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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2000 Bj James

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Doce regresso, n.º 426 - agosto 2018

Título original: The Return of Adams Cade

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

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As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-786-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

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Prólogo

 

 

 

 

 

– Sim, senhor, o controlo maioritário da empresa é meu. Não, senhor, não está à venda.

As palavras foram ditas com suavidade. A recusa foi expressa com um respeito polido. Mas nenhum dos homens entre o grupo dos membros mais velhos e poderosos do conselho de administração teve dúvidas. Os homens como aqueles tinham experiência suficiente para saberem o que poderiam encontrar. Cada executivo que se sentava à mesa, aparentando frieza, sabia que o homem mais jovem era de uma família tradicional, nascido e criado numa plantação histórica na Carolina do Sul. Cada um deles sabia que era um analista experiente, um engenheiro de plataformas de petróleo, um inventor intuitivo, investidor astuto e homem de negócios inflexível.

Ele era Adams Cade, muito bem-sucedido aos trinta e sete anos de idade e uma figura de destaque no mundo dos negócios. Era um exilado do lar e da família. Um solitário.

Por isso, estavam ali. E percebiam muito bem que a cortesia e a suavidade não eram sinal de fraqueza.

– Adams... Posso chamá-lo assim? – Jacob Helms levantou-se da cadeira, confiante. Era alto e magro, estava impecavelmente vestido, os seus modos eram correctos e educados e cada palavra sua era cuidadosamente avaliada. – Entendo que as Empresas Cade não foram nem serão colocadas à venda.

Fazendo uma pausa, observou o homem mais jovem e quase sorriu, ao lembrar-se de si mesmo, há alguns anos atrás.

– Por isso, estamos a oferecer uma oportunidade diferente – depois de alguns instantes, inspeccionando a parede coberta de quadros e fotografias, algumas delas amareladas pelo tempo, Jacob continuou: – Estamos a propor uma aliança.

Uma sobrancelha ergueu-se e a cabeça de Helms inclinou-se na direcção de Adams Cade.

– Aposto que é a primeira vez que ouve uma proposta como esta.

A expressão de Adams era imperturbável.

– Porquê?

A pergunta apanhou Jacob Helms de surpresa. Olhando por cima dos óculos de aro de ouro, perguntou:

– Porque é que não ouviu esta proposta antes?

– Não, senhor. Porque é que a estou a ouvir agora? – e olhando para os homens que observavam as acções do seu chefe, acrescentou: – Porquê, com o conselho de administração da Helms, Helms e Helms?

Helms deu alguns passos e virou-se com a graça de um mestre do bailado que mostrava o seu melhor desempenho ao novo discípulo.

– Porquê?

Adams recostou-se na cadeira, como um espectador solitário, à espera que as cortinas se abrissem para mostrar o que havia atrás delas.

– Exactamente.

– A resposta é simples. Porque podemos oferecer o acordo perfeito. Uma aliança com uma empresa que oferece produtos e serviços que combinam perfeitamente com os seus – depois de uma breve hesitação, o aristocrático homem de negócios completou: – E porque oferecemos milhões.

Com um gesto teatral, indicou a sede das Empresas Cade.

– Dezenas de milhões.

– Pelo quê? – insistiu Adams, com a expressão do rosto inalterada.

– Por quem, seria a pergunta – corrigiu Helms, num tom teatral, aproximando-se da mesa. – Por John Quincy Adams Cade, filho mais velho de Caesar Augustus Cade, de uma família da elite da Carolina do Sul. Por si, Adams Cade, e pela sua experiência.

– Até conseguir tudo o que o meu cérebro pode oferecer, para depois deitar fora o que sobrou – ele quase sorriu.

Uma onda de murmúrios de surpresa e horror encheu a sala, mas Jacob Helms continuou, no mesmo tom severo e firme:

– Nunca. É essa a vantagem de uma aliança. A segurança.

– Então... – Adams cruzou as mãos sobre o abdómen rígido. – O que é que ganho com isso, além de dinheiro?

– O que é que quer mais? – Jacob Helms e o seu grupo estavam surpreendidos. – Eu não entendo.

– Não – disse Adams, suavemente. – Posso ver que não.

– Mas vai considerar a nossa oferta?

Adams demorou a responder, como se estivesse a analisar todas as informações que tivera sobre Helms, Helms e Helms durante anos. O que significava uma reputação impecável, muito dinheiro... Uma empresa honrada, dirigida por homens honrados.

– Sim – a resposta foi pouco mais do que um sussurro.

Jacob Helms mal escondeu a surpresa.

– Disse sim?

Adams assentiu.

– Sim, senhor. Vou considerar a sua oferta.

Jacob Helms estava acostumado a lutar com as suas próprias regras. Neste caso, numa batalha na qual não tinha a certeza de vencer, tinha preferido a companhia do conselho de directores, numa demonstração de força. Agora que a batalha parecia ainda mais longe do fim, lamentou ter falado em dezenas de milhões, num impulso de demonstrar poder.

– Então vai pensar no assunto, meu jovem?

– Aceitaria a palavra de um ex-condenado? – provocou Adams.

