Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

© 2010 Anne Mather. Todos os direitos reservados.
RELAÇÃO PROIBIDA, Nº 373 - Maio 2011

Título original: Innocent Virgin, Wild Surrender

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.
Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

® ™, Harlequin, logotipo Harlequin e Harlequin Euromance são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

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I.S.B.N.: 978-84-9000-238-4
Editor responsável: Luis Pugni

E-pub x Publidisa

Inhalt

Kapitel 1

Kapitel 2

Kapitel 3

Kapitel 4

Kapitel 5

Kapitel 6

Kapitel 7

Kapitel 8

Kapitel 9

Kapitel 10

Kapitel 11

Kapitel 12

Kapitel 13

Kapitel 14

Kapitel 15

Kapitel 16

Epílogo

CARAÍBAS

Promoção

1

– É a primeira vez que vem a Santo António?

Rachel desviou o olhar da paisagem exótica que havia depois do aeroporto para olhar para o taxista.

– O quê? Ah, sim! É a primeira vez que venho às Caraíbas – admitiu. – Quase não consigo acreditar que estou aqui.

Não era verdade? Há uma semana não tivera nenhuma intenção de fazer uma pausa e ir passar alguns dias àquele lugar, mas então o seu pai dera-lhe a notícia de que a sua mãe o abandonara. Aparentemente, Sara Claiborne deixara a sua casa e o seu marido para ir para a pequena ilha de Santo António visitar um homem que conhecera há vários anos.

– Disse-te quando vai voltar?

Fora a primeira pergunta que Rachel fizera ao seu pai.

– Quererás perguntar se vai voltar, não é? – murmurara ele, com amargura. – Se não voltar, não sei o que vou fazer.

Rachel sentira-se perdida. Apesar de ter pensado sempre que o casamento dos seus pais era sólido, às vezes, reparara que eles se tratavam com uma certa ambivalência. Além disso, a sua mãe sempre lhe dera a entender com a sua atitude que aquilo não lhe dizia respeito e Rachel presumira que se tratava unicamente de duas pessoas com uma atitude diferente em relação à vida.

No entanto, pensara que Sara e Ralph Claiborne se amavam e que, ao contrário do que acontecera com o casamento de muitos dos seus amigos e vizinhos, o deles não acabara com uma discussão ou com uma infidelidade.

Mas o que sabia? Com trinta anos, continuava solteira e virgem, portanto não era a pessoa certa para os julgar.

– Quem é esse homem? – perguntara ao seu pai.

– Chama-se Matthew Brody – respondera ele, com certa renitência. – Conhecia-o há anos, como já te disse. Quero que vás atrás dela, Rachel, e que a tragas para casa.

– Eu? – perguntara ela, olhando para ele com incredulidade. – E porque não vais tu?

– Porque não posso. Não posso. De certeza que entendes. O que faria se me rejeitasse?

«O mesmo que eu, suponho», pensara ela, com tristeza. Percebera que, fosse quem fosse aquele homem, o seu pai o via como uma ameaça para a sua relação, portanto ela não podia recusar-se a ajudá-lo, tendo em conta o que havia em jogo.

Incomodava-a que a sua mãe tivesse decidido encontrar-se com aquele homem numa ilha das Caraíbas, mas quando perguntara ao seu pai a respeito disso, ele explicara que Matthew Brody vivia lá. Também a incomodava não ter percebido antes o distanciamento entre os seus pais.

Embora nunca se tivesse sentido unida com a sua mãe. Não tinham os mesmos interesses nem gostavam das mesmas coisas. Com o seu pai era diferente.

Rachel suspirou ao recordar o resto da conversa. Dissera ao seu pai que não podia ir-se embora sem mais nem menos do seu trabalho num jornal local.

– Eu falarei com Don – assegurara-lhe o seu pai. – Explico-lhe que Sara precisa de umas férias e que, como eu não posso acompanhá-la, te pedi para ires. Não se recusará a dar-te algumas semanas sem salário. Sobretudo, porque enquanto a equipa estava de baixa com gripe, tu continuaste a trabalhar.

– Tive sorte! – protestara Rachel, em vão.

