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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2010 Melissa Martinez McClone

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Casamento com o homem perfeito, n.º 30 - Junho 2014

Título original: Wedding Date with the Best Man

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5138-2

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

Capítulo 1

 

Conversas e gargalhadas rodeavam Jayne Cavendish que, sentada numa pequena mesa, num canto do salão de chá Vitória, olhava à sua volta.

Havia grupos de mulheres sentadas a mesas dispostas entre plantas e vitrinas que exibiam uma coleção eclética de chávenas e pratos de serviços de chá. Todos pareciam estar a divertir-se imenso, naquele que era um dos locais mais concorridos de San Diego. Todos, menos ela.

Olhou para a chávena fumegante de Earl Gray, desejando estar junto de uma das suas três melhores amigas. Sentia a falta de Alex, Molly e Serena!

Mantinham-se em contacto por telefone, por mensagens e pelo Facebook ou Twitter. Alex vinha de Las Vegas sempre que podia e Molly regressaria quando Linc e ela acabassem de construir a casa dos seus sonhos e ele mudasse o negócio para lá, mas nada era como quando as quatro viviam em San Diego, comiam juntas, iam ao cabeleireiro e beber chá.

Jayne recostou-se na cadeira. Ir ao salão de chá num sábado à tarde, talvez não tivesse sido boa ideia. Lembrava-se da primeira vez que fora lá, quando as irmãs do ex-noivo lhe tinham preparado uma despedida de solteira. Parecia que tinham passado anos desde aquela festa de «boas-vindas à família», apesar de só terem passado uns meses.

Muitas coisas tinham mudado desde então. Tocou no dedo anelar da mão esquerda, que estava nu. Mas outras coisas ainda não tinham mudado.

Pelo menos, para ela.

Olhou para o prato debruado a prata, que continha dois bolinhos e um pouco de manteiga e mel.

Era uma pena que não tivesse fome.

Se não tivesse cuidado, em breve, estaria a lamentar-se e a compadecer-se de si mesma. Bebeu um gole de chá para esclarecer as ideias. Não fazia sentido pensar no passado.

A chávena tilintou contra o pires, quando a pousou.

O que importava se as lembranças da despedida de solteira com as irmãs Strickland eram agridoces? Tinha outras lembranças, boas, das outras vezes que visitara aquele lugar depois disso, acompanhada por Alex, Molly e Serena. Para ela, eram como irmãs, não de sangue, mas de coração. E nada, nem a distância, nem os casamentos delas, mudaria isso.

Decidida a fazer as pazes com o presente e a divertir-se, tirou da mala um livro que fora buscar à biblioteca. Era o último livro que um guru da área financeira publicara. Abriu-o onde deixara o marcador. Um postal pitoresco, com uma palmeira a arquear-se sobre areia branca e uma água num tom turquesa que se prolongava para o horizonte.

«Que lugar perfeito para uma lua de mel», pensou.

Nada de lamentações!

Endireitou-se.

O que importava se as coisas com Rich Strickland não tinham corrido como planeara? Graças ao que acontecera... Ou, melhor dizendo, ao que não acontecera... As três melhores amigas tinham encontrado o amor da sua vida. Jayne nunca poderia lamentar o fim do noivado e o fim de semana que passara em Las Vegas com as amigas, depois de isso ter trazido amor e muita felicidade a três das pessoas mais importantes para ela.

Virou o postal que recebera há dois meses e voltou a ler a letra curvada e quase enigmática de Serena.

Jayne,

Estou a divertir-me imenso! Esta viagem foi o modo perfeito de celebrar a vitória de Jonas nas eleições e de recuperar da campanha! Assim que voltarmos para casa, tens de ir a Las Vegas! Quero ver-te! Alex e Molly também querem ver-te! Espero que esteja tudo bem! Sinto a tua falta!

Com carinho,

Serena e Jonas

 

Tantas exclamações fizeram com que Jayne sorrisse. Serena vivia a vida com espontaneidade e alegria, mas encontrara estabilidade com Jonas Benjamin, o novo presidente da câmara de Las Vegas que, para além disso, adorava a esposa.

«Assim que voltarmos para casa, tens de ir a Las Vegas!»

Jayne queria ver as amigas, mas estivera a adiar os convites para ir visitá-las. Voltar à cidade das luzes de néon, com os seus hotéis imensos e temperaturas abrasadoras, não a atraía muito e despertava demasiadas lembranças da época que se seguira ao fim do noivado. Hum... Talvez conseguisse convencê-las a irem a San Diego. As amigas podiam ir com os maridos e mostrar-lhes como tinham sido as suas vidas.

Uma vida que Jayne continuava a viver.

Deixou o postal junto do prato de bolinhos e pegou no livro. «Tenho uma vida feliz», recordou-se, apesar de os seus sonhos terem ficado destruídos e estar sozinha. Outra vez.

Concentrou-se na página e fez anotações mentais sobre ideias que pudessem vir a ajudar os clientes que assessorava no centro financeiro em que trabalhava. Não era de estranhar que o livro tivesse sido um êxito de vendas! O autor oferecia conselhos fantásticos, para ter as finanças sob controlo.

Vários minutos depois, o nível de barulho no salão de chá aumentou notavelmente, como se, de repente, tivesse entrado uma multidão.

Ergueu o olhar do livro, olhou para trás e viu um grande grupo de mulheres que trazia presentes. Foi então que o seu olhar se encontrou com alguém que reconheceu. Savannah Strickland, a irmã mais nova do ex-noivo. Uma expressão de incredulidade encheu os olhos cor de avelã de Savannah, antes de a jovem desviar o olhar.

Era uma festa de aniversário? Talvez uma festa para celebrar o futuro nascimento do terceiro filho de Grace, a irmã mais velha?

Com curiosidade, Jayne olhou para os presentes embrulhados num papel colorido, em que não havia coelhinhos, patinhos ou carrinhos de bebé...

Betsy, a outra irmã de Rich, reparou em Jayne e deu uma cotovelada à gémea, Becca. Ambas ficaram coradas.

Jayne não sabia porque estavam tão incomodadas. Sim, certamente, a situação era um pouco incómoda, depois daquilo que o irmão lhe fizera, mas as irmãs não tinham culpa...

Oh, não!

Ali estava ela.

As terminações nervosas de Jayne ficaram alerta, sentindo um misto de choque e horror.

A outra mulher.

A razão por que continuava a ser solteira e as três amigas estarem casadas.

Obrigou-se a fechