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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2005 Anne Mather

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Sedução e inocência, n.º 948 - Julho 2016

Título original: The Virgin’s Seduction

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2006

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8818-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Ellie foi ter com Eve, que estava a limpar o estábulo de Storm. O trabalho já deveria estar acabado, mas Mick não aparecera naquela manhã e Eve oferecera-se para fazê-lo.

– Vem cá fora um instante, por favor – disse a idosa. – Preciso de falar contigo.

Eve não discutiu. Ninguém discutia com a sua avó, e a bengala da idosa ressoou no estábulo enquanto saía. Eve seguiu-a depois de deixar a forquilha em cima do carrinho de mão.

Era Novembro e o ar fresco da rua afastou rapidamente o cheiro vindo do estábulo.

– Cassie vem amanhã.

Eve sentiu um nó no estômago ao ouvir as palavras da sua avó, porém, consciente de que não convinha mostrar a sua reacção, limitou-se a encolher os ombros.

– Estás a falar de Cassandra?

– Não, estou a falar de Cassie – disse a idosa secamente, enquanto cobria os ombros com o xaile que levava. – Baptizei a minha filha como Cassie, não como Cassandra. Se ela quer utilizar esse nome tolo, eu não tenho de o fazer também.

Eve assentiu, mas pensou que era revelador a sua avó usar o xaile que Cassie lhe oferecera há alguns anos. Significaria aquilo que finalmente tinha perdoado a sua filha?

– Quanto tempo vai ficar? – perguntou num tom desenvolto, consciente de que, dissesse Ellie o que dissesse, não iria ser uma situação confortável para ninguém. Cassandra e ela nunca poderiam ser amigas e, provavelmente, a melhor solução seria que ela fosse para um hotel durante algumas semanas.

– Não disse – respondeu Ellie. – Como de costume, acha que tenho de me adaptar às suas necessidades. Além disso, vem acompanhada de um homem. Não sei quem é, mas, conhecendo Cassie, o mais provável é que se trate de alguém que lhe possa servir para subir na carreira.

– Se vier com um namorado não creio que tenha intenção de ficar muito tempo – disse Eve. – O que queres que eu faça?

Ellie semicerrou os olhos, muito parecidos com os da sua neta.

– E porque haveria de querer que fizesses alguma coisa? Só queria...

– Avisar-me?

– Só queria dizer-te – insistiu Ellie, tensa. – Se pudesse livrar-me dela, era o que teria feito.

– Não o terias feito, avó. Na verdade, adoras que ela te venha ver, embora vá utilizar este lugar como hotel privado como de costume.

– Eve...

– Garanto-te que te compreendo, Ellie. Portanto, querias que eu procurasse um lugar onde ficar enquanto Cassie cá estiver? Tenho a certeza de que Harry...

– Vamos deixar o nome do reverendo Murray fora disto – Ellie pareceu escandalizada perante a sugestão da sua neta. – Não podes ficar na sua casa. Não seria correcto. Além disso, esta é a tua casa. Não quero que te mudes.

– Está bem – disse Eve, mas, aparentemente, a sua avó não tinha acabado.

– Isto é Northumberland, não o norte de Londres. Já não estás a viver num chiqueiro.

Aquilo foi um golpe baixo. Ellie não costumava mencionar onde Eve estava a viver, quando a tinha ido salvar e, pela sua expressão, parecia que já se tinha arrependido de o ter feito. Mas não se podia ter esquecido que da última vez que Cassie a fora ver, Eve e ela apenas tinham trocado duas palavras.

Como se precisasse de ter a certeza, acrescentou:

– Estás a dizer que não te queres encontrar aqui com Cassie? – a ambivalência que a idosa sentia em relação à próxima visita ficou patente na expressão ansiosa do seu rosto. – Porque se for assim...

– Só pensei que as coisas seriam mais fáceis se eu não estivesse aqui – murmurou Eve. Não queria ferir Ellie, que, além da sua parente mais próxima, era sua amiga.

– Não seriam – declarou a sua avó com um golpe seco da bengala no chão. – Portanto não voltaremos a falar de Harry Murray. Além disso, está demasiado frio para continuarmos aqui. Falamos sobre isto mais tarde. Durante o jantar, talvez.

Mas Eve sabia que não o fariam. A sua avó já tinha falado e, ao seu modo, era tão egoísta como Cassie. Ela nunca teria abandonado a sua filha à nascença, certamente, nem teria ignorado a sua existência durante os primeiros quinze anos da sua vida, mas gostava de fazer as coisas à sua maneira e Eve não costumava sentir-se suficientemente forte para discutir com ela sobre nada.

