Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

© 2010 Lindsay Armstrong. Todos os direitos reservados.

AVENTURA A DOIS, N.º 1388 - Maio 2012

Título original: The Socialite and the Cattle King

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em portugués em 2012

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

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I.S.B.N.: 978-84-687-0291-9

Editor responsável: Luis Pugni

ePub: Publidisa

CAPÍTULO 1

Holly Harding tinha o mundo aos seus pés ou, pelo menos, devia tê-lo tido.

Filha única de pais ricos, apesar de o seu pai ter falecido, devia ter dormido à sombra da bananeira e cumprido os desejos que a sua mãe tinha para ela: ter um bom casamento que, é óbvio, também fosse feliz.

No entanto, Holly tinha outros planos. Não é que estivesse contra o casamento, mas não se sentia preparada. Às vezes, perguntava-se se alguma vez estaria.

Ela era jornalista, embora às vezes participasse na vida social para contentar a sua mãe, Sylvia Harding, uma conhecida dama da alta sociedade. Em duas dessas ocasiões, encontrara Brett Wyndham, com resultados desastrosos.

– Um baile de máscaras e um almoço de beneficência? Deves ter enlouquecido – disse Brett Wyndham à sua irmã Sue.

Acabara de chegar da Índia e estava cansado e irritado. E os planos da sua irmã não tinham melhorado o seu ânimo.

– Não é para tanto – insistiu Sue.

Com quase trinta anos e de cabelos escuros, como o seu irmão, era uma mulher pequena e bonita, ao contrário do seu irmão. Mas também estava um pouco pálida e tensa.

– Além disso, será por uma boa causa, pelo menos, o almoço. Qual é o mal de arrecadar dinheiro para um refúgio de animais? Sei que são apenas cães e gatos, mas…

– Não os suporto – respondeu ele, com um ar cansado. – Não suporto almoços. Nem as mulheres…

– As mulheres? – interrompeu-o Sue. – Não costumas ter problema com isso. O que se passa com as mulheres?

Brett quase abriu a boca para responder que eram as mulheres mais feias que vira na sua vida, desde o cabelo pintado até às pestanas postiças, passando pelas sobrancelhas depiladas, as unhas postiças e o bronzeado. No entanto, guardou a sua opinião, já que Sue estava impecavelmente arranjada e vestida com roupa muito cara.

– Os seus perfumes bastam para me provocar alergia – respondeu. – E, sinceramente, tenho um problema com transformar atos de beneficência em festas de alta sociedade para trepadores sociais e pessoas que procuram publicidade.

– Brett, por favor!

– Quanto ao baile de máscaras – Brett Wyndham não estava disposto a ceder, – não suporto que os homens façam figuras de parvos. E quando uma mulher se disfarça, ou tenta, mostra o pior que tem dentro dela.

– A que te referes?

– Quero dizer, querida, que desenvolve um instinto quase predador – pela primeira vez, um brilho de humor apareceu nos seus olhos. – Se não tivermos cuidado, podemos acordar atordoados, atados e a caminho do altar.

– Não penso que tenhas tido semelhante problema antes – Sue sorriu.

– Dentro de pouco tempo, vai celebrar-se o casamento do nosso irmão, Mike, com Aria – o seu irmão encolheu os ombros, – foi por isso que voltei. E, certamente, haverá muitas festas.

O sorriso desapareceu do rosto de Sue enquanto as lágrimas enchiam os seus olhos.

– Susie? – Brett franziu o sobrolho. – O que se passa?

– Deixei Brendan. Descobri que estava a ser infiel.

Brendan era o marido da sua irmã há três anos. Brett fechou os olhos. Podia dizer-lhe «eu bem te avisei », mas optou por abraçar a jovem.

– Tinhas razão sobre ele – queixou-se Sue. – Estava atrás do meu dinheiro.

– Suponho que todos devemos cometer os nossos próprios erros.

– Sim, mas sinto-me tão estúpida. E – conteve um soluço, – tenho a impressão de que todos se riem de mim. Segundo parece, era um segredo bem conhecido e eu fui a última a descobrir.

– Costuma acontecer.

– Certamente, mas isso não faz com que me sinta melhor.

– Continuas apaixonada por ele? – perguntou Brett.

– Não! Quero dizer, como poderia estar?

O seu irmão sorriu distraidamente.

– Mas sei uma coisa – continuou ela, decidida. –Recuso-me a ser o bobo da corte.

