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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Anne Mather

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Três anéis, n.º 1101 - agosto 2017

Título original: Bedded for the Italian’s Pleasure

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-251-1

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Epílogo

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Capítulo 1

 

Juliet perguntou-se como seriam as ilhas Caimão naquela época do ano. Pensou que seriam muito parecidas com as Barbados. Não eram todas ilhas das Caraíbas? No entanto, nunca estivera nas Caimão. Fossem como fossem, deviam ser melhores do que aquele escritório sombrio do centro de emprego, cujas paredes e carpete verde horrorosa não compensavam as comodidades a que estava habituada. Com as quais nascera, corrigiu-se, enquanto tentava conter as lágrimas de autocompaixão que lhe enchiam os olhos, bonitos e de cor violeta, como o seu pai dizia. Também dizia que recordavam a sua mãe, que morrera quando ela era um bebé. Tudo aquilo parecia tão distante!

Do que tinha a certeza era que o seu pai não lhe tinha dito que um homem como David Hammond podia enganá-la. Porém, também morrera com um tumor cerebral quando ela tinha dezanove anos, e um ano depois, David surgira como um cavaleiro andante e não se apercebera de que o que mais lhe interessava era o dinheiro que o seu pai lhe deixara. Anos depois do casamento, ele deixara-a pela mulher que lhe apresentara como a sua secretária. Fora uma estúpida ao consentir que se encarregasse da sua herança. Quando finalmente abriu os olhos, ele transferira o dinheiro para uma conta em seu nome num paraíso fiscal.

Fora tão ingénua! A beleza e o encanto de David tinham-na impedido de ver os seus defeitos. Pensara que a amava e ignorara os avisos dos seus amigos quando lhe disseram que o tinham visto com outra mulher. As poucas libras que lhe tinha deixado na conta estavam a esgotar-se com rapidez.

Os amigos apoiaram-na e mostraram-se compassivos. Até lhe tinham oferecido ajuda económica, contudo, Juliet sabia que a amizade não podia durar em tais circunstâncias. Tinha de arranjar trabalho, embora tivesse medo de pensar que tipo de emprego podia conseguir sem qualificações. Se tivesse continuado a estudar depois de o seu pai morrer… No entanto, quando David apareceu na sua vida, esqueceu-se das coisas práticas.

Deu uma olhadela para a sala e perguntou-se que qualificações teriam as outras pessoas que tinham ido pedir trabalho. Havia cinco pessoas: dois homens e três mulheres, que pareciam totalmente alheias ao que as rodeava. Embora soubesse que não era verdade, pensou que também lhes era indiferente se arranjavam trabalho ou não. Dois deles pareciam meio adormecidos, ou até drogados, o que, conforme a perspectiva, podia ser uma vantagem. Era indubitável que, depois de entrevistar um rapaz com calças de ganga rotas e uma t-shirt asquerosa, ou uma rapariga com os braços cheios de tatuagens, seria um alívio falar com ela, com o seu fato azul-escuro e os seus sapatos de salto alto. Ou talvez não. Talvez quem não parecesse necessitar de trabalho tivesse mais facilidades para conseguir trabalhos não qualificados.

– A senhora Hammond?

Juliet quis dizer que era menina Lawrence, no entanto, todos os seus documentos continuavam a ter o seu apelido de casada. Nem todas as mulheres que se divorciavam voltavam a usar o seu apelido de solteira. Contudo, Juliet queria recuperá-lo. Não queria que nada lhe recordasse que fora mulher de David Hammond. Levantou-se nervosamente enquanto a mulher que a chamara observava os presentes.

– Sou eu – disse, apercebendo-se de que se tornara o centro das atenções. Pôs a mala ao ombro e começou a andar com precaução.

– Entre no meu escritório, senhora Hammond – a mulher, uma ruiva de uns quarenta anos, olhou para ela de cima a baixo e indicou-lhe o caminho para um gabinete que era ligeiramente mais acolhedor do que a sala de espera. Indicou-lhe uma cadeira em frente à sua secretária. – Sente-se. Preencheu o questionário?

– Sim – Juliet tirou o papel com o qual fizera um tubo enquanto esperava. Ao pô-lo na secretária, ficou meio enrolado. – Desculpe – disse com um sorriso.

O seu pedido de desculpa não foi ouvido nem aceite, pois a senhora Watkins, cujo nome podia ler-se sobre a secretária, estava muito ocupada a ler o que Juliet escrevera. Ocasionalmente parava e olhava para ela como se não acreditasse no que estava a ler. E então? Deixara-se enganar pelo fato elegante? Ou estava a admirar o seu estilo de roupa? Qualquer coisa lhe dizia que não era bem assim.

– Aqui diz que tem vinte e quatro anos, senhora Hammond. E que nunca trabalhou.

