Portada

Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

© 2011 Michelle Reid. Todos os direitos reservados.

UMA SEGUNDA LUA-DE-MEL, N.º 1329 - Setembro 2011

Título original: After Their Vows

Publicada originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em portugués em 2011

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

® Harlequin, logotipo Harlequin e Sabrina são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

® y ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

I.S.B.N.: 978-84-9000-611-5

Editor responsável: Luis Pugni

ePub: Publidisa

Inhalt

Capitulo 1

Capitulo 2

Capitulo 3

Capitulo 4

Capitulo 5

Capitulo 6

Capitulo 7

Capitulo 8

Capitulo 9

Capitulo 10

Promoción

Se gostou deste livro, também gostará desta apaixonante história que cativa desde a primeira até à última página.

Clique aqui e descubra um novo romance.

Portada Verano de madreselva

www.harlequinportugal.com

CAPITULO 1

– O que queres que faça?

Sentado atrás da secretária, estudando um relatório num gesto impassível, Roque de Calvhos respondeu:

– Não quero que faças nada.

Mark Lander franziu o sobrolho, porque não fazer nada era algo que Roque não podia permitir.

– Ela poderia criar problemas – atreveu-se a dizer, sabendo que o chefe, mais jovem do que ele, não aceitava interferências na sua vida privada.

Roque de Calvhos era um homem implacável. Quando Eduardo de Calvhos morreu repentinamente há três anos, ninguém tinha esperado que o filho, um notório playboy, ficasse a cargo da empresa. Mas fê-lo e começou a tomar decisões que a maioria dos membros do conselho de administração interpretara como desastrosas.

Três anos depois, no entanto, tinham tido de admitir que estavam equivocados. O que Roque fizera com a enorme empresa que formava o império De Calvhos, deixara na sombra o sucesso colossal do pai. E, agora, o conselho de administração mostrava-se obsequioso e respeitoso com Roque, um jovem de trinta e dois anos.

Se o mundo empresarial pudesse outorgar tal prémio, Roque de Calvhos teria asas. Além disso, era tremendamente alto e atraente, insuportavelmente descontraído e tão indecifrável que ainda havia um tonto por aí que se atrevia a subestimá-lo, para descobrir depois, da pior maneira possível, que fora um erro tremendo.

A sua esposa, que tinha pedido o divórcio, não era uma dessas pessoas.

– Só refere diferenças irreconciliáveis. Pensa por um momento, Roque – aconselhou Mark. – Angie está a deixar-te o caminho livre.

Roque girou para trás na cadeira, para olhar para o seu advogado. Os seus olhos, tão escuros como o cabelo perfeitamente penteado, não revelavam nada enquanto o estudava em silêncio.

– Sei que a minha mulher não assinou um acordo de separação de bens, mas Angie não é avarenta, eu sei disso. Acredito que não me vai tentar arruinar.

– Isso depende do que tu consideres arruinar

– respondeu Mark. – Talvez não queira o teu dinheiro, estou de acordo. Se o quisesse, tê-lo-ia exigido há muito tempo. Mas não estou tão seguro de que não seja capaz de sujar o teu bom nome. Quer este divórcio e se apenas o pode conseguir através do jogo sujo, fá-lo-á. Estás disposto a deixar que alegue adultério da tua parte, para conseguir o que quer? Se decidir fazê-lo, será impossível que isto não se transforme em algo público e sabes tão bem como eu que isso não seria benéfico para a empresa.

Roque cerrou os dentes, frustrado, porque sabia que Mark tinha razão.

O playboy e as duas supermodelos... As manchetes da imprensa e os mexericos começariam de novo. Da última vez, tinha durado semanas, recordando o seu passado como playboy despreocupado.

– Angie acredita que te deitaste com Nadia. Ela mesma o disse, porque queria acabar com o teu casamento – continuou Mark.

– E conseguiu – murmurou Roque.

– Teve sorte. Angie decidiu guardar silêncio para que não fosse publicado em todo o lado.

«Os motivos da minha mulher para não dizer nada eram outros», pensou Roque. Estava magoada, tinha o coração partido e odiava-o por a ter enganado.

