Editado por Harlequin Ibérica.
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© 2008 Barbara Hannay
© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
O coração do chefe, n.º 1203 - Janeiro 2016
Título original: Blind Date with the Boss
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Publicado em português em 2010
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-687-7745-0
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Epílogo
Se gostou deste livro…
Sally Finch parou à frente do espelho na bonita casa geminada que herdara recentemente e, depois, percebeu que tinha cometido um grande erro.
A entrevista de trabalho que tinha era muito importante. Se não começasse a ganhar dinheiro o quanto antes, seria impossível permanecer naquela linda casa que tanto amava e onde se sentia tão bem desde que tinha seis anos. Também não poderia começar a sua nova vida como mulher independente em Sidney, a meta que fixara para refazer a sua vida. Em resumo, nem sequer teria dinheiro para comer.
Sally estudou a imagem reflectida no espelho em silêncio e disse para si que, pelo menos, devia ser capaz de se reconhecer.
Como se enganara?
Levantara-se cedo, emocionada e excitada face às perspectivas do dia que acabara de começar e, depois de se lavar e de tomar um pequeno-almoço adequadamente nutritivo à base de fruta e iogurte na cozinha alegre e ensolarada de Chloe, ainda pensava na casa como se fosse da sua madrinha, subira os degraus de dois em dois até ao seu quarto para se arranjar.
O vestido azul-marinho que comprara para a ocasião assentava como uma luva. Tecido em pura lã virgem e com a gola branca, o vestido caía em linhas rectas e simples desde os ombros até aos joelhos e era o paradigma da simplicidade e da elegância. Sally escolhera-o com a esperança de oferecer uma imagem de eficiência e de profissionalismo, mas, naquele momento, ao olhar-se ao espelho, percebeu que tinha uma grande semelhança com a sua professora da terceira classe.
Além disso, o vestido parecia acentuar a sua magreza, uma magreza com que os seus irmãos tanto tinham gozado durante a sua infância, enquanto cavalgavam ou percorriam o rancho que a família possuía em Tarra-Binya.
Naquele momento, no entanto, com vinte e três anos e prestes a iniciar uma nova vida em Sidney, Sally gostaria de mostrar um pouco mais as suas curvas femininas.
O que é que Chloe teria achado do vestido?, perguntou-se. A sua madrinha fora uma mulher com muito estilo e uma capacidade invejável para tirar o máximo partido da vida, para além de ser uma mulher sensível e carinhosa capaz de encorajar a sua afilhada amada, mesmo nos momentos mais difíceis.
Mas, naquele momento, Chloe não estava ali para a ajudar e, reprimindo umas lágrimas que não podia derramar numa manhã tão importante, Sally inclinou a cabeça e estudou o seu cabelo. Talvez tivesse abusado um pouco.
Afinal de contas, a entrevista na Assessoria Mineira Blackcorp era para um emprego como recepcionista e, se lho dessem, estaria o dia todo a falar com todo o tipo de gente.
Sally era uma pessoa extrovertida que adorava relacionar-se com as pessoas e sempre tinha desejado ter um trabalho desse tipo. Mas, naquele momento, ao olhar-se ao espelho, disse para si que o seu aspecto era demasiado sério.
O coque estava a mais.
Freneticamente, começou a tirar os ganchos. Não tinha tempo para mudar de roupa, mas não podia aparecer na entrevista com aquele ar tão sério. Os caracóis loiros começaram a cair à volta da sua cara e a devolver-lhe a sua personalidade.
Naquele momento, a campainha da porta tocou.
Oh, não!
Naquele momento, não.
Quem poderia ser às oito da manhã?
Sally aproximou-se da janela e afastou a cortina. Então, viu a sua cunhada com a pequena Rose ao colo a tocar novamente à campainha.
– Anna! Estou no meu quarto! – gritou.
Anna levantou a cabeça. A sua expressão era tão pálida e aterrorizada que a primeira coisa que Sally pensou foi que tinha acontecido alguma coisa a Steve, o seu irmão, que trabalhava numa plataforma petrolífera em frente da Costa Ocidental australiana.
Sem pensar duas vezes, Sally desceu a correr para abrir a porta.
– O que se passa? É Steve? – perguntou, abrindo a porta.
– Não, Steve está bem. É Oliver. Tem um ataque de asma terrível.
Então, Sally viu o carro azul de Anna estacionado junto da porta. Ali estava o pequeno Oliver, de apenas três anos de idade, pálido como a cal e, sem dúvida, a fazer um grande esforço para respirar.
– Telefonei ao médico e disse-me para o levar directamente para o hospital – disse Anna.
– Pobrezinho! O que queres que faça?
– Pensei que poderias ficar com Rose – disse Anna, entregando-lhe a pequena. – Não posso levá-la comigo para o hospital.
Sally esteve prestes a dizer-lhe que tinha uma entrevista de trabalho importante da qual dependia o seu futuro em Sidney, mas não o fez. Anna precisava da sua ajuda e ela sabia quais eram as suas prioridades.
