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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2005 Emma Darcy

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Fama e fortuna, n.º 947 - Setembro 2016

Título original: The Ramirez Bride

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2006

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8839-5

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Uma encomenda do Brasil… Um mensageiro entregara-a com instruções de que o próprio Nick Ramirez assinasse o recibo para ter a certeza de que o recebia pessoalmente.

O mensageiro saiu do escritório e Nick ficou com o olhar cravado nas suas costas. Não queria olhar para a encomenda que tinha sobre a mesa nem queria abri-la. O remetente tinha de ser o seu pai, o seu pai biológico, que não ganhara o direito de saber nada da sua vida e muito menos de entrar nela. Essa porta fechara-se há dezasseis anos.

Não. Há mais tempo, muito mais.

Nick tinha agora trinta e quatro anos e fora aos sete anos que sentira, com toda a sua crueldade, a sensação de rejeição absoluta. Nick agitou-se na cadeira ao recordar a época em que era uma criança que pouco percebia da vida. A descarga de adrenalina afastava-o da encomenda do Brasil. Aos sete anos era um ser inocente, apanhado numa rede de enganos de adultos, que tentava encontrar o seu lugar, até que compreendera com espanto que não tinha lugar nenhum.

Tivera de aprender a construir um lugar próprio.

Aquele escritório fazia parte do seu lugar, o posto de comando da agência publicitária que ocupava dois andares de um emblemático edifício em Circular Quay com vista para o porto de Sidney. Era a sua empresa. Construíra-a sozinho segundo o seu conceito das necessidades do mercado e acertara. Fora um êxito categórico.

Nick, junto à janela da qual via o edifício da ópera, pensou com alguma ironia que o mundo inteiro sabia que o sexo vendia. O sexo com elegância e sedução. No entanto, ele sabia-o de uma forma muito pessoal. Apresentava-o melhor do que ninguém, elaborava imagens apelativas e inesquecíveis que conseguiam fazer com que o produto anunciado ficasse gravado na cabeça das pessoas. O seu estilo publicitário transformara-o num homem muito rico que podia ter vistas como aquela, tanto no seu local de trabalho, como no último andar onde vivia, em Woolloomooloo.

Chegara ao poder. Era um homem vencedor que não precisava dos seus «pais», homens ricos e poderosos que a sua mãe conquistara para satisfazer os caprichos do seu ambicioso coração.

Quando ele era uma criança e um adolescente, eles deram-lhe muito dinheiro para agradá-la. Nick empregara esse dinheiro para financiar as suas metas e ambições. Porque não? Esse dinheiro acabara por não ser um pesadelo para eles.

No entanto, já não aceitava nada deles. Não precisava, nem queria.

Além disso, era demasiado tarde para Enrique Ramirez lhe oferecer alguma coisa. Tivera duas oportunidades para ter um papel na sua vida. Da primeira vez, fugira e, depois, quando Nick tinha dezoito anos e se apresentara no Rio de Janeiro para o conhecer, ele recebera-o com fúria e ressentimento por ser tão imprudente ao apresentar-se em sua casa como seu filho.

– O que é que queres de mim? O que é que achas que podes tirar-me?

– Nada – respondera Nick perante o desprezo absoluto do brasileiro milionário. – Só queria conhecer te pessoalmente, mas vou adoptar o teu apelido, agora que comprovei que me pertence.

Não se podia negar a herança genética. Os dois tinham um cabelo abundante e castanho, pele morena, olhos verdes e profundos, um nariz longo e aristocrata, maçãs do rosto bem demarcadas, um queixo quadrado e firme, com uma covinha, uma boca sensual e um físico atlético.

Era, na verdade, seu filho e quando voltara para a Austrália, reclamara o seu apelido, Ramirez, mediante um acordo unilateral. Pelo menos isso não era uma mentira, mas quanto à encomenda que chegara do Brasil… Nick pretendia rebelar-se contra qualquer efeito que Enrique pudesse pensar que tinha sobre ele.