– Presumo que não vás demorar para acabar, pois não? – perguntou Ellie, e Eve assentiu.

– Vou para casa assim que acabar as coisas do Storm.

– Está bem.

Eve teve a impressão de que a sua avó queria dizer mais alguma coisa, mas, em vez de o fazer, virou-se e dirigiu-se para casa.

 

 

O Aston Martin alugado avançava a grande velocidade em direcção ao norte. Jake gostava de conduzir na auto-estrada, sobretudo porque assim a viagem era mais rápida. Fora contrariado e, quanto mais depressa aquilo acabasse, melhor.

– Paramos para comer qualquer coisa?

Cassandra estava especialmente animada, mas Jake não respondeu como costumava fazê-lo. Aquilo não era correcto. Ele não devia estar ali. O facto de ir conhecer a mãe de Cassandra sugeria uma relação entre eles que simplesmente não existia.

Durante os últimos seis meses tinham-se visto de vez em quando, mas a relação não era a sério. Pelo menos da sua parte. Não tinha intenção de voltar a casar-se, nem de formar uma família com alguém como Cassandra. Gostava de estar com ela de vez em quando, mas sabia que não conseguiria viver com ela.

– Ouviste o que eu disse, querido?

– Sim, mas não vejo por aqui nenhum sítio para comer.

– Vamos chegar daqui a pouco a uma área de serviço – Cassandra apontou para um sinal de informação na estrada. – Vês? Só faltam cinco quilómetros.

– Não estou com vontade de comer batatas fritas frias e um hambúrguer – disse Jake enquanto vias as horas no relógio do tablier. – Ainda é uma menos um quarto. Chegaremos em menos de uma hora.

– Duvido.

Cassandra pareceu repentinamente mal-humorada e Jake virou um instante o rosto para olhar para ela.

– Disseste que eram só cerca de trezentos quilómetros, e já fizemos duzentos.

Cassandra encolheu os ombros.

– Acho que fiz mal as contas.

Jake apertou com força o volante.

– Achas?

Cassandra virou-se para ele com uma expressão de pedido de desculpas.

– Sabia que não terias aceite acompanhar-me se soubesses que tínhamos de fazer mais de quatrocentos e cinquenta quilómetros desde Londres – murmurou enquanto deslizava uma mão pela manga do casaco de Jake até pará-la no seu pulso.

Mas ele não respondeu à intimidade do contacto. Quatrocentos e cinquenta quilómetros. Aquilo significava que ainda faltavam mais de duas horas de viagem. Também significava que iam ter de parar para que Cassandra brincasse com uma salada e bebesse um café. Embora apenas consumisse comida saudável, insistia em beber café cada vez que tinha a oportunidade.

– Perdoas-me, não é, querido? – acrescentou Cassandra enquanto apoiava a cabeça no ombro de Jake. – Então... podemos parar? Preciso de ir à casa de banho.

Perante aquele pedido, Jake soube que não tinha outra opção senão parar. Sem dizer nada, indicou que ia virar à esquerda e entrou na área de serviço, que estava cheia de carros.

– Isto é divertido, não é? – perguntou Cassandra quando se sentaram depois de se terem servido no bufete do café. Como era hábito, serviu-se apenas de um pouco de salada. – Assim podemos passar mais tempo juntos.

– Poderíamos ter passado todo o tempo do mundo juntos se tivéssemos ficado na cidade – recordou-lhe Jake enquanto olhava muito desgostoso para a sua sandes. Quando aprenderiam os ingleses a fazê-las como deve ser?, interrogou-se com uma onda de nostalgia pela sua terra. Teria dado qualquer coisa para estar naquele momento nas Caraíbas.

– Eu sei, mas prometo-te que nos vamos divertir – disse Cassandra.

Jake duvidava. Pelo que Cassandra lhe contara, a sua mãe tinha mais de setenta anos. Ela fora uma filha tardia e o seu único irmão era quinze anos mais velho.

Jake não tinha a certeza da idade de Cassandra, mas pensava que estaria perto dos quarenta. Isso faria com que tivesse mais seis anos do que ele, embora isso nunca tivesse sido um problema. Além disso, no mundo da televisão e do teatro as actrizes e os actores tinham a idade que aparentavam.

– Fala-me de Watersmeet – disse, tentando mostrar-se positivo. – Quem vive lá para além da tua mãe? Disseste que é uma propriedade grande, portanto presumo que tenha gente a trabalhar para ela, ou não?

– Existe a senhora Blackwood, que é a governanta da casa, e o velho Bill Trivett, que trata do jardim e dos terrenos. Tivemos vários rapazes nos estábulos quando a minha mãe criava cavalos, mas agora os animais foram vendidos, portanto presumo que já não façam falta.