– Susie…

– Sou a mecenas da sociedade de proteção de animais de modo que tenho de ir ao almoço – insistiu. –O baile é uma das atividades planeadas para as corridas de inverno. Faço parte do comité e também devo ir e tenciono assegurar-me de que todos sabem quem sou. Mas… – deixou-se cair ligeiramente contra ele, – apreciaria um pouco de apoio moral.

– Desculpa? – perguntou Mike Rafferty ao seu chefe, Brett Wyndham.

Estavam no apartamento de Brett com vista para o rio Brisbane e para as curvas elegantes da ponte Jolly. Sue, que insistira em ir buscá-lo ao aeroporto, acabara de se ir embora.

– Tu ouviste – respondeu Brett, secamente.

– Pediste-me para escrever um comunicado a informar que vais a um almoço de beneficência amanhã e a um baile de máscaras na sexta-feira. Não consigo acreditar.

– Não exageres, Mike – avisou Brett. – Não estou de bom humor.

– Claro que não. Até poderia ser… Agradável.

Brett lançou-lhe um olhar assassino e aproximou-se da janela. Com os cabelos curtos, escuros e despenteados, a sombra da barba incipiente no queixo, a intensidade do olhar escuro, própria de uma águia, e a estatura e envergadura de ombros, a primeira coisa que alguém pensava ao vê-lo era num membro dos SWAT.

No entanto, Brett Wyndham era veterinário especializado em salvar espécies em perigo de extinção, quanto mais perigosas melhor, como rinocerontes, elefantes e tigres.

Num dia normal de trabalho, saltava de helicópteros com dardos tranquilizadores ou atirava-se de paraquedas sobre a selva. Também administrava a fortuna familiar que incluía uma enorme exploração ganadeira. E desde que tomara as rédeas do império Wyndham, triplicara a fortuna, tornando-se multimilionário. Nunca concedia entrevistas. No entanto, o seu trabalho fora descoberto, chamando a atenção do público.

O secretário de Brett, Mike Rafferty, ocupava-se de proteger a privacidade do seu chefe em Brisbane, para além de tratar dos seus deveres em Haywire, uma das maiores explorações ganadeiras do norte de Queensland e o lugar a que os Wyndham chamavam lar, assim como no complexo hoteleiro de Palm Cove.

– Vais fazer declarações à imprensa? – perguntou. – Haverá cobertura do almoço de amanhã, embora possas ir ao baile sem ninguém saber.

– Não. Não falarei com ninguém embora, segundo a minha irmã, a minha presença dê uma certa solenidade ao ato – respondeu ele, com uma careta.

– Certamente – assentiu Mike. – De que vais mascararte no baile de máscaras?

– Não tenho ideia. Decide-o, mas… Mike, que seja discreto – Brett gemeu. – Nada de símios, nem coroas, nem Tarzan – fez uma pausa e bocejou. – E agora vou para a cama.

– Mãe – observou Holly na manhã seguinte, – não me convence muito o fato. Não devia ser um almoço de beneficência? – olhou-se ao espelho. Vestia um fato justo com casaco preto e gola em «V», sobre uma saia branca e preta muito curta. As sandálias, pretas de salto alto, deixavam expostas umas unhas cor-de-rosa acabadas de pintar a condizer com as das mãos. Tinha uma gargantilha de pérolas da sua mãe com os brincos a condizer.

– Claro que é – respondeu Sylvia. – Um ato de beneficência muito exclusivo. As entradas custam uma fortuna, embora sejam dedutíveis nos impostos – indicou. – Estás impressionante, querida!

Holly fez uma careta de desagrado e virou-se para o espelho. Estavam no seu quarto da residência familiar, uma casa antiga encantadora sobre uma colina em Balmoral. Regressara a casa da sua mãe depois da morte do seu pai, para que Sylvia não estivesse sozinha. A situação era muito vantajosa e era por isso que acedia de vez em quando aos caprichos da mãe, assistindo àquele tipo de eventos.

Além disso, sabia que a sua mãe desfrutava da sua companhia e adorava vestir a sua filha.

Holly era bastante alta e muito magra, duas coisas que lhe permitiam usar aquela roupa, embora preferisse vestir-se de maneira informal. Não se considerava grande coisa, embora admitisse ter uns olhos azuis bonitos e um cabelo loiro espesso, embora difícil de pentear.

Naquele momento, tinha um coque elaborado cheio de ganchos para segurar as madeixas no seu lugar. O cabeleireiro de Sylvia também lhe arranjara as unhas.