Don Graham, o director do jornal, e o seu pai tinham ido à escola juntos. E Ralph Claiborne considerava que se ela tinha aquele trabalho, era graças a ele. E talvez tivesse razão, mas Rachel preferia não acreditar nisso. Era verdade que começara a trabalhar assim que acabara a universidade, mas gostava de pensar que conseguira o emprego por méritos próprios.

Na manhã seguinte, Don Graham chamara-a ao seu escritório e dissera-lhe que já procurara outra rapariga para a substituir no departamento de publicidade.

– O teu pai contou-me que a tua mãe não esteve bem durante o Inverno, portanto vou dar-te algumas semanas, mas não te habitues, eh?

Portanto, ali estava, a quatro mil e quinhentos quilómetros de casa, sem ter ideia de como ia lidar com a situação. Tinha a certeza de que a sua mãe ainda amava o seu pai, mas não sabia se esse amor poderia perder face a outro vínculo. Quem seria o tal Matthew Brody? E porque é que ela tinha pressentimento tão mau?

– Está de férias? O taxista voltara a falar e ela sabia que só tentava ser amável, mas não tinha vontade de responder. – De férias? – repetiu, humedecendo os lábios. – Sim, suponho que sim.

Não devia ser a resposta correcta, porque o taxista olhou para ela nos olhos pelo retrovisor, com curiosidade e cautela ao mesmo tempo.

Para se distrair, Rachel voltou a concentrar-se na paisagem. Uma vez fora do aeroporto, a estrada era estreita e não estava asfaltada, mas encorajou-a ver o mar e as praias de areia quase branca. Em qualquer caso, aquela seria uma experiência completamente nova e tentaria divertir-se o máximo possível.

Nunca ouvira falar daquela ilha, situada na costa da Jamaica, perto das ilhas Caimão, mas sem ser uma delas. Segundo o seu pai, a ilha tinha vida graças ao açúcar, ao café e, é claro, ao turismo.

– Vai ficar muito tempo?

– Duas semanas.

Pelo menos nisso podia ser sincera. Desde que a sua mãe não a mandasse de volta assim que a visse. E ela não sabia se teria motivação suficiente para ficar lá nessas circunstâncias.

Ainda que pudesse fazê-lo, já que o seu pai lhe reservara um quarto no único hotel de Santo António e não houvesse motivo para deitar a reserva a perder, já que a tinham conseguido graças a outra pessoa que cancelara a sua viagem no último momento.

– Gosta de desportos aquáticos, menina?

O taxista estava decidido a descobrir mais coisas sobre ela e Rachel fez ar de poucos amigos.

– Eu gosto de nadar – disse.

– Aqui há pouco mais para fazer – persistiu ele. – Não há cinemas nem teatros. Não há muita procura desse tipo de coisas.

– Suponho que não – murmurou Rachel, sorrindo com cinismo.

Pelo menos, o homem demorara dez minutos a fazer um comentário relacionado com o seu aspecto. Não pensava que, com a sua idade, estivesse interessado nela, mas associara-a mais ao tipo de vida nocturna de lugares como Havana ou Kingston.

Rachel fez uma careta. Depois de uma vida inteira, pelo menos, desde que era adulta, a esquivar os comentários pessoais e as insinuações sexuais, aprendera a não fazer caso de todas as referências à sua cara e ao seu corpo. Era verdade que era muito alta, loira, com uns seios generosos e as pernas compridas. E então? Não gostava de como era, nem de como os homens olhavam para ela. Esse devia ser o motivo por que estava solteira e ia continuar assim.

Quando era jovem, preocupara-se com a sua altura e o seu aspecto. Desejara ser mais baixa, mais morena, como a sua mãe. Tudo para não se destacar quando estava com um grupo de raparigas da sua idade.

Mas os anos de universidade tinham-lhe ensinado que os rapazes nunca se importavam com mais do que as aparências. Como era loira, tinha de ser tola e superficial.

– Estamos longe da cidade? – perguntou, che-gando-se para a frente.

– Não – respondeu o taxista, buzinando antes de ultrapassar uma carroça puxada por uma mula e carregada de bananas.

– Aloja-se no Tamarisk, não é?

– Sim. Sei que é um hotel pequeno. Suponho que estará cheio nesta época do ano.