– Sabia que não te importarias – disse Anna que, sem esperar a resposta da sua cunhada, pousou a mala no chão. – Tudo o que precisas está aqui.
– Podes ir tranquila.
Sally olhou para a pequena de quinze meses, com caracóis loiros na cabeça e um sorriso encantador nos lábios e sentiu um aperto no coração.
O que faria com a menina enquanto ia à entrevista? Já estava a ficar atrasada e todas as suas esperanças giravam em torno de conseguir aquele emprego. Já tinha um bom número de contas pendentes que não podiam esperar mais.
– És maravilhosa, Sally! – exclamou Anna. – É maravilhoso ter alguém por perto – acrescentou, descendo a escada da entrada. Ao chegar ao último degrau, virou-se para olhar para ela com uma expressão curiosa. – O que raios fizeste ao teu cabelo? – perguntou, com estranheza.
– Oh…
Sally sabia que não devia ter muito bom aspecto, com o coque meio desfeito e ganchos pendurados por todo o cabelo.
– É uma experiência – respondeu, com um sorriso forçado. – Estava a tentar um novo estilo.
Anna encolheu os ombros, abanou a cabeça como se ela tivesse ficado maluca e desatou a correr para o carro.
Logan Black estava sentado no seu escritório, do qual se avistava todo o porto de Sidney, enquanto falava ao telefone.
– Lamento não poder dar-te uma resposta afirmativa neste momento, Charles, porque não posso considerar a proposta sem que…
Logan interrompeu-se a meio da frase. Poucas coisas o distraíam de uma conversa de trabalho, mas teria podido jurar que tinha ouvido um risinho por baixo da sua mesa.
Era impossível!
Ridículo!
– Como estava a dizer… – Logan voltou a interromper-se. Dessa vez, sentiu que lhe puxavam o atacador do sapato. – O que raios…?
Virando a poltrona de couro, baixou-se para dar uma olhadela ao que estava por baixo da sua secretária de madeira de cerejeira e quase deixou cair o telefone.
Uma menina sorria de orelha a orelha por baixo da mesa enquanto lhe segurava no atacador do sapato com uma força imprópria para a sua idade.
Logan praguejou e perguntou:
– Como chegaste até aí?
– O quê? De que estás a falar? – o presidente da principal empresa mineira da Austrália parecia confuso e impaciente do outro lado da linha.
– Um momento, Charles.
Logan olhou para a pequena intrusa sem entender como uma criança tão pequena conseguira entrar no seu escritório. E sem que ninguém a parasse.
Tentando conter a sua raiva, carregou no botão do intercomunicador e gritou:
– Marta!
Mas ninguém lhe respondeu. Também não apareceu ninguém à porta do escritório. Pior ainda, a pequena tinha abandonado os atacadores dos seus sapatos e estava a concentrar todas as suas energias em escalar pelas suas pernas, agarrando no tecido das calças.
– Afasta-te! – gritou-lhe Logan, no mesmo tom que teria usado com um cachorrinho brincalhão.
– Logan o que raios está a acontecer? – a voz de Charles Holmes ecoou do outro lado da linha.
– Desculpa, Charles – Logan pigarreou enquanto olhava para a menina, horrorizado. – Sur… surgiu uma coisa. Uma emergência. Telefonar-te-ei mais tarde. Mandar-te-ei as minhas sugestões por correio electrónico e falaremos da tua proposta.
Com o sobrolho franzido, Logan desligou e olhou para a pequena que tentava sentar-se no seu joelho.
A menina parecia um anjinho, com o cabelo loiro e uns olhos castanhos enormes e, a julgar pelo vestido cor-de-rosa bordado com patinhos e pelos sapatinhos brancos de pele, tinha uma mãe que se preocupava com ela. No entanto, naquele momento, a mãe fora especialmente descuidada.
– Onde estão os teus pais? – perguntou-lhe Logan.
– Arre, arre! – exclamou a menina, saltando vigorosamente sobre o seu sapato italiano.
– Não, nada de «arre, arre» – disse Logan, levantando-a no ar e pondo-a no chão. – Não tenho tempo para brincar contigo. Temos de encontrar os teus pais – voltou a carregar no botão do intercomunicador da sua secretária, mas dessa vez também não obteve resposta.
Logan levantou-se e chegou à porta com duas passadas. A mesa da sua assistente pessoal estava vazia.
Atrás de si, Logan ouviu outro risinho.
A menina estava outra vez debaixo da secretária, a espreitar e a esconder-se, como se estivesse a brincar às escondidas com ele.
Por um instante, Logan sentiu uma sensação inesperada e quente no peito. A menina era muito bonita e ele lembrou-se dos seus sobrinhos, os filhos da sua irmã. Devia visitá-los com mais frequência.
Mas voltou rapidamente à realidade quando a mão gordinha e rosada da menina segurou num fio do computador.
– Não, isso não! – exclamou e atirou-se para a mesa, sabendo perfeitamente que era demasiado tarde.