Jake franziu o sobrolho.

– Presumes?

Cassandra corou ligeiramente.

– Já não vou a casa há algum tempo – disse, na defensiva. Ao ver a expressão de Jake, acrescentou rapidamente – Estive ocupada, querido. E, como podes confirmar, Northumberland não fica propriamente perto.

– Existem aviões.

– Os bilhetes são caros e não quero andar a pedir dinheiro à minha mãe.

– Se tu o dizes.

Jake não ia discutir sobre algo que não lhe dizia respeito. Se Cassandra decidira descuidar a relação com a sua mãe, o problema era dela.

– A senhora Wilkes não tem ninguém que lhe faça companhia? – perguntou e viu que Cassandra voltava a corar.

– Existe Eve – respondeu, renitente. – E o apelido da minha mãe é Robertson, não Wilkes.

– A sério?

– Eu mudei de nome quando me mudei para Londres – explicou Cassandra, tensa. – Muitos actores fazem o mesmo.

Jake assentiu, porém, intrigado com a sua aparente reticência, perguntou:

– E Eve? É uma velha amiga da tua mãe?

– Não – a irritação de Cassandra começava a ser evidente, e Jake pensou o que teria feito para provocá-la. – Eve é... uma parente afastada. A minha mãe levou-a para viver com ela há uns dez anos.

– Para ter companhia?

– Em parte. De facto, trabalha como professora na escola da vila.

Jake não disse nada, no entanto, pela atitude de Cassandra, deduziu que não lhe agradava muito a presença daquela mulher na sua casa. Talvez tivesse ciúmes da relação que tinha com a sua mãe. De qualquer forma, ele agradecia a sua existência. Pelo menos haveria mais alguém para diluir a ambivalência da sua própria situação.

Chegaram a Falconbridge ao final da tarde. Apesar dos seus receios em relação à viagem, Jake teve de reconhecer que a paisagem da zona era linda, com as suas colinas verdes e um certo ar de mistério que permitia imaginar perfeitamente as legiões romanas ainda acampadas na região.

Cassandra tremeu no seu assento.

– Não entendo como alguém consegue viver aqui. Prefiro mil vezes as luzes e a animação da civilização.

– Eu acho que é um lugar lindo. Conheço muita gente que vive em Londres e que adoraria deixar para atrás as suas vidas ocupadas para vir para aqui. Mas nem toda a gente se pode dar a esse luxo.

Cassandra olhou para ele com uma expressão de incredulidade.

– Estás a dizer que preferias viver aqui do que em São Felipe?

– Não – respondeu Jake sinceramente. Por muito que gostasse de viajar, não havia lugar nenhum de que gostasse mais do que a sua terra natal. – Referia-me a Londres. Tens de admitir que é um lugar com demasiada gente.

– Eu gosto. Além disso, quando se trabalha nos meios de comunicação é preciso estar no meio da acção.

– Acho que tens razão – disse Jake, embora a verdade fosse que desde que conhecera Cassandra esta ainda não tivera mais do que um papel para anunciar um creme hidratante.

– A casa da minha mãe fica nos subúrbios – disse Cassandra. – Só tens de seguir a estrada para a encontrar. Fica depois de uma fileira de árvores.

Alguns minutos depois, chegavam à casa. De um lado do atalho havia rododendros enquanto do outro cresciam alguns álamos altos.

Watersmeet parecia ser uma edificação sólida e bem assente. Como as restantes casas da vila, era construída em pedra e tinha três andares. As janelas altas do primeiro andar rodeavam uma porta central, cuja luz iluminava o atalho da entrada.

– Já chegámos – disse Cassandra desnecessariamente, sem intenção aparente de sair do carro. – Pergunto-me se saberão que chegámos.

– Há uma forma de descobri-lo – disse Jake, e em seguida saiu do carro.

Estava a vestir o casaco quando se abriu a porta principal. Uma mulher alta e magra, de cabelo escuro, apareceu na soleira. Evidentemente, não se tratava da mãe de Cassandra, pensou Jake enquanto esta saía do carro e deixava escapar um suspiro de impaciência. Seria a parente afastada? Certamente, parecia demasiado jovem para ser a governanta da casa.

– Eve – disse Cassandra em jeito de saudação, e Jake percebeu no seu sorriso forçado a hostilidade evidente que sentia por aquela mulher. – Onde está a minha mãe? Pensei que nos viria receber.

