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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2011 Chantelle Shaw

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Uma aventura no paraíso, n.º 1390 - agosto 2018

Título original: After the Greek Affair

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-533-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

 

 

 

 

Belle Andersen tirou o telemóvel da mala e leu a mensagem de texto que tinha recebido de Larissa Christakis, na qual lhe explicava como chegar à ilha grega, propriedade do seu irmão, Loukas:

 

Como vou casar-me em Aura, seria fantástico se pudesses vir para a ilha, para desenhares o meu vestido e ambientares-te. Podes apanhar o ferribote no porto de Lavrion de Atenas até à ilha de Kea. Diz-me a que horas chegas e certificar-me-ei de que esteja um barco à tua espera para te levar a Aura.

 

O ferribote tinha chegado há dez minutos e os últimos passageiros já estavam a desembarcar. No cais havia vários barcos de pesca, que balançavam calmamente sobre o mar azul-cobalto que refletia o céu azul. O pequeno porto de Korissia era um lugar pitoresco. Atrás dele alinhavam-se as casas brancas quadradas com telhas e atrás delas erguiam-se as montanhas, pintadas com as cores alegres das flores silvestres.

Belle apreciou a beleza daquele lugar, embora, depois do voo de quatro horas para Atenas e mais uma hora no ferribote, estivesse desejosa de chegar ao seu destino. Talvez algum daqueles barcos de pesca estivesse ali à sua espera. Protegeu os olhos com a mão e viu um grupo de pescadores a conversar, alheios a ela. Os outros passageiros do ferribote iam para a cidade. Belle suspirou, pegou nas suas malas e pôs-se a andar na direção dos pescadores.

O sol quente de maio era uma delícia em comparação com o frio que deixara para trás em Londres. Fez uma careta ao recordar a reação do seu irmão, Dan, quando lhe tinha contado que ia passar uma semana na Grécia, enquanto ele ficava na velha casa flutuante que tinham no Tamisa.

– Pelo menos, pensa em mim quando estiveres a falar com algum multimilionário grego naquele paraíso – tinha brincado. – Enquanto estiveres a aplicar protetor solar, eu estarei a remendar outra vez o barco, antes de ir para Gales, para uma sessão fotográfica.

– Vou trabalhar, não vou apanhar sol – respondera-lhe ela. – E não creio que tenha oportunidade de estar com Loukas Christakis. Larissa disse-me que o seu irmão passa muito tempo na sede da empresa, em Atenas, ou a visitar projetos por todo o mundo. Até decidiram a data do casamento de acordo com a agenda de Loukas. Pelo que parece, só estava disponível na última semana de junho.

Belle franziu o sobrolho enquanto continuava a andar pelo molhe. Larissa tinha mencionado várias vezes o irmão, era evidente que o adorava, mas ela tinha a impressão de que Loukas Christakis era um homem habituado a levar sempre a sua avante e que Larissa se sentia intimidada por ele.

Inclusive o facto de ela ter de desenhar e fazer o vestido de noiva de Larissa, assim como os das duas damas de honor, em apenas cinco semanas, em vez de nos seis meses que costumava necessitar, era, em parte, culpa de Loukas. Embora ele não tivesse a culpa de a primeira estilista à qual a sua irmã recorrera a ter deixado plantada. Larissa não lhe dera pormenores a esse respeito, mas a insistência de Loukas em que o casamento continuasse a celebrar-se no fim de junho devia tê-la pressionado muito. De facto, estivera prestes a chorar quando tinha ido vê-la ao ateliê e ficara muito aliviada quando Belle lhe garantira que conseguiria ter o vestido pronto a tempo.

Franziu ainda mais o sobrolho ao recordar como lhe tinha tremido a voz ao pedir-lhe que fosse a Aura para começar a desenhar o vestido. Belle ainda não conhecia Loukas Christakis, mas já não gostava dele.

