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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

© 2010 Carole Mortimer. Todos os direitos reservados.
UM HOMEM OBSCURO E PERIGOSO, N.º 1278 – Janeiro 2011
Título original: The Master’s Mistress
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Publicado em portugués em 2011

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.
Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer seme
lhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.
™ ®,Harlequin, logotipo Harlequin e Sabrina são marcas registadas por Harlequin Books S.A.
® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

I.S.B.N.: 978–84–671–9551–4
Editor responsável: Luis Pugni

E-pub x Publidisa

Inhalt

CAPÍTULO 1

CAPÍTULO 2

CAPÍTULO 3

CAPÍTULO 4

CAPÍTULO 5

CAPÍTULO 6

CAPÍTULO 7

CAPÍTULO 8

CAPÍTULO 9

CAPÍTULO 10

CAPÍTULO 11

CAPÍTULO 12

Volta

CAPÍTULO 1

Escondido entre as sombras da noite. Obscuro, perigoso, um predador letal, os seus olhos pretos brilhantes cravados na mulher que, sem saber que era observada, andava pelo quarto, enrolada numa toalha. Inclusive, esboçava um sorriso, sem saber do perigo que a esperava do outro lado da janela, na escuridão.

Elizabeth sentiu um calafrio pelas costas e, levantando a cabeça do livro, olhou pela janela, pensando que deveria ter fechado as cortinas antes de ter ido para a cama. Mas, como a mulher do livro, tinha achado que ninguém poderia vê–la pela janela do primeiro andar daquela casa sobre as falésias escarpadas da Cornualha.

«A maré devia ter subido, cobrindo a praia», pensou ao ouvir o mar contra as rochas.

E teve de conter outro calafrio, enquanto lia o parágrafo seguinte do livro:

O cabelo escuro emoldurava um rosto de magnetismo duro e sensual. Os olhos pretos intensos concentraram–se no pescoço da mulher, onde conseguia ver o latejar da pulsação, o sangue a correr pelas suas veias.

Tinha umas maçãs do rosto salientes, marcadas, um nariz direito, uns lábios cinzelados que levantou para revelar uns pontiagudos incisivos, enquanto a mulher deixava cair a toalha, revelando a perfeição da sua nudez...

Zás!

Estava tão concentrada na descrição do predador a atacar a protagonista, que o estrondo de um vidro a partir–se no andar de baixo fez com que Elizabeth lançasse um grito, agarrando–se ao livro que já a deixara morta de medo.

O que raios tinha sido aquilo?

Havia qualquer coisa, ou alguém, no andar de baixo.

Alguém, certamente. Elizabeth não acreditava nem por um segundo que o intruso fosse um vampiro. A razão pela qual gostava de livros como Sombras da noite era porque os monstros daquelas histórias eram ficção.

Mas o intruso que tinha entrado na casa não era um monstro, nem um demónio, mas um ladrão. Recentemente, tinha havido vários assaltos na zona e, sem dúvida, todos os malfeitores num raio de trinta quilómetros saberiam que Brad Sullivan, o proprietário norte–americano da casa Sullivan, tinha morrido por causa de um enfarte, uma semana antes.

O que aqueles ladrões provavelmente não sabiam era que a doutora Elizabeth Brown tinha chegado ali quinze dias antes, contratada para catalogar a biblioteca do senhor Sullivan, durante o Verão. E que como não sabia o que fazer até que algum dos pa–rentes de Brad Sullivan entrasse em contacto com ela, continuava na casa, à espera de instruções.

O que devia fazer?

O que podia fazer?

A senhora Baines, a governanta da casa Sullivan durante os últimos vinte anos, vivia num apartamento por cima dos antigos estábulos, para onde se retirara depois de lhe servir o jantar, de modo que, provavelmente, não saberia que alguém tinha entrado na casa. Mas não havia telefone no seu quarto e tinha deixado o telemóvel a carregar na biblioteca...

