Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

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UM PRÍNCIPE NA CIDADE, N.º 15 - Março 2012

Título original: Prince of Midtown

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em portugués em 2012

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

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I.S.B.N.: 978-84-9010-700-3

Editor responsável: Luis Pugni

ePub: Publidisa

Capítulo Um

– Não te podes ir embora.

Sebastian Stone, príncipe herdeiro de Caspia, tinha falado com tanta autoridade e convicção que, por um momento, Tessa Banks tinha acreditado nele.

Os traços faciais do seu chefe, que era muito bonito, pareciam refletir uma emoção mais forte do que o normal. O príncipe, que estava sentado à sua mesa no gabinete de Manhattan, passou uma mão pelo cabelo e pôs-se de pé.

Tessa sentiu o estômago oprimido. Era a ansiedade. Sim, mas também o desejo que aquele homem despertava nela.

«Não darei o braço a torcer. É a minha vida», pensou.

Por isso respirou fundo.

– Sou a sua secretária pessoal há quase cinco anos. Agradeço-lhe a liberdade e a responsabilidade que me deu, mas chegou o momento de seguir em frente.

– Seguir em frente? – indignou-se o príncipe. –Isto não é um acampamento de ciganos. É uma empresa e conto contigo para que me ajudes a conduzi-la.

Tessa teve de fazer um grande esforço para não comentar que Caspia Designs se assemelhava muito a um acampamento de ciganos, já que aquele conjunto de marcas de luxo era colorido, extravagante e tradicional. De certeza que uma bola de cristal lhes teria dado melhor informação do que aqueles livros de contabilidade tão «criativos» que organizavam.

Não abriu a boca porque era evidente que o seu chefe não estava de bom humor.

Sebastian atravessou o gabinete, pegou nos documentos que havia na sua bandeja de assuntos pendentes e entregou-os a Tessa.

– Por favor, marca-me uma reunião para amanhã de manhã com Reed Wellington. Quero ver com ele os planos que tenho para a empresa – disse-lhe folheando o correio. – E também quero que procures outra mulher que se encarregue de cuidar do meu andar – acrescentou franzindo a testa.

Talvez pretendesse ignorar que lhe tinha dito que se ia embora?

Tessa sentiu que o constrangimento e o desespero se apoderavam dela enquanto se mantinha ali, de pé, em silêncio.

O seu chefe abanou a cabeça enquanto estudava um documento. Provavelmente, alguma coisa que não encaixava na contabilidade. Tessa teria preferido não se ir embora naquele momento, pois era verdade que Sebastian precisava de ajuda para avançar com a empresa.

Aquela empresa tinha tido muito prestígio no passado, mas quando seu pai, o rei, lha tinha entregado descobrira que era um caos.

Tessa pensou que o que tinha de fazer, dado o pouco interesse que o seu chefe mostrava perante as suas necessidades, seria deixá-lo sozinho para que se desenvencilhasse como pudesse.

No entanto, as coisas deviam estar mesmo mal. Para começar, Sebastian tinha chegado vestido de fato quando, normalmente, ia vestido de maneira informal. Gostava de t-shirts das marcas que tinham aberto lojas na sua querida Caspia. Fendi, Prada ou Gucci. Era-lhe indiferente, vestia as t-shirts com os logótipos para celebrar o acordo.

Naquele dia, no entanto, envergava um fato cinzento antracite.

Tessa disse para consigo que deveria estar contente, pois aquilo ajudava-a a não ter de reparar nos seus impressionantes bíceps.

Claro que naquele momento estava demasiado chateada para reparar nessas coisas.

– Vou viver para a Califórnia dentro de duas semanas. Se preferir, posso ir-me embora imediatamente.

Sebastian amaldiçoou-a baixinho, mas não levantou o olhar. Passou uma página do relatório que Tessa lhe tinha entregado e concentrou-se numa coluna de números.

Tessa pestanejou, tentando manter a calma.

Depois de todo aquele tempo, não era mais do que outro móvel do gabinete, como a cadeira Aeron, a mesa platinada ou as estantes, um objeto simples e funcional sem vida própria.

– Adeus – disse-lhe com voz trémula enquanto se dirigia para a porta.

Para sair do gabinete teve de passar por cima de uma das caixas de cartão que continha aqueles intermináveis relatórios que a tinham consumido durante o último mês, incluindo três fins de semana inteiros.

A verdade era que já tinha dado o suficiente ao serviço do príncipe herdeiro de Caspia.

– Onde vais?

A voz de Sebastian reverberou por toda a sala, do chão até ao teto do edifício do século XIX.

