aquele homem? Será que queriam que se comprometesse ainda antes de o marido ter sido enterrado?

Bem, a verdade era que não tinha sido enterrado porque não tinham encontrado ainda o corpo nem o barco.

– Perdoa a minha mãe – murmurou A.J. ao dirigir-se a um corredor frio e solitário.

A sua voz ecoou no chão branco de pedra. A.J. desviou o braço e ela deixou cair o seu para um lado.

– Está a fazer aquilo que acha melhor.

Ela olhou para ele, tentando compreender os seus sentimentos.

– Achas que é o melhor? – perguntou A.J. olhando para ela, carrancudo, com os olhos castanhos-escuros.

– Não sei – respondeu ela com um sussurro. – Não tenho qualquer experiência nestes assuntos.

Nem em desafiar mil anos de tradições monárquicas na presença de um príncipe rahiriano. Se fosse como o irmão, transmitir-lhe-ia o seu descontentamento da forma mais severa possível.

– És uma mulher adulta. Achas que é comum casar com um perfeito desconhecido?

Aquela pergunta incomodou-a.

– Vi o Vanu apenas três vezes antes de casar.

– Deixa-me adivinhar: a minha mãe tratou de tudo – disse ele arqueando uma sobrancelha.

Lani assentiu. Sentia calor nas costas e desejava sair dali a correr para o quarto para chorar.

E não era por causa da suposta morte do marido, mas por causa dela e do dilema que tinha à sua frente: outro casamento infeliz ou a desonra caso o recusasse. Os olhos encheram-se de lágrimas e tapou-os com a mão.

– Por favor, não chores – pediu A.J.. – Vamos sentar-nos no alpendre. Vai fazer bem a ambos apanhar um pouco de ar.

A galeria pela qual estavam a caminhar tinha abertura para os jardins, como praticamente todos os quartos do palácio. Os estores de madeira e os tetos altos protegiam-na das chuvas tropicais, embora os pássaros e os lagartos passeassem livremente pelas colunas.

O ambiente era opressivo, sufocante pela expectativa.

A.J. Rahia era alto, tinha mais de um metro e oitenta e Lania mal lhe chegava aos ombros. Os seus passos curtos, limitados pelo tamanho da saia, faziam com que tivesse de andar mais depressa para conseguir acompanhar o seu ritmo ao andar. Ele percebeu e parou para esperar que ela o alcançasse.

Trazia um fato preto de estilo americano com o qual deveria estar a sentir calor naquela humidade tropical.

– Queres um sumo?

Lani inclinou o olhar. Queria que o interpretasse como um gesto de cortesia.

– Não, obrigado. Escuta, não é nada pessoal. Tenho a certeza de que és uma boa mulher. Tenho a minha vida nos Estados Unidos. Realizo filmes…

– Eu sei – interrompeu ela. – A tua mãe está muito orgulhosa. Não perde nenhum dos teus filmes da saga Em Busca do Dragão.

– Estás a brincar?

– Claro que não. No ano passado mandou montar uma sala de projeção no antigo salão de banquetes.

– Não fazia a mínima ideia – disse A.J. surpreendido.

– É uma enorme fã. Adora o ator que desempenha o papel de protagonista. Acha-o muito bonito.

– O Devi Anderson, bonito? – disse A.J., dando uma gargalhada. – Nada me poderia surpreender mais, além do facto de ter de casar contigo.

Lani engoliu em seco e alisou o cabelo, com o olhar pousado no chão. Será que deveria pedir perdão por ser um estorvo? Não, a culpa não era sua.

Talvez ele não reagisse bem. Mesmo não sendo nada parecido com o irmão, não queria dizer que não tivesse o mesmo feitio retorcido.

– Desculpa, vamos esquecer o assunto – disse ele franzindo a testa e virando-se. – Só que é tão… ridículo. Além disso, na terça-feira tenho de regressar para uma reunião com um investidor.

Uma pequena réstia de esperança surgiu no coração de Lani. Não tencionava ficar e casar com ela. Era evidente que não queria. Deveria sentir-se ofendida, mas a verdade era que se sentia aliviada.

Chegaram ao alpendre com vista para os bosques do vale de Haialia e sentaram-se em cadeiras separadas por uma mesa de madeira esculpida.

– O que é que achas que aconteceu ao Vanu? – perguntou A.J. olhando para ela.

Ela encolheu-se perante aquele olhar inquisitivo.

– Um dos barcos desapareceu do cais do palácio. Era um pequeno iate no qual ele saía para navegar de vez em quando. Há quem diga que foi navegar. Naquela noite havia tempestade.

Lani engoliu em seco. A sua cabeça encheu-se de imagens de Vanu a desaparecer na escuridão do mar.

– Se havia tempestade, o barco pode ter conseguido soltar-se. Acontece muitas vezes. Além disso, o cais do palácio não está bem guardado – disse A.J., olhando para o vale.

– Eu sei, mas a ilha não é assim tão grande e já andam à procura dele há algumas semanas – respondeu Lani, mordendo o lábio.

– Porque é que ele haveria de sair no meio da tempestade? – perguntou A.J. pousando o olhar nela.

Sentia as faces a arder. Ninguém podia saber a verdade. O seu casamento tinha sido um inferno e não queria que ninguém descobrisse.

Devia-o à sogra, que a tinha recebido como uma filha e amava o filho primogénito.