Disse a si mesma que não era justo que a sua relação com John Townsend, o homem dominante que tinha pensado que era o seu pai, influenciasse a sua maneira de ver os outros homens. Certamente, o irmão de Larissa seria encantador. Pelo menos, era o que parecia, a julgar pelo que diziam dele na imprensa sensacionalista.

Uma lancha que sulcava o mar chamou a sua atenção. Viu-a a diminuir a velocidade e a aproximar-se do molhe. Era um barco que chamava a atenção, mas o que fez com que lhe acelerasse o coração não foi a lancha, mas o homem que a conduzia.

Quando Larissa lhe dissera que alguém iria buscá-la, não lhe tinha passado pela cabeça que pudesse tratar-se de Loukas Christakis em pessoa. As fotografias que vira dele nos jornais e nas revistas não lhe faziam justiça. Tinha o mesmo cabelo escuro, o mesmo rosto cinzelado, os mesmos lábios sensuais, mas uma fotografia não conseguia captar a sua aura de poder, o magnetismo que emanava.

– É Belle Andersen? – perguntou-lhe, com voz profunda e grave.

Ela sentiu calor.

– Sim – balbuciou, com o coração a pulsar-lhe a toda a velocidade, enquanto ele amarrava o barco ao molhe.

– Sou Loukas Christakis – apresentou-se ele, aproximando-se com passo seguro.

Era muito alto e usava umas calças de ganga gastas. A t-shirt preta marcava um abdómen forte e musculoso, e a gola em «V» revelava um peito moreno e coberto de pelos escuros.

Era impressionante. Belle engoliu em seco. Era a primeira vez que se sentia assim diante de um homem. Tinha o coração acelerado e suavam-lhe as palmas das mãos. Queria falar, fazer algum comentário banal sobre o tempo para quebrar a tensão, mas tinha a boca seca e, pelo que parecia, o seu cérebro deixara de trabalhar. Desejou que ele não usasse óculos de sol. Se pudesse ver-lhe os olhos, talvez lhe impusesse menos respeito.

O profissionalismo apareceu finalmente em seu auxílio e Belle estendeu-lhe a mão.

– Prazer em conhecê-lo, senhor Christakis – murmurou. – Larissa falou-me de si quando esteve no meu ateliê, em Londres.

Belle teve a sensação de que ele hesitava por um instante antes de lhe apertar a mão. Fê-lo com firmeza, ela voltou a estar consciente do seu poder e da sua força.

Em seguida, largou-lhe a mão, mas, em vez de se afastar, agarrou-a pelo braço.

– É um prazer, menina Andersen – respondeu ele, com uma certa impaciência. – Preciso de falar consigo. Importa-se que procuremos um sítio onde possamos sentar-nos?

Sem esperar pela sua resposta, pegou na sua mala maior e começou a andar em direção a um bar que tinha esplanada. Belle tentou acompanhar-lhe o passo, apesar dos saltos.

Quando chegaram à esplanada, Loukas ofereceu-lhe uma cadeira e, em seguida, sentou-se à frente dela, mas Belle tinha ido para a Grécia para trabalhar, não para apanhar sol, e estava desejosa de começar.

– Senhor Christakis...

– O que desejam? – perguntou um empregado.

Loukas falou-lhe em grego e a única palavra que Belle entendeu foi «retsina», que sabia que era «vinho».

– Eu quero um sumo, por favor – disse ela.

O empregado olhou para Loukas, quase como se estivesse a pedir-lhe permissão para trazer o sumo a Belle. Ela olhou para o relógio e viu que já tinha saído de casa há oito horas. Tinha calor, estava cansada e não estava com humor para agradar a um homem com um ego descomunal.

– Senhor Christakis, a verdade é que não quero beber nada – disse-lhe, com tom seco. – Eu gostaria de ir diretamente para Aura. A sua irmã encarregou-me do desenho do seu vestido de noiva e, dado que só tenho um mês para o fazer, preciso de me pôr a trabalhar de imediato.

– Sim... – disse ele, tirando os óculos de sol e olhando para Belle com frieza. – É disso que quero falar-lhe.

