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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2012 Jacqueline Baird. Todos os direitos reservados.

O REGRESSO DE UMA ESPOSA, N.º 1505 - Novembro 2013

Título original: Return of The Moralis Wife

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

™ ®,Harlequin, logotipo Harlequin e Sabrina são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-3755-3

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

Prólogo

 

Orion Moralis, Rion para os seus amigos, tamborilou impacientemente sobre o volante do fabuloso carro desportivo. Atenas era famosa pelos seus engarrafamentos, de modo que não estranhou ver-se apanhado num. Chegaria atrasado ao maldito jantar a que não lhe apetecia ir. E tudo por culpa do seu pai.

Rion tinha chegado na noite anterior de uma viagem de negócios de dois meses pelos Estados Unidos da América. Às oito da manhã, a campainha tocara e o seu pai irrompera no apartamento.

– A que se deve este prazer inesperado? – perguntara. A resposta surpreendera-o.

– Ontem almocei com Mark Stakis e acedeu a vender a sua empresa por um preço realmente bom – o pai de Rion mencionara uma quantia. – O que te parece? – perguntara com ar resplandecente. – Ainda não perdi o jeito.

A determinação do seu pai em conseguir a empresa naval de Stakis convertera-se numa obsessão. Rion não estava a par, mas sabia que a empresa valia muito mais do que o dono pedia. Aquele homem estava a oferecer o negócio, mas o seu pai mostrava-se visivelmente encantado. Tinha previsto aposentar-se no outono e aquele seria o seu último negócio. Ainda bem, pois era evidente que tinha perdido o juízo se acreditava realmente que a oferta de venda era genuína.

– Onde está a armadilha? – perguntara Rion, secamente.

– Bom, Stakis mencionou algumas condições. Em primeiro lugar, quer algumas ações da corporação Moralis, em vez de dinheiro. Em segundo lugar, quer que te cases com a sua neta para se assegurar de que alguém do seu sangue continue ligado ao negócio que foi a sua vida e a do seu pai antes dele.

– Incrível! – Rion não podia acreditar no que ouvia. – Não pensava casar-me até daqui a alguns anos, se é que me casarei alguma vez. E, além disso, no caso da neta de Stakis há um impedimento físico. O homem não tem nenhuma neta. O seu filho, Benedict, a esposa e os filhos adolescentes faleceram num acidente de helicóptero há anos, esqueceste-te?

– Claro que não me esqueci! – respondeu o seu pai, irado. – Aquilo foi uma tragédia!

E, então, contou-lhe a história. Benedict Stakis tivera uma filha com uma inglesa quando a sua esposa estava grávida de gémeos. Stakis tinha descoberto a existência da neta ilegítima depois da morte do seu filho. Pelos vistos, Benedict tinha convencido a inglesa a manter o segredo em troca de um fideicomisso para a menina. Em setembro passado, Mark Stakis conhecera finalmente a rapariga, Selina Taylor. Terminado o ano escolar, a jovem passava as férias na Grécia com ele.

– Pretendes que me case com uma adolescente? – Rion soltou uma gargalhada. – Falas a sério?

– Falo a sério e não tem nenhuma graça. A rapariga não é nenhuma criança, tem quase dezanove anos. Está na casa que Stakis tem na capital. Mark oferece uma festa esta noite para a apresentar à sociedade. Poderás conhecê-la e pensar nisso.

– Não preciso de pensar. Decididamente, digo que não.

– Pelo menos, acede a conhecê-la. Este negócio é demasiado bom para o descartar.

E fora precisamente o que Rion fizera: descartara-o. E, então, o seu pai começara a nomear algumas das suas antigas namoradas, incluindo um certo incidente quando Rion fora fotografado à saída de um clube noturno a discutir com o fotógrafo sobre uma mulher casada de não muito boa reputação. Naquela ocasião, tinha-lhe aconselhado que arranjasse uma boa mulher e deixasse de frequentar as más, das quais tanto parecia gostar.

O seu pai tinha concluído que teria de adiar a aposentadoria, pois não lhe agradava a ideia de deixar o negócio familiar nas mãos do filho enquanto não tivesse assentado a cabeça.