O telefone tocou. Foi até à sua secretária e atendeu-o.

– É a senhora Condor. Quer falar consigo – informou a sua secretária.

Era a sua mãe, com quem discutira duas vezes essa manhã.

– Pode passar a chamada. Mãe?

– Querido, aconteceu uma coisa incrível. Temos de falar.

– Já estamos a falar.

– Quero dizer que temos de nos ver. Podes receber-me agora de manhã? Vou agora para o centro da cidade. É importante, Nick. Recebi uma encomenda do Brasil.

Nick apertou as mandíbulas.

– Eu também – replicou ele laconicamente.

– Ah… – o tom foi de surpresa e desilusão. – Bom, ia dar-te a novidade suavemente, já que era teu pai, mas suponho que já não seja preciso – suspirou teatralmente. – Que perda! Enrique andava pelos sessenta anos. Era demasiado jovem para morrer. Um homem tão viril e altivo…

Nick sentiu um aperto no coração. Instintivamente, recusou-se a acreditar que o seu pai Enrique tivesse morrido. Nunca conheceria o seu pai. Olhou para o embrulho que estava sobre a mesa. Era o seu último contacto.

– Ofereceu-me um colar de esmeraldas maravilhoso…

Ela falava com prazer enquanto o descrevia. A sua mãe adorava as coisas bonitas e ensinara-lhe o poder do sexo com elegância e sedução. Cada homem que passara pela sua cama, marido ou amante, pagara generosamente por esse privilégio.

Ela já estava no seu quinto casamento e Nick sabia que, se ela encontrasse outro multimilionário atraente, os seus lindos e ambiciosos olhos se fixariam nele. Embora não tivesse conseguido prender Enrique Ramirez como marido.

A verdade era que, certamente, não se quisera casar com um brasileiro e ir viver para um país estrangeiro. Fora suficiente que o jogador de pólo tivesse sido juiz no concurso de Miss Universo que se celebrara no Rio do Janeiro no ano em que Nadia Kilman ganhara.

Naturalmente, não tivera a intenção de ficar grávida dele. Fora um acidente infeliz, sobretudo quando ela tencionava casar-se com Brian Steele, o herdeiro de Andrew Steele, o poderoso magnata da mineração. No entanto uma mulher com encantos tão persuasivos era perfeitamente capaz de convencer o marido que o escolhera para ser o pai do filho que estava à espera. Esse fora o argumento definitivo para que o casamento se celebrasse.

O casamento, normalmente, significava a renúncia ao título de Miss Universo, no entanto a sua mãe ganhara o título e nunca renunciara a ele e, inclusive, vivera sempre a relembrar esse facto.

Nick recordou toda a relação entre mãe e filho enquanto ela continuava a falar das minas de esmeraldas que Ramirez tinha na Bolívia, como se ele tivesse algum direito legal sobre elas. Também se perguntou se ele teria sido filho de Brian Steele se este não tivesse descoberto o engano. Inclusive depois do divórcio, e quando tanto o seu pai como a sua mãe estavam, novamente, casados, Nick continuou a achar que Brian era o seu pai natural, até que lhe perguntou porque é que ele não o visitava na escola nem ia ver as suas competições desportivas como faziam os outros pais divorciados.

– Pergunta-o à tua mãe – fora a sua resposta seca.

– Eu não tenho culpa por já não amares a minha mãe – replicou Nick furioso por semelhante injustiça. – Não sou só filho dela, também sou teu filho.

– Não, não és.

Nick, atónito, magoado e furioso, resistira a tal rejeição.

– Não podes divorciar-te dos filhos. És meu pai. Só porque formaste outra família não significa…

– Não sou teu pai – afirmou, outra vez, com a cara vermelha de raiva. – Nunca fui. Vê-te ao espelho! Não somos nada parecidos.

A incredulidade tentou rebater a emoção. Era verdade que ele não tinha o cabelo vermelho, nem a pele clara, nem os olhos azuis, mas era óbvio que herdara o tom moreno da sua mãe, por isso concluíra que era por esse motivo que o seu pai o odiava, porque o recordava dela.

