Editado por Harlequin Ibérica.
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28001 Madrid
© 2007 Melanie Milburne
© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Unidos pela traição, n.º 1112 - agosto 2017
Título original: Androletti’s Mistress
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-9170-261-0
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Epílogo
Se gostou deste livro…
Era o tipo de funeral em que ninguém derramava uma lágrima. Nikki aceitou as condolências com cordialidade, embora sentisse uma tristeza profunda quando o caixão entrou no sepulcro frio e escuro.
– Lamento por Joseph – replicou um dos directores, apertando-lhe a mão, – mas tenho a certeza de que ele não teria querido permanecer aqui mais tempo.
– Obrigada, Henry – agradeceu Nikki, tentando esboçar um sorriso. – De certeza que é assim.
– Senhora Ferliani? – perguntou um jovem jornalista, abrindo caminho entre as pessoas. – Quer fazer alguma declaração sobre o sucesso da Ferliani Fashions, a empresa gerida por Massimo Androletti, o enteado do seu falecido marido?
Nikki tremeu ao ouvir aquele nome. Olhara várias vezes para os ali reunidos, no caso de ter a audácia de aparecer, mas não o vira.
– Não tenho nada para dizer – replicou a jovem, com frieza. – Agora, por favor, vá-se embora. Esta é uma cerimónia privada.
– É verdade que não resta nada da herança do seu marido – insistiu o jornalista, – e que Massimo Androletti é o proprietário do negócio e da casa onde vive?
– Não vou dizer mais nada – respondeu Nikki.
Outro repórter juntou-se ao anterior.
– As nossas fontes dizem que Joseph Ferliani perdeu uma fortuna na Bolsa e que, num esforço para recuperar o que perdeu, apostou tudo o que vos pertencia.
– A senhora Ferliani já vos disse que não vai fazer nenhum comentário a respeito disso – replicou um homem atrás de Nikki.
Nikki virou-se e encontrou o olhar frio de Massimo Androletti. Tentou fazer com que não notasse que estava afectada ao vê-lo depois de tanto tempo. A expressão do rosto de Androletti era como uma máscara de aço que a aterrorizava. Nikki sentiu que as suas pernas começavam a tremer e que lhe faltava o ar.
– Anda comigo – acrescentou, segurando-a pelo braço.
Nikki tentou resistir, mas pensou melhor ao sentir que ele suavizava a pressão da sua mão. O seu coração acelerou ao pensar que ficaria a sós com ele. Massimo levou-a até à sua limusina, estacionada perto do cemitério.
– Entra! – ordenou, cortante. – Temos coisas para discutir.
Nikki acomodou-se no banco e o enorme carro pareceu diminuir de tamanho quando o homem ocupou quase todo o espaço com as suas pernas compridas e os seus dois metros de altura.
– Vamos para casa, Ricardo – pediu Massimo, ao motorista.
Nikki sentiu um formigueiro no estômago ao olhar para as suas coxas musculadas de tão perto. Ela sentira aquelas pernas entrelaçadas às dela enquanto ele a penetrava.
– Os teus planos para ficares com uma fortuna falharam. Não foi assim? – perguntou Massimo, olhando para ela friamente.
Nikki mordeu o lábio inferior para não responder à sua brincadeira cruel. Tinha razão para estar amargurado. Ela teria sentido o mesmo no seu caso. Mas era inútil tentar explicar o seu comportamento dos últimos cinco anos. Se tivesse de escolher, voltaria a fazer o mesmo apesar de lhe ter custado tanto.
– O que o jornalista disse é verdade. Agora é tudo meu – declarou Massimo, com amargura. – Espero que o advogado te tenha explicado tudo – acrescentou.
– Não – respondeu Nikki, sem qualquer emoção. – Ainda não me reuni com ele, mas tenciono fazê-lo amanhã.
– Tinha pensado que essa era a tua primeira prioridade – indicou Massimo, com um brilho cínico nos olhos. – Uma caçadora de fortunas como tu não podia deixar de verificar o que o seu falecido marido lhe deixou.
Nikki tentou não exteriorizar o desespero que as suas palavras lhe produziam, por isso lançou-lhe um olhar gélido.
– Joseph foi muito mais importante para mim do que o dinheiro. Não importa que não me tenha deixado nada.