Tinha os olhos cinzentos, o olhar duro e intransigente. Belle sentiu-se dececionada ao dar-se conta de que não havia calor nele. Como pudera pensar que a atração que sentia por ele podia ser recíproca? E ainda era mais ridículo que tivesse desejado que o fosse. Tentou afastar aquela ideia da sua mente e obrigou-se a olhá-lo nos olhos, consciente da velocidade a que lhe pulsava o coração ao observar-lhe as sobrancelhas escuras, o nariz proeminente e os lábios generosos. A barba de dois dias tornava-o ainda mais atraente.

Belle perguntou-se como seriam os seus beijos. E surpreendeu-a conseguir imaginá-los tão claramente.

Loukas franziu o sobrolho e olhou para ela de forma especulativa. Ter-lhe-ia lido o pensamento? Envergonhada, Belle ruborizou-se. Tudo nele mostrava arrogância. Sem dúvida, estava habituado a ter aquele efeito nas mulheres.

Loukas franzira o sobrolho, irritado, ao observar a mulher que tinha diante dele e ver como se ruborizava. Deveria ter sido simples informar Belle Andersen de que tinha havido uma mudança de planos e que já não requeriam os seus serviços. Depois, passar-lhe-ia um cheque para a indemnizar pela viagem e mandá-la-ia de volta para Atenas. Em vez disso, ficara hipnotizado com os seus olhos azuis, rodeados de pestanas compridas e com uma vulnerabilidade inquietante.

Não esperava que fosse tão bonita. E o que o surpreendia ainda mais era como tinha reagido ao vê-la. Passava a vida rodeado de mulheres belas. Saía com modelos e mulheres glamorosas da alta sociedade, e preferia-as altas, esbeltas e sofisticadas. Belle parecia uma boneca, mas, desde que a vira no molhe, não conseguira desviar os olhos do seu rosto.

Os seus traços eram perfeitos: os olhos azuis brilhantes, o nariz pequeno, as maçãs do rosto salientes e uns lábios rosados muito tentadores. Tinha o cabelo escondido sob o chapéu de aba larga, mas, tendo em conta a sua tez clara, devia ser loira. O chapéu bege com uma fita preta era o complemento perfeito para o fato que usava. Uns sapatos pretos de salto alto e uma mala da mesma cor completavam o conjunto.

Loukas perguntou-se se estaria vestida com uma das suas criações. Se fosse assim, talvez não precisasse de se preocupar com o vestido de noiva de Larissa. Afastou aquela ideia, pois Belle Andersen era uma desconhecida. Na noite anterior, depois de a sua irmã lhe ter anunciado que tinha escolhido outra estilista para fazer o vestido de noiva, Loukas procurara-a na Internet e descobrira que a empresa dela, a Wedding Belle, quase não tinha dado lucro no ano anterior e contava com escasso capital.

Loukas sabia que era responsável em parte por a sua irmã não ter vestido de noiva a cinco semanas do casamento. Deveria ter-se informado e ter descoberto que Toula Demakis, a estilista grega a quem encomendara o vestido, estava à beira da falência, mas estava em viagem quando a sua irmã fora falar com Toula e ela pagara-lhe adiantado o valor total do vestido.

Seria culpa dele que a sua irmã fosse tão ingénua, tão idealista? De qualquer forma, Larissa era tudo para ele. Desempenhara o papel de pai com ela durante quase toda a sua vida e talvez a protegesse em excesso. Com o casamento iminente, tinha decidido encarregar-se da situação e pedira à sua amiga e internacionalmente conhecida estilista, Jacqueline Jameson, que lhe fizesse o vestido de noiva, sem saber, até à noite anterior, que a sua irmã já entrara em contacto com outra estilista.

Talvez fosse injusto suspeitar da menina Andersen só porque Toula Demakis os enganara, mas ele, ao contrário da sua irmã, nunca confiava em ninguém. Fora uma lição que aprendera da pior maneira e que lhe fora de grande utilidade tanto na sua vida privada, como nos negócios. Talvez pudessem confiar naquela estilista inglesa, mas faltava muito pouco tempo para o casamento e não podia arriscar-se.

