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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1997 Amy J. Fetzer

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Pai sem saber, n.º 250 - outubro 2017

Título original: Anybody’s Dad

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-613-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

– É demasiado tarde, Chase.

– O que queres dizer? – gritou ao auscultador.

A sua voz era tensa. Os advogados têm o hábito de dar pormenores a conta-gotas, sobretudo aos amigos.

– O processo começou há seis meses.

– O quê? Estás a dizer-me que há uma mulher que eu nunca vi que anda por aí com o meu filho na barriga?

– Em poucas palavras, sim.

Chase Madison protegeu os olhos do sol que entrava pela janela do seu escritório e massajou as têmporas. Aquilo era coisa de Janis, sabia-o.

– Meu Deus! Se Janis não estivesse morta, matava-a.

– Ah, mas ainda falta o melhor!

Chase fechou os olhos tentando dominar-se.

– Dispara.

– Ela acha que tu és apenas um dador de sémen – disse, o que fez com que Chase sentisse algo asqueroso a agitar-se no seu interior. – E não está disposta a deixar que te aproximes da criança, nem sequer a dizer-te quando é que nasce.

– Isso é o que vamos ver.

Chase desligou o telefone, tinha a cabeça quase a explodir. Procurou o cadeirão mais próximo e pôs a cabeça entre as mãos. «Um dador de sémen». Estupendo. Como se o seu casamento já por si não tivesse sido a piada do século, agora sentia que Janis o perseguia do túmulo. Chase não lamentava a sua perda. Tinha-a sentido meses antes, durante um breve período depois do acidente, com o pouco carinho que ainda lhe restava por ela. Agora só sentia raiva e mágoa. Tinha-se aproveitado do seu emprego na clínica de fertilização para se vingar dele. Janis tinha acesso, e sabia Deus que tinha a motivação, mas com aquilo tinha-se superado a si mesma. Era repugnante.

Fora sempre a mesma coisa com a questão dos filhos. Ele queria tê-los, ela não podia. Em algum momento, ele não se importou. A sua única intenção era ser pai fosse de quem fosse. Queria sentir a doce energia que as crianças proporcionavam, o seu fascínio perante o descobrimento do mundo, queria amá-los e sentir-se amado. Afogando os seus sonhos secretos de ter um filho seu, convencera Janis a iniciarem os trâmites da adopção, uma espera de sete anos para conseguir um recém-nascido. Mas foi Janis, como gerente da clínica, que sugerira a possibilidade de contratar uma mãe de aluguer.

Chase não tinha gostado da ideia de uma estranha conceber um filho seu mediante a inseminação artificial. O mero nome parecia asséptico e impessoal. Não lhe entrava na cabeça que uma mulher suportasse uma gravidez e o parto para acabar renunciando aos direitos sobre a criança. Contudo, Janis convenceu-o de que era uma opção razoável com o argumento de que pelo menos teria o seu sangue.

«Deixaste-te convencer», acusou-o a sua consciência. O seu desejo de ter um filho era muito grande, mas tinha resistido. Recordava a humilhação de se encontrar numa diminuta sala esterilizada com o frasco das amostras na mão, o sofá de couro e um monte de cassetes de vídeo. Tinha obrigado Janis a acompanhá-lo. Agora recordava que ela se mostrara mais do que disposta a colaborar.

Duas semanas depois o seu mundo desmoronou-se. Ou, pelo menos, o que ele pensara do seu casamento. Demónios! Sabia que tinha terminado antes daquilo. Como sabia que ter filhos era um mau motivo para evitar a separação. Contudo, sentiu que lhe tinha roubado algo precioso e inestimável quando, um dia que levou o carro de Janis à oficina, descobriu as pílulas contraceptivas no porta-luvas. Janis não era estéril, só que nunca estivera disposta a ter filhos. Não queria que a sua careira ou a sua figura fossem afectadas. Que fossem fabricados pelas máquinas de ter bebés, dissera ela sem saber que ele escutava os seus amargos comentários do corredor. Quando chegou à porta do gabinete dela… Oh, como tentou dar-lhe uma explicação balbuciante! Mas, naquele momento, Chase tinha-a visto como verdadeiramente era, uma mulher egoísta, sem coração, um exemplo execrável para o seu futuro papel de mãe. Chase dissera-lhe que anulasse a sua ficha, o seu casamento e a sua doação.

Obviamente Janis não lhe fizera caso. Chase sabia que estava amargurada, mas aquilo? Chegar ao extremo de manipular os arquivos e as amostras? Porquê?

Por um bebé.

Pelo bebé de Chase.

Uma sensação cálida e incrível estendeu-se pelo seu peito, filtrando-se até às extremidades. Chase acomodou-se no seu cadeirão de couro para saborear a sensação porque sabia que não duraria, que não podia durar. Perguntou-se se Janis teria permitido deliberadamente que aquele sémen, que haveria de ser para a mãe de aluguer, chegasse a uma mulher que, alheia às suas maquinações, pensava que se tratava apenas de escolher genes e cromossomas num banco de esperma. Estava tão amargurada que se tinha preocupado em criar o bebé que ele tanto anelava só para o privar dele? Entristecia-o pensar que alguém pudesse ser tão vil.