– Caso se preocupasse em escutar-me, saberia que vou para a Califórnia! – exclamou Tessa.

Era primeira vez que lhe levantava a voz e ele ficou surpreendido.

Sebastian deixou o relatório em cima da mesa.

– Tessa, não estás a falar a sério.

– Porquê? – perguntou-lhe dubitativa.

– Porque preciso de ti.

Aquelas palavras tocaram-lhe a alma, mas Tessa disse-se que tinha de manter a calma e não dar o braço a torcer.

Oxalá fosse verdade, oxalá fosse verdade que precisava dela, dela como mulher, e não como secretária que tratava de tudo com uma eficiência tal que parecia invisível.

Mas não era verdade.

Havia supermodelos e atrizes de Hollywood e de Bollywood que se atiravam literalmente ao seu pescoço.

Tessa sabia-o de primeira mão, pois era ela que atendia os seus telefonemas.

– Tessa – disse-lhe Sebastian andando para ela. – Sabes que estou perdido sem ti.

Olhava-a nos olhos. Aqueles olhos grandes, escuros e ligeiramente rasgados podiam fazer com que Tessa fizesse quase qualquer coisa.

Sentiu que o seu coração começava a bater de maneira acelerada.

«Está a dizê-lo somente para que não me vá embora e o deixe na mão», pensou.

Ainda assim…

– Vou fazer trinta anos no mês que vem – disse.

– E que tem isso a ver? – estranhou o príncipe.

Que típico. Por que se havia de importar o seu chefe que quisesse casar, ter filhos, formar uma família e ter uma vida a sério?

Tessa pensou que era melhor não lhe dizer nada daquilo, que era melhor ir-se embora com dignidade.

– Chegou o momento de mudar – respondeu.

– Tessa – disse Sebastian cruzando os braços e olhando-a fixamente. – Se não estás satisfeita com o teu cargo, diz-mo imediatamente. É por causa do salário? Subo-to agora mesmo.

– Não, não é nada disso.

Tessa vacilou. Estava nervosa, pois não queria que o príncipe se apercebesse de que, precisamente, ele era parte da razão pela qual precisava de se ir embora.

Sebastian Stone, apelidado «o príncipe de Manhattan» pela imprensa sensacionalista de Nova Iorque, recordava-lhe constantemente o que não tinha na vida.

Sobretudo, porque mal reparava nela.

– Sinto-me como se estivesse estagnada. A vida foge-me e eu não faço nada…

– E achas que a Califórnia é a terra prometida?

– Não, não é isso, mas preciso de mudar de ares – respondeu Tessa libertando-se do seu olhar e passeando pelo gabinete.

O seu coração batia desenfreado.

– Ofereceram-te outro trabalho?

– Não – respondeu Tessa afastando um madeixa de cabelo da cara. – Ainda não tenho trabalho na Califórnia. Procurá-lo-ei quando chegar.

– Então, porque vais para a Califórnia? Não será por um homem?

Tessa ficou gelada.

– Sim, a verdade é que é por um homem.

Sebastian hesitou.

Una sensação estranha apoderara-se dele.

– Bem, não sabia que andavas com alguém.

– Bom, você é o meu chefe, não tem por que saber da minha vida privada.

– Sim, mas também somos amigos, não somos? Podias ter-mo dito. Poder-me-ias ter advertido de que te tinhas apaixonado e que estavas prestes a ir-te embora e a abandonar-me.

– Tem estado em Caspia estes três meses e não o vi. Além do mais, não é que me tenha pedido para me casar com ele nem nada disso, de modo que também não há muito para contar – acrescentou passando uma mão pela sua linda melena loira e longa.

De repente, Sebastian sentiu que o desejo se misturava com a irritação.

– De modo que te pediu que fosses viver com ele para a outra ponta do país, mas não te pediu que te cases com ele? – indignou-se.

– Não é isso – respondeu Tessa corando.

– De quem se trata?

– Chama-se Patrick Ramsay – respondeu. – É advogado. Andamos juntos há uns meses e propuseram-lhe trabalhar num escritório de Los Angeles. Há dois dias pediu-me que fosse com ele.

– E disseste que sim? – explodiu Sebastian indignado e incrédulo.

Tessa cruzou o gabinete em direção à porta.

– Disse que tinha de pensar. Já pensei e decidi que a mudança me vai fazer bem – respondeu sem olhar para ele.

– Enganas-te – assegurou-lhe Sebastian.

Tessa virou-se e olhou para ele com os seus enormes olhos verdes.

– Sinto-me culpada por me ir embora e deixá-lo com tanta confusão na empresa agora que há tanto trabalho, mas pergunto-me se não será a minha última oportunidade.