– Que esposa mais devota! – exclamou Massimo, arrastando as palavras e mostrando um sorriso cínico. – És uma boa actriz quando queres, não é assim?
Ela virou a cabeça e olhou através da janela do carro.
– Não te deixou nada. Nada, excepto dívidas. Até a casa é minha.
Dessa vez, Nikki não conseguiu controlar os seus sentimentos e olhou para ele fixamente.
– Não acredito. Joseph prometeu que cuidaria de mim – declarou, afectada.
– Parece-me que estás numa situação precária – replicou Massimo. Um ódio profundo brilhava nos seus olhos pretos. – Não tens nada, a menos que eu te dê alguma coisa, nem carro, nem casa… e nem sequer tens o teu maridinho.
Nikki odiava realmente esse diminutivo. Rebaixava tudo o que admirara e respeitara no padrasto de Massimo.
Joseph Ferliani cometera alguns erros. Fora um homem de negócios durante a maior parte da sua vida, mas ela conhecera-o muito melhor do que qualquer outra pessoa. Os meses longos e agónicos da sua doença fizeram com que Nikki conhecesse o seu lado mais humano, que nunca quisera mostrar, principalmente ao seu enteado e arqui-inimigo Massimo Androletti.
– O teu padrasto não era o meu maridinho – contradisse Nikki, num tom cortante.
– E o que era? – perguntou Massimo, com desdém.
– Era o meu marido e o meu amigo – respondeu Nikki, com grande dignidade.
– Esqueceste-te de mencionar que era o teu amante. Ou será que não entrava no teu quarto?
Nikki voltou novamente o rosto para que não conseguisse ver o rubor nas suas faces.
– Não desejo discutir a minha vida privada contigo. É uma falta de respeito, sobretudo porque Joseph ainda não arrefeceu na sua sepultura e, sinceramente, não te diz respeito.
– Há cinco anos, dizia-me respeito. Não é verdade, Nikki? Mas então não sabia que um copo me levaria a passar uma noite com a futura noiva do meu padrasto.
– Só tinha dezanove anos. Achas que podia saber o que realmente queria? – perguntou-lhe Nikki.
– Foste directamente da minha cama para a dele – acusou Massimo, com os olhos brilhantes de raiva.
Nikki sentiu que o seu interior se retorcia de angústia.
– Não sabia quem eras. Joseph nunca mencionou o teu nome antes de… nos casarmos.
– O que estás a dizer? – perguntou Massimo, cinicamente. – Se soubesses quem eu era, não terias caído nos meus braços?
– Como teria podido defender-me então? – pensou Nikki.
Com dezanove anos, estava tão traumatizada com a sua infância desgraçada que aceitara a oferta matrimonial lucrativa de Joseph Ferliani sem pensar duas vezes. Ao perceber o enorme compromisso que adquirira, pedira-lhe alguns dias para repensar antes de pôr o seu futuro nas mãos de Joseph. Só uma última semana de liberdade.
Mas, no primeiro dia, aparecera Massimo Androletti, o homem ideal no momento errado…
– Posso convidar-te para um copo? – perguntou Massimo.
Nikki dirigia-se para o bar do hotel que Joseph pagara como parte do acordo. A jovem virou a cabeça e viu um homem alto e atraente, vestido impecavelmente, sentado em frente de uma bebida. Tinha o cabelo escuro e encaracolado, um queixo que demonstrava determinação e um sorriso envolvente.
– Porquê? – respondeu Nikki.
Teria alguma coisa a perder? Acabara de passar uma tarde horrível a visitar o seu irmão mais novo. Beber alguma coisa com um perfeito estranho que desconhecia o seu passado era exactamente o que precisava.
– O que te apetece beber? – perguntou Massimo, levando-a para um dos bancos luxuosos situados num canto afastado do bar.
Nikki reparou num ligeiro sotaque italiano no seu inglês perfeito.
«Que ironia», pensou.
– Champanhe – respondeu a jovem. – Que não seja barato – adicionou, imprudentemente. – Dá-me dor de cabeça. Quero o melhor champanhe que tiverem.
– Então, terás o melhor – concordou Massimo e chamou o empregado.
