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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2010 Ally Blake

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Para ti, n.º 1244 - Maio 2016

Título original: Millionaire Dad’s SOS

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2010

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicadacom a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estãoregistadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7971-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

– De todos os hotéis do mundo, porque teve de vir precisamente para o meu?

Zach Jones estava à sombra de uma palmeira, à entrada da residência Waratah, a observar a mulher que descia os degraus de pedra do edifício principal do hotel e spa Juniper Falls Rainforest.

Não havia muitas razões pelas quais a sua equipa entrasse directamente em contacto com ele, já que tinha reputação de monstro. E, no entanto, a chegada da mulher que, naquele momento, tentava esconder uma massa de caracóis escuros por baixo de um boné tinha-lhes parecido suficientemente importante para o incomodarem. E o monstro alegrava-se.

Depois de ir correr um pouco, como fazia todos os dias, tinha esperado que aparecesse e, por fim, a espera tinha dado resultado. Apesar da roupa e dos óculos de sol, tinha-a reconhecido imediatamente. Não havia muitos homens no mundo que não a reconhecessem.

Embora usasse calções, t-shirt e sapatilhas, em vez de diamantes e um vestido elegante de marca, não havia forma de se enganar com aqueles caracóis e aquela figura que pedia aos gritos vestidos dos anos cinquenta e saltos altos.

A mulher que deixara a sua equipa com os nervos em franja assim que aparecera num desportivo vermelho, cheio de malas de marca e amigas, também não podia ser outra senão Meg Kelly.

– Bolas… – murmurou, escondendo-se mais um pouco entre as sombras, um lugar de que sempre tinha gostado mais do que da luz pública.

E muito mais do que os focos que Meg Kelly parecia trazer sempre consigo, tal era o seu magnetismo para a imprensa. Aquele tipo de atenção transformava-a no tipo de cliente que qualquer proprietário de hotel daria um braço para ter. Mas ele, não. Já não.

Meg desapareceu entre um conjunto de árvores e, quando apareceu novamente, estava inclinada para a frente, com o rabo marcado sob os calções…

Zach desviou o olhar, mas não tinha conseguido evitar que o seu sangue aquecesse e, nervoso, passou uma mão pela testa, dizendo a si mesmo que era efeito do sol. Mas olhou novamente para ver a pele entre a t-shirt e o elástico dos calções… O que era aquilo, uma tatuagem?

Zach revirou os olhos, respirando fundo.

A razão pela qual estava há alguns meses sem sair do hotel Juniper Falls, em vez de fazer o que fazia sempre, viajar de um lado para o outro para ampliar o seu império de hotéis, seria muito interessante para a imprensa cor-de-rosa da qual Meg Kelly era a capa.

E, por ele, poderiam dizer o que quisessem. Desde que deixara o carrossel de orfanatos e casas de acolhimento, ninguém lhe dizia quem era, quem deixava de ser ou onde tinha de chegar. Os seus sucessos e os seus erros eram só dele.

Mas, de todos os sucessos e erros da sua vida, a razão pela qual agora estava no meio de nenhures era a mais inviolável de todas.

De facto, tinha recebido uma chamada por essa razão e agora não atendia o telemóvel que lhe tinha comprado especificamente para que pudessem estar sempre em contacto.

Além disso, o seu homem em St. Barts tinha-lhe deixado uma mensagem a dizer que os inspectores da ilha não tinham dado carta-branca à inauguração do seu último hotel… E depois havia Meg Kelly. Tudo isso antes de começar o dia.

Zach não acreditava que aquela semana pudesse correr pior do que já estava a correr.

 

 

Meg não conseguia imaginar uma semana melhor.

– Ai, ai, ai! – exclamou ao ver que tinha uma bolha na planta do pé.

Muito bem, se tivesse um penso rápido na mala, seria melhor, mas tudo o resto era maravilhoso, pensou, respirando o ar fresco da manhã.

A respiração transformou-se num bocejo e depois, num sorriso que tentou disfarçar para que não a apanhassem a rir-se sozinha. A imprensa tinha-a dado como desaparecida e a única coisa que lhe faltava era que, além disso, dissessem que estava louca.

No entanto, a experiência dizia-lhe que alguém estava a observá-la e virou-se, mas tudo à sua volta estava tranquilo àquela hora da manhã. Certamente, seria apenas o sol que lhe fazia cócegas na pele.

Novamente, respirou fundo e voltou a sorrir, enquanto caminhava sobre a erva.

Se os seus irmãos pudessem vê-la levantada tão cedo e vestida com roupa desportiva, dar-lhes-ia um ataque de riso. Ela não fora feita para as actividades ao ar livre e só via o sol a nascer quando se deitava de madrugada.

Mas, naquela semana, não era Meg Kelly, capa de revista. Aquelas férias não iriam tornar-se uma reunião do Grupo de Investimentos Kelly. Naquela semana, graças às suas melhores amigas, era apenas uma rapariga que estava de férias.

Quando Rylie e Tabitha a tinham metido no Jaguar, dizendo que iam para um hotel em Gold Coast, em Queensland, tinha tido um momento de pânico.