Angie tinha provocado sensação nos meios de comunicação, quando deixou a sua carreira de modelo e desapareceu. Roque contratou um exército de pessoas que a procurou por toda a Europa, mas ninguém conseguiu encontrá-la. Inclusive tinha interrogado o irmão dela, esperando que lhe dissesse onde estava, mas Alex, que tinha dezoito anos na altura, não lhe dissera nada porque adorava vê-lo a sofrer.

Quando Angie apareceu, finalmente, entrou calmamente no CGM Management e pediu à sua antiga chefe, Carla, um trabalho no escritório. Agora, trabalhava na recepção da famosa agência de modelos e, durante todo o ano, não tinha voltado a entrar em contacto com ele.

Pedira calmamente o divórcio, como se pensasse que ele ia dar saltos de alegria.

Roque baixou o olhar, pensando na relação que tinha com a sua esposa inglesa.

Gostaria que Angie lhe suplicasse que voltassem a tentar. O seu orgulho ferido exigia-o. E, infelizmente para ela, tinha a ferramenta perfeita para consegui-lo. Estava a pensar em algo de que Mark não sabia absolutamente nada.

– Nada de divórcio – anunciou, fazendo com que o advogado desse um salto de surpresa.

– Eu encarregar-me-ia de tudo, tu não terias de te preocupar com nada.

– A esperança é a última a morrer – murmurou Roque, sem se aperceber de que estava a falar no seu idioma nativo, o português. – A esperança é a última coisa que se perde – traduziu rapidamente, ao dar-se conta do seu erro.

E era certo, tinha esperança de convencer Angie.

Mas não tinha esperança de convencer o irmão dela.

Quando Mark finalmente deixou de tentar convencê-lo e saiu do escritório, Roque ficou pensativo por uns minutos. Depois, abriu uma gaveta da sua secretária para tirar um envelope, chamou o seu motorista, levantou-se e saiu elegantemente do escritório.

– Cambridge – disse ao motorista.

Depois disso, relaxou no assento e fechou os olhos, pensando em como podia pôr um peixe pequeno no anzol, para pescar outro maior.

O ambiente na cozinha de Angie era asfixiante.

– Fizeste o quê? – exclamou.

– Tu ouviste – respondeu o irmão. Sim, ouvira, certamente, mas isso não significava que conseguisse acreditar no que dissera.

Angie deixou escapar um suspiro. Quando chegou do trabalho nessa tarde e encontrou Alex à sua espera, alegrou-se tanto em vê-lo que não lhe ocorreu perguntar porque tinha ido a Cambridge a meio da semana, sem avisar. Agora entendia porquê, claro.

– Então, em vez de estudares como é a tua obrigação, dedicaste-te a apostar dinheiro na Internet?

– Investir na bolsa não é apostar dinheiro – replicou Alex.

– E como lhe chamas então?

– Especular.

– É o mesmo, mas com outro nome! – exclamou ela.

– Não, não é. Todos o fazem na faculdade. Podes ganhar uma fortuna, se te informares um pouco.

– Tanto me faz o que fazem os outros, Alex. Só tu me importas e o que tu fazes. E se fizeste uma fortuna a especular na bolsa, porque vieste dizer-me que tens dívidas?

Como um veado encurralado, o irmão de dezanove anos e um metro e oitenta e cinco de altura levantou-se de repente. Nervoso, pôs-se em frente da janela com as mãos nos bolsos do casaco e Angie deu-lhe um minuto para se acalmar antes de continuar:

– Penso que já é hora de me dizeres quanto dinheiro deves.

– Não vais gostar de saber.

Angie sabia que não. Ela odiava dívidas, sentia pânico. Sempre tinha sido assim, desde os dezassete anos, quando os pais morreram num acidente de carro, deixando-a a cuidar de uma criança de treze anos. Foi então que descobriram que o seu privilegiado estilo de vida estava hipotecado e o pouco que puderam salvar apenas fora suficiente para pagar a escola de Alex. Angie teve de deixar os estudos e trabalhar em dois sítios para sobreviver.

Se não fosse pelo encontro casual com a proprietária de uma agência de modelos, nem queria pensar o que teria sido do irmão e dela.

Nessa altura, há doze meses que trabalhava atrás da montra de cosméticos de uma loja londrina, durante o dia, e servia mesas à noite num restaurante, antes de voltar ao seu apartamento para dormir algumas horas, para repetir o processo no dia seguinte.