Sebastian perguntou-se como era possível que uma mulher tão bonita e com tanto talento estivesse disposta a deitar tudo a perder.

– A verdade é que o nome me é familiar.

– Sim, é bastante famoso porque representou a Elaina Ivanovic no seu divórcio.

Sebastian deu um salto.

– É esse advogado dos divórcios? – indignou-se.

Tinha-o visto na televisão e parecia-lhe que aquele homem não tinha escrúpulos.

Tessa assentiu, afastou o olhar e pôs-se a passear pelo gabinete de novo.

– A verdade é que é muito agradável. Tem muito trabalho, naturalmente, mas é amável e compreensivo e… ai!

Tropeçou numa caixa e caiu de bruços no chão.

– Magoaste-te? – perguntou Sebastian correndo para ela.

– Não, estou bem. Que desastrada – respondeu Tessa corando dos pés à cabeça enquanto aceitava a mão que Sebastian lhe estendia para a ajudar a pôr-se de pé. – Isto aconteceu por deixar caixas por todas as partes. Antes de me ir embora, deixá-las-ei coladas à parede.

– Não pode ser – respondeu Sebastian sem lhe soltar a mão.

Não queria que Tessa se fosse embora. Era a melhor secretária que tinha tido. Agora que passava muito tempo na Europa, precisava de uma pessoa de total confiança do outro lado do Atlântico e Tessa tinha demonstrado ser uma mulher inteligente e com iniciativa em quem se podia confiar de olhos fechados.

Sebastian confiava nela para tudo, dos seus assuntos pessoais até ao vergonhoso estado financeiro da empresa.

Tessa tentou retirar a mão, mas ele não lho permitiu.

– Tessa, és indispensável para mim. Que posso fazer para que fiques?

Tessa olhou-o nos olhos e Sebastian percebeu a sua emoção. Era evidente que Tessa queria falar, mas não encontrava as palavras. Por que nunca tinha reparado na sua boca expressiva ou no brilho iridescente que a sua pele tinha, que se parecia à areia dourada do deserto?

Aproveitando que Sebastian tinha ficado embasbacado a olhar para ela, Tessa retirou a mão e deu um passo atrás.

– Não quero nada – anunciou.

– Pois eu, sim – respondeu Sebastian impulsivamente.

Dava-lhe pena ver Tessa passeando pelo seu gabinete como um potro selvagem que galopava diretamente para o desastre.

Aquela mulher não se podia ir embora, tinha de ficar com ele. Pensou nisso com tanta convicção que até ele mesmo se surpreendeu.

Seria porque sentia ciúmes ao imaginá-la com outro homem?

Possivelmente.

Tessa inclinou-se para recolher a caixa que a tinha feito tropeçar, mas magoou-se nas costas porque pesava demasiado.

– Deixa isso aí – disse Sebastian aproximando-se dela, pegando na caixa e apoiando-a contra a parede. – Não quero que te magoes – disse olhando-a de soslaio enquanto colocava outra caixa contra a parede.

Tessa arqueou uma sobrancelha e olhou para ele, indignada.

– Mesmo estando magra, tenho força – assegurou.

Para o demonstrar, pegou numa caixa e deixou-a junto à que ele acabava de colocar. A seguir, limpou o pó das mãos e pô-las nas ancas, o que fez que Sebastian reparasse no seu corpo, que parecia um relógio de areia.

Nesse instante, sentiu que o desejo se apoderava dele.

– Se continuas a fazer estas coisas, não vou poder permitir que te vás embora – comentou sorrindo.

Tessa sorriu também.

– Não posso ficar – ponderou no entanto.

Sebastian reparou que lhe latejava uma veia na base do pescoço e teve de fazer um grande esforço para não a beijar.

– Temo não poder permitir que te vás embora.

Aquilo fez Tessa rir.

– O que é isso de não poderes permitir que me vá embora? – indagou, tratando-o por tu pela primeira vez. – Vais mandar que me cortem a cabeça?

Lembro-te que apesar de seres príncipe, não podes dirigir a vida de uma mulher.

– Asseguro-te que jamais me ocorreu mandar que te cortassem a cabeça – riu Sebastian. – Por favor, faltam os quinze dias que manda a lei. É o costume quando se deixa um trabalho, não? – acrescentou. – Quero que venhas a Caspia comigo –improvisou.

– Oh!

Sebastian apercebeu-se de que os olhos de Tessa se tinham iluminado.

Boa.

– Quero que convoques imediatamente uma reunião com os quadros da empresa, liga aos coordenadores de cada marca. Quero-os a todos aqui. Custe o que custar.

