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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Emma Darcy

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Amante de fim-de-semana, n.º 1131 - setembro 2017

Título original: Bought for Revenge, Bedded for Pleasure

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

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As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-277-1

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

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Prólogo

 

– Sou Jack Maguire, o filho de Leonard Maguire – disse ao homem que estava do outro lado da grade, pensando como era irónico que estivesse a questionar a sua identidade.

– Não sabia que tinha um filho – murmurou o segurança, olhando para ele com o sobrolho franzido. – E o senhor tem pronúncia norte-americana.

Não era nada surpreendente pois Jack vivera no Texas durante quase toda a sua vida. No entanto, nascera na Austrália e vivera lá durante sete anos. Agora, com vinte e quatro anos, era um homem. Um homem rico, pensou, satisfeito, e disposto a ocupar o lugar que lhe correspondia na casa do seu pai.

– Telefone para a casa e pergunte.

Enquanto o segurança fazia o que lhe pedia, Jack admirou a ampla entrada ladeada por grandes árvores que levava até uma casa enorme sobre a colina. Estavam na Primavera e as novas folhas das árvores eram de um verde brilhante à luz do entardecer. O vale todo era verde e aquela era a melhor propriedade da zona.

Nada mais do que o melhor para a segunda família do seu pai.

A casa estava pintada de branco e as cercas também eram brancas. Estava tudo em óptimas condições, o que, é claro, custava uma fortuna. Embora fosse de esperar, vindo de um proprietário de uma empresa de transportes, que incluía uma linha de voos domésticos.

A única coisa que Jack recebera dele tinham sido alguns cartões de aniversário e de Natal, provavelmente enviados pela sua secretária, e alguns dias num hotel luxuoso de Las Vegas quando o seu pai fora lá em viagem de negócios. Uma vez quando tinha doze anos e outra com dezoito anos.

Recordava que na última vez em que o vira lhe perguntara:

– O que pensas fazer com a tua vida, filho?

Como se isso não tivesse nada que ver com Leonard Maguire.

Mesmo assim, Jack perguntara-lhe, esperançado:

– Estás a oferecer-me uma oportunidade?

– Não. Faz o teu caminho sozinho, tal como eu fiz. Se tiveres coragem para o fazer, então respeitar-te-ei.

Aquele desafio perseguira-o desde então. O seu pai era um milionário que começara sem nada e que acabara por levantar um império. Porém, olhando para a prova da sua riqueza… riqueza gasta generosamente com a sua segunda esposa e as suas duas filhas adoptadas, Jack não conseguia sentir respeito por ele. Que tipo de homem se esquecia do seu filho e dava tudo a duas meninas que a sua segunda mulher desejara? Ter-lhes-ia dito que fizessem o seu próprio caminho quando tinham dezoito anos?

O guarda da segurança guardou o telemóvel e olhou para ele com simpatia.

– Não posso deixá-lo entrar, amigo. Tem de se ir embora. Lady Ellen diz que não é bem-vindo aqui.

Lady Ellen. O título fez com que se engasgasse. Ellen fora a sua secretária. Uma secretária que fora para a cama com o seu chefe, que fora casado e muito mais velho do que ela. Como o seu pai recebera um título por serviços ao seu país e ela era a sua mulher, fazia-se chamar lady Ellen.

– Quero falar com o meu pai – insistiu Jack.

– Lamento muito, mas sir Leonard não está em casa.

– Quando é que poderei encontrá-lo?

– O helicóptero costuma chegar por volta das sete horas – o homem olhou para o seu relógio. – Faltam quase três horas, portanto não faz sentido que fique à espera. Não posso deixá-lo entrar a menos que me dêem permissão.

Jack entendera a mensagem. A casa do seu pai era território proibido para ele. Provavelmente sempre fora. Lady Ellen protegia os seus interesses com unhas e dentes. Que poder teria sobre o seu pai?, perguntou-se. De quem teria sido a ideia de manter o seu filho no exílio?

Havia muitas coisas que Jack queria saber.

E estava decidido a descobri-las.

– Voltarei mais tarde – disse ao segurança.

– Eu estou sempre aqui – respondeu o homem.

Estava a deixar claro que ninguém entrava ali sem que ele visse. O tipo devia ter mais de cinquenta anos, contudo, continuava a ser musculado e seria um oponente formidável numa briga. Contudo, Jack não estava à procura de uma briga com aquele homem, pois este estava apenas a fazer o seu trabalho.

Então voltou para o carro que alugara no aeroporto, pensando que o segurança não conseguiria ver o perímetro inteiro da propriedade.