Depois de algumas bebidas, Nikki acedeu a jantar com ele. Nunca antes se sentira tão bem na companhia de um homem que não fosse o seu irmão. Massimo era encantador, educado, divertido e atento… Ela não conseguiu resistir ao seu feitiço, mas quando teve de falar de si própria, recorreu às mentiras de sempre. Aquelas que inventara depois da morte da sua mãe e da mudança radical que a vida do seu irmão sofrera.
– Sou assistente pessoal – replicou Nikki.
Pelo menos isso era verdade.
– Tenho uma semana de férias e tencionava fazer algumas compras e submeter-me a um tratamento de beleza. Sabes, mimar-me um pouco – explicou.
– Tu não precisas de nenhum tratamento de beleza – declarou Massimo, olhando para ela de cima a baixo com os seus olhos escuros e profundos. – És a mulher mais bela que conheci.
Um brilho de insegurança apareceu por um momento no rosto de Nikki.
– Achas mesmo? – perguntou, com um sussurro suave.
Massimo apertou uma das mãos da jovem, fazendo-a tremer de prazer.
– É claro que sim – replicou Massimo. – Nunca conheci uma mulher tão bonita e desejável em toda a minha vida.
Nikki retirou a mão para pegar no copo de champanhe.
– Tenho a certeza de que conheceste muitas mulheres muito mais atraentes do que eu.
– Antes pelo contrário. Conheci muito poucas que possam comparar-se contigo. És o sonho de qualquer homem.
– Sou demasiado alta.
– Não acredito. Assim não tenho de me inclinar para ouvir o que dizes – respondeu Massimo.
Nikki sorriu. Não recordava a última vez que a tinham feito rir-se.
– És o primeiro homem em muitos anos que me faz levantar a cabeça para olhar para ele nos olhos. Garanto-te que é uma novidade para mim.
– Há algum homem na tua vida? – perguntou Massimo.
Nikki hesitou por um instante. Como podia dizer-lhe que ia casar-se com um homem que tinha mais vinte e cinco anos do que ela? Um homem que lhe oferecia uma forma de fugir da vergonha que a perseguia há tanto tempo.
– Não – respondeu a jovem.
Ainda faltavam sete dias.
– Custa-me acreditar. O que se passa com os jovens de Melbourne?
Nikki sorriu novamente e bebeu um gole de champanhe.
– E tu? Não tens nenhuma relação?
– Não – replicou Massimo, com um suspiro. – Tive uma relação na Sicília há alguns meses, mas não funcionou.
– Regressaste da Itália recentemente? – perguntou Nikki.
– Tenho dupla nacionalidade. Viajo muito a negócios.
– Que tipo de negócios?
– Estou a criar uma carteira internacional. O meu plano é procurar empresas fracas para comprar e revender. Assim posso obter lucros.
– Parece um negócio de risco – comentou Nikki.
– E é. Esta semana, tenho uma entrevista para uma compra que passei anos a preparar.
– Vejo que estás muito decidido.
– Estou. A empresa que quero absorver foi fundada com o dinheiro que extorquiram do meu pai. Um amigo dele traiu-o e eu decidi recuperar tudo.
– Portanto, procuras vingança? – perguntou Nikki.
Massimo assentiu com um ar sombrio.
– É a única coisa em que penso. Quero destruir o inimigo do meu pai e assim o farei, mesmo que demore a vida toda a fazê-lo.
– E como o destruirás? – perguntou a jovem. O seu coração estava acelerado. – Não irás fazer nada… ilegal, pois não?
Ele sorriu ao vê-la preocupada.
– É claro que não farei nada ilegal. Simplesmente, serei mais inteligente do que ele nos negócios. A melhor táctica é conhecer o inimigo. Conheço todos os seus pontos fracos e será muito fácil desarmá-lo quando chegar o momento.
– Parece que és uma pessoa horrível – replicou Nikki. – É por isso que estás aqui?
– Sim e não – respondeu Massimo, com uma expressão grave. – Tenho de assistir a algumas reuniões… Fala-me da tua família – acrescentou, trocando essa expressão por um sorriso.
O pânico apoderou-se de Nikki.
– A minha… a minha família?
– Sim. Tens irmãos ou irmãs? – perguntou Massimo.
– Tenho um irmão dois anos mais novo do que eu – respondeu a jovem, evitando o olhar de Massimo.
– E os teus pais? Ainda são casados?
– Sim – respondeu Nikki.