– Sim, claro. Janeiro e Fevereiro são os meses com mais turismo.

– Hum...

Rachel não disse nada. Estava a perguntar-se como falar de Matthew Brody. Era uma ilha pequena, com poucos habitantes. Conheceria aquele homem?

A estrada, que até então ladeara a falésia, dirigiu-se para o interior e Rachel observou a vegetação espessa, cheia de cor. Apesar de ser tarde, o brilho do sol continuava a ser ofuscante.

Apercebeu-se de que estavam a aproximar-se da pequena cidade de Santo António. Viu casas ao longe, algumas com um pouco de terreno para o gado ou campos e algumas bancas de sandes e de gelados na estrada.

Pouco depois, a estrada dividiu-se em duas faixas, separadas por uma fileira de palmeiras. Rachel começou a ver lojas e casas com os telhados e as varandas enfeitadas de buganvílias. Muitos rostos olharam para ela enquanto passava.

– Suponho que não conhecerá um homem chamado Brody – sugeriu finalmente, percebendo que não podia perder mais tempo.

– Jacob Brody? – inquiriu o taxista, sem esperar que lhe dissesse que não. – Claro, todos o conhecem. O seu filho e ele são os proprietários de quase toda a ilha.

Rachel surpreendeu-se. O seu pai não lhe dissera nada a respeito dos Brody e ela imaginara que Matthew Brody seria uma espécie de playboy. E que a sua mãe e ele tinham uma aventura.

– Eu...

Ia perguntar-lhe se Matthew Brody tinha alguma relação com Jacob quando chegaram ao hotel. Uma estrutura de estuque de dois andares, com uma fonte no pátio dianteiro.

– Já chegámos.

O condutor abriu a sua porta e saiu. Depois, abriu a porta a Rachel e foi à parte traseira do veículo para tirar a mala do porta-bagagens.

Rachel seguiu-o e deu-lhe um punhado de dólares. Nunca sabia quanto devia dar de gorjeta, mas, a julgar pela expressão do homem, desa vez abusara.

– Conhece os Brody? – perguntou o taxista, associando a sua generosidade ao homem de que acabara de lhe falar.

Rachel abanou a cabeça.

– Não – limitou-se a responder. – Posso fazê-lo sozinha – acrescentou, pegando na mala. – Obrigada.

– Foi um prazer. Se precisar de mais alguma coisa enquanto estiver aqui, diga a Aaron – apontou para o hotel com um movimento de cabeça. – Tem o meu número de telefone.

Rachel duvidou que voltasse a requerer os seus serviços, mas sorriu de maneira educada e pensou que, a partir de então, teria de ter mais cuidado com a forma como gastava o dinheiro. Não podia permitir-se esbanjá-lo.

Subiu os dois degraus que davam para um alpendre amplo com cadeiras e mesas de vime e entrou na recepção. Reparou que havia flores por todo o lado.

Levantou o olhar e apercebeu-se de que os quartos do segundo andar davam para uma varanda curva que dava para o interior.

Uma rapariga bonita, de traços antilhanos, observou-a do balcão.

– Olá, bem-vinda ao Tamarisk – disse a jovem, com um sorriso praticado. – Tem uma reserva menina...?

– Claiborne – acabou Rachel. – Foi feita há alguns dias.

– É claro. Enquanto a rapariga verificava a reserva no computador, Rachel aproveitou para olhar à sua volta.

O hotel era pequeno, mas bonito. Para além de ser luminoso, o ambiente tinha um cheiro doce e agradável, a especiarias. O ar no exterior parecera-lhe carregado e húmido, mas na recepção soprava uma brisa ligeira que lhe refrescava a pele.

– Aqui está, menina Claiborne.

A rapariga que, segundo a etiqueta, se chamava Rosa, encontrara o que procurava. Tirou uma caneta da gaveta que tinha à sua frente e deu-lhe um formulário.

– Preencha isto – pediu. – Depois, direi a Toby para a acompanhar ao seu quarto.

– Obrigada.

Rachel preencheu o formulário e estava a relê-lo para se certificar de que dera toda a informação necessária quando sentiu que o ar se espessava. Alguém acabara de entrar no hall e, a julgar pela postura da recepcionista, devia ser alguém que queria impressionar.

