Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

© 2010 Katherine Garbera. Todos os direitos reservados.

UM AMOR DE ESCÂNDALO, N.º 1060 - Abril 2012

Título original: Scandalizing the CEO

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em portugués em 2012

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

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I.S.B.N.: 978-84-687-0251-3

Editor responsável: Luis Pugni

ePub: Publidisa

Prólogo

Steven Devonshire tinha ignorado os dois telefonemas do pai biológico, mas quando a sua mãe lhe ligou e pediu que, por favor, assistisse a uma reunião no Everest Group, no centro de Londres, teve de ceder.

Não esperava encontrar ali os dois meios-irmãos que, tal como ele, eram conhecidos como os «herdeiros de Devonshire» em alguns círculos e como os «bastardos de Devonshire» noutros. Os três tinham nascido no mesmo ano, mas de mães diferentes.

Malcolm Devonshire tinha admitido ser o pai dos três e tinha cumprido com a sua obrigação de contribuir economicamente para a educação dos filhos. Steven não fazia ideia nenhuma da relação que Henry e Geoff mantinham com Malcolm, mas ele nunca o tinha visto.

Henry, o do meio, filho de Tiffany Malone, uma estrela pop dos anos setenta, tinha-se tornado num conhecido jogador de rugby, mas lesionara-se dois anos antes e tinha deixado de jogar para se dedicar à publicidade e a participar em programas de televisão.

– O Malcolm tem uma mensagem para vocês –anunciou Edmond, o advogado do seu pai.

Steven tinha-o visto em várias ocasiões e simpatizava com ele.

A vida de Malcolm Devonshire tinha girado sempre em torno do Everest Group. Por isso, Steven não se surpreendia de ir ver o seu pai pela primeira vez precisamente ali. Malcolm acabava de fazer setenta anos e devia querer garantir que o trabalho de toda uma vida não terminaria aquando da sua morte.

Geoff era o mais velho dos três, filho da princesa Louisa de Strathearn, soberana de pouca importância. Steven e ele quase tinham coincidido em Eton College, mas afinal Geoff não se tinha matriculado.

– O senhor Devonshire está a morrer – contou-lhes Edmond. – E quer que o legado no qual tanto trabalhou permaneça vivo em cada um de vocês.

– Não criou o seu império para nós – replicou Steven.

Malcolm fizera as coisas para si próprio, sempre em prol do Everest Group. De modo que Steven suspeitou que queria alguma coisa deles, mas o quê?

– Se não se importam de se sentar, eu passo a explicar-vo-lo… – continuou Edmond.

Steven sentou-se, tal como os seus meios-irmãos. Ele estava acostumado a fazer sempre as coisas à sua maneira. Sabia tirar partido das oportunidades que lhe surgiam e não tinha motivos para não fazer o que Malcolm tivesse em mente.

Segundo Edmond lhes contou, Malcolm queria que os três passassem a dirigir o seu negócio. Aquele que tivesse mais sucesso, economicamente, dos três, assumiria a presidência do grupo inteiro.

Steven tentou digerir toda a informação. Não se importou que o seu pai lhes fizesse semelhante proposta porque estava a morrer, mas interessou-lhe a oportunidade de negócio. Malcolm possuía uma empresa de porcelana muito forte e influente.

E se ele pudesse obter a presidência, seria ouro sobre azul. Saboreou a ideia de ganhar aos meios-irmãos, sabia que assim seria. Não era como Henry, demasiado acostumado aos focos, nem como Geoff, que sempre tivera uma vida privilegiada e consentida. Ele era a pessoa perfeita para o cargo.

Edmond despediu-se deles e saiu da divisão. Assim que a porta se fechou, Steven pôs-se de pé.

– Acho que deveríamos aceitar – disse.

Supunha que o pai queria que os três se implicassem na empresa e, por sorte, os irmãos deram-lhe razão. Steven escutou como conversavam os outros dois. Não os conhecia de lado nenhum e não gostava de trabalhar em equipa. Preferia agir por conta própria e a isso atribuía o seu sucesso nos negócios. Sabia o que tinha de fazer e levava-o a cabo. Sozinho.