Embora fosse irónico, aquilo era mais ou menos verdade. A sua mãe ainda era casada com o seu pai no dia em que ele a matara e arruinara a vida de Jayden para sempre.
– Tens sorte de proceder de uma família estável – replicou Massimo, voltando a encher os copos. – Os meus pais divorciaram-se quando eu tinha dezasseis anos.
– Sorte? – pensou Nikki, quase a rir-se.
Não era essa a palavra adequada para descrever o seu ambiente familiar. Aquela luta constante para sobreviver… Aquelas longas noites de angústia, à espera que o seu pai chegasse…
– Perder o negócio foi mau, mas perder a minha mãe destruiu o meu pai – redarguiu Massimo.
Fez uma pausa, como se procurasse as palavras para poder continuar e um brilho de dor apareceu nos seus olhos escuros.
– O que aconteceu? – perguntou Nikki.
Os seus olhares encontraram-se.
– Suicidou-se alguns meses depois. Entrei na garagem e encontrei-o. Os gases do carro tinham-no envenenado e foi impossível reanimá-lo.
As lágrimas afloraram nos olhos de Nikki.
– Lamento – replicou a jovem e agarrou-lhe numa mão. – Agora entendo porque procuras vingança. Esse homem horrível tirou-te tudo.
Massimo dirigiu-lhe outro olhar sombrio.
– Mas vou recuperá-lo. Ainda não tenho dinheiro para o fazer, mas fá-lo-ei. Sei que o farei.
– Sabes uma coisa, Massimo? – perguntou Nikki, com um sorriso animador. – Eu também acho que o farás.
– Nunca conheci ninguém como tu – redarguiu Massimo e apertou a mão da jovem. – Sinto uma grande afinidade contigo. Embora tenhamos acabado de nos conhecer, é como se te conhecesse há muito tempo.
Nikki tremeu enquanto Massimo lhe acariciava a mão com um movimento subtil. Ao olhar para aqueles olhos profundos, os seus seios endureceram e os seus mamilos ficaram mais sensíveis.
– Eu sinto o mesmo – replicou ela, num tom de voz trémulo.
– Só estarei aqui durante uma semana – replicou Massimo, com tristeza. – Devo regressar a Itália no domingo bem cedo. Poderei ver-te quando regressar?
– Tenho a certeza de que me terás esquecido quando regressares – replicou Nikki, com um sorriso fraco.
– Não, Nikki. Não me esquecerei.
– Devia ter-te dito antes – comentou Nikki e baixou o olhar para que não visse que mentia. – Não sou de Melbourne. Estou aqui de férias. Quando regressares, já me terei ido embora
– Onde estarás? – perguntou Massimo.
– Hum… em Cairns! – exclamou Nikki, mencionando o primeiro nome de que se lembrou.
– Então, irei ver-te a Cairns – declarou Massimo. – Poderemos ir juntos à Grande Barreira de Coral.
– Massimo… Não sei se sou a pessoa que tu…
– Acreditas no amor à primeira vista? – interrompeu-a.
Poucas horas antes, Nikki teria respondido com um «não», mas depois de passar a tarde toda na companhia de Massimo já não tinha assim tanta certeza. Nunca se sentira tão atraída por alguém. Sentia-se bem na companhia de um homem que defendia aquilo em que acreditava. A sua lealdade em relação à memória do seu pai era admirável. Era tão diferente do que ela vivera na sua infância, que estava muito impressionada e comovida. Pensou que seria um magnífico pai e marido. O seu sentido de família era muito sólido. Era o homem mais espantoso que conhecera.
– Estás a demorar muito tempo a responder – indicou Massimo, olhando para ela tristemente. – Comportei-me como um parvo?
– Não – respondeu Nikki e um novo tremor percorreu o seu corpo ao sentir os lábios de Massimo sobre a mão. – Não acredito no amor à primeira vista, mas estou a sentir algo que nunca senti.
– Temos seis dias para nos conhecermos – replicou Massimo. – Não quero pressionar-te, mas quando se encontra alguém tão especial como tu não se pode perder tempo. Talvez nunca voltemos a ter esta oportunidade.
Nikki emitiu um suspiro fraco e fez um grande esforço para sorrir.
– Se tiver de ser assim, aproveitemos a oportunidade – redarguiu, enquanto os lábios de Massimo procuravam os seus.