Apesar da obsessão de Sylvia pela vida social, Holly adorava a sua mãe e compadecia-se da solidão que sentia desde que enviuvara. No entanto, a pessoa mais importante na sua vida fora o seu pai.

Se tivesse nascido noutra época, Richard Harding teria sido uma espécie de doutor Livingstone ou senhor Stanley. Herdara uma fortuna considerável e deleitarase a viajar para conhecer lugares longínquos e pessoas de outras culturas e também para escrever sobre tudo isso. O motivo de se ter casado com alguém tão oposto continuava a ser um mistério para a sua filha, embora os seus pais se mostrassem felizes juntos.

No entanto, nas suas expedições, Richard fizera-se acompanhar por Holly. E a consequência fora uma boa, embora informal, educação complementada pela escola tradicional e uma fluidez em francês, espanhol e um pouco de suaíli.

Tudo isso tinha favorecido o emprego de Holly como repórter de viagens para uma importante revista, embora a sua especialidade fossem os lugares inacessíveis. Para chegar ao seu destino andava em camelos iracundos, burros teimosos e veículos de aspeto perigoso conduzidos por autênticos maníacos.

Segundo Glenn Shepherd, o seu editor, por fora parecia frágil, mas no seu interior escondia a dureza do aço e tivera de enfrentar mais de uma situação complicada.

– Não sei – dissera ela, encolhendo os ombros face ao comentário. – Às vezes, parecer tola e frágil faz maravilhas.

– E aquele xeque que te apresentou as suas esposas para que te juntasses ao clã? – o seu chefe tinha sorrido. – Ou esse bandido mexicano que queria casar-se contigo?

– Ah, aí sim, tive de mostrar muita ingenuidade. E tive de lhe roubar o carro – admitira Holly, – embora depois lho tenha devolvido. Glenn, passei alguns anos a viajar sem parar, há alguma possibilidade de mudar?

– Pensava que gostavas de o fazer.

– E adoro, mas também quero ampliar a minha carreira como jornalista. Eu adoraria poder fazer uma reportagem de investigação ou a entrevista do século.

– Holly – Glenn inclinara-se para ela, – não digo que não és capaz, mas só tens vinte e quatro anos. Certa… perspicácia requer um pouco mais de tempo. Vais conseguir, mas enquanto isso continuarás a trabalhar como até agora. Quanto à entrevista, a nossa política é que qualquer empregado pode tentar fazê-la, sempre dentro da ética. Se for suficientemente boa, publicá-la-emos, mas aviso-te: tem de ser excecional.

– Em quê?

– Sobretudo, no fator surpresa – ele encolhera os ombros. – Brett Wyndham, por exemplo.

– Isso é como pedir a lua – replicara ela, com uma careta.

Holly regressou à realidade e deu uma última olhadela ao espelho.

– Se tens a certeza… – dirigiu-se à sua mãe. – Não achas que estamos demasiado arranjadas?

– Não – limitou-se a responder Sylvia.

Holly teve de dar razão à sua mãe assim que entrou no exclusivo restaurante Milton, transformado numa estufa tropical. Quase sem nenhuma exceção, as mulheres estavam impecavelmente penteadas e vestidas com roupas de marca. As joias reluziam sob os candeeiros e muitos usavam chapéu. Além disso, a maioria parecia conhecer-se, de maneira que a reunião foi muito cordial, coisa a que o vinho ajudou. Os assuntos de conversa giraram em torno do cruzeiro mais recente, as férias na neve ou em alguma ilha tropical, para além do eterno lamento de como era difícil encontrar uma boa empregada de lar.

Também havia homens, mas em clara minoria. Um deles sentou-se junto de Holly.

«Meu Deus!», pensou, alarmada.

O homem era alto e de proporções bonitas. Moreno e de aspeto satânico. Tinha um ar de vitalidade reprimida combinada com arrogância e, no seu conjunto, conseguiu fazer com que Holly sentisse um arrepio.

Vestia de maneira informal com umas calças caqui, um casaco desportivo e uma camisa azul. Observou, mal-humorado, os assistentes antes de concentrar a sua atenção no primeiro orador.

A benfeitora da proteção de animais apresentou-se como Sue Murray. Era baixa e morena e estava visivelmente tensa, já que se enganou algumas vezes antes de olhar fixamente para o homem sentado junto de Holly, respirar fundo e continuar o discurso com fluidez. Fez um breve resumo das atividades da organização e dos planos de futuro antes de agradecer aos assistentes pela sua presença.