Henry saiu do gabinete para procurar Edmond e informá-lo da sua decisão. Geoff foi atrás dele e Steven ficou, queria averiguar qual tinha sido a motivação de seu pai para fazer aquilo.

– Porquê agora? – perguntou a Edmond.

– Tal como já disse, o senhor Devonshire está muito mal de saúde e isso levou-o… – começou este, mas Steven interrompeu-o.

– A preocupar-se com a empresa à qual dedicou toda a vida.

Sabia o suficiente a respeito do pai para lhe adivinhar os pensamentos. Era precisamente o que Steven esperava. O Everest Group era a vida de Malcolm Devonshire e nesse momento em que a vida se estava a apagar, o último que queria era ver como a sua empresa se afundava.

– Exato – admitiu Edmond.

Steven não teria carecido de confirmação. Entendia muito bem Malcolm porque ele era muito parecido.

– Não tenho a certeza de querer fazer parte disto – comentou. – Não me parece justo. Os meus dois meios-irmãos não têm a experiência que eu tenho nos negócios. Não podem competir comigo.

– Acabarás por perceber que ambos têm os seus pontos fortes – disse-lhe Edmond.

E aquilo não agradou a Steven.

Teria de voltar a reunir-se com os meios-irmãos e conhecê-los melhor para se assegurar de que podia ganhar.

– Voltarei a entrar em contacto com os três durante os próximos meses para vos seguir a pista – acrescentou Edmond.

Steven abanou a cabeça. Odiava que o vigiassem e não precisava disso.

– Enviar-te-ei um email todas as semanas com os nossos números e informando-te do meu plano para aumentar os lucros da empresa.

– Estou à tua disposição, como sempre, se precisares de algum conselho. Estou com o Malcolm desde que criou o negócio.

– Nesse caso, suponho que foi a relação mais longa que ele manteve em toda a vida – replicou Steven.

– Certíssimo. O mais importante para ele são os negócios… e ambos nos sentimos confortáveis com isso.

Steven assentiu. Voltou a pensar que a chave de tudo era não se implicar emocionalmente, manter-se distante dos demais. Os homens começavam a tomar decisões erradas quando achavam que tinham algo a perder.

– Poupa os conselhos para os outros dois –disse-lhe Steven. – Eu prefiro trabalhar sozinho.

Edmond franziu a testa, mas Steven não lhe deu oportunidade para prosseguir a conversa.

– Um bom dia para ti, Edmond.

Steven saiu da sala de reuniões e do edifício. A Everest Mega Store, nas suas mãos, converter-se-ia na principal loja de cultura pop.

Quando se falasse dos bastardos de Devonshire, já não pensariam no jogador de rugby, nem no filho da princesa. Não, pensariam em Steven, que era o melhor.

Capítulo Um

– Tenho uma ideia – disse Steven a Dinah assim que a sua vice-presidente executiva atendeu o telefone da Raleighvale China.

– A última vez que disseste isso tive de responder a um interrogatório muito aborrecido perante a polícia de Roma.

Steven desatou a rir.

– Nesta ocasião, não terás de te ver com a polícia.

– Isso não me sossega. Que ideia é essa?

– Que sabes de cultura pop?

– Porquê?

– Que achas de seres a minha vice-presidente executiva?

– Pensava que já era – respondeu ela.

– Na Mega Store do Everest Group. Estou a ligar-te do meu novo gabinete.

– A empresa de teu pai? Disseste que jamais o farias. Porquê agora?

Steven nunca falava da sua vida privada. Nunca.

– Tenho os meus motivos, mas são só meus. Basta dizer-te que terás um belo extra se me ajudares a conseguir que esta empresa seja a que obtenha mais lucros do Everest Group.

– Está bem. Quando vais precisar de mim? –perguntou-lhe Dinah.