Aproximou o bloco e leu o nome. Nem sequer se tratava de uma das possíveis mães de aluguer que tinham entrevistado.

Tessa Lightfoot.

Queria ter um filho, mas não desejava um pai.

«Muito bem, menina Lightfoot. Vai ter-nos aos dois». E a ele não podia ignorá-lo como aos outros dadores.

 

 

Tessa atendeu o telefone e rezou por ter entendido mal.

– Isto não pode estar a acontecer. Diz-me que não é verdade.

– É sim, maninha. E agora acalma-te.

– Estou calma.

– Claro que sim!

– Dia, por favor.

– Como tua advogada, aconselho-te a encontrares-te com ele.

– Nem pensar.

Tessa tirou um lenço de uma caixa e secou os olhos.

– Tessa, escuta – disse Dia no tom calmo que sempre a descontraía. Qualquer um teria pensado que Dia era a irmã mais velha. – Não é nenhum papão.

– Conhece-lo? – perguntou, pensando de imediato numa maldição que incluía verrugas e calvície.

– Não, só ao advogado dele.

– Os advogados comportam-se como uma alcateia de lobos, assim que isso não conta.

– Tem os seus direitos – recordou-lhe Dia com voz tensa.

– Não, não tem. Este bebé é só meu. Era suposto eu ter assegurado isso ao escolher o sémen de um banco de esperma. Se tivesse querido um pai, teria seguido o procedimento normal.

– E escolheste este. Porquê?

– Isso não tem importância agora. Foi um erro da clínica, que os processe a eles.

– Ele não vai processar ninguém. Só quer fazer parte da vida do bebé.

Uma onda de pânico invadiu Tessa.

– Não me estás a ouvir, Dia? Nunca!

– Tessa, senta-te.

Tessa deixou-se cair sobre um monte de almofadas.

– A maioria dos homens assustam-se como coelhos quando se lhes fala de gravidezes e de bebés.

Como o seu ex, pensou Tessa atirando a trança por cima do ombro com um gesto nervoso.

– Talvez só queira oferecer-te apoio económico – acrescentou Dia.

Tessa fez uma careta e depois olhou para o seu apartamento pequeno.

– Não preciso.

– Eu sei, mas dá-lhe a oportunidade de fazer as coisas correctamente. Se não, isto pode tornar-se muito desagradável.

Tessa compreendeu que interviria um juiz e os meios de comunicação, o seu filho teria uma alcunha como o Bebé M.

– Está bem, está bem. Vou fazê-lo, mas sob protesto. Uma entrevista, mais nada.

– Amanhã às nove no meu escritório.

Tessa franziu a testa suavemente.

– Tinhas assim tanta certeza de que ia aceitar?

– Pagas-me para saber do que precisas antes de tu mesma saberes.

– Ter vivido vinte anos juntas também ajuda, não?

O riso de Dia fez com que se despedissem a sorrir. Tessa pousou o telefone e aninhou-se nas almofadas com os braços abertos. Tirou as sandálias, contemplou o tecto e passou as mãos pela barriga. O bebé mexeu-se num movimento ondeante e lento. Tessa sentiu cada onda, sorriu e recuperou forças. Não ia permitir que aquele «indivíduo» aquela entidade a quem se negava a pôr um rosto, a convencesse. Aquele bebé era seu, era super-especial, super-querido e super-desejado, porque, quando era jovem era casada com Ryan, tivera a sua oportunidade e perdera-a.

O seu ex-marido nunca quis ser pai, jamais, e, apesar de dizer a Tessa que ela era tudo o que ele precisava, ela não quis acreditar nele. O desengano e a dura realidade atingiram-na quando o exame de gravidez deu positivo e Ryan lhe deu duas alternativas: aborto ou divórcio. O confronto tinha acabado com o casamento e só agora se apercebia de que a sua própria ingenuidade tinha permitido que acontecesse. O entusiasmo da juventude, pensava. Mas sofrer um aborto a meio do divórcio deixara-a completamente devastada. De repente, sentiu os olhos a picar. Acariciou o ventre, inspirou repetidamente para se tranquilizar. Enfurecia-se cada vez que pensava que Ryan voltara a correr para o lado dela assim que soube da notícia. Naquela altura, tinha ido buscar energias à sua raiva, concentrando-se na sua carreira e em alcançar a independência económica que lhe permitissem ter um filho sem necessidade de suportar um pai.

E quase tinha esperado demasiado.

Mas agora encontrava-se exactamente onde queria, disposta a combater aquele inimigo sem rosto com todos os meios antes de ceder às exigências arrogantes do «dador» e das suas pretenções de fazer parte da vida do seu filho.

– Vais ver que não acontece nada – disse ao filho que tinha na barriga.

Aquele Chase Madison não sabia o que o esperava ao pensar em enfrentar uma mulher que protegia o seu filho.