Meia hora depois, estacionou numa estrada próxima e subiu por um caminho até à cerca branca que marcava o território que queria inspeccionar.

Jack apoiou-se na cerca, a ver os cavalos que pastavam no prado, os estábulos modernos e uma amazona, uma rapariga com uns caracóis ruivos a saírem do seu chapéu de montar, que estava a treinar com um cavalo no que parecia ser um circuito de saltos.

Seria a mais velha das duas filhas adoptadas pelo seu pai ou uma empregada da propriedade?

Tinha a figura esbelta de uma jovenzinha, embora também pudesse ser uma adolescente. Montava bem, controlando o cavalo com autoridade. No entanto, ele também fizera o mesmo quando tinha a sua idade, pois aprendera a montar no rancho do seu padrasto.

Jack saltou a cerca e aproximou-se dela para satisfazer a sua curiosidade. Era-lhe indiferente que aquilo fosse invasão de propriedade privada. Na sua opinião, ele tinha mais direito a estar ali do que qualquer outra pessoa.

 

 

Sally não viu o homem a aproximar-se. Blaze não saltara bem o último obstáculo e queria tentar outra vez. O animal estava demasiado ansioso, tinha de o segurar com mais força para que o salto fosse perfeito. A sua concentração na tarefa era total e só quando Blaze conseguiu saltar maravilhosamente o terceiro obstáculo é que o som de um aplauso a alertou para a presença de um espectador.

Contente, virou-se com um sorriso nos lábios, esperando ver Tim Fogarty, o rapaz dos estábulos. Ficou surpreendida ao ver um estranho, especialmente, um estranho sozinho. Aquilo não era habitual. Um visitante andava sempre acompanhado por alguém.

Era muito bonito, muito mais bonito do que os rapazes que ela conhecia, com o cabelo preto, os olhos azuis e um rosto muito atraente. Os seus antebraços, apoiados na cerca, eram bronzeados e sólidos, como os de alguém que trabalhava ao ar livre. Se calhar era um novo empregado, pensou, puxando as rédeas para levar Blaze para o estábulo.

O homem estava a observá-la com tanta atenção que despertou nela o desejo tolo de que a achasse atraente.

Era um desejo tolo porque, evidentemente, aquele homem era demasiado velho para ela. Com catorze anos, tinha a altura e a figura de uma rapariga mais velha, mas não a idade. Também havia alguma coisa nos seus olhos… como se tivesse muita experiência de vida.

– Quem és tu?

Ele sorriu. Tinha um sorriso lindo e Sally perguntou-se como seria um beijo dele. Seria suave e terno ou exigente e apaixonado, como nos romances que costumava ler?

– Quem és tu? – replicou, surpreendendo-a com a sua pronúncia norte-americana. Tinha uma voz bonita, profunda e masculina.

– Sou Sally Maguire – respondeu para o impressionar com o seu estatuto de filha de um homem que era praticamente uma lenda na Austrália.

– Ah!

Não parecia impressionado. Muito pelo contrário, parecia brincalhão.

– Tens um cavalo muito bonito e montas muito bem. Montas há muito tempo?

Ela assentiu, incomodada.

– O meu pai ofereceu-me um pónei quando tinha cinco anos.

– E suponho que também te comprou esse cavalo.

O seu tom brincalhão tornou-se mais pronunciado.

– Quem és tu? – repetiu Sally. – O que fazes aqui?

Ele encolheu os ombros.

– Estou só a dar uma olhadela.

– Isto é propriedade privada. Se não trabalhas aqui, não tens o direito de entrar.

– Ah, mas é que tenho assuntos a resolver aqui. Assuntos muito pessoais. Estou à espera que o meu pai volte para casa.

Nenhum dos empregados do rancho tinha um filho como ele. Sally tinha a certeza disso.

– Quem é o teu pai?

– O mesmo que o teu.

Ela olhou para ele, boquiaberta. Seria verdade? Seria um filho bastardo do qual ninguém lhes falara? Não era parecido com o seu pai, embora tivesse os olhos tão azuis como ele.

– Eu não sei nada sobre ti – disse, intuindo que, fosse quem fosse, fora até ali para causar problemas.

– Não me surpreende. Tenho a certeza de que lady Ellen prefere fingir que eu não existo.

Odiava a sua mãe. Conseguia vê-lo, senti-lo.

– Certamente ela também não sabe nada sobre ti – replicou Sally, à defesa.