– Não – respondeu Juliet, corando um pouco. Fora uma pergunta directa que pensou que não deveria ter-lhe feito. Tinha o seu orgulho. Iria aquela mulher tirar-lhe o pouco que restava? Inspirou profundamente. – Isso é importante? É que preciso de trabalhar. Não é suficiente?

– Receio que não. É preciso um currículo, referências. Para mim é importante entender porque uma pessoa que procura emprego carece deles.

– Estava casada – Juliet pensou que aquilo era o menos controverso que podia dizer.

– Sim, estou a ver – a senhora Watkins consultou o papel. – E o seu casamento acabou nove meses depois.

«Nove meses e oito dias», disse Juliet para si.

– Nunca trabalhou?

– Nunca.

A senhora Watkins suspirou de forma claramente audível. Era o som que Carmichael fazia, o mordomo do seu pai, quando desaprovava qualquer coisa que Juliet fazia. Era óbvio que a senhora Watkins não gostava da sua falta de experiência. Juliet perguntou-se se teria sido melhor se tivesse ido de calças de ganga e com uma t-shirt suja.

– Bom – disse finalmente a senhora Watkins, – devo dizer-lhe que não vai ser fácil encontrar um trabalho para si. Não tem qualificações nem experiência. Não tem nada que possa convencer alguém de que é uma boa trabalhadora e de que se pode confiar em si.

– Sou de confiança.

– Não duvido, senhora Hammond, mas é apenas a sua palavra, e as coisas não funcionam assim. Precisa que um antigo chefe responda por si, alguém que esteja disposto a pô-lo por escrito.

– Mas não tenho um antigo chefe.

– Eu sei – a senhora Watkins sorriu.

– Está a tentar dizer-me que não pode ajudar-me?

– Estou a tentar dizer que, neste momento, não tenho nada para si. A menos que queira lavar pratos no Savoy – riu-se da sua própria piada. – Na sala de espera há informação sobre cursos que pode tirar e onde, desde aulas de cozinha a línguas. Aconselho-a a levar os folhetos para casa e escolher o que quer fazer. Venha ver-me quando tiver algo para me oferecer. Até então, é melhor não perder mais tempo.

Enquanto se levantava, Juliet pensou com tristeza que a senhora Watkins se referia ao dela.

– Obrigada – as boas maneiras, que uma série de amas lhe ensinara desde que nascera, ajudaram-na a sair da situação. – Vou pensar no que me disse – fez uma pausa. – Ou irei a outro centro de emprego.

– Boa sorte – respondeu a senhora Watkins com ironia.

Juliet saiu do escritório sentindo-se como uma idiota. O que pensara? Quem ia contratar alguém que nem sequer reconhecia um vigarista?

Na rua, considerou as suas opções. Embora estivessem no início de Março, estava um tempo surpreendentemente quente, apesar de estar a começar a chuviscar. Levantou a mão para chamar um táxi, porém, baixou-a rapidamente. Acabaram-se para sempre os dias em que podia deslocar-se de táxi. Suspirou e começou a andar para Oxford Circus. Apanharia um autocarro até Knightsbridge, onde ficava o pequeno apartamento onde vivia. A grande casa de Sussex onde nascera e vivera quase toda a vida fora vendida pouco depois do seu casamento com David. Dissera-lhe que a casa que ele comprara em Bloomsbury era muito melhor. Só depois de a abandonar é que Juliet soube que era arrendada.

Sabia que os seus amigos tinham ficado horrorizados perante a sua ingenuidade, no entanto, nunca conhecera alguém tão desumano como David. Foi uma sorte que o apartamento estivesse em nome dela e que David não tivesse conseguido apropriar-se dele. Fora a segunda residência do seu pai quando tinha de ir a Londres em negócios e ela não a vendera por razões sentimentais.

A meio do caminho passou à frente de um bar e entrou sem pensar. Estava escuro e cheio de fumo, contudo, isso agradou-lhe. Quase nunca bebia durante o dia e preferia que ninguém pudesse reconhecê-la no estado de espírito em que se encontrava. Sentou-se num dos bancos altos. O empregado era baixo e gordo, com um estômago proeminente que sobressaía por cima do cinto. Parecia eficiente e alegre.

– O que vai ser? – perguntou enquanto passava um pano pelo balcão.

– A senhora vai querer um vodka tónico, Harry – disse uma voz atrás dela.

Juliet virou-se para dizer a quem quer que fosse que sabia decidir sozinha o que queria beber. Abriu os olhos, surpreendida. Conhecia aquele homem. Chamava-se Cary Daniels e conheciam-se desde pequenos, porém, não se viam há anos. De facto, desde o seu casamento.

– Cary! – exclamou. – Que coincidência! A última coisa que soube de ti foi que estavas na Cidade do Cabo. Estás de férias?