Sebastian esperou a sua reação. Tessa limitou-se a assentir.

– A verdade é que quando aceitei este trabalho o fiz pensando que talvez tivesse de viajar, de modo que aceito encantada o convite para ir a Caspia antes de abandonar a empresa.

Nunca a tinha levado a Caspia? Não, não a devia ter levado porque, se o tivesse feito, lembrar-se-ia daquela melena loira agitada pela brisa do mar. Para Sebastian, viajar tinha-se convertido em algo que fazia por obrigação.

– Iremos amanhã no meu avião privado. Tem tudo preparado às duas da tarde – anunciou.

À medida que ia pensando no plano e que este tomava forma, Sebastian sentiu que a energia começava a brotar. Durante aquela viagem, conseguiria que Tessa se esquecesse daquele advogado especializado em divórcios que lha queria arrebatar.

Naturalmente, não tinha nenhum interesse pessoal nela, já que levava tanto os negócios como o prazer muito a sério, o que significava que tinha de os manter estritamente separados.

Mas os encantos de Caspia combinados com um ou outro encanto seu fariam com que Tessa se apercebesse de que deixar a Caspia Designs era uma loucura.

Capítulo Dois

Sebastian sentiu um certo alívio enquanto apertava a mão do seu velho amigo. Reed Wellington era desses homens com quem se podia contar em momentos de crise, pois os seus olhos azuis jamais refletiam preocupação.

– Lamento não ter podido ir contigo fazer snowboard ao Kilimanjaro, mas a Elizabeth achou que era uma loucura – desculpou-se.

O comentário fez Sebastian rir.

– Esse é o problema de ser casado, tens de viver com alguém que realmente se preocupa contigo.

– Sim, e tens de deixar de te atirar do alto das montanhas – respondeu o seu sorridente amigo. –E tu quando te vais casar?

– Nunca ou quando encontrar a mulher adequada, o que acontecer primeiro – respondeu Sebastian.

Costumavam fazer-lhe aquela pergunta com frequência.

– Bom, ninguém pode dizer que não estejas a tentar conhecer todas as mulheres do mundo, porque te deitas com todas as que te aparecem à frente.

– Limito-me a cumprir com os meus deveres reais.

– Agora a sério, não te sentes pressionado? Deverias ter um herdeiro para o trono de Caspia, não?

– Tento não pensar nisso e, além do mais, os caspianos vivem mais de cem anos e o meu pai só tem sessenta.

– Deve ser por causa do leite de cabra, eh?

– Já sabes que a alimentação é a base da saúde.

Aquilo fez rir a ambos, mas Sebastian deu conta de que o seu amigo se ria de uma maneira um tanto forçada. Porque é que a gente que se tinha casado tentava sempre convencer os outros a fazê-lo apesar de não serem completamente felizes?

– Calculo que vieste para que falemos da Caspia Designs – disse Reed fazendo um gesto para que se sentasse.

– Pois foi – respondeu Sebastian sentando-se. –Preciso que me assessores. Temo que a situação económica da empresa seja pior do que eu imaginava.

– Porque dizes isso? – perguntou-lhe Reed mais sério.

– Antes de eu tomar conta da empresa há um ano, era dirigida por Deon Maridis, um velho amigo do meu pai. É um bom homem, mas os lucros foram por água abaixo durante a sua gestão – explicou-lhe Sebastian. – No ano passado até tivemos perdas.

– Como? Confesso que as marcas de luxo não são a minha especialidade, mas a Caspia Designs tem algumas das melhores marcas do mundo. Os carros Aria, as joias Bugaretti, o champanhe Le Verge, as malas Carriage Leathers… A propósito, ofereci uma à minha mulher no ano passado no Natal e quase me arruíno – recordou rindo-se. – Como é possível que estejam a perder dinheiro?

Sebastian lançou-se para a frente.

– É verdade que as empresas que integram a multinacional têm boa fama desde que se fundou a empresa em 1920, mas ficaram ancoradas àquela época. Não têm mudado. Os métodos de produção estão obsoletos, não são eficazes e não se fez nenhum esforço por atrair novos clientes. Hoje em dia, há muitas pessoas que se dedicam a desenhar joias de luxo, adegas que fazem bons vinhos e a maioria tem melhores canais de distribuição e de marketing do que nós. Quero dar a volta às minhas empresas e que comecem a produzir a valer. Além do mais, quero chegar a um público mais jovem.

– Então, fazia-te bem mudar os nomes, como fizeram a Burberry e o Mini Cooper.

– Exato.

– Bom, tu isso já estás a fazer com a Caspia – sorriu Reed.

Sebastian sentiu-se orgulhoso.

– É verdade. Há dez anos, o meu país não tinha turismo, ninguém o visitava e poucas empresas se interessavam por ele.

– Mas agora tens hotéis, lojas de luxo e restaurantes onde os turistas podem deixar o dinheiro –apontou Reed. – E isso conseguiste-o praticamente sozinho.

– A verdade é que a minha secretária Tessa também tem tido muito a ver – respondeu Sebastian. –É uma mestra na organização.

– Tens sorte em que trabalhe para ti.

– Eu sei – respondeu Sebastian apertando os punhos ao pensar que Tessa o queria abandonar.

– Quero que a Caspia Designs dê dividendos aos acionistas.

– De certeza que te vais sair bem.

– Com certeza que sim, mas estou acostumado a construir do zero, não a reconstruir algo que não funciona. Preciso que me assessores para reativar as empresas do grupo.

– Bem – respondeu Reed ficando pensativo, – eu no teu lugar, começaria por convocar uma reunião com os presidentes de todas as empresas que compõem a Caspia Designs. Convoca-os a todos e lê-lhes a cartilha.

– Já disse à Tessa para convocar essa reunião.

– Excelente. Deves dizer-lhes que têm de refletir e pôr por escrito dez formas de aumentar as vendas imediatamente – respondeu Reed.

A seguir, deu-lhe uma série de exemplos de empresas que tinham tido de fazer uma mudança similar e que tinham decidido contratar diretores com experiência ou reinventar os seus produtos para os introduzir no mercado.

– Poderias contratar uma consultoria. Dar-te-iam mais ideias.

– Prefiro resolver os nossos problemas de maneira interna. Estamos a falar de empresas que oferecem produtos de qualidade. A única coisa é que ficaram a dormir na forma. Só é preciso acordá-las.

– Com certeza que acordam. Quando te propões a alguma coisa, consegues sempre. Até fazer snowboard no Kilimanjaro – comentou Reed sorrindo.

– Teria adorado que tivesses vindo – comentou Sebastian sinceramente.

– Pois… é que agora tenho outros compromissos – respondeu Reed afastando o olhar.

A Sebastian pareceu-lhe que os seus olhos não refletiam o mesmo brilho de sempre.– Tudo bem com a Elizabeth? Há tempo que não a vejo. Continua a ser a tua arma secreta nas pistas de ténis e o amor da tua vida?

– Naturalmente que sim – respondeu Reed. – A ver se combinamos jogar um dia contigo e com a miúda do momento.

– Atualmente, jogo sozinho. Tenho demasiado trabalho.

– Bom, mesmo que não combinemos jogar ténis, tens de vir à festa de aniversário que vamos dar.

– Há três anos que se casaram, não foi?

– Cinco – respondeu Reed apertando as mandíbulas.

Claramente não parecia estar muito contente com o seu casamento.

– Muito bem – disse Sebastian dando uma palmada no ombro ao amigo e pondo-se de pé, – diz-me o dia e lá estarei. E já sabes que podem vir a Caspia sempre que quiserem.

– Asseguro-te que adoraria e que em breve me verás por lá, mas agora estou muito ocupado a criar uma nova empresa. Estou a dedicar-lhe mais energia do que a que costumava dedicar a sair à noite contigo quando éramos jovens.

– Eu continuo a sair – comentou Sebastian.

– Tu sempre tiveste muito estofo, mas algum dia conhecerás uma mulher com quem te apetecerá ficar em casa.

– Isso dizem todos, mas asseguro-vos que ainda não tenho nenhuma intenção de erguer a bandeira branca.

O porteiro abriu-lhe a porta e Sebastian entrou no vestíbulo do edifício em que vivia.

Os dois cães brancos de Vivian Vannick-Smythe deixaram de raspar o tapete persa, viraram-se para ele e rosnaram.

Sebastian compreendia que não estivessem de bom humor. Se aquela mulher andasse com ele de trela todo o dia, também estaria chateado.

– Príncipe Sebastian! – exclamou Vivian viran do-se para ele com um sorriso encantador.

Ou será que tinha ficado com aquela expressão facial depois de tantas operações de cirurgia plástica?

– Olá, Vivian.

– Quanto me alegro de o ver. Há tempo que não coincidíamos.

– Tenho estado em Caspia.

– Ah – respondeu a mulher enquanto os cães se esfregavam com fúria contra as calças de Sebastian. – Li no jornal que tinha havido umas borrascas horríveis no Mediterrâneo. Espero que não tenha acontecido nada em Caspia.

– Houve prejuízos nos olivais, mas não tive de lamentar desgraças humanas.