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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2000 Carole Mortimer

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Chantagem de amor, n.º 624 - março 2020

Título original: To Have a Husband

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1348-247-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Epílogo

Se gostou deste livro…

Prólogo

 

 

 

 

 

– Se te der uma moeda, vais dizer-me que vou conhecer uma pessoa alta, atraente e misteriosa?

A segunda coisa que passou pela cabeça de Harriet perante aquele comentário sobre o seu disfarce de cigana foi: «Tu é que és alto, atraente e misterioso!».

Aquela foi a segunda reacção, porque a primeira foi um calafrio.

Depois de passar toda aquela tarde chuvosa de Junho na Feira Estival, tinha saído uns minutos para ir beber um chá e agora aquele homem conseguira que ela entornasse grande parte da sua chávena de chá.

– És Rosa, a Cigana, não és? – inquiriu o homem, em tom trocista, ao ver que ela não respondia à sua pergunta.

Harriet pensava que o seu disfarce era bastante óbvio. Normalmente, não se vestia com uma saia florida até aos tornozelos, nem com blusas brancas tão decotadas. Não costumava maquilhar-se tão exageradamente, com um batom vermelho a condizer com o esmalte das unhas. Também trazia umas argolas e o cabelo tapado por um lenço vermelho.

A única coisa que o podia ter feito duvidar era a pouca luz que iluminava a tenda.

Normalmente, era a sua irmã Andie quem se encarregava de interpretar aquele papel na feira anual e até gostava muito de o fazer, mas naquela manhã Andie acordara constipada. Parecia que todos já tinham sido designados para uma tarefa, por isso, Harriet não teve outro remédio senão tornar-se em Rosa, a Cigana.

Até àquele momento não tinha sido demasiado difícil. Sempre morara naquela povoação e conhecia todos os seus habitantes, pelo que era muito simples predizer romances, casamentos e, inclusive, em alguns casos, os próximos nascimentos. Tudo o que te ve de fazer foi parecer misteriosa.

Até há uns minutos atrás…

Mesmo na ténue luz da tenda tinha a certeza de não ter visto antes aquele homem.

Podia ver que era alto e de pele morena, também era musculoso e atraente… Mas era um completo desconhecido. Tinha a certeza absoluta disso!

– Por favor, sente-se – declarou, com a voz grave que adoptara no seu papel de adivinha.

Conseguiu vê-lo melhor mais de perto: tinha o cabelo escuro e os olhos claros, não sabia se azuis ou cinzentos. Tinha as feições bem marcadas, entre as quais se destacava um queixo quadrado. Vestia um fato escuro e uma camisa branca. Ao vê-lo, pela maneira como ia vestido, percebeu que não planeara vir à feira, da mesma maneira que ela não esperava que alguém fosse à sua tenda e lhe lesse a mão.

– Está novamente a chover – informou-a, arrastando as palavras.

Claro, caso contrário não estaria ali! Só entrara na tenda para se refugiar da chuva.

Harriet respondeu com um sorriso, pelo menos, era sincero.

– Bom, receio que uma moeda não seja suficiente, o preço é uma libra.

– Mas que caro – declarou ele, enquanto levava a mão ao bolso para tirar o dinheiro.

– Dá-me a mão por favor? – era a quinta vez que repetia aquelas palavras naquela tarde, era incrível que, mesmo sabendo que não era uma verdadeira cigana, houvesse tanta gente que se aproximasse com a esperança de ouvir algo agradável. Infelizmente, tinha a sensação de que o que a maioria das pessoas queria ouvir era que iam ganhar na lotaria.

Ele olhou para ela, surpreendido, mas fez o que ela lhe pedia.

Não sabia ler as mãos, mas descobriu que realmente podia saber muito de uma pessoa através das suas mãos. E aquele homem não era diferente. Tinha uma mão muito suave, o que queria dizer que o seu trabalho não era físico. Harriet também observou que, sendo aquela a sua mão esquerda, não tinha nenhum anel.

Fitou-o no rosto. Era um rosto duro e que dava a sensação de que podia ser sem piedade se as circunstâncias assim o exigissem.

«Não», pensou Harriet, no caso daquele homem, o facto de não ter anel não significava necessariamente que não era casado. Parecia o género de homem que não suportava mostrar que pertencia a alguém.

Embora não realizasse nenhum trabalho físico com as mãos, eram umas mãos fortes. Trazia as unhas muito curtas. Se era músico, certamente não era guitarrista.

Bom, agora que decidira o que não era, ainda tinha que averiguar o que era.

Sinceramente, não fazia a menor ideia. A julgar pela roupa que vestia, parecia rico e, pela maneira de entrar e falar, apercebia-se de uma certa arrogância que dava demonstrações da confiança que tinha em si mesmo.

Tudo aquilo fazia com que a sua presença numa feira de uma povoação fosse ainda mais enigmática.

Aproximou a sua mão um pouco mais ao mesmo tempo que franzia a testa, tentando adivinhar algo.

– Vejo uma reunião – murmurou Harriet, com suavidade.

– Com aquela desconhecida alta e atraente? – inquiriu trocista.

– Esta que estou a ver é com um homem, mas também é um desconhecido para si – continuou ela, franzindo a testa. – Essa reunião vai ter lugar brevemente, muito brevemente – acrescentou, ao mesmo tempo que começava a sentir a pressão da mão que segurava entre as dela.

– E? – inquiriu ele, com uma voz tensa.

Tinha intuído por eliminação quem podia ser aquele homem e, pela sua reacção, parecia que não ia por mau caminho, mas que mais é que lhe podia dizer?

Com o forte barulho da chuva a bater na tenda, sentiu de repente que só existiam eles os dois e que o resto do mundo estava longe, muito longe. Era como se…

Teve que pestanejar quando a lona da tenda se abriu e entrou luz. Apareceu uma mulher nova com o aspecto de gato molhado, com o cabelo ruivo colado ao rosto pela chuva.

Olhou para o homem que estava com Rosa, a Cigana.

– Procurei-o por todos os lados – declarou, com agressividade, ao mesmo tempo que retirava o cabelo do rosto.

O homem levantou-se, retirando a mão com suavidade.

– Bom, pois já me encontrou – replicou, com frieza e com os olhos, que agora se viam azuis como a água, entreabertos.

– Vim para o levar para a casa – explicou, apontando para um chapéu de chuva que trazia na mão e que não se incomodara em utilizar para se proteger a si mesma. – Se já acabou aqui – acrescentou, com um gesto de má vontade.

O homem olhou para Rosa e os seus olhos brilharam trocistas.

– Sim, acho que já acabei.

Tinham apenas começado, mas não parecia que aquela adivinha tivesse mais alguma coisa para lhe dizer.

Harriet pôs-se de pé com a moeda que ele lhe colocou na mão.

– Acho que é o género de homem que faz o seu próprio futuro – murmurou, firmemente.

Ele inclinou a cabeça como que dando-lhe razão, mas sem agarrar na moeda que ela lhe oferecia.

– Guarde-a para a recolha de fundos, ouvi dizer que é por uma boa causa.

O dinheiro era para organizar uma festa para as crianças da povoação e Harriet surpreendeu-se por ele o saber.

– Obrigada – replicou, deitando a moeda no jarro onde tinha o resto do dinheiro que ganhara naquela tarde.

Ele virou-se para a mulher que o tinha ido buscar.

– Quando quiser, já estou pronto.

A jovem de cabelo ruivo anuiu e dirigiu-se para a porta com impaciência.

Harriet decidiu que estava na hora de voltar a ser ela mesma e que Rosa, a Cigana, se retiraria.