– É claro que sabe. Porque não perguntas a lady Ellen sobre o casamento que ela destruiu e o menino do qual não quis saber nada?

– Qual casamento?

– O casamento de Leonard Maguire com a minha mãe – respondeu ele.

Sally ficou a olhar para ele, perplexa. Se o que estava a dizer fosse verdade, então não era um filho bastardo, mas um filho legítimo. Era filho natural do seu pai, não adoptado como ela e a sua irmã mais nova. De repente, o seu mundo, tão seguro, começou a oscilar.

– Foste a casa falar com a minha mãe?

– Não, ainda não.

– A minha mãe sabe que estás aqui?

– Sabe que vim. Mas lady Ellen não quis estender o tapete vermelho. Disse ao guarda que eu não era bem-vindo aqui. O que te parece isso, Sally Maguire? – perguntou com um sorriso. – Aqui estás tu, com o teu bonito cavalo, bem cuidada e amada e eu sou proibido de pôr os pés na casa do meu pai.

Não era justo.

Não era correcto.

O sentimento de culpa fez com que Sally ficasse corada. Contudo, só tinha a palavra daquele homem. Não sabia se o seu pai já fora casado antes ou… Talvez a sua mãe tivesse razões para impedir que entrasse.

– O que é que queres?

– Eu tive o meu pai durante sete anos, tu tiveste-o durante… Quantos anos tens?

– Catorze anos.

– Ah, então tiveste o teu pai durante catorze anos. Não te parece que há aqui alguma coisa errada?

– Mas tu já és crescido e o passado não se pode mudar – disse Sally, com uma maturidade surpreendente.

– É verdade – disse, assentindo. – Mas é preciso pensar no futuro.

Sim, certamente fora até ali para causar problemas.

– E a tua mãe? Se é mesmo verdade que esteve casada com o meu pai, suponho que te tenha levado com ela quando partiu. Onde está agora?

– Morta – respondeu sem mostrar emoção alguma.

Não sabia porquê, porém, aquilo dava-lhe mais medo do que qualquer outra coisa.

– Lamento. Lamento muito que te sintas… – Sally procurou a palavra correcta – sozinho.

Que era como ela se sentiria se não tivesse sido adoptada. Sem pais, sem lar, sem uma família… Seria horrível. Ela tivera tanta sorte, enquanto aquele homem…

– Não me sinto sozinho – disse. – Fui substituído por ti e pela outra filha adoptiva.

– Eu não sabia de nada e Jane também não – replicou Sally. Embora a culpa não fosse dela, aquele homem estava a fazer com que se sentisse culpada. – Vou falar com a minha mãe.

– Vai ser uma conversa muito interessante. É uma pena que não possa estar presente.

Ela, nervosa, incitou o seu cavalo para sair do curral, sentindo os olhos azuis dele cravados nas suas costas. Porém, não conseguiu evitar virar-se para olhar para ele. Não se mexera e continuava a olhar fixamente para ela.

– Não me disseste o teu nome! – gritou.

– Maguire! – exclamou num tom brincalhão. – Jack Maguire. Conhecido como Blackjack em alguns círculos. O homem que obscurece os sonhos dos outros.

Era um nome que perseguiria Sally durante muito tempo. Passariam dez anos antes que voltassem a ver-se, dez anos antes que Jack Maguire voltasse para a propriedade do seu pai, levando com ele o resultado dos erros que estava prestes a cometer naquele dia.

 

 

Jack viu-a a galopar para a colina como se estivesse a ser perseguida pelo diabo. O sol começava a pôr-se, colorindo o céu de vermelho sobre a enorme casa branca. Esperava que Sally Maguire causasse algum mal-estar com as suas perguntas.

Estava na hora de voltar para o seu carro e deixar aquela casa para trás antes que lady Ellen enviasse um exército para o expulsar dali. Provavelmente não devia ter dito nada à rapariga, porém, o desejo de estragar a sua felicidade fora demasiado irresistível.

Era tão bonita que teria gostado de a fazer sair do seu casulo para que visse o lado mais escuro daquele mundo de privilégios. No entanto, gostara de ver uma sombra de preocupação naqueles olhos verdes, no rubor das suas faces…

Tinham-lhe dado demasiado enquanto, a ele, lhe tinham dado muito pouco.

A questão era essa.

Fora ali para investigar e, quando soubesse com o que estava a lidar, faria o que fosse preciso para conseguir o que queria.

Porque havia uma certeza gravada no seu coração: tivesse de fazer o que tivesse de fazer, algum dia equilibraria o peso na balança.