Havia muita gente que contava com ela: eventos aos quais devia ir, vestidos de marcas que devia usar, jantares de beneficência em que se contava com a sua presença… e depois havia as mulheres e as crianças do centro de acolhimento Valley Women. Havia tal inércia na sua vida que era quase impossível parar.

Mas, depois de Tabitha lhe ter explicado que aquele hotel era mais do que um lugar onde desintoxicar o corpo, comendo produtos orgânicos e fazendo ioga e meditação, depressa tinha começado a gostar da ideia.

Quando as luzes da cidade tinham ficado para trás e o ar do mar começara a encher os seus pulmões, a ideia de se afastar, de passar uma semana livre de tensões, sem família, sem paparazzi, sem dramas, quase a tinha feito enjoar de alegria.

Embora os dramas, a família e os paparazzi já não a incomodassem, porque sempre tinham feito parte da maldição Kelly.

Mas os últimos meses tinham sido particularmente dramáticos inclusive para a sua família: noivados, fugas, experiências traumáticas… O tipo de escândalo que fazia com que os paparazzi os perseguissem a toda a hora.

Meg abanou a cabeça para tentar esquecer tudo, enquanto olhava à sua volta. Não via as raparigas. As suas raparigas, o seu apoio. As que se tinham dado conta de que estava agonizada, embora ela não tivesse dito uma palavra. Raparigas que, naquele momento, certamente continuariam a dormir.

– Tolas… – murmurou.

– Bom dia! – cumprimentou-a um empregado do hotel.

– Está uma manhã linda, não está?

O pobre homem esteve prestes a tropeçar ao dar-se conta de quem era e Meg teve de disfarçar um risinho. De modo que o boné, os óculos de sol e a roupa desportiva que tinha comprado numa das lojas do hotel não enganavam ninguém.

Enfim, era de imaginar.

 

 

Meg pôs-se atrás de um grupo de pessoas de meia-idade que ia correr pelo caminho que rodeava o hotel.

Fazendo um esforço para aquecer os seus músculos, Tabitha levantava os joelhos com entusiasmo, enquanto corria sem se mexer, enquanto Rylie, a rainha do Pilates, esticava as pernas.

Meg, por outro lado, tentava não se sentir estranha sem saltos.

– Aquele homem merece o preço do quarto – brincou Tabitha.

– Cala-te! – repreendeu-a Meg, enquanto tentava entender o que dizia a instrutora. – Disse que vamos correr quatro quilómetros esta manhã?

– Disse cinco.

Meg pôs os óculos de sol sobre a cabeça.

– Cinco?

– Cinco – repetiu Tabitha. – E presta atenção, acabei de ver um belo homem à direita. Está há cinco minutos a olhar para ti.

– Boa notícia… – suspirou Rylie, virando a cabeça. – Não, retiro. Aquele, sim, é uma boa notícia.

– Não vou olhar – Meg revirou os olhos.

– Pois, tu é que ficas a perder.

– Bom, vamos lá ver, onde?

– Por cima do teu ombro direito – disse Tabitha. – T-shirt, bermudas caqui, sapatilhas velhas, um boné a cair aos bocados…

Meg não teve de perguntar porque é que lhes parecia tão interessante. Nenhuma mulher conseguiria deixar de olhar para o homem que estava apoiado numa palmeira. Era alto, impressionante, com os ombros mais largos que já tinha visto. Não estava barbeado e o cabelo escuro aparecia sob o boné. Estava muito moreno, como se passasse metade da vida ao sol, e tinha os músculos de alguém que ganhava a vida a trabalhar com as mãos. De facto, parecia um modelo, mas muito mais masculino.

Para uma rapariga como ela, um íman para tipos de fato italiano e com uma agenda tão apertada que tinha de arranjar tempo para lavar o cabelo, aquele homem era uma revelação.

De repente, Meg sentiu que um calor estranho lhe subia à cara. E o facto de estarem trinta graus não tinha nada a ver. Mas ela era uma Kelly. Era preciso algo extraordinário para que uma Kelly suasse.

Embora não conseguisse ver-lhe os olhos sob a pala do boné, sentia que estava a olhar fixamente para ela. Os olhos estavam cravados no seu pescoço, no seu cabelo… nos seus lábios. E afectou-a tanto que teve de fazer um esforço para não lhes tocar.

E se aquilo fosse justamente o que precisava durante aquelas férias?, questionou-se. Muito mais do que de uma sessão de ioga ou de tai chi. Mais do que correr cinco quilómetros.

Conseguiria fazê-lo? Atrever-se-ia a fazê-lo? Considerando que cada passo, e cada tropeção, que dava acabavam por ser sabidos em todo o país, era preciso ter muita coragem. Mas aquele estranho poderia ser perfeito.

Meg olhou para ele e ofereceu-lhe um sorriso. Mas, depois de dar tantas voltas ao assunto, o homem não lho devolveu. Nada, como se não se tivesse dado conta de que estava a olhar para ele.

Meg sentiu que lhe ardiam as faces.