– Dentro de umas vinte e quatro horas. Preciso de me habituar e de te conseguir um gabinete. Por agora, traz a tua secretária, mas quando te instalares, procuramos outra.

– Vinte e quatro horas é muito pouco tempo –respondeu-lhe ela.

– Eu ligo-te – disse-lhe ele.

– Tens a certeza disto? Já sabes…

– Tenho sempre – respondeu ele antes de desligar o telefone.

Ninguém o conhecia, nem sequer Dinah. Só se sabia dele o que ele queria que se soubesse.

Steven tinha herdado a empresa de porcelana do avô. Fundada em 1780 para competir com a Wedgwood, a Raleighvale tinha conseguido criar umas peças de porcelana de verdadeiro estilo inglês. Nesse momento, serviam a casa real, coisa que Dinah contava sempre aos possíveis clientes. E acabavam de conseguir converter-se no fornecedor oficial do novo presidente de França.

O iPhone de Steven apitou com a entrada de uma mensagem nova. Era de Geoff, que lhe pedia que se reunisse com Henry e com ele no clube Athenaeum. Respondeu-lhe que lá estaria.

Então tocou o telefone.

– Devonshire – respondeu.

– Fala Hammond, da loja de Leicester Square. Lamento incomodá-lo, senhor, mas temos uma emergência.

– E por que não trata dela o gerente? – perguntou Steven, que não recordava que Hammond fosse um deles.

– A gerente não está, foi almoçar e não atende o telefone. E não posso esperar até ela voltar.

– Qual é a situação? – perguntou-lhe Steven.

– Estão a fazer uma sessão de fotos no centro da loja. Trata-se de Jon BonGiovanni, o roqueiro, e há um monte de gente a bloquear o elevador. Não arredam.

– Vou já para aí.

Desligou o telefone e pegou no casaco do fato antes de sair do gabinete para tratar do problema da loja de Leicester Square. Não tinha tempo para conversas e o último de que precisava no seu primeiro dia era um escândalo.

Mal entrou na loja ficou espantado.

O problema era evidente. Havia um modelo, um fotógrafo e a assistente do fotógrafo no meio da loja, tal como Hammond lhe tinha contado. Teve de se aproximar mais para distinguir Jon BonGiovanni diante dos flashes, uma envelhecida estrela de rock dos anos setenta, que tinha tido um grande sucesso com o grupo Majestica.

Vestia umas calças ganga justas e uma camisa estampada com a bandeira americana, aberta no peito e deixando a descoberto uma tatuagem de um punho fechado.

– Que se está a passar aqui? – perguntou Steven, chegando-se ao grupo.

– Estamos a tentar fazer uma sessão de fotos. Temos a autorização do presidente, mas ninguém parece estar ao corrente – explicou o fotógrafo.

– O presidente sou eu, Steven Devonshire.

– E eu sou Davis Montgomery.

Steven tinha ouvido falar dele. Quem não? Tinha amealhado uma fortuna a fotografar jovens roqueiros, como Bob Dylan, John Lennon, Mick Jagger e Janis Joplin a princípios dos anos setenta. A sua maneira de fazer fotografias e os temas utilizados tinham mudado o modo de retratar as estrelas e tinham revolucionado o mundo da fotografia.

Steven deu-lhe a mão.

– Muito prazer em conhecê-lo, mas não podem tirar fotografias na loja a estas horas.

– A Ainsley tem permissão para estarmos aqui.

– Quem é a Ainsley?

– Eu.

A mulher que se aproximou deles era… extraordinária. Tinha o cabelo grosso, negro como o ébano e apanhado num rabo de cavalo. A sua pele de porcelana foi o primeiro a chamar-lhe a atenção, mas Steven não demorou a percorrer o resto do seu corpo feminino com o olhar. Exibia uma blusa que se lhe colava à figura, uma saia preta e um cinto vermelho que lhe acentuava ainda mais a curvilínea silhueta. Era a mulher com que sempre tinha sonhado.