Um homem, pensou Rachel, com ironia. Duvidava que Rosa se esforçasse tanto por alguém do seu sexo. Incapaz de resistir, olhou para trás por baixo do seu braço e viu uns mocassins castanhos e umas coxas musculadas tapadas por umas calças de ganga pretas.

Sem dúvida, tratava-se de um homem. Endireitou-se também. As mulheres eram demasiado previsíveis. Não perceberiam que as suas reacções eram muitas óbvias para os homens?

– Olá, Matt! Matt! Rachel pensou que era uma grande coincidência. Virou-se para ver o culpado de tanta excitação e viu um homem alto e moreno, de ombros largos.

Supôs que era atraente, de um ponto de vista atlético. Tentou mostrar-se indiferente, mas não conseguiu. A camisa de manga curta condizia com as calças. Era muito sexy. E na parte superior do braço tinha tatuado uma espécie de predador alado.

Tinha a pele cor de azeitona e estava muito bem barbeado. O seu cabelo era grosso e liso e demasiado comprido para o seu gosto, embora Rosa parecesse adorar.

– Eh, o senhor Brody passou o dia todo a telefonar, a perguntar por ti – disse ela, num tom sedutor. – Está à tua procura. Se fosse a ti, telefonar-lhe-ia.

– Podia fazê-lo agora?

Rachel sentiu um nó no estômago. Apesar de estar convencida de que aquele era o homem que procurava, a sua voz fez com que lhe despertassem todos os sentidos. Era profunda, escura, como o melaço. E, embora fosse contraditório, também lhe pareceu sensual.

Isso incomodou-a bastante. Não costumava reagir assim com um homem. E se aquele era o homem que a sua mãe fora ver, o caso era ainda mais alarmante.

Mas não podia ser ele. É claro que não. Aquele homem devia ser pelo menos dez anos mais novo do que Sara Claiborne e demasiado sexy. Se era ele e se a sua mãe conseguira chamar a sua atenção, Ralph Claiborne não teria hipótese.

Rachel questionou-se o que estaria a fazer ali. A sua mãe estaria alojada no mesmo hotel? Não podia perguntar-lhe. Seria capaz de ganhar a sua confiança?

Cerrou os dentes com resignação.

Provavelmente, não.

2

O homem acabara de reparar nela.

Bom, era normal, estava mesmo à frente dele, a olhar para ele como se fosse a primeira vez que via um homem em toda a sua vida. E por isso mesmo sentiu calor nas faces. Virou-se para o balcão, mas teve a certeza de que ele percebera.

Rosa estava a preencher a reserva com um olho no que estava a fazer e o outro nele. Abriu outra gaveta e tirou uma pequena pasta em que havia uma chave. Depois, tocou o sino que tinha ao lado.

– Está a registar-se?

Rachel assustou-se. Ele estava a falar com ela, num tom de voz profundo, de melaço. Ela engoliu em seco e olhou na sua direcção.

– Ah, sim – respondeu, sem saber porque o perguntava. – E o senhor? Ele sorriu muito, mas sem ironia, e Rosa replicou:

– O senhor Brody é o dono do hotel.

Havia desdém na sua voz. Então, apareceu um jovem de aspecto antilhano e olhou para ele.

– Toby, acompanha a menina Claiborne ao seu quarto – olhou para ela. – Espero que desfrute da estadia.

– Claiborne? – repetiu Matt Brody, antes de Rachel ter tempo de se mexer.

Pôs-se ao seu lado no balcão e, de repente, ela sentiu o calor do seu corpo e o cheiro a limpo da sua pele. Era mais alto do que ela, coisa pouco habitual.

Mas o mais inquietante era que a atraísse tanto. Era uma experiência nova para ela, uma experiência que não sabia como assimilar.

Ele estudou-a com os seus olhos verdes, com umas pestanas compridas e escuras, umas pestanas por que qualquer mulher teria morrido.

– Chama-se Claiborne? – repetiu ele.

– Exactamente – respondeu Rachel, desviando o olhar dos seus olhos cativantes. – Conhece o meu apelido?

Ele pareceu hesitar. Franziu o sobrolho e o verde dos seus olhos tornou-se mais profundo.