– Se não te tivéssemos raptado, isto não estaria a acontecer – disse Tabitha.

– Estou a tentar imaginá-lo, garanto-te – replicou ela, mortificada.

Meg deixou de olhar para o estranho e revirou os olhos.

– Talvez esteja a ver coisas – interveio Rylie, – mas não é Zach Jones?

– Onde é que já ouvi esse nome? – perguntou Meg.

– Fez parte da equipa olímpica de remo há alguns anos e, pelo que vejo, continua a fazer desporto. Agora, é o dono deste hotel e de mais uma dúzia por todo o mundo. Um homem que subiu a pulso, mas não se sabe muito sobre ele porque não concede entrevistas.

– Solteiro? – perguntou Tabitha.

– Perpetuamente solteiro – respondeu Rylie, com um sorriso nos lábios.

– Perfeito! O teu pai não gostaria dele, Meg.

– E? – perguntou ela.

– Tabitha tem razão – disse Rylie. – Não tens de sair sempre com os homens insípidos, sem ambição e sem personalidade, que o teu pai escolhe.

– Prefiro passar o meu tempo livre com homens que não comecem a falar de investimentos durante o jantar, muito obrigada. Já tenho de o aguentar na minha casa. Além disso, a única coisa boa de sair com homens insípidos é que não tentam chegar ao meu pai através de mim.

– Como queiras… – suspirou Tabitha.

Meg fez uma careta enquanto se virava. O que não tinha dito era que gostava de homens que não queriam compromissos, que não tinham pressa em formar uma família. Além disso, há algum tempo que não chegava ao extremo para chamar a atenção do seu pai. Para quê? Nunca resultara.

Rylie aproximou-se mais um pouco, para lhe dizer ao ouvido:

– Tem de ser Zach Jones, de certeza. É impossível dar com ele, mas, com uma entrevista dele, uma rapariga como eu poderia esquecer os programas matinais de televisão. Pergunto-me o que fará aqui, em vez de estar do outro lado do mundo a comprar hotéis. E cheira-me a alguma coisa.

Meg tentou controlar os caracóis que lhe escapavam do boné, olhando para o homem pelo canto do olho. Tinha inclinado a cabeça para um lado e o sol acertava-lhe em pleno na cara. Tinha uma estrutura óssea perfeita, pensou, e uns lábios tão perfeitos que lhe custava desviar o olhar. Mas toda aquela perfeição empalideceu quando finalmente viu os seus olhos. Que estavam cravados nos dela. Escuros, perigosos. Estava demasiado longe para saber de que cor eram, mas tinha a impressão de que poderia estar ao dobro da distância e que, mesmo assim, conseguiria senti-los.

Zach Jones. Aquele nome era-lhe familiar e pareceu-lhe ouvir a voz seca do seu pai, enquanto lia o Financial Times:

– Tornou-se demasiado grande em pouco tempo. Aquele teimoso está a abranger mais do que pode e, um dia, cairá.

Meg não sabia nada sobre ele, mas sabia que o seu pai nunca mencionava ninguém que não estivesse a um certo nível, fosse um cliente, um adversário ou um filho. E teve de engolir em seco.

Zach Jones não estava a tentar seduzi-la e também não parecia precisamente encantado ao vê-la. E, no entanto, começaram a tremer-lhe os joelhos.

Ele mexeu os ombros, como se se sentisse desconfortável. O primeiro sinal de que não era tão indiferente como queria dar a entender.

Esse pensamento fez com que Meg sentisse algo, não saberia dizer o quê. A sua reacção fez com que desse um passo atrás… e tivesse de se apoiar no outro pé ao sentir a dor na bolha.

O homem deu um passo para ela, fazendo-lhe sinal com a mão, e Meg soube que ele era o responsável por ter ficado sem ar.

Felizmente, conseguiu recuperar o equilíbrio e o estranho, que parecia prestes a ajudá-la, parou.

– Quando vamos começar a correr? – murmurou, entredentes.

Rylie estendeu uma mão para lhe dar um beliscão.

– Olha quem está desejosa de começar a correr de repente!

– Certamente – murmurou ela, mudando o peso do seu corpo de um pé para o outro.

Não era a primeira vez que um homem mostrava interesse por ela, naturalmente. Isso vinha como rótulo de «celebridade», tal como ser excessivamente adorada. Mas costumava acontecer ao longe e com estranhos para os quais não tinha de olhar nos olhos.

– Meg, anda cá! – chamou-a Tabitha, para que o estranho a ouvisse.

– O que estás a fazer?

– Vamos deixá-lo contigo – disse Rylie. – Conto contigo para que me consigas um exclusivo.

– Não, não, não! – suplicou-lhes Meg.

Mas já era demasiado tarde, porque as suas amigas já tinham começado a correr. Rylie, a corredora de maratonas, e Tabitha, a obcecada pelo ginásio. Meg não conseguiria acompanhar o seu ritmo, mesmo que quisesse fazê-lo. Nem sequer com a descarga de adrenalina que corria pelas suas veias naquele momento, sozinha no meio do caminho, com Zach Jones a aproximar-se dela.