Ao seu pai não incomodava um pouco de chantagem emocional, mas ambos sabiam que Rion levara a empresa naval Moralis ao lugar que ocupava naquele momento no plano internacional. E Rion também sabia que, depois do último enfarte, o médico do seu pai lhe tinha aconselhado seriamente a reforma. Para não falar de como Helen, a sua madrasta, ficaria furiosa se se visse obrigada a adiar o cruzeiro à volta do mundo que tinha planeado para celebrar a aposentadoria do seu pai em setembro.

Por fim, tinha acedido a ir ao jantar, mas deixara muito claro que não prometia mais nada e só o fizera para agradar ao seu pai, que contemplava aquele negócio como a cereja no topo do bolo de uma carreira bem-sucedida. Certamente, acabaria por conseguir a empresa naval Stakis, mas teria de o fazer sem que o filho se casasse com uma adolescente.

A ideia de um casamento por negócios não entrava nos seus planos. Na realidade, considerava igualmente inaceitável um casamento por amor. Nem sequer tinha a certeza de que existisse tal sentimento.

Amava os seus pais e teria jurado que eles se tinham amado, mas, seis meses depois de a sua mãe morrer, quando ele tinha onze anos, o seu pai tinha voltado a casar-se, com Helen, a secretária, a qual engravidara. Aquilo magoara profundamente Rion, que ainda chorava a morte da sua mãe. Aos dezanove anos, acreditara-se apaixonado por Lydia, uma jovem impressionante, três anos mais velha do que ele. No ano que tinham passado juntos, tinha ampliado consideravelmente os seus conhecimentos sexuais, sobretudo quanto às muitas e variadas formas de dar prazer a uma mulher.

Rion tinha considerado seriamente pedir-lhe que se casasse com ele, mas mudara bruscamente de opinião ao encontrá-la na cama... com outra mulher. Lydia tinha-se rido e sugerido que se unisse a elas, mas ele recusara-se, sentindo-se traído. E jamais se declarara a ela. Não obstante, tinham continuado a ser amigos.

Então, tinha compreendido porque Lydia fora tão boa professora.

Aos vinte e oito anos, Rion já tinha aprendido a selecionar melhor as companheiras. Gostava de mulheres sofisticadas que aceitavam desde o princípio que só lhes oferecia prazer enquanto durasse. Não era homem de compromissos. Tivera umas quantas relações, mas não tinha voltado a acreditar-se apaixonado.

A residência dos Stakis situava-se no melhor bairro de Atenas. Um longo caminho conduzia a uma entrada impressionante. Não sabendo quantos convidados assistiriam ao jantar, optou por estacionar o carro no início do caminho para assim poder ir-se embora rapidamente. Tinha planeado para mais tarde uma noite tórrida com Chloe, uma modelo com a qual já saíra em duas ocasiões, e caminhou alegremente para a casa, pensando na perspetiva de acabar com dois meses de celibato assim que concluísse o jantar.

Uma empregada abriu a porta e guiou-o até à sala onde os convidados estavam reunidos.

Rion parou ao ver a jovem com que conversava a sua meia-irmã, Iris. Devia ser a neta de Stakis e não tinha nada a ver com o que imaginara encontrar. E, certamente, não era nenhuma adolescente a julgar pela reação imediata do seu corpo. Selina Taylor possuía um corpo fantástico e Rion teve de fazer um verdadeiro esforço para controlar a dureza prazenteira que crescia entre as suas pernas.

Media cerca de um metro e setenta e possuía uns seios firmes e redondos, uma cintura estreita, ancas finas e pernas fabulosas, perfeitamente visíveis sob o vestido curto verde-esmeralda e as sandálias sensuais de salto alto.

De perto, era ainda mais impressionante. Os seus cabelos eram de um tom ruivo-dourado e os caracóis emolduravam o rosto oval perfeito. A pele era pálida e suave quando não se ruborizava, algo que fez em muitas ocasiões ao longo da noite.

Mas inclusive com o rosto corado era encantadora. Os olhos expressivos fascinaram-no. Eram grandes e felinos, de uma cor indefinível: castanhos ou âmbar com um toque esverdeado foi o máximo que pôde adivinhar. Quando se ria, os olhos emitiam reflexos dourados e quando o olhavam abriam-se muito, quase impressionados. A Rion parecia-lhe lisonjeador e incrivelmente excitante.

Toda ela estava envolta num halo de inocência genuína, disso não tinha a mínima dúvida. Tinha experiência suficiente com mulheres que tinham tentado fingir inocência.