Mas, então, apareceu Carla Gail, que tinha entrado na loja para comprar um perfume. Carla tinha visto alguma coisa interessante na sua figura magra, exagerada, porque não comia bem, nos seus olhos de cor esmeralda e no brilhante cabelo castanho avermelhado, em contraste com a sua pele pálida. E, sem saber como acontecera, Angie encontrou-se no mundo da moda, ganhando quantias fabulosas em dinheiro.

Uns meses depois, era a modelo que todos os estilistas queriam na sua passarela e nas capas das revistas. E, durante os três anos seguintes, tinha viajado por todo o mundo, esperando durante horas enquanto os estilistas ajustavam as suas criações ou pousando diante das câmaras. Para ela tinha sido um milagre, porque com aquele dinheiro podia dar a Alex a melhor educação possível.

Quando o irmão conseguiu entrar na universidade de Cambridge sentiu-se tão feliz e tão orgulhosa como se teriam sentido os pais. E fizera-o sem se endividar.

– Para ti é fácil falar – a voz de Alex interrompeu os seus pensamentos. – Tu sempre tiveste dinheiro, mas eu nunca o tive.

– Eu dava-te uma mesada semanal e nunca te neguei nada.

– Mas eu não gosto de pedir.

Zangada pela resposta injusta, Angie demorou uns minutos a responder: – Vamos, diz-me de uma vez. Quanto dinheiro deves?

Alex mencionou uma quantidade que a deixou gelada.

– Estás a brincar.

– Oxalá fosse assim – murmurou Alex.

– Disseste cinquenta mil libras?

O irmão virou-se, com o rosto corado.

– Não tens de repetir.

– E de onde tiraste o dinheiro para especular?

– Roque.

Roque?

Durante um segundo, Angie pensou que ia

desmaiar.

– Estás a dizer que Roque te apoiou para que apostasses na bolsa?

– Não! – exclamou Alex. – Eu nunca teria aceitado o seu conselho. Tu sabes que o odeio. Depois do que te fez...

– Então, o que estás a dizer? – interrompeu-o.

– Porque não entendo nada. Alex suspirou, olhando para os ténis.

– Usei um dos teus cartões de crédito.

– Mas eu não tenho cartões de crédito.

Usava um cartão, necessário para todos, hoje em dia, mas nunca tivera um cartão de crédito porque era uma tentação para comprar, embora não tivesse dinheiro e essa era a melhor maneira de acabar endividado até ao pescoço.

– Aquele que te deu Roque.

Angie pestanejou. O cartão que lhe deu Roque, que nunca tinha usado, embora continuasse a tê-lo.

– Encontrei-o na gaveta da tua mesa-de-cabeceira, da última vez que estive aqui.

– Estiveste a remexer as minhas coisas? – inquiriu, atónita.

Alex passou uma mão pelo cabelo, nervoso.

– Lamento! – exclamou. – Não sei porque o fiz, a sério. Precisava de dinheiro e não te queria pedir, portanto, procurei na mesa-de-cabeceira se, por acaso, tinhas algum dinheiro solto e quando vi o cartão agarrei-o sem pensar. Tinha o nome dele escrito, o famoso grupo De Calvhos! – exclamou, mostrando o seu ódio por um homem com quem nunca tinha tentado dar-se bem. – Ao princípio, pensei cortá-lo em pedaços e enviar-lho como uma mensagem. Depois disse a mim mesmo: «porque não usá-lo, para lhe dar onde mais lhe dói?» Foi muito fácil.

Angie deixara de ouvir. Estava tão certa de que ia desmaiar, que teve de procurar uma cadeira.

Roque...

– Não posso acreditar que tenhas feito algo parecido.

– O que queres que diga? Cometi uma estupidez e lamento. Mas ele deveria cuidar de ti. Tu mereces que alguém cuide de ti, para variar. Em vez disso, enganou-te com Nadia Sanchez e... Bom, agora olha para ti.

– Porque dizes isso?

– Eras uma modelo famosa – disse Alex. – Não se podia olhar em redor sem ver a tua fotografia em alguma parte. Os meus amigos invejavam-me por ter uma irmã tão bonita e lutavam entre eles para te conhecer. Contudo, apareceu Roque e deixaste de trabalhar porque ele não gostava.