O coração de Elizabeth começou a pulsar rapidamente ao ouvir mais ruído no andar de baixo. Parecia uma voz de homem... com tom impaciente e agressivo.

Fantástico! Não podia ser um ladrão normal, tinha de ser um zangado.

Muito bem, não ia ficar ali à espera que o homem subisse até ao seu quarto, à procura de alguma coisa de valor, para a encontrar escondida sob as mantas. Ladrão ou não, teria de descer e enfrentá–lo. Mas, evidentemente, não sem antes encontrar uma arma com a qual se defender.

Pondo, distraidamente, o livro sob o braço, Elizabeth saiu para o corredor, tentando não fazer ruído, e agarrou num candelabro pesado de bronze que encontrou sobre uma mesa, antes de espreitar pela es–cada para olhar para o hall.

Alguém tinha acendido uma luz em algum lugar desde que ela fora para a cama, uma hora antes.

A casa Sullivan era uma mansão de três andares, originalmente construída, dois séculos antes, para uma família aristocrática, e do hall abriam–se várias portas. Estavam todas trancadas e não se via luz por baixo, nem sequer a de uma lanterna.

Elizabeth inclinou–se mais um pouco sobre o corrimão polido de carvalho e viu que a luz chegava do fim do corredor. Da cozinha, certamente. Embora não tivesse ideia do que um ladrão pudesse encontrar ali de valor. As únicas coisas que não eram parte integral da cozinha eram o microondas e a batedeira.

«Claro que também há um conjunto de facas afiadas na bancada», recordou Elizabeth, alarmada. E com qualquer uma delas o ladrão poderia magoar quem se atrevesse a perturbá–lo.

«Acalma–te», disse a si mesma, endireitando os ombros. Não ia esconder–se, para que o ladrão levasse o que quisesse. Gostasse ou não, e não gostava nada, tinha de enfrentar aquele homem e esperar que a sua presença na casa fosse o suficiente para o assustar.

E se não fosse...

Não ia pensar no que poderia acontecer se a situação se invertesse. Ela era uma mulher independente de vinte e oito anos. Uma mulher com um doutoramento em História, que tinha vivido e trabalhado em Londres durante os últimos dez anos. Duvidava muito que um ladrão da Cornualha fosse tão perigoso como alguns dos estranhos com que se vira obrigada a partilhar o metro todos os dias.

«A escada sempre rangeu desta forma?», questionou–se, enquanto começava a descer para o rés–do–chão. Os degraus de madeira rangiam de maneira tão alarmante que poderiam alertar o ladrão da sua presença antes que estivesse preparada para o enfrentar.

– Bolas!

A exclamação tinha vindo da cozinha e, quando Elizabeth viu que a porta estava entreaberta, encostou–se à parede, olhando para o homem que andava de um lado para o outro.

Como é claro, estava vestido de preto, como todos os ladrões.

Elizabeth respirou fundo, apertando o candelabro de bronze com a mão esquerda, enquanto com a direita empurrava um pouco a porta, antes de dar um passo...

– Quem raios é você? Apanhou tal susto ao ouvir a voz atrás dela, que o candelabro de bronze escapou de entre os seus dedos...

– Ai!

... Caindo directamente sobre o pé do ladrão, que se inclinou para tocar na bota sobre a qual o objecto pesado tinha caído.

Elizabeth olhou à sua volta, procurando alguma coisa com a qual se defender, e, em seguida, apercebeu–se de que o ladrão estava entre ela e o conjunto de facas.

O livro! Tinha–se esquecido de que o tinha sob o braço, mas agarrou–o então e começou a bater na cabeça do estranho com ele.

– Mas...! – o homem endireitou–se para a segurar pelos pulsos. – Pode parar de me atacar? Elizabeth ficou imóvel, olhando–o com os olhos esbugalhados.

Era o protagonista do livro que tinha estado a ler!