– Oxalá – Cary sentou-se num banco a seu lado e pagou ao empregado. Pedira um uísque duplo e bebeu metade antes de continuar. – Agora trabalho em Londres.

Juliet ficou surpreendida. Embora tivessem perdido o contacto durante vários anos, porque os pais de Cary morreram e tivera de ir viver com a sua avó na Cornualha, fora ao seu casamento. Na altura estava entusiasmado com o trabalho magnífico que conseguira num banco na África do Sul e todos pensaram que ficaria lá para sempre. Porém, as coisas mudavam e ela sabia bem disso

– Como estás? – perguntou, virando-se para olhar para ela.

Apesar de a escassa luz a ter impedido de se aperceber antes, Juliet viu como estava velho. Tinha olheiras, estava a ficar calvo e a sua cintura demonstrava a quantidade de uísques que bebera ao longo dos anos. Sabia que tinha vinte e oito anos, contudo, aparentava ter mais dez. O que lhe teria acontecido? Seriam também as consequências de uma relação falhada?

– Estou bem – respondeu Juliet e levantou o copo num brinde silencioso antes de beber. Era muito mais forte do que estava habituada e mal conseguiu esconder uma careta. – Vou andando.

– Já sei do divórcio – Cary fora sempre muito directo. – Que canalha!

– Sim. Fui uma estúpida.

– Eu gostaria de ter estado aqui. Não teria saído impune, garanto-te. Onde anda esse filho da mãe?

Juliet apertou os lábios. Cary era amável ao mostrar-lhe o seu apoio, no entanto, não o imaginava a enfrentar alguém como David.

– David está nas ilhas Caimão, acho eu – disse com desinteresse. – Importas-te de não falarmos sobre isso? Não faz sentido pôr o dedo nas feridas antigas. Fui uma estúpida e ponto final.

– Foste apenas ingénua. Todos o somos de vez em quando. Depois é fácil dizer o que deveríamos ter feito.

– É verdade – Juliet sorriu com tristeza.

– O que fazes agora? Onde vives? Suponho que venderam a casa de Sussex.

– Sim. Tenho um pequeno apartamento em Knightsbridge. Era do meu pai. Não é o Ritz, mas é meu.

– Que canalha! – repetiu Cary. – Suponho que arranjaste trabalho.

– Estou à procura – confessou Juliet. – Mas não tenho qualificações nem ninguém que possa dar-me referências, à excepção dos meus amigos mas não quero pedir-lhes.

– Ah… – Cary acabou a bebida e indicou ao empregado que queria outra. Também apontou para o copo de Juliet, porém, esta abanou a cabeça. Mal provara a sua. – Tens algum plano?

– Ainda não – Juliet estava a ficar cansada de falar dos seus problemas. – E tu? Continuas a trabalhar no banco?

– Era bom! – bebeu um longo gole de uísque. – Estou na lista negra. Não soubeste? Fico surpreendido que não tenhas lido nada na secção de economia do jornal.

Juliet esteve tentada a dizer-lhe que tinha coisas melhores para fazer do que ler a secção de economia do jornal, contudo, ficou preocupada com o que Cary lhe dissera.

– Especulei com os recursos dos meus clientes e perdi imenso dinheiro. O banco perdeu milhões de dólares. Tive sorte por não me denunciarem por negligência – encolheu os ombros. – Parece que a minha avó continua a ter alguma influência nos círculos financeiros. Expulsaram-me do banco com um bom puxão de orelhas.

– Mas, milhões de dólares… – Juliet repetiu, assombrada e incrédula.

– Sim, não faço as coisas por menos – bebeu outro gole. – Parece muito mais na moeda sul-africana. Mas incentivaram-me a arriscar e foi o que fiz. Suponho que não sou um bom corretor de bolsa.

– Não sei o que te dizer. Ficou muito irritada a tua… lady Elinor?

– Irritada? Ficou furiosa. Deitava fumo pelas orelhas. Nunca gostou da minha profissão, como provavelmente sabes, e depois do que se passou na África do Sul não quis saber mais nada de mim.

Juliet olhou para o copo. Lembrava-se muito bem de lady Elinor Daniels, sobretudo porque quando tinha treze anos, metia-lhe medo. Recordou que sentia pena de Cary, cujos pais tinham desaparecido enquanto navegavam nos mares do Sul. Aos dezassete anos, fora privado de tudo e de todos a que estava habituado e fora obrigado a ir viver para uma velha casa na Cornualha com uma mulher que mal conhecia.

– Mas tens outro emprego… – Juliet levantou a cabeça.

– É um trabalho temporário. Embora não pareça, trabalho num casino. Não giro dinheiro, claro. Não são assim tão loucos. Pode dizer-se que sou quem recebe e dá as boas-vindas aos clientes, uma espécie de guarda-costas de fato.

– Acho que a tua avó não aprova isso – disse Juliet, assombrada.