– Simplesmente, não gostas de mim, não é?

Nick confrontou-o com a amargura de uma vítima de um casamento acabado, na esperança de que ele reconhecesse o facto de ser seu pai.

– Não. Porque é que havia de gostar de um filho bastardo de outro homem? O verdadeiro nome do teu pai é Enrique Ramirez e, quando não está a jogar pólo pelo mundo, vive no Brasil. Não me parece que venha ver-te jogar futebol, mas podes pedir à tua mãe que entre em contacto com ele.

Nick, depois de saber a verdade sobre o seu novo pai e com a obstinação de um menino de sete anos, confrontara a sua mãe.

– Querido, lamento muito que te sintas mal por saberes que Brian não é teu pai – a sua mãe sorrira com compaixão. – No entanto tens um padrasto perfeito, Harry, que é muito mais divertido…

– Quero conhecer o meu verdadeiro pai – insistiu Nick.

– Ele está casado, querido. Receio que não haja nenhuma possibilidade de que se divorcie. Está tudo relacionado com a religião e com a política do país dele – ela agitou elegantemente as mãos. – Nunca podíamos formar uma família mesmo que quiséssemos.

– Ele sabe que eu existo?

– Sim – ela suspirou pesarosamente. – Foi um daqueles acasos da vida. Ele vinha à Austrália para jogar pólo e o teu avô, bom, como já sabes, ele não é o teu verdadeiro avô, convidou-o para jogar no terreno que tem perto de Singleton. Foi um fim-de-semana e não pude deixar de ir. Além disso, pensei que Enrique seria discreto e fingiria não me conhecer – voltou a suspirar. – Ver-te apanhou-o desprevenido.

– Reconheceu-me como filho dele?

– Bom, a tua idade e o teu aspecto… Tive de reconhecer a verdade e ele utilizou o segredo para…

Para fazer chantagem e ir para a cama com ela.

Isso fora a única coisa que ele significara para o seu pai biológico: um filho bastardo muito oportuno, que lhe permitira voltar a ir para a cama com a ex-Miss Universo. Embora Nick suspeitasse que o atraente brasileiro não precisasse de muitas ajudas para o conseguir.

Não se importava com o risco de um escândalo. Não se importava que Nick soubesse das suas aventuras, do passado e daquele momento.

– A tua mãe desejava-me tanto como eu a ela.

Essa foi a frívola desculpa que Enrique dera a Nick, quando este reprovara as consequências do que fizera. Não havia qualquer indício de remorso. Estendeu elegantemente as mãos.

– Ela podia ter recusado. Nunca fiz amor com uma mulher que não o desejasse. Foi uma decisão dela. Era a vida dela.

– E a minha vida não interessava – condenara Nick. Enrique estalara os dedos perante o que considerara ser uma queixa estúpida.

– Eu dei-te a vida. Tenta desfrutá-la. Pensar no passado não te vai trazer nenhuma felicidade.

Fora um bom conselho e Nick seguira-o.

Por isso é que não queria tocar na encomenda chegada do Brasil.

– O que é que ele te ofereceu, querido? – perguntou-lhe a sua mãe cheia de curiosidade.

O colar de esmeraldas despertara a sua avidez pelos tesouros brasileiros.

– Eu diria que quase todos os meus traços físicos – respondeu Nick com ironia.

– Eu sei, querido, mas não me referia a isso e tu sabes bem. Não sejas chato. Ele escreveu-me, dizendo que o colar era um agradecimento por lhe ter dado um filho tão impressionante. Evidentemente, se Enrique estava tão contente contigo, deve ter-te deixado mais do que um colar.

– Ainda não abri a encomenda.

– Pois então, abre. Quero saber de tudo quando chegar ao teu escritório. Isto é tão emocionante, que estou excitadíssima. O teu pai era incrivelmente rico, sabias?