Os mesmos olhos pretos, o mesmo cabelo es–curo, o mesmo rosto esculpido de maçãs do rosto proeminentes, nariz direito, lábios firmes e queixo quadrado. O mesmo corpo alto e atlético, completamente vestido de preto...

O mesmo predador? Pela primeira vez na sua vida, Elizabeth desmaiou.

– Bom, ainda bem! – exclamou Rogan, quando a ruiva que tinha levado para o sofá da sala começou a abrir os olhos.

Era uma rapariga baixa, de vinte e muitos anos. Tinha um rosto ovalado e uma compleição de porcelana, maçãs do rosto delicadas, nariz pequeno, lábios generosos e um queixo de duende... que conseguia levantar orgulhosamente, como quando o tinha atacado na cozinha, primeiro, com um candelabro de bronze e depois, com um livro.

Quando abriu os olhos, viu que eram azuis e rodeados das pestanas mais compridas que já tinha visto. A jovem sentou–se abruptamente no sofá, para olhar para ele com expressão assustada.

– Porque continua aqui? – perguntou–lhe.

– Porque continuo aqui? – repetiu ele, incrédulo.

– Teve tempo de fugir quando eu... Quando...

– Quando desmaiou? – Rogan acabou a frase por ela.

– Desmaiar! – exclamou Elizabeth, indignada, embora fosse verdade. – Bom, é uma reacção perfeitamente normal quando se é atacado por um ladrão.

Sim, aquele queixo podia levantar–se em gesto de desafio quando queria. E a sua postura também denotava indignação. Inclusive de pijama.

Rogan nunca tinha gostado muito de pijamas, já que preferia que as mulheres com quem partilhava a cama não usassem absolutamente nada. Mas aquela rapariga conseguia que uma coisa tão pouco favorecedora como um pijama largo de algodão fosse mais sexy do que uma camisa de dormir de seda.

Talvez porque o tecido não escondia completamente as curvas que havia por baixo. Ou talvez o pijama azul destacasse a cor dos seus olhos? Fosse o que fosse, a pequena atacante era uma rapariga muito sexy. Mas o que estava a fazer na casa Sullivan?

– Perfeitamente normal – repetiu, assentindo com a cabeça. – Excepto por duas razões. Em primeiro lugar, não sou um ladrão. Em segundo, foi você quem me atacou, menina. E a prova está no galo que tenho na cabeça e na dor que tenho no pé.

Elizabeth sentiu que lhe ardiam as faces. Era verdade, tinha–o atacado. Primeiro, deixando cair o candelabro sobre o seu pé e depois, com o livro.

O mesmo livro que ele tinha agora sobre a perna, como se tivesse estado a lê–lo enquanto esperava que ela recuperasse os sentidos.

Que confusão!

– Duvido muito que interessem à polícia os meus esforços em defender–me, considerando que foi você que entrou numa casa que não é sua.

– Eu não estaria tão certo disso. Pelos vistos, dois ladrões receberam uma indemnização ao serem atacados pelos proprietários das casas onde tinham entrado – disse ele. – Li–o no jornal.

Elizabeth também tinha visto esse artigo e começava a questionar a prudência do sistema legal do seu país.

– Além de que não poderia acusar–me de nada – continuou o estranho.

– Mas...

– Abri a porta da cozinha com a chave que estava escondida no terceiro vaso à esquerda, no parapeito da janela.

Que chave? E debaixo de que vaso? E, sobretudo, como sabia aquele homem que havia uma chavedebaixo daquele vaso em particular?

– Esteve a vigiar a casa?

– A rondar a minha vítima, quer dizer? – brincou ele.

– Exactamente! – Elizabeth fulminou–o com o olhar, angustiada ao pensar que tinha estado a vigiar o pessoal.

– Esta casa está afastada de tudo e não há outra em muitos quilómetros à volta. Além disso, a chave foi convenientemente deixada sob um vaso e não há cão de guarda. De facto, não há segurança absolutamente. Pelo menos, nenhuma que esteja activa neste momento.

– E como sabe? – perguntou Elizabeth.