– Pobrezinha – sussurrou Sylvia, ao ouvido da sua filha. – O seu marido enganou-a. Querida, importas-te que me sente noutra mesa? Acabei de ver uma velha amiga.

– Não faz mal – respondeu Holly, antes de se virar para o homem sentado junto dela. O lugar contíguo ao seu também estava vazio, de maneira que ambos formavam uma pequena ilha. – Tudo bem?

– E contigo? – perguntou ele, friamente, enquanto a estudava de cima a baixo com o olhar sem perder nenhum detalhe.

Holly teve a sensação de que estava a imaginá-la nua, a valorizar o seu potencial como companheira de cama.

Os olhos azuis emitiram um brilho de raiva e Holly baixou o olhar face à atenção inesperada do seu companheiro de mesa e à sua própria reação inesperada à mesma.

Abriu a boca, disposta a praguejar, mas ele adiantou-se, sorrindo com insolência descarada, como se soubesse o efeito que tinha gerado nela.

– És uma grande defensora dos refúgios de animais? – perguntou, com ceticismo.

– Não… Bom, não é que seja contra eles – Holly sentiu-se momentaneamente atordoada. – Mas não é o motivo da minha presença aqui.

Os olhos do homem abandonaram-na brevemente e concentraram-se descaradamente em Sue Murray, que se apresentava de mesa em mesa. Depois, devolveulhe toda a sua atenção.

– E porque estás aqui?

– Vim com a minha mãe.

– Isso parece tirado da lista oficial de desculpas que a Direção Geral de Viação publica anualmente – ele olhou para ela com um brilho de diversão. – «A minha mãe pediu-me para me apressar, por isso excedi o limite de velocidade.»

Se não se sentisse tão irritada e se o comentário não fosse tão acertado, Holly teria percebido o humor na situação.

– Que engraçado – observou, friamente. – Mas tenho de te dizer que já estou a lamentá-lo. E para tua informação, não estou de acordo com este tipo de eventos de beneficência.

– Que estranho – ele levantou uma sobrancelha. –Pareces encaixar.

– Encaixar no quê?

– Na alta sociedade profissional – o homem encolheu os ombros. – Mostrar filantropia para escalar posições na sociedade – observou atentamente a mão esquerda em que não havia nenhum anel. – Talvez procures um marido rico? – acrescentou, com ironia delicada, embora letal.

Holly deu um salto que repetiu quando o olhar daquele homem pousou descaradamente no seu decote. Era evidente que estava a despi-la com o olhar.

Cerrou os dentes com força enquanto se recriminava por não ter permanecido fiel a si própria. Não deveria ter-se vestido assim nem ter-se penteado de forma tão tensa que sentia dor de cabeça. E tudo para apoiar uma causa, embora no fundo fosse evidente que estava a transmitir a mensagem errada.

Por outro lado, pensou, não lhe dava o direito de a insultar.

– Se me permites dizer-te – observou. – Penso que as tuas maneiras são atrozes.

– Em que sentido?

– A razão por que estou aqui não é assunto teu e, se voltares a despir-me com o olhar, não respondo pelos meus atos – acrescentou. – Sou muito capaz de cuidar de mim própria e não sou assim tão inocente.

– Palavras de disputa – murmurou ele. – Embora…

– Sei o que vais dizer – interrompeu-o ela. – Trata-se de pura química – olhou para ele com desprezo. – Que truque tão velho! Nem sequer o meu bandido mexicano usou algo parecido, ainda que, pensando bem, o xeque o tenha feito. Bom, penso que sim – abanou a mão no ar. – Às vezes, ganhamos e, outras vezes, perdemos.

– Parece que tens uma vida interessante – ele pestanejou.

– Sim.

– Não estás a inventar?

– Não – Holly cruzou os braços e aguardou.

– O quê? – perguntou ele, depois de um silêncio com inquietação fingida.

– Acho que um pedido de desculpas seria mais do que apropriado.

O homem limitou-se a observá-la em silêncio e, depois de alguns segundos, os seus olhares fundiram-se, surpreendentemente para Holly. Na sala só pareciam estar eles.

Para Holly, foi uma experiência de absorção, não só através do olhar, mas também através de cada poro da sua pele, da essência daquele homem de aspeto físico invejável. Não só era alto, bronzeado e parecia em muito boa forma, como estar sentado num ato de beneficência não parecia habitual nele. Tinha as mãos grandes e bem formadas. Os seus cabelos escuros eram curtos e o seu rosto possuía umas feições interessantes, embora difíceis de decifrar.