Sim, efectivamente, sabia. Vira as incríveis riquezas que Enrique guardava na sua casa. Era uma riqueza antiga, daquelas que pertenciam à aristocracia e eram conservadas de geração em geração.

No entanto, Nick não as queria. Ele recusava tudo aquilo que significara mais para o seu pai do que ter contacto com o seu próprio filho.

– Estou aí dentro de quinze minutos – avisou a sua mãe. – Não te parece maravilhoso que se lembre de ti depois de tantos anos?

Ela, como sempre, só via o mundo do seu ponto de vista.

– Não, não me parece maravilhoso. Aliás, parece-me insultante que o meu pai tenha esperado para estar morto para me conceder algum reconhecimento.

– Não sejas tão rígido, Nick. O que passou passou. Deves aproveitar ao máximo aquilo que tens.

Esse era o sólido e imutável princípio sobre o qual Nadia Kilman-Steele-Manning-Lloyd-Hardwick-Condor construíra a sua vida.

– Claro, mãe. Estou desejoso de te ver a ti e ao teu colar.

Colar que ela exibiria assim que tivesse uma boa oportunidade. Já estavam em meados de Novembro e não teria de esperar muito para que a temporada de festas estivesse no seu apogeu.

Nick desligou e voltou a olhar para o embrulho. Por um lado, queria atirá-lo para o lixo, mas por outro lado, queria saber quanto valia para o seu pai. Decidiu, com algum cinismo, que o melhor para conseguir esquecê-lo, completamente, seria saber até onde chegara o seu pai.

Abriu a encomenda. Continha duas cartas.

Uma, como era previsível, era de um advogado, Javier Estes, que administrava os bens de Ramirez. A outra, surpreendentemente, fora escrita pela mão do próprio Enrique e era dirigida a Nick. O conteúdo era espantoso já que mostrava um conhecimento profundo de quase todos os detalhes da vida de Nick, e o comentário final mudava, por completo, todo o seu mundo.

Ele continuava absorto com tudo aquilo, quando a sua secretária abriu a porta que separava os dois escritórios e a sua mãe fez a sua entrada espampanante. As suas entradas eram sempre assim.

Mesmo aos cinquenta e cinco anos, embora parecesse que tinha trinta e cinco, era um exemplo perfeito de beleza e sedução femininas.

Em qualquer lugar, todas as pessoas se viravam para olhar para ela, ficando fascinadas e com a sensação de serem insignificantes ao seu lado. A Miss Universo continuava a exibir-se como se acabasse de ganhar o título. O seu cabelo, longo, ondulado e brilhante, parecia de seda e pedia que o acariciassem. Os seus olhos grandes eram hipnotizadores. Se os fixava num homem, ele parecia afogar-se neles. Tinha um nariz perfeito, uma boca de lábios carnudos e irresistíveis e uns dentes brancos e brilhantes.

Naturalmente, o seu pescoço esbelto estava sempre adornado com alguma jóia impressionante que complementava a sua impressionante beleza e a sua impressionante roupa de marca. Naquele dia ia vestida de branco e preto com alguns toques de vermelho.

Assim que fechou a porta, ela estendeu as mãos para que lhe desse o que tinha ido procurar.

– E então…? – perguntou-lhe Nadia com um sorriso desafiador.

Nick deu a volta à mesa e apoiou-se na parte da frente, enquanto olhava para a sua mãe com algum cinismo brincalhão.

– Acho que não és a única mulher que recebeu um colar de esmeraldas esta manhã.

Ela franziu o sobrolho, expressão dificultada pelos inumeráveis tratamentos com botox.

– O que é que queres dizer com isso?

– Aparentemente, o meu pai divertiu-se por todo o mundo quando era jogador de pólo. Tenho um meio-irmão em Inglaterra e outro nos Estados Unidos. Os dois impressionaram o meu pai exactamente como eu. O que significa, sem dúvida, que ele estava igualmente grato às suas mães.