Era verdade, o alarme não tinha sido ligado desde que tinham levado Brad Sullivan para o hospital, uma semana antes, porque nem a senhora Baines nem ela sabiam como fazê–lo.

– Os ladrões têm de estar a par das descobertas tecnológicas mais recentes – respondeu ele, encolhendo os ombros.

– Vai partir sem levar nada ou pensa esperar até que chegue a polícia? Porque a chamei antes de descer – disse Elizabeth, desafiante.

Ah, sim?

Sim! Era uma rapariga valente, tinha de o admitir. Mostrava uma grande coragem perante a adversidade. Embora duvidasse muito que um verdadeiro ladrão parasse para conversar e menos ainda que se incomodasse em levar uma mulher desmaiada para o sofá.

– Sabia que quando mente fecha o punho esquerdo?

– Eu não... – Elizabeth não acabou a frase ao ver que tinha o punho fechado. – Já chamei a polícia e chegará a qualquer momento!

Rogan recostou–se na cadeira e cruzou as pernas, totalmente relaxado.

Então, está metida numa bela confusão.

Eu? Você é que entrou aqui...

Usei uma chave, lembra–se?

– Porque sabia que estava debaixo de um vaso. Isso não lhe dá o direito...

– Talvez devesse considerar outra razão para explicar como é que eu sabia que a chave estava lá. E também seria boa ideia que, antes de ir para a cama, se entretivesse com uma coisa menos... – o homem pegou no livro e leu o primeiro parágrafo: – «Gráfica» é a descrição mais amável que me ocorre. Não sabia que as histórias sobre vampiros podiam ser tão...

– Dê–me isso! – a fera ruiva tirou–lhe o livro e escondeu–o atrás das costas. – Vai–se embora ou não?

Não – respondeu Rogan. Elizabeth franziu o sobrolho, consternada.

Não quer que o prendam, pois não? Ele voltou a encolher os ombros.

Isso não vai acontecer.

– Quando a polícia chegar...

–Se a polícia chegar – interrompeu–a – garanto–lhe que não me prenderá.

Elizabeth olhou para ele, frustrada, sem saber o que fazer com aquele homem, aquele ladrão que se recusava a partir. O facto de não ter podido telefonar era irrelevante. O tipo deveria ter fugido e não entendia o que fazia ali.

Mas então viu que tinha um papel de cozinha manchado de sangue na mão.

– E como é que se cortou, se não partiu a janela para entrar? – perguntou, com expressão de triunfo.

– Deixei cair a garrafa de leite quando estava a tirá–la do frigorífico e cortei–me com um vidro quando tentei apanhá–los do chão.

Isso explicava o barulho que tinha ouvido antes. Embora não a razão pela qual aquele homem estaria a tirar uma garrafa de leite do frigorífico, claro!

– Não espere que eu e a polícia acreditemos nessa história, pois não?

Rogan passara horas em viagem. Horas tensas e cansativas, durante as quais não tinha conseguido pregar olho. Como consequência, estava exausto e sedento. E por muito divertida que aquela rapariga fosse, também estava farto de responder às perguntas dela. Especialmente, quando a pergunta fundamental era o que fazia ela na casa Sullivan.

De modo que se levantou, com expressão mais impaciente quando a ruiva se afastou como se fosse atacá–la.

– Prefiro uma chávena de chá a beber o seu sangue, não se preocupe.

Estava a fazer um chá?

Sim. Algum problema?

Um... Para sua informação, eu leio estes livros

para me entreter – replicou ela, à defesa. Rogan teve de sorrir.

– Pelo que vi, eu diria que também lhe dão ideias para as suas fantasias sexuais. Elizabeth ficou corada até à raiz dos cabelos.

– Pode saber–se quem é você?

– Ah, finalmente, uma pergunta sensata... – suspirou Rogan, dirigindo–se para a cozinha para ir buscar o chá que, sem dúvida, já estaria frio.

E ele a pensar em beber uma chávena de chá, antes de ir para a cama...