– Talvez – disse ele, finalmente. – Eu... ouvi-o algumas vezes. Não é um apelido muito comum.

– Não, não é.

Rachel tentou não cerrar os dentes, mas sentiu-se tentada a perguntar-lhe onde ouvira o seu apelido antes. Dir-lhe-ia a verdade? Duvidava. Perguntou-se o que diria se lhe contasse que Sara Claiborne era a sua mãe.

– Em qualquer caso – acrescentou ele, – espero que o alojamento seja do seu agrado – olhou para o jovem que esperava com impaciência ao lado da sua mala. – Se precisar de alguma coisa, só tem de telefonar para a recepção e ajudá-la-ão.

– Obrigada.

Rachel tinha vontade de chegar ao seu quarto, tirar a roupa e tomar um bom duche frio. E depois, telefonaria para o serviço de quartos, se é que havia. Estava contente com a ilha e com o hotel, mas a presença de Matt, Matthew Brody, ia ser uma complicação.

Sobretudo, tendo em conta o modo como se sentia atraída por ele.

Obrigou-se a sorrir e afastou-se do balcão para seguir o jovem empregado, Toby, para as escadas. Tinha quase a certeza de que pelo menos alguns olhos estavam a observá-la e teve de conter a vontade de balançar as ancas para demonstrar que não se importava.

Ou estava a ficar paranóica? E presunçosa? Matt Brody não lhe dera nenhum motivo para pensar que estava interessado nela. Só lhe dissera que conhecia o seu apelido. E se o que ela suspeitava era verdade, não era de surpreender.

Tal como imaginara, os quartos do andar de cima davam para o hall, mas por dentro eram espaçosos e arejados, com uma varanda que dava para os jardins traseiros do hotel.

Depois de se certificar de que tinha tudo o que precisava, Toby foi-se embora e Rachel começou a inspeccionar o seu novo território. O quarto não era muito grande, mas era confortável, com uma cama de casal, de estilo colonial, uma secretária e duas poltronas.

Também havia algumas cadeiras na varanda, que estava protegida por uma grade coberta com uma parreira. Por baixo estava a piscina, que naquele momento estava quase deserta, à excepção de algumas crianças que brincavam à volta dos chapéus-de-sol.

Noutras circunstâncias, Rachel ter-se-ia sentido muito contente. Sendo objectiva, a ilha tinha tudo, mas, como todos os paraísos, tinha de haver uma serpente e, apesar do seu fascínio, era Matt Brody que, naquele caso, desempenhava o papel.

Fascínio?

Rachel não gostou do que passava pela sua cabeça. Teria esquecido o motivo por que estava ali? Ou as suas hormonas estariam a pregar-lhe partidas? Não era o momento adequado para encontrar um homem perigoso e sexy.

A casa de banho era funcional, mas confortável. Rachel tomou um duche refrescante e depois vestiu as cuecas e a t-shirt que usava para dormir. Gostara muito de tirar as calças de lã com que chegara. O mês de Fevereiro de Santo António não tinha nada a ver com o mês de Fevereiro de Londres.

Deu uma olhadela à informação do hotel e viu que havia serviço de quartos. Não tinha muito apetite, já que era aproximadamente meia-noite em Londres e, àquelas horas, ela estava sempre na cama, mas se não comesse nada, não aguentaria até à hora do pequeno-almoço.

Pediu uma salada e um gelado e esperou na va-randa. No exterior, já anoitecera, mas os jardins estavam bem iluminados. O ar era suave e cheirava a uma dúzia de fragrâncias alheias a ela. Rachel apoiou as mãos no corrimão e respirou fundo, tentando gravar aquele cheiro na sua memória.

Tinha-se esquecido de que vestira pouca roupa e, ao levantar os braços por cima da cabeça, viu como os seus seios se mexiam com toda a liberdade por baixo da t-shirt. Sentiu-se livre e elementar. O ar da noite acariciou-a.

E, então, viu-o. Tinha quase a certeza de que era ele, Matt Brody, que estava por baixo de um dos chapéus-de-sol, a olhar para cima, para a sua varanda.

Rachel recuou imediatamente, baixando as mãos. Perguntou-se se a vira. É claro que sim. O que estaria a fazer ali? De certeza que não vivia no hotel.