– Ah! – ela encolheu os ombros e esboçou um sorriso melancólico. – Ele era irresistível. Tenho a certeza de que qualquer mulher se apaixonaria por ele. Lamento muito por ti, Nick. Suponho que isso significa que Enrique dividiu a sua herança em três partes…

Nick não se importava com a herança. Ele queria conhecer os seus meios-irmãos. No entanto, para conseguir fazê-lo tinha de cumprir um capricho disparatado do falecido. Ele queria reviver uma vida diferente através do seu filho ilegítimo, uma vida de amor e compromisso, fidelidade e paternidade. Nick tinha de se casar e engravidar a sua mulher num prazo de doze meses ou não poderia ver os seus meios-irmãos.

Essa era a vontade de Enrique e o desafio de Nick.

Nick não acreditava no amor, nem no casamento nem nas famílias felizes, no entanto podia cumprir aquelas condições e fá-lo-ia para conhecer os seus meios-irmãos. Eles eram a sua verdadeira família. Queria conhecer os outros filhos bastardos de Enrique Ramirez, queria saber se eram parecidos com ele, queria sentir que não estava sozinho.

– Não há nenhuma herança – mentiu Nick para evitar que a sua mãe começasse a maquinar como esbanjá-la. – O meu pai concedeu-me, amavelmente, a possibilidade de conhecer a família que fui à procura quando tinha dezoito anos. Pode parecer pouco e demasiado tarde, mas…

– Meios-irmãos… – ela franziu ainda mais o sobrolho. – Vais à procura deles?

– Não sei como encontrá-los. Eles, ao contrário de mim, não sabem que Enrique era o pai deles e o apelido Ramirez não significa nada para eles. Diz-me que me revelarão as suas identidades quando a partilha for feita. Posso esperar. Até lá, dedicar-me-ei à minha empresa, se tu me deixares… – Nick foi até à porta e abriu-a. – Obrigado pela tua visita. Fico contente por teres gostado do colar.

– Não estás decepcionado?

– Se não esperares nada, também não te podes decepcionar.

– Como é… – deu-lhe uma palmadinha na face com um gesto fingido de desespero. – Devias ter lutado para que Enrique te conhecesse quando estava vivo. Sempre foste muito orgulhoso, Nick. Demasiado independente.

– É o resultado das circunstâncias da minha vida. Adeus, mãe.

Ela aceitou a insinuação. Certamente estaria ansiosa por saber quanto valia o colar e, consequentemente, quanto valia ela para Enrique Ramirez. A sua mãe percebia muito de Matemática quando se tratava de calcular o benefício que obtivera das suas relações.

Quando ficou sozinho, Nick concentrou-se em encontrar a fórmula para chegar à meta que queria, sem pagar demasiado por isso. Não tinha informação suficiente, nem nomes, nem descrições, nem idades, para tentar encontrar os seus meios-irmãos. A única forma de os conhecer seria seguir o caminho indicado por Enrique.

Não tencionava renunciar à possibilidade de conhecer a sua família «verdadeira». Isso significava que primeiro teria de se casar e ser pai. A questão estava em conseguir uma situação que ele conseguisse suportar. Não queria que o seu filho sofresse devido a um divórcio nem pela sensação de não se sentir desejado. Se tinha de ter um filho, também tinha de criar um ambiente estável para ele.

Não deixava de pensar numa mulher.

Confiava que Tess seria perfeita para ele e para o filho de ambos.

Estava quase certo de que poderia chegar a um acordo com ela, um acordo sensato e legal que protegesse todas as partes. Tess não era como as outras mulheres que conhecia, essas mulheres que fariam qualquer coisa para se casar com ele por ser quem era. Tess não queria nada dele, não queria nada de nenhum homem. No entanto podia querer ter um filho. Além disso, ela sabia de onde ele vinha. Tessa Steele vinha do mesmo lugar.

Era a verdadeira filha de Brian Steele e tinha opinião própria e seguira a sua própria vida, como Nick.

A questão era saber se estaria interessada em viver com ele com o objectivo de terem um filho juntos.