– Então? – a ruiva tinha–o seguido e agora estava à porta, com as mãos na cintura.

Rogan bebeu um gole de chá, antes de perguntar:

Então, o quê?

Quem é você?

Evidentemente, não sou um ladrão.

Elizabeth começava a dar–se conta de que era verdade. Um ladrão não teria parado para fazer uma chávena de chá, antes de roubar a prata. Ou para limpar o chão, depois de deixar cair uma garrafa de leite. E também não se teria incomodado em carregar ao colo uma mulher desmaiada. E, certamente, não teria ficado a conversar sobre o livro que a mulher tinha estado a ler na cama...

Que vergonha que aquele estranho, um homem cujos movimentos eram tão letais como os do predador do seu livro, tivesse descoberto o seu fraco por histórias de vampiros!

Não só lhe dava vergonha, como se sentia mortificada.

– É parente da senhora Baines? – perguntou–lhe. Embora não entendesse o que um parente da governanta poderia estar a fazer na cozinha àquelas horas.

E o intruso devia ter pensado o mesmo, porque a olhou com expressão brincalhona, antes de responder:

Não.

Vai dizer–me quem é ou...?

– Ou o quê? – o homem apoiou–se na bancada, cruzando os braços. – Parece–me mais interessante saber quem é você. Ou melhor, o que raios faz na casa de Brad Sullivan?

Elizabeth, momentaneamente hipnotizada pelos bíceps marcados sob a camisola preta, afastou–se um pouco.

Eu trabalho aqui.

No quê?

– Não é que lhe diga respeito, mas o meu nome é Elizabeth Brown e estou a catalogar a biblioteca do senhor Sullivan.

– É a doutora Brown? – o homem afastou–se da bancada, olhando–a de cima a baixo, com expressão incrédula.

– Sim, sou eu – murmurou ela, surpreendida. – Mas sou doutorada em História, não sou médica.

Porque estava a dar explicações àquele homem? O que tinha que a fazia sentir–se obrigada a responder? Que fazia com que o ar parecesse tão carregado de... alguma coisa?

– A mesma doutora Brown que, há uma semana, enviou uma carta a Rogan Sullivan, para Nova Iorque, para lhe dizer que o pai tinha sofrido um enfarte e que estava no hospital?

Elizabeth não conseguia desviar os olhos do estranho. A doutora Brown, a respeitada doutora em História, estava a comer Rogan Sullivan com os olhos.

Porque a única explicação para que aquele homem alto, moreno e magnético soubesse daquela carta era que fosse o filho de Brad Sullivan.

Que, conforme lhe tinha contado a senhora Baines, não vinha à casa familiar da Cornualha há quinze anos!

CAPÍTULO 2

– Chá? – Rogan sorriu, brincalhão, enquanto Elizabeth Brown, a doutora Brown, se sentava num banco, com o sobrolho franzido.

«Certamente, tinha de se sentar para não cair ao chão», pensou. Sem dúvida, apanhara um belo susto ao ouvir ruído na cozinha, acreditando que estava sozinha em casa. Para descobrir depois que o suposto ladrão era o filho de Brad Sullivan, que tinha vindo de visita. Uma visita muito curta, se tivesse sorte.

– Sim, obrigada – respondeu ela. – Já agora, recebeu a segunda carta que lhe enviei?

Não – respondeu Rogan.

Ah...

Mas sei que o meu pai morreu, Elizabeth.

Como podia não se ter dado conta de que aquele homem falava com sotaque americano? Provavelmente, porque estava demasiado cativada por aquela voz tão rouca e masculina.

Se não fosse assim, teria somado dois mais dois e ter–se–ia dado conta de que aquele homem era pa–rente de Brad Sullivan. Que era, de facto, o filho de Brad Sullivan.

– Não procures parecenças físicas entre mim e Brad – disse ele, com tom amargo. – Ou qualquer outra parecença, porque, graças a Deus, não há!