Tinha uma imagem clássica, dos anos cinquenta, imagem com a qual Steven sonhava desde que era adolescente.

– E quem é você, menina Ainsley?

Ela pareceu surpreender-se com a pergunta, e Steven questionou-se se devia tê-la reconhecido sem perguntar. Tinha um sotaque americano e devia trabalhar na indústria da moda ou da música e, se a tivesse conhecido antes, ter-se-ia lembrado dela.

– Ainsley Patterson, redatora chefe da revista British Fashion Quarterly.

– O seu nome é-me familiar, mas não creio ter tido o prazer de conhecê-la.

– Estupendo – disse Davis. – Agora que já se conhecem, gostaria de voltar ao trabalho.

– Tenho a certeza que o senhor Devonshire nos encontrará um lugar; afinal de contas, o advogado do seu pai deu-nos permissão para fazer a sessão.

Steven estava cansado de ouvir falar do pai. Malcolm e ele não eram mais do que dois estranhos. Embora quase pudesse dizer-se o mesmo da sua mãe e dele.

– Isso está muito bem, menina Patterson, mas nem o Malcolm nem o seu advogado estão aqui neste momento. Subamos um instante ao meu gabinete e conte-me de que é que precisam, para que possamos encontrar uma hora que nos dê jeito a todos.

Steven pensou que Ainsley ia retroceder, mas não o fez. Jamais conhecera uma mulher tão profissional e sexy ao mesmo tempo. Excitou-se só de falar com ela, apesar de saber que não estava certo.

Ainsley não queria desperdiçar mais tempo a falar com um homem que não se lembrava dela, mas não tinha chegado aonde estava evitando as pessoas de que não gostava. Davis olhou-a como se fosse perder os nervos e fazer-lhe uma das suas cenas.

– Venha. Não tenho o dia todo – protestou Jon.

– Jon, lamento este percalço. Por que não fazes um descanso de dez minutos enquanto eu esclareço as coisas com o senhor Devonshire?

– Vamos? – disse Steven.

O seu aspeto parecia tirado de uma revista de moda: cabelo curto, olhos azuis, como os de Paul Newman, e tão brilhantes e penetrantes que Ainsley ficara hipnotizada com eles na primeira vez que o tinha visto.

Ainda que naquela altura, cinco anos antes, ela estivesse bem mais gorda e confiasse muito menos em si própria.

– Sim, de certeza que podemos oferecer-lhe alguma coisa que o compense pelo incómodo causado, embora o facto de a sua loja aparecer na nossa revista já seja fazer-lhe um favor.

– Isso é o que lhe parece a si – replicou Steven.

– Que podemos fazer para o contentar?

– Estava a pensar numas entrevistas aos herdeiros de Devonshire – sugeriu Steven.

– Poderia ser interessante, mas somos uma revista de moda feminina – disse-lhe ela, enquanto procurava na sua mente tudo o que sabia de Steven e dos meios-irmãos.

Pensou que estaria bem que falassem da sua infância, ainda que isso não tivesse nada a ver com moda. Talvez as mães… Então, ocorreu-lhe.

– Que lhe pareceria uma entrevista com as mães dos três? – perguntou-lhe. – As três estavam muito na moda quando o Malcolm namorava com elas.

– A minha mãe é física.

– Bem sei, mas também foi nomeada uma das mulheres mais belas da Grã-Bretanha.

Steven franziu a testa.

– Não entendo em que me beneficiaria isso a mim.

– Poderíamos fazer uma sessão de cada uma das três nos diferentes negócios do grupo: a companhia aérea, a discográfica e as lojas. Quero dizer que Tiffany Malone é perfeita para a Everest Records. Dar-lhe-á muita propaganda – explicou-se Ainsley. – Aos filhos poderíamos colocar-vos em segundo plano: o Henry está na vanguarda da moda… e o Geoff é muito tradicional.

– E eu sou um homem de negócios – disse Steven.