Eve desceu os degraus da entrada para se aproximar deles. À luz da entrada Jake conseguiu distinguir o tom moreno da pele da jovem mulher, muito parecido com o dele. E embora não conseguisse vê-los com clareza, deduziu que os seus olhos também fossem escuros. Eve apenas lhe dedicou um olhar breve e depois fixou a sua atenção em Cassandra. A sua boca ficou tensa um momento antes de falar. Parecia sentir tão pouco entusiasmo com o encontro como a própria Cassandra.

– Receio que Ellie esteja de cama – disse, sem se incomodar em cumprimentar. – Ontem à tarde sofreu uma queda e o doutor McGuire acha que pode ter partido um dos ossos do tornozelo.

– Pode? – repetiu Cassandra. – Porque é que tem dúvidas em relação a isso? Não lhe deviam ter feito uma radiografia?

– Sim, mas queria estar aqui quando chegassem, e se tivesse ido para o hospital de Newcastle... – Eve encolheu os ombros. – Pedi uma ambulância para levá-la amanhã.

– Uma ambulância! – repetiu Cassandra, escandalizada. – Não podes levá-la tu?

O rosto de Eve era uma máscara de frieza.

– Tenho de ir trabalhar – respondeu, e em seguida olhou fixamente para Jake, pela primeira vez. – Não querem entrar?

Capítulo 2

 

Uma hora mais tarde, Eve conseguiu ir ao seu quarto para mudar de roupa para o jantar. Levara Cassandra a ver a mãe e depois acompanhara Jacob Romero ao quarto que ia ocupar sozinho, pois Ellie deixara bem claro que Cassie não ia dormir com o seu amante na sua casa.

Depois tinha feito o possível para se manter afastada tanto de Cassie como de Jacob Romero, com os seus olhos pretos intensos e os seus traços atraentes. Desde o primeiro instante em que o vira, sentira uma apreensão estranha e inexplicável.

A verdade era que esperava encontrar alguém mais velho. Afinal de contas, Cassie tinha quarenta e seis anos, e era evidente que Romero era bastante mais novo. Alto, com um metro e oitenta ou mais, com um peito musculado e umas ancas estreitas, parecia um homem forte e viril, uma impressão acentuada pelo seu cabelo curto.

Era... perigoso, pensou. Perigosamente atraente, pelo menos. E sexy, um adjectivo que no seu caso não era exagerado. Era fácil perceber o que Cassie via nele. O que preocupava a Eve era que ela também conseguia vê-lo.

Fez uma careta ao seu reflexo no espelho. Depois despiu-se e foi tomar banho. Estava a imaginar coisas, disse para si própria. Há dez anos atrás, não se teria sentido tão afectada pelo olhar de um homem. Mas nessa altura era mais dura e espevitada. Suavizara-se muito ao longo dos anos em que estava a viver com a sua avó. Baixara a guarda que levantara desde que tivera idade suficiente para compreender.

Um momento depois, enquanto secava o cabelo, pensou no conteúdo do seu armário. Para além da roupa que usava para a escola, só tinha as calças de ganga e as blusas que usava em casa. A sua avó comprara-lhe um vestido de veludo preto para as raras vezes em que saía, mas não tinha a intenção de chamar a atenção de Cassie usando algo totalmente inadequado para jantar em casa.

Sentiu a tentação de deixar o cabelo solto, coisa que fazia com frequência depois de o lavar, mas decidiu que também não queria chamar a atenção com aquilo, de maneira que fez a sua trança habitual.

Depois de muita deliberação vestiu um top com decote em forma de V feito de algodão elástico. A cor verde ficava bem com o tom da sua pele.

Mas esteve prestes a tirá-lo ao ver como lhe ficava bem. Comprara-o numa das suas viagens pouco comuns a Newcastle e depois abandonara-o no fundo de uma gaveta porque não lhe parecera adequado para levar para a escola. Ao vê-lo novamente pensou que não se enganara. Era uma peça de roupa mais adequada para a altura em que a sua avó a tinha encontrado a viver num chiqueiro do que para a jovem em que se transformara.

Mas já era demasiado tarde para estar com dúvidas. Além disso, não acreditava que fosse comer com os convidados da sua avó. Não tinha intenção de deixar a sua avó comer sozinha nem de discutir com Cassie.

Depois de vestir umas calças de bombazina, maquilhar-se um pouco e calçar-se, saiu rapidamente do quarto para não voltar a mudar de opinião.

Primeiro foi à cozinha para ver como se estava a sair a senhora Blackwood. A idosa governanta da casa não estava habituada a ter convidados, mas havia muito poucas coisas que a afectassem naquelas alturas. Naquele momento estava a preparar croquetes de presunto acompanhados de um molho da sua especialidade feito de abacate.