– Isso não é verdade.

– Sim, é! – exclamou o irmão. – Roque é arrogante, egoísta e queria dirigir a tua vida como se fosse um tirano. Não gostava do teu trabalho e não gostava que cuidasses de mim.

Havia certa verdade naquela última frase. Roque tinha exigido a sua atenção exclusiva. De facto, exigira a sua lealdade, a sua atenção, o seu tempo e o seu desejo por ele entre os lençóis.

– Agora trabalhas como secretária, para a mesma agência que costumava pôr-te num tapete vermelho e tens de poupar para chegar ao fim de mês, enquanto ele viaja no seu jacto privado.

– Como podes ter feito algo parecido?

– Não me atrevi a pedir-te dinheiro. Além disso, Roque deve-me algo, pelo que te fez.

– Não te deve nada! – exclamou Angie. – Roque foi um erro meu, não teu. Não te fez nada.

– Estás a brincar – replicou o irmão. – Roubou-me a irmã de que estava tão orgulhoso e deixou-me com uma sombra do que era. Onde está a tua alegria, Angie? O teu estilo, a tua elegância? Roque levou tudo isso – respondeu Alex

à sua própria pergunta. – Se não te tivesse enganado com aquela modelo, não andarias por aí como se te faltasse o ar e continuarias a ser uma modelo famosa. Terias dinheiro e eu não teria sido obrigado a roubar o cartão de crédito, porque mo terias dado.

Angie abanou a cabeça, incrédula. O que mais lhe doía era contemplar o verdadeiro rosto do irmão que tanto amava. No seu desejo de fazê-lo feliz, tinha-o transformado num egoísta, numa criança malcriada, que culpava os outros pelos seus próprios erros. Uma criança petulante, a quem lhe parecia bem roubar, se assim conseguisse o que queria.

O que dissera Roque durante uma das suas discussões sobre Alex? «Se continuas a tirá-lo de apuros, acabará por se transformar num monstro».

smoking

E não era só outra mulher, mas também uma ex-namorada.

– Vais vê-lo?

Angie assentiu com a cabeça.

– Que outra coisa posso fazer?

– Obrigado – o irmão deixou escapar um longo suspiro. – Sabia que não me deixarias pendurado.

E o mesmo pensava Roque, com toda a certeza.

Desesperado por escapar, depois de lhe ter confessado aquilo, Alex dirigia-se para a porta quando Angie o deteve.

– Onde está o cartão de crédito?

– Roque levou-o.

– Muito bem – murmurou, sem olhar para ele.

A sua casa sempre tinha sido de Alex também, que tinha a sua própria chave. Era o irmão, a sua família. E deveria confiar na família.

Como se soubesse em que estava a pensar, Alex olhou-a com uma expressão de arrependido.

– A sério que lamento muito, Angie. Por tudo isto... E, sobretudo, por te incomodar com os meus problemas.

Fizera-o porque era costume, porque ela sempre o tirara de apuros.

– Mas prometo que nunca mais voltarei a fazer algo parecido. Quando olhou para ele, Angie viu o cabelo e o nariz do pai, e os olhos e a boca da mãe. Mas fez um esforço para não o abraçar, para não lhe dizer que tudo ia correr bem. Pela primeira vez desde que ficaram órfãos, conteve-se.

– Ligarei depois – foi a única coisa que disse.

Uns segundos depois, Alex virou-se e saiu do apartamento, deixando-a sozinha com o cartão de Roque e a sua breve mensagem.

Espero-te às oito no apartamento. Não chegues tarde.

Uma maneira sucinta de enviar uma mensagem. Sabia que já teria recebido os papéis do divórcio e aquela era a sua resposta, enviada através do irmão.

Espero-te às oito no apartamento. Não chegues tarde.

Angie respirou profundamente, para se encher de coragem. «Muito bem, posso fazê-lo», disse a si mesma. E não seria a vítima que Roque esperava. O irmão podia vê-la como uma criatura patética, mas não era e nunca fora. Lutara muito até ali, para deixar que o medo a vencesse.

Afastando o cabelo da cara, atravessou a cozinha para ir buscar a mala e, um minuto depois, vestia a gabardina para sair do apartamento.