– Não sabe. Pensa que trabalho num escritório. Ainda continua à espera que assente, encontre uma boa mulher e me ocupe das suas propriedades. Aquele imbecil do Marchese está à espera que dê um passo em falso.

Juliet pensou que já tinha dado mais do que um, porém, não disse nada.

– Marchese? – perguntou.

– Rafe Marchese! – prosseguiu Cary com irritação. – Deves lembrar-te dele. O erro voluntário da minha tia Christina.

– Ah, o teu primo!

– Aquele canalha não é meu primo – disse Cary, ofendido. – Não podes esperar que seja simpático com ele. Conseguiu fazer com que a relação com a minha avó seja quase impossível. Não consigo esquecer como me tratou quando fui viver para Tregellin.

– É mais velho do que tu, não é?

– Alguns anos. Deve ter trinta anos, mais ou menos. Está sempre lá, como um espinho cravado, e a minha avó adora gozar comigo, dizendo que vai nomeá-lo seu herdeiro. Não é que vá fazê-lo – Cary desatou a rir-se. – É demasiado convencional para isso.

– Se a tua tia não se casou com o pai de Rafe, porque tem o apelido Marchese?

– Porque ela pôs o apelido do seu pai na sua certidão de nascimento – disse Cary com desdém. – Uma espécie de brincadeira, se tivermos em conta que Carlo não sabia que ia ser pai. Christina era um bicho estranho, sempre de um lado para o outro, sempre à procura de novas distracções.

– Pensava que era artista – disse Juliet enquanto tentava recordar o que o seu pai lhe dissera.

– Isso é o que gostava de pensar – explicou Cary com um sorriso sarcástico. – Rafe, como eu, é órfão desde pequeno. Christina bebeu demasiados martinis e caiu da varanda de um hotel de Interlaken, na Suíça, onde estava alojada com a sua última conquista.

– É terrível – Juliet estava assombrada por Cary se mostrar tão indiferente. Afinal de contas, era a sua tia. Olhou para o relógio. Estava na hora de ir. Tinha de comprar algumas coisas antes de ir para casa.

– Tenho de ir ver a minha avó na semana que vem – continuou Cary, fazendo uma careta. – Disse-lhe que tenho namorada e quer conhecê-la.

– Espero que goste dela – Juliet sorriu. – Conheceste-a na Cidade do Cabo ou vive em Londres?

– Não tenho namorada. Só quero que me deixe em paz. Já te disse que quer que assente, portanto pensei que, se pensasse que estou interessado em alguém, deixasse de me chatear.

– Mas Cary!

– Eu sei, eu sei – indicou ao empregado que lhe servisse outro copo. – Onde vou encontrar, até quinta-feira, uma rapariga decente que possa ser minha namorada? Nem sequer conheço raparigas «decentes». Os meus gostos vão por outro lado.

– És homossexual?

– Claro que não! Mas as raparigas de que eu gosto não são as que se levam para casa para se apresentar a uma avó. Não me apetece assentar. Só tenho vinte e oito anos. Quero divertir-me. Não quero ter uma boa mulher e alguns miúdos a correr à minha volta.

Juliet pensou que Cary mudara muito, já não era o menino tímido que conhecera. Seria devido à sua avó ou sempre fora um pouco egoísta? Talvez não fosse muito diferente de David. De repente, apercebeu-se de que estava a olhar fixamente para ela e desejou que não estivesse a fazer planos em relação a ela. Apesar de estar desesperada, Cary não era o seu tipo.

– Tenho de ir – disse

– Para onde?

– Para casa – respondeu, embora não lhe dissesse respeito.

– Imagino que não quererás jantar comigo. Tive uma ideia – mordeu o lábio com força. – Queria fazer-te uma proposta. Mas também posso fazê-la aqui.

– Cary…

– Ouve – puxou-lhe o braço. – Gostarias de ir comigo a Tregellin como a minha suposta namorada? – acrescentou rapidamente antes que ela pudesse pôr objecções. – Dizes que precisas de trabalho. Pois ofereço-te um e bem pago.

– Não estás a falar a sério – era incrível o que acabava de ouvir.

– Porque não? Somos amigos. Homem e mulher. Qual é o mal?

– Estaríamos a enganar a tua avó e o teu primo.

– Não te preocupes com Rafe. Não vive lá em casa.

– Não interessa.

– Era um grande favor. A minha avó acreditaria quando te visse. Sempre gostou de ti.

– Mas não me conhece!

– Mas ouviu falar de ti – insistiu Cary. – E quando voltarmos, escrever-te-ei uma carta de recomendação para que possas arranjar outro trabalho.

– Um trabalho a sério?

– Este trabalho será a sério, Juliet, prometo-te. Diz que, pelo menos, vais pensar. Não tens nada a perder.