Inclinou-se para a frente e observou os traços delicados de Belle. Era muito atraente, mas ele só devia pensar na sua irmã. Aquela atração inesperada era irrelevante e tinha a certeza de que a esqueceria assim que voltasse a entrar no ferribote. Não obstante, era uma pena. Noutras circunstâncias, já estaria a tentar seduzi-la.

Belle desejou que Loukas Christakis deixasse de a olhar assim. Sentia-se cada vez mais acalorada e, assim que lhes trouxeram as bebidas, bebeu o seu sumo de seguida.

– Vejo que afinal tinha sede – comentou ele, com tom seco.

Ela ruborizou-se.

– Passei o dia todo a viajar – comentou.

– Agradeço-lho... E sei que a última coisa que quer ouvir agora é que a viagem foi desnecessária, mas receio que devo informar-lhe que a minha irmã escolheu outra estilista para lhe fazer o vestido de noiva e já não necessita dos seus serviços.

Durante alguns segundos, Belle olhou fixamente para ele, em silêncio.

– Mas...

– Espero que isto seja suficiente para compensar o dinheiro e o tempo gastos – continuou Loukas, abrindo a carteira e estendendo-lhe um cheque.

Aturdida, Belle pegou no cheque. A quantia escrita cobria as despesas da viagem cem vezes, mas não conseguiu diminuir a sua deceção.

– Não entendo – admitiu, falando devagar. – Ainda ontem recebi uma mensagem de Larissa, na qual me dizia como estava entusiasmada por ser eu a desenhar-lhe o vestido e que estava desejosa que eu chegasse. Está a dizer-me que mudou de ideias?

Viu Loukas a hesitar, mas a sua resposta foi:

– Receio que sim.

Belle não soube o que dizer. Sentiu que lhe faltava o ar, como se alguém lhe tivesse dado um murro no estômago. Olhou fixamente para o cheque e sentiu lágrimas nos olhos.

Não podia chorar, mas ia fazê-lo. O casamento de Larissa seria o maior evento social do ano.

Loukas Christakis era um dos homens mais ricos da Grécia e muita gente importante assistiria ao casamento da sua irmã.

– Na realidade, não conheço sequer metade dos convidados – tinha-lhe confessado Larissa. – Para te ser sincera, teria preferido algo mais íntimo, mas sei que Loukas está decidido a tornar o meu casamento o dia mais importante da minha vida, portanto, não posso queixar-me.

Aquele trabalho teria feito muita publicidade à Wedding Belle, ter-lhe-ia granjeado outros pedidos e tê-la-ia ajudado a pagar o empréstimo ao banco.

Mas Belle apercebeu-se de que não estava dececionada apenas por ter perdido uma oportunidade de negócio, mas porque gostara de Larissa desde o princípio e pensara que era mútuo. Por isso, não entendia que tivesse mudado de ideias. Não tinha sentido.

Franziu o sobrolho ao recordar algo que Larissa lhe dissera quando estivera no seu ateliê:

– Loukas quer que seja Jacqueline Jameson a fazer-me o vestido.

Belle conhecia Jacqueline Jameson e sabia que era uma das estilistas favoritas das atrizes de Hollywood.

Olhou com desconfiança para o homem arrogante que estava sentado diante dela e perguntou-se se Loukas teria levado a dele avante. Teria pressionado a irmã para que escolhesse a estilista que ele queria?

Só havia uma maneira de o descobrir e era perguntando-o a Larissa. Portanto, Belle tirou o seu telemóvel da mala.

Apercebeu-se de que Loukas já não parecia tão relaxado e que a observava atentamente.

– Tem de fazer uma chamada agora? – inquiriu, franzindo o sobrolho.

– Tinha um acordo com a sua irmã – informou ela. – Gostaria de me certificar de que Larissa está decidida a encomendar o vestido de noiva a outro estilista. Isso, se tiver sido ela quem tomou a decisão.