– Há quanto tempo estudas grego, Selina? – perguntou-lhe durante o jantar, numa tentativa de saber mais dela.

A resposta surpreendeu-o. A jovem falava italiano e francês, e estudava grego desde que conhecera o seu avô. Não obstante, especializara-se em chinês e árabe, e no outono iria para a universidade.

Certamente, era uma jovem brilhante e curiosamente ingénua. Rion era um homem experimente, habituado a receber os cuidados das mulheres, e era mais do que evidente o interesse que tinha despertado nela. Em qualquer outra circunstância, teria entrado no jogo da atração física mútua, mas Selina era-lhe totalmente proibida. Apesar do físico impressionante e da evidente falta de experiência com os homens.

O café foi servido e, com a sua firmeza habitual, Rion afastou Selina da mente. Depois de beber alguns goles da chávena, bebeu o resto de um gole e, empurrando a cadeira para trás, levantou-se. Agradeceu o convite a Mark Stakis e inventou a desculpa de uma videoconferência marcada para aquela noite com os Estados Unidos da América.

– É uma pena que tenhas tanta pressa, mas não deixes que te atrasemos – Mark Stakis sorriu. – Podes ir pelo jardim, assim será mais rápido – virou-se para a sua neta. – Selina, mostra o caminho a Rion. Poupar-lhe-á tempo.

Como é óbvio, a rapariga aceitou e levantou-se rapidamente da cadeira. Rion surpreendeu-se com o descaramento do idoso, mas não fez nenhum comentário. Seguiu Selina escada abaixo até ao jardim. A coitada não tinha ideia de que o avô tentava casá-la.

– Calma... – Rion agarrou-a pelo braço para evitar que caísse ao prender o salto da sandália no chão. – Não tenho assim tanta pressa para permitir que partas esse bonito pescoço – deslizou os dedos pelo braço delicado e agarrou-lhe a mão. – Diz-me, Selina, gostas de viver na Grécia com o teu avô? Deve ser muito diferente da Inglaterra.

– Não tem nada a ver – assentiu ela. – O meu avô vive rodeado de luxo – olhou para ele. – Na realidade, surpreendeu-me saber que tinha um avô, ainda agora me custa a acreditar.

Selina sorriu, sem fazer menção de se soltar da mão de Rion, e, enquanto caminhavam pelo jardim pouco iluminado, contou-lhe tudo sobre a sua vida. A sua mãe falecera e vivia com a sua tia Peggy. Não era a sua primeira visita ao continente, mas no Natal passado fora a sua primeira visita à Grécia.

Rion sentiu-se pesaroso por Selina. A sua mãe tinha-lhe negado a existência do seu pai, o seu pai tinha-a ignorado e o seu avô pretendia casá-la por motivos pessoais. Deslizou o olhar dos olhos grandes até à boca doce e, de repente, já não sentiu pena, mas uma compulsão de a consolar, de a beijar, só uma vez...

Deslizando as mãos pela sua cintura, puxou-a para si. Baixou a cabeça e roçou-lhe os lábios com ternura. Tinha pretendido que fosse um beijo breve, mas o seu sabor foi imediatamente viciante. Sentiu-a a tremer enquanto empurrava com a língua para que separasse os lábios e o deixasse entrar. Selina cambaleou, rodeando-lhe o pescoço com os braços, e apertou o corpo contra ele.

Rion sabia que devia parar, mas estava enfeitiçado por aquela jovem, pelo seu cheiro, pelo seu sabor, pelos seus movimentos inocentes. Por fim, dolorosamente excitado, respirou fundo e afastou-se dela, embora a segurasse até recuperar o fôlego. Selina tinha as pupilas dilatadas e um olhar carregado de desejo que não podia disfarçar. E soube que tinha de a ver novamente.

Selina era tão sensual e tão ingénua ao mesmo tempo, que sentiu a necessidade de a proteger, juntamente com outra necessidade mais primitiva, que, como era óbvio, não devia permitir-se.

 

 

O encontro planeado para depois do jantar foi um desastre. Chloe nunca mais voltaria a falar-lhe. Tinha-a levado a um clube noturno e, em seguida, acompanhara-a a casa, onde recusara, com um beijo na face, o seu convite para beber um café e a deixara à porta.