– Eu aceitaria a palavra de Adams Cade, não importando o facto de ter estado na prisão – confuso, o homem mais velho corrigiu: – Não. Eu aceitaria a palavra de Adams Cade justamente porque sobreviveu a cinco anos na prisão e saiu de lá um homem melhor.

– Nesse caso, desde que a minha equipa esteja de acordo e certos detalhes... – o telefone na mesa de Adams tocou. Ele quase o ignorou, mas por fim atendeu. – Sim, Janet? – ele franziu a testa, revelando preocupação. – Jefferson!

Os olhos castanhos pareceram ainda mais escuros ao falar.

– Deixa-me falar com ele.

A sala estava em silêncio, todos os olhares voltados para Adams Cade, cujos rostos mais amados só podiam ser vistos nas fotografias amareladas pelo tempo.

– Jefferson? – Adams não se mexeu, nem falou durante alguns instantes. Por fim, murmurou: – Jeffie? – o apelido de criança revelava a dor e o sofrimento de muitos anos. – Como é que estás? E Lincoln? E Jackson? – a voz falhou por um momento. – E ele? Como está... Gus?

A expressão amigável tinha mudado para uma de pesar. O rosto de traços bonitos revelava dor. Imóvel, Adams escutava. O seu corpo enrijeceu e ele endireitou-se.

– Estarei aí o mais depressa possível – quando já ia a desligar, acrescentou: – Jeffie? – ele hesitou alguns instantes e, por fim, indagou, fechando os olhos: – Ele perguntou por mim?

O silêncio continuava a encher a sala, interrompido apenas pelo som de um sapato a bater no chão. Ninguém se mexia. Eram estranhos, presos num momento estranhamente pessoal. Adams suspirou, trémulo.

– Está bem. Eu não esperava que perguntasse. Não! Não precisas de dizer que sentes muito. Não importa o que pensas, pois não tens culpa de nada – suspirando novamente, continuou com uma voz levemente rouca: – Está bem. Irei assim que o avião estiver pronto.

Adams ouviu em silêncio durante alguns instantes, sem se importar com a audiência.

– Não vou para lá – disse, decidido. – Vou para Belle Terre, não para... – A palavra «casa» parecia impossível de pronunciar. – Não para a plantação... para Belle Reve.

A equipa de Helms ouvia atentamente, mas Adams não se importava.

– De Belle Terre a Belle Reve são menos de cinco quilómetros, não te preocupes. Onde é que vou ficar? – Adams sacudiu a cabeça. – Estive longe durante tanto tempo que não conheço mais nada. Dá-me alguma sugestão. Janet tratará de tudo – pegando numa caneta e num bloco sobre a mesa, fez anotações. – Janet vai obter informações e fazer as reservas – olhando para o relógio, concluiu: – Dentro de algumas horas... Está bem, avisarei.

Depois de colocar o telefone no lugar, Adams virou-se para o grupo de homens que esperava.

– Senhores, lamento, mas teremos de continuar esta reunião num outro dia. O meu pai está doente. Vou viajar agora mesmo.

– Não pode ir – disse logo Jacob Helms, num tom duro como aço. Era uma voz de comando, à qual todos obedeciam.

Mas Adams Cade não estava acostumado a obedecer a ordens.

– Está enganado, senhor. Posso ir. Na verdade, já estou a ir.

– Mas temos um acordo!

– Não, senhor – corrigiu Adams. – Estávamos a conversar sobre a possibilidade de um acordo.

O rosto de Helms ficou vermelho, revelando a raiva que sentia por ser contrariado. Ele olhou para os membros do conselho e, depois, Adams, falando num tom gentil, mas firme:

– Tínhamos um acordo verbal.

– Tínhamos falado na possibilidade de um acordo, dentro de determinadas condições. Mas agora não é possível – Adams pousou as mãos sobre a escrivaninha. – A ideia desta reunião foi sua, assim como as condições. Ouvir e aceitar ou não a sua proposta era a minha parte.

– Era? – Jacob Helms, apesar da arrogância, era um homem muito inteligente, que construíra um império.

– Sim, senhor – Adams endireitou-se. – «Era» é a palavra correcta. Agora não tenho escolha.

Jacob Helms aproximou-se e inclinou-se sobre a escrivaninha.

– Então o seu irmão telefona, dizendo que o seu pai está doente e, por isso, adia um acordo multimilionário?

Adams apenas assentiu, nada surpreendido ao ver que Helms sabia que tinha sido com o irmão que ele falara.

– Por um homem que o deserdou, que nem sequer deseja vê-lo, vai arriscar-se a perder a nossa oferta?

– Pelo meu pai, arriscaria qualquer coisa. E por causa dele, preciso de ir agora – virando-se para os membros do conselho, falou educadamente: – Senhores, peço que me desculpem. Preciso de apanhar um avião – sem se importar com Jacob Helms ou com o acordo, saiu da sala.

Depois de uma ausência de muitos anos, Adams Cade iria voltar à Carolina do Sul, o lugar onde passara a infância e a juventude.

Iria rever a sua terra, as ilhas e o pai, a quem tanto amava.