Ainsley estudou-o com o olhar. Era o mesmo homem que a rejeitara porque lhe sobrava peso, e que proferira um comentário que a tinha deixado devastada…

– Talvez possamos fazer-lhe uma transformação noutra das nossas revistas.

Ele arqueou uma sobrancelha.

– Não sou dos que deixam que lhe façam transformações. Se aceder a fazer isso, será em troca de uma exclusiva para a sua revista.

Ainsley pensou. Teria de falar com a sua equipa para encontrar a maneira de o fazer.

– Não sei se encaixaria. Ainda se conseguíssemos que o Malcolm também aparecesse no artigo, então seria um sucesso garantido.

– Talvez, mas não lhe posso prometer que o Malcolm aceda.

– Não se dão bem?

– Está a morrer, Ainsley – respondeu-lhe Steven.

Aquilo foi como uma bofetada. Steven não tinha mostrado nenhuma emoção. Ainsley perguntou-se se seria porque tinha medo de perder o pai e não queria que ninguém soubesse.

– Sinto muito – disse-lhe.

Ele assentiu.

– Voltemos ao nosso negócio. Vão terminar a sessão de fotos com o Jon e depois vão fazer-nos entrevistas, uma entrevista a cada um, do ponto de vista da moda, com as nossas mães, para quando?

– Tenho de consultar a minha equipa, mas suponho que seria para o outono.

– Ótimo, fica combinado.

– Estupendo – respondeu ela, dando meia volta para se ir embora.

– Tem tempo para jantar, para concretizarmos os detalhes?

Ainsley não queria jantar com ele. Tinha-se apaixonado por Steven cinco anos antes, quando lhe tinha feito a entrevista. Desde então, lera todos os artigos que se tinham publicado a respeito dele. Perguntou-se se seria boa ideia jantar com ele. Recordou-se que a relação teria de ser profissional.

Steven tinha mudado a sua vida. Tinha sido horrível dar conta que era completamente invisível para um homem como ele. E não só pelo seu volume, mas porque Ainsley não tinha sido capaz de manter o controlo da entrevista. Steven tinha enervado a mulher que ela tinha sido cinco anos antes e tinha alentado a sua mudança. Nesse momento, Ainsley não queria ter nada a ver com ele… Bom, isso não era verdade. Pensou que adoraria vingar-se pelo que lhe tinha feito.

Além disso, não tinha planos para essa noite, salvo voltar ao trabalho. Poderia dedicar um par de horas a Steven.

– Está bem – disse-lhe.

– Damos a mão e assinamos um contrato?

– Quê?

– Para o jantar. Respondeu como se se tratasse de uma reunião que não lhe apetece nada. Eu acho que pode ser divertido, jantar comigo.

Steven era seguro de si e era um homem encantador.

– É o que pensa? Pode garantir-mo? – perguntou-lhe ela.

– Naturalmente.

O BlackBerry de Ainsley tocou, anunciando a chegada de várias mensagens de texto e de correios eletrónicos. Olhou para o ecrã. Teria de atender pelo menos três das mensagens.

– Quando e onde jantamos? – perguntou-lhe.

– Às nove. Vou buscá-la.

– Não é preciso, prefiro ir eu.

– Não sei onde vou poder reservar a estas horas. Dê-me a sua morada – respondeu Steven.

Ela concluiu que era um homem acostumado a sair-se sempre com a sua. Ia ser interessante, porque a ela ocorria-lhe o mesmo. Pensou em contradizê-lo, mas já tinha perdido bastante tempo, e o tempo era dinheiro.

– Está bem, pode ir buscar-me ao trabalho –disse-lhe, escrevinhando a morada num bocado de papel.

– Até depois – despediu-se ele.

Ainsley ficou a vê-lo afastar-se, admirando a arrogância do seu porte. Também era um homem bonito de costas, pensou, reparando em como as calças se lhe ajustavam ao traseiro.

– Podemos começar já a trabalhar? – perguntou-lhe Joanie, que trabalhava há dez anos para Davis.

– Acho que sim – respondeu ela.