Na verdade, concluiu, havia algo perigoso e dinamicamente atraente naquele homem que a fazia pensar em ser acariciada pelas suas mãos até enlouquecer.

«Que estupidez!», recriminou-se. «Que fantasia de adolescente!»

No entanto, não deixou de sentir um calafrio estranho que alterou a sua respiração e fez com que o seu coração acelerasse de tal forma na base da garganta que as pérolas da gargantilha começaram a mexer-se. Para sua surpresa, os mamilos ficaram duros, fazendo com que o contacto com o sutiã de seda fosse quase insuportável.

Holly tentou recuperar a compostura enquanto o olhar escuro voltava a examiná-la.

– Não sei nada sobre o bandido ou o xeque – o homem quebrou o feitiço, – mas não posso evitar pensar que existe uma química entre nós.

– Vou-me embora – Holly voltou à realidade e levantouse de repente.

– Por favor, não o faças por mim – ele recostou-se e encolheu os ombros. – Além disso, o que farás com a tua mãe?

– Vou levá-la! – exclamou ela, enquanto se afastava da mesa.

– Lamento muito – desculpou-se Holly, agarran do-se com força ao volante. A sua mãe continuava estupefacta. – Mas aquele homem sentado ao meu lado era… impossível, cansativo.

– Brett Wyndham insinuou-se? – perguntou Sylvia, enquanto se agarrava ao banco. – Holly, querida, não aceleres tanto.

– Brett Wyndham… – Holly não só diminuiu a velocidade, como também carregou no travão a fundo. – Aquele homem era Brett Wyndham?

– Claro, o irmão de Sue Murray. Certamente, isso explica a sua presença ali. Já te contei que estava a passar por problemas no seu casamento e possivelmente estava a apoiá-la moralmente. Nunca o tinha visto numa festa de beneficência, nem em nenhuma outra festa.

– Se soubesse! – Holly soltou o volante e segurou a cabeça entre as mãos. – Mas teria sido diferente? Mostrou-se excessivo… Era por isso que olhava tanto para ela.

– Para quem?

– Para a sua irmã. Quando desviava o olhar de mim – continuou Holly, com amargura. – Por outro lado, podia ter visto o lado divertido. Podia tê-lo evitado com humor.

– Se soubesse do que estás a falar, podia mostrar-me de acordo ou não – queixou-se a sua mãe.

– Lamento – Holly virou-se para ela e abraçou-a. – Por tudo. E não me faças caso, é que uma entrevista com Brett Wyndham seria o catalisador de que a minha carreira precisa.

CAPÍTULO 2

Dois dias depois, Holly não via a maneira de evitar ir ao baile de máscaras.

Cada vez que puxava o assunto, Sylvia explicava que alteraria a composição das mesas e que já dispunha de uma máscara perfeita para ela.

– E com quem vamos? – perguntou Holly.

– Com dois casais e um cavalheiro amigo com o seu filho – declarou a sua mãe.

Holly já conhecia esse cavalheiro amigo, embora não conhecesse o seu filho. Ao perguntar sobre ele, soube que só tinha vinte e um anos, mas que era um rapaz muito maduro e agradável.

– Maduro com vinte e um anos? – Holly não conseguiu evitar sentir-se cética. Normalmente, essas duas palavras não costumavam estar na mesma frase.

Apesar de não sentir vontade de ir à festa, ao recordar a vergonha que fizera passar a sua mãe durante o almoço, decidiu ceder.

Infelizmente, a lembrança do almoço foi acompanhada pela lembrança de Brett Wyndham. Escandalizouse com o comportamento desse homem. E quem não o faria? Acusara-a de ser uma profissional das festas e uma caçadora de fortunas.

É óbvio que na sua atitude subjazia o evidente desprazer que sentia por aquele almoço. Por que outra razão questionaria os seus motivos para estar ali? No entanto, como encaixava isso no facto de a sua irmã ser a benfeitora da sociedade de proteção dos animais?

O mais irónico, no entanto, era que o seu aborrecimento tinha ficado mitigado por duas coisas. A primeira era a excitação que aquele homem tinha despertado nela. Em resumo, era o primeiro homem que a excitava fisicamente desde… desde há muito tempo.

E a segunda coisa era o temor de ter desperdiçado uma oportunidade de ouro de conseguir a entrevista da sua vida, a que garantiria um bom futuro à sua carreira.