– Devia estar preocupado, não conseguia dormir – disse centrando o olhar no horizonte. – Costumava passear pelos jardins durante a noite. Não dormia muito.

– Sim, quando era pequeno acontecia o mesmo. Às vezes, parecia que nunca dormia.

O estranho tom de voz de A.J. levou-a a olhar para ele. Tinha a testa franzida. Devia estar a habituar-se à ideia de nunca mais voltar a ver o irmão mais velho, Vanu. O seu rosto era atraente, com faces marcadas e uma covinha no queixo. A sua boca, grande e agradável. Era completamente diferente do rosto magro e ossudo de Vanu.

Tinha casado com Vanu por obrigação. Que menina da aldeia, filha de uma lavadeira, recusaria a oportunidade de vir a ser rainha?

Naquela altura, não tinha conseguido encontrar uma boa resposta.

– Como é que está a minha mãe? – perguntou um A.J. carrancudo.

– Muito mal – respondeu Lani contorcendo as mãos. – Tem chorado imenso e ela não costuma ser assim.

– Deve ser horrível perder um filho – disse A.J., passando a mão pela boca. – Pelo menos, tem-te a ti. Sei que te adora.

Lani esboçou um sorriso.

– É muito querida comigo. Toda a gente tem sido.

Bem, exceto o Vanu.

– Acho que, se regressar a Los Angeles, serás aclamada rainha.

Lani sentiu um arrepio na cadeira.

– Eu? Não posso. Não tenho sangue azul.

– Até podes não ter sangue azul mas, caso ainda não tenhas percebido, já és rainha.

Um brilho divertido surgiu no seu olhar.

– Tecnicamente falando sim, mas na realidade não. Sou apenas uma rapariga do povo.

– Pensei que tivesses nascido em New Jersey – disse A.J. arqueando uma sobrancelha.

– Os meus pais divorciaram-se quando tinha sete anos e minha mãe regressou a Rahiri.

As pessoas tinham-na criticado por ser oriunda do estrangeiro e pelo facto de ter uma costela americana.

– Pareces ter mais educação do que a maioria das raparigas do povo.

O seu olhar penetrante provocou-lhe um nó no estômago.

– Aqui existem bons colégios. O teu pai teve a preocupação de que assim fosse. Muitos dos nossos professores obtiveram bolsas para estudar no estrangeiro e trouxeram de volta a Rahiri os seus conhecimentos.

– O teu pai é professor na universidade, não é?

– Sim, de Geologia. Incentivou-me a estudar e ia começar o curso de História, mas tive de parar para me tornar rainha.

Vanu não gostava de vê-la com livros. Dizia que uma cabeça bonita devia estar completamente vazia.

– Devias voltar a estudar. Porque não? – perguntou ele, e encolheu os ombros. – Eu nunca tive paciência para estudar. Sinto-me mais à vontade no meio das filmagens.

– És feliz em Los Angeles?

– Muito. Não sinto saudades de Rahiri.

– A tua mãe sente saudades tuas.

– Eu sei e por isso vai lá tantas vezes com a desculpa de ir às compras ao Rodeo Drive – disse com um sorriso. – Gosto que me vá visitar e acho que as compras dela são as que mantêm a flutuar a economia dos Estados Unidos.

– Foi a tua primeira viagem a Rahiri desde o casamento?

– Sim. Se calhar, deveria sentir-me mal, mas a verdade é que acho que não pertenço a este lugar.

Passou a mão pelo cabelo preto e sentou-se confortavelmente na cadeira. O seu corpo musculado reluzia por baixo do fato preto.

Lani tinha ficado surpreendida por não ter regressado uma única vez de visita. E queriam que se tornasse rei? Provavelmente, isso nunca iria acontecer, o que significava que se poderia livrar de ser sua esposa.

Respirou fundo. Quanto mais depressa saísse dali, melhor.

– Mesmo assim, isto é muito bonito – disse ele olhando para o horizonte, para o céu azul e dourado que espreitava por detrás das colinas do bosque tropical. – Já não me lembrava de como era bonito.

 

 

A insistência da mãe para convencê-lo a ficar continuou nos dias seguintes.

– Querido, tens aqui umas estrelas de coco.

Passados três dias de funerais e festas, não tinha a certeza de conseguir comer mais alguma coisa.

– Não, obrigado, mãe. Já te disse que o meu avião parte amanhã às seis da madrugada?

– O quê? – indagou, escandalizada. – Não podes ir. Mal tiveste tempo para conhecer a Lani.

A.J. olhou à sua volta para ter a certeza de que a mulher em questão não estava por perto.

– Passei com ela horas a fio. É maravilhosa.

– E vai ser uma boa rainha contigo ao lado como rei.

A mãe cruzou os braços e as pulseiras de ouro tilintaram.

– Não pode ser.

– Não só pode ser como é inevitável. Ainda que se tenham unido por uma tragédia, a Lani e tu estão destinados a ficar juntos.

– Tenho de começar a fazer a pós-produção de um filme dentro três semanas. E depois, se conseguirmos o financiamento necessário, vou andar ocupado com a quinta parte da saga Em Busca do Dragão.

A mãe abanou uma mão e as pulseiras fizeram barulho.

– E achas que isso me preocupa? Rahiri só há um e tu és o seu dirigente.