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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2001 Emma Darcy

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Obsessões secretas, n.º 622 - março 2020

Título original: Claiming His Mistress

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1348-245-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

A primeira coisa que atraiu a atenção de Carver Dane naquela mulher foram os cabelos negros e sedosos, que caíam em cascata pelas costas alvas como marfim.

A sua boca reprimiu-se em sinal de auto-reprovação. Diz-se que as pessoas se atraem sempre pelo mesmo tipo físico e ele não fugia à regra. Porém, achava que bastavam dois relacionamentos desastrosos na sua vida.

Esperou que o seu bom sentido prevalecesse, mas isso não aconteceu. O seu olhar teimava em seguir a mulher pelo salão, enquanto ela dançava.

Bem, aquilo podia ser uma peruca. Afinal, estavam num baile de máscaras, onde as pessoas dão asas à imaginação e se transformam.

Propositadamente, conduziu o seu par até ficar bem perto da bela morena. Ela estava fantasiada de Carmen, a cigana da ópera de Bizet. Usava um vestido vermelho que delineava todas as curvas do seu corpo estonteante, finalizado com um provocante rabo de peixe que revelava pernas longas e bem torneadas, enquanto o seu par a rodopiava pelo salão.

Usava várias pulseiras nos braços e brincos de argolas douradas. Ela era realmente muito sexy, concluiu Carver, decidindo que a convidaria para a próxima dança.

 

 

Katie Beaumont estava a divertir-se bastante. Deixara os cabelos soltos, como há muito não fazia. Vestir-se de Carmen e dançar entre pessoas estranhas fazia-a sentir-se muito liberal. Não tinha necessidade de manter uma imagem de mulher responsável. Era uma maravilhosa sensação de liberdade, para quem vivia constantemente preocupada com a opinião dos outros a seu respeito.

O seu par, que estava fantasiado de toureiro, suava abundantemente no final da dança.

– Foi maravilhoso – disse ele. – Vem beber um copo comigo.

– Muito obrigada, mas estão à minha espera na mesa – desculpou-se Katie, sorrindo sob a máscara escarlate e afastando-se em seguida. O rapaz era um óptimo dançarino, mas ela não queria a sua companhia.

Dirigiu-se rapidamente até uma das mesas oficiais da sua melhor amiga dos tempos de escola, Amanda.

Katie estava contente por reencontrá-la, após terem perdido o contacto durante vários anos. Graças a uma feliz coincidência, Amanda fora levar o filho de quatro anos à creche, onde Katie trabalhava há seis meses. Amanda casara-se com um dos maiores investidores da bolsa de valores de Sidney.

Embora Katie não tivesse nenhuma vocação para frequentar a alta sociedade, a companhia de Amanda, de vez em quando, quebrava a monotonia da sua vida. Ela divertia-se com os gestos extravagantes da amiga, enquanto conversava com os outros convidados à mesa. Não tinha dúvida de que era uma óptima anfitriã e estava especialmente fantástica naquela noite, vestida numa exótica máscara de odalisca, de cores vibrantes.

– Então, que tal o toureiro? – perguntou ela, no momento em que Katie se sentou.

Katie fez uma careta, sabendo que estava a frustar os planos da amiga em encontrar-lhe um marido.

– Dança muito bem, mas é um tanto presunçoso.

– Humm… Então precisamos de encontrar um par melhor. O homem que tenho em mente está com uma fantasia de pirata.

– Pirata? Não reparei em ninguém assim – respondeu Katie alheia.

– Mas ele reparou. Não tirava os olhos de ti enquanto dançavas.

Katie sorriu, certa de que muitos homens a observaram e, portanto, talvez aquele não tivesse nada de especial.

A fantasia de Carmen era realmente muito sensual, mas, naquela noite, não se importava com os olhares ávidos dos homens. Era inofensivo e reconfortante sentir-se desejada quando não havia perigo algum envolvido.

– Não tens que me encontrar nenhum par, Amanda. Estou aqui apenas porque o teu marido não pôde vir, lembras-te?

– Não me faças lembrar. Já estou bastante aborrecida com Max. Ele não tinha o direito de perder este baile, especialmente quando sou eu quem está a organizar o comité de caridade. Ele só se importa com os seus jogos de golfe ao fim de semana!

– Não foste tu mesma quem disseste que os contactos são bons para os negócios dele? Tudo tem um preço.

– Eu sei, Katie. É por isso que não gosto de ocupar a minha bela cabeça com nenhum tipo de trabalho. E tu, gostas de tomar conta daquelas crianças na creche?

– Gosto, mas estou a planear abrir o meu próprio negócio. Já marquei uma entrevista com uma companhia de investimentos que o Max me recomendou.

– Oh, Katie, tenho a certeza de que poderias encontrar um marido adequado para ti, que te sustentasse!

Katie meneou a cabeça.

– Prefiro sustentar-me sozinha.

Amanda deu um suspiro resignado.

– Isso não é natural – disse, a fazer um gesto que mostrava o salão. – Isto é natural para alguém com a tua aparência.

– Um baile de máscaras? – perguntou Katie, com um sorriso irónico. – Mas fico grata por me teres convidado.

– Isto significa que te estás a divertir? – perguntou Amanda triunfante.

– Estou sim, Amanda.

A sua amiga ofereceu-lhe uma taça de champanhe.

– Brindemos a uma noite fantástica. E que haja muitas iguais.

Katie sorriu, bebendo um gole da bebida, sem porém repetir o brinde. Podia dar-se ao luxo de passar uma noite agradável e frívola, mas não tinha a mínima intenção de transformar aquilo em rotina.

Suspeitava que Amanda mantinha uma vida social agitada e intensa para compensar o estilo de vida do seu marido que era introspectivo e viciado em trabalho.

Apesar disso, o casamento deles aparentava ser bem sucedido.

Katie imaginou se os anos que passara a trabalhar como ama em Londres não a teriam deixado céptica em relação à durabilidade dos relacionamentos. Assistira a tantos casos de infidelidade e casamentos de aparência que não lhe tinham restado muitas ilusões românticas.

O que amava era a inocência das crianças, adorava a companhia delas. Daí, a ideia de abrir um negócio próprio para transportar crianças, cujos pais não tinham tempo para levá-las às diversas actividades que julgavam importantes para o seu desenvolvimento.

De qualquer forma, não tinha a mínima intenção de conhecer os amigos divorciados que Amanda insistia em apresentar-lhe. E parecia que só tinha homens descasados disponíveis para uma mulher que em breve completaria trinta anos.

Katie não estava à procura de vínculos, gostava de ser independente. Existira apenas uma grande paixão na sua vida e, a menos que alguém, algum dia, em algum lugar, pudesse despertar-lhe os mesmos sentimentos, preferia permanecer solteira.

Viver por conta própria parecia-lhe infinitamente melhor do que ficar ao lado de alguém que não amasse.

Perdida nos seus pensamentos, Katie olhou em redor para os homens que dividiam a mesa. Nenhum deles lhe despertava qualquer tipo de emoção. Eram uma boa companhia para passar algumas horas: inteligentes, bem sucedidos, porém nenhum deles parecia real aos seus olhos. Tinha a impressão de que estavam a representar. Seria o efeito das máscaras? Mas afinal, também ela não estaria a representar? Aquela era uma noite singular. Uma noite de magia…

Sorveu mais um gole de champanhe e riu das piadas inteligentes que estavam a ser contadas. O conjunto recomeçou a tocar e Amanda despertou-a do seu devaneio.

– O rei dos piratas está a vir para aqui. À tua direita, olha.

Katie, obediente, virou a cabeça, curiosa por ver quem tinha despertado o interesse de Amanda.

– Então, Katie, não me digas que ele não é instigante.

O termo estava errado, pensou Katie, era bem mais do que isso.

Ele atravessava o salão resolutamente, com uma capa preta que pendia dos seus ombros e uma máscara púrpura. Uma camisa branca, desabotoada até metade do peito, revelava um tórax viril. Um cinto largo com uma fivela prateada cingia-lhe a cintura e as calças pretas pareciam retesadas pelos músculos bem definidos das suas coxas. Botas até aos joelhos completavam o conjunto, dando-lhe uma aparência de agressiva masculinidade.

Era alto e parecia perigoso, quase sem escrúpulos.

O coração de Katie acelerou. Não tinha dúvidas de que ele vinha na sua direcção com a graça de uma pantera e não parecia o tipo de homem que aceitava um «não» como resposta. Um estremecimento percorreu-lhe o corpo. E sem se dar conta do que estava a fazer, puxou a cadeira e levantou-se antes que ele chegasse até ela.

Aquele homem emanava um magnetismo que a abalava inexoravelmente e não sabia se devia lutar contra ele ou sucumbir. Todos os seus instintos estavam em alerta, porém experimentava mais uma sensação de excitação do que de medo.

Não sentia algo assim desde que o seu amor por Carver Dane a envolvera numa intimidade sexual tão avassaladora que deixara o seu coração em pedaços quando acabara.

Chocada por ter sido compelida a recordar o que estava deliberadamente enterrado na sua mente, Katie retraiu-se quando o pirata lhe estendeu a mão confiante, num convite mudo.

Ela olhou hipnotizada a mão estendida e as memórias de Carver foram enviadas de volta a um recanto da sua mente. Aquelas mãos não eram calejadas por trabalhos braçais.

– Dança comigo?

A pergunta tinha um leve toque de cinismo, atraindo a atenção dela para os olhos que se viam por detrás da máscara. Estavam envoltos em sombras e não revelavam a sua expressão. Os seus lábios firmes estavam curvados num sorriso cínico.

Katie pensou que ele parecia estar a resistir à atracção que a máscara de Carmen lhe despertava. Por outro lado, a máscara de pirata provocava um impacto tão forte que ele devia saber o efeito que causava nas mulheres e certamente a julgara um alvo fácil.

O seu lado perverso impeliu-a a impor uma certa resistência àquela autoconfiança.

E ao invés de lhe oferecer a mão em sinal de aquiescência, colocou-a na sua cintura e olhou-o demoradamente.

– Você gosta de correr riscos? – perguntou ela. – Os homens costumam perder-se de amor por Carmen, assim que caem nas suas garras.

Amanda não conseguiu conter o riso.

– A minha vida está cheia de riscos. Um a mais não fará diferença.

– E consegue sempre sair ileso? – perguntou Katie, deliberadamente.

– Não, mas sei esconder as cicatrizes.

Ela gostou da resposta. Tornava-o mais humano, menos invencível. Deu um sorriso.

– Um lutador destemido?

– Eu diria, um sobrevivente. Prefere que eu me afaste, Carmen?

– Isso estragaria o jogo – disse ela, estendendo-lhe a mão. – Gostaria de dançar comigo?

Ele pegou-lhe na mão e levou-a aos lábios.

– Acredite… será um grande prazer – virou-lhe a mão e, num gesto deliberado e sensual, pressionou os lábios na palma macia.

Katie ficou confusa com a súbita explosão de choques eléctricos ao longo da sua espinha. E antes que retomasse a compostura, ele enlaçou-lhe a cintura e conduziu-a ao centro do salão. Colocou a mão dela no seu ombro e pressionou o corpo contra o dela.

– Agora vamos dançar – disse ele com a voz rouca, carregada de sensualidade. – Vamos ver se Carmen é capaz de seguir os passos do pirata.