Editado por Harlequin Ibérica.
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© 2000 Carole Mortimer
© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Chantagem de amor, n.º 624 - março 2020
Título original: To Have a Husband
Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-1348-247-7
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Créditos
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Epílogo
Se gostou deste livro…
– Se te der uma moeda, vais dizer-me que vou conhecer uma pessoa alta, atraente e misteriosa?
A segunda coisa que passou pela cabeça de Harriet perante aquele comentário sobre o seu disfarce de cigana foi: «Tu é que és alto, atraente e misterioso!».
Aquela foi a segunda reacção, porque a primeira foi um calafrio.
Depois de passar toda aquela tarde chuvosa de Junho na Feira Estival, tinha saído uns minutos para ir beber um chá e agora aquele homem conseguira que ela entornasse grande parte da sua chávena de chá.
– És Rosa, a Cigana, não és? – inquiriu o homem, em tom trocista, ao ver que ela não respondia à sua pergunta.
Harriet pensava que o seu disfarce era bastante óbvio. Normalmente, não se vestia com uma saia florida até aos tornozelos, nem com blusas brancas tão decotadas. Não costumava maquilhar-se tão exageradamente, com um batom vermelho a condizer com o esmalte das unhas. Também trazia umas argolas e o cabelo tapado por um lenço vermelho.
A única coisa que o podia ter feito duvidar era a pouca luz que iluminava a tenda.
Normalmente, era a sua irmã Andie quem se encarregava de interpretar aquele papel na feira anual e até gostava muito de o fazer, mas naquela manhã Andie acordara constipada. Parecia que todos já tinham sido designados para uma tarefa, por isso, Harriet não teve outro remédio senão tornar-se em Rosa, a Cigana.
Até àquele momento não tinha sido demasiado difícil. Sempre morara naquela povoação e conhecia todos os seus habitantes, pelo que era muito simples predizer romances, casamentos e, inclusive, em alguns casos, os próximos nascimentos. Tudo o que te ve de fazer foi parecer misteriosa.
Até há uns minutos atrás…
Mesmo na ténue luz da tenda tinha a certeza de não ter visto antes aquele homem.
Podia ver que era alto e de pele morena, também era musculoso e atraente… Mas era um completo desconhecido. Tinha a certeza absoluta disso!
– Por favor, sente-se – declarou, com a voz grave que adoptara no seu papel de adivinha.
Conseguiu vê-lo melhor mais de perto: tinha o cabelo escuro e os olhos claros, não sabia se azuis ou cinzentos. Tinha as feições bem marcadas, entre as quais se destacava um queixo quadrado. Vestia um fato escuro e uma camisa branca. Ao vê-lo, pela maneira como ia vestido, percebeu que não planeara vir à feira, da mesma maneira que ela não esperava que alguém fosse à sua tenda e lhe lesse a mão.
– Está novamente a chover – informou-a, arrastando as palavras.
Claro, caso contrário não estaria ali! Só entrara na tenda para se refugiar da chuva.
Harriet respondeu com um sorriso, pelo menos, era sincero.
– Bom, receio que uma moeda não seja suficiente, o preço é uma libra.
– Mas que caro – declarou ele, enquanto levava a mão ao bolso para tirar o dinheiro.
– Dá-me a mão por favor? – era a quinta vez que repetia aquelas palavras naquela tarde, era incrível que, mesmo sabendo que não era uma verdadeira cigana, houvesse tanta gente que se aproximasse com a esperança de ouvir algo agradável. Infelizmente, tinha a sensação de que o que a maioria das pessoas queria ouvir era que iam ganhar na lotaria.
Ele olhou para ela, surpreendido, mas fez o que ela lhe pedia.
Não sabia ler as mãos, mas descobriu que realmente podia saber muito de uma pessoa através das suas mãos. E aquele homem não era diferente. Tinha uma mão muito suave, o que queria dizer que o seu trabalho não era físico. Harriet também observou que, sendo aquela a sua mão esquerda, não tinha nenhum anel.
Fitou-o no rosto. Era um rosto duro e que dava a sensação de que podia ser sem piedade se as circunstâncias assim o exigissem.
«Não», pensou Harriet, no caso daquele homem, o facto de não ter anel não significava necessariamente que não era casado. Parecia o género de homem que não suportava mostrar que pertencia a alguém.
Embora não realizasse nenhum trabalho físico com as mãos, eram umas mãos fortes. Trazia as unhas muito curtas. Se era músico, certamente não era guitarrista.
Bom, agora que decidira o que não era, ainda tinha que averiguar o que era.
Sinceramente, não fazia a menor ideia. A julgar pela roupa que vestia, parecia rico e, pela maneira de entrar e falar, apercebia-se de uma certa arrogância que dava demonstrações da confiança que tinha em si mesmo.
Tudo aquilo fazia com que a sua presença numa feira de uma povoação fosse ainda mais enigmática.
Aproximou a sua mão um pouco mais ao mesmo tempo que franzia a testa, tentando adivinhar algo.
– Vejo uma reunião – murmurou Harriet, com suavidade.
– Com aquela desconhecida alta e atraente? – inquiriu trocista.
– Esta que estou a ver é com um homem, mas também é um desconhecido para si – continuou ela, franzindo a testa. – Essa reunião vai ter lugar brevemente, muito brevemente – acrescentou, ao mesmo tempo que começava a sentir a pressão da mão que segurava entre as dela.
– E? – inquiriu ele, com uma voz tensa.
Tinha intuído por eliminação quem podia ser aquele homem e, pela sua reacção, parecia que não ia por mau caminho, mas que mais é que lhe podia dizer?
Com o forte barulho da chuva a bater na tenda, sentiu de repente que só existiam eles os dois e que o resto do mundo estava longe, muito longe. Era como se…
Teve que pestanejar quando a lona da tenda se abriu e entrou luz. Apareceu uma mulher nova com o aspecto de gato molhado, com o cabelo ruivo colado ao rosto pela chuva.
Olhou para o homem que estava com Rosa, a Cigana.
– Procurei-o por todos os lados – declarou, com agressividade, ao mesmo tempo que retirava o cabelo do rosto.
O homem levantou-se, retirando a mão com suavidade.
– Bom, pois já me encontrou – replicou, com frieza e com os olhos, que agora se viam azuis como a água, entreabertos.
– Vim para o levar para a casa – explicou, apontando para um chapéu de chuva que trazia na mão e que não se incomodara em utilizar para se proteger a si mesma. – Se já acabou aqui – acrescentou, com um gesto de má vontade.
O homem olhou para Rosa e os seus olhos brilharam trocistas.
– Sim, acho que já acabei.
Tinham apenas começado, mas não parecia que aquela adivinha tivesse mais alguma coisa para lhe dizer.
Harriet pôs-se de pé com a moeda que ele lhe colocou na mão.
– Acho que é o género de homem que faz o seu próprio futuro – murmurou, firmemente.
Ele inclinou a cabeça como que dando-lhe razão, mas sem agarrar na moeda que ela lhe oferecia.
– Guarde-a para a recolha de fundos, ouvi dizer que é por uma boa causa.
O dinheiro era para organizar uma festa para as crianças da povoação e Harriet surpreendeu-se por ele o saber.
– Obrigada – replicou, deitando a moeda no jarro onde tinha o resto do dinheiro que ganhara naquela tarde.
Ele virou-se para a mulher que o tinha ido buscar.
– Quando quiser, já estou pronto.
A jovem de cabelo ruivo anuiu e dirigiu-se para a porta com impaciência.
Harriet decidiu que estava na hora de voltar a ser ela mesma e que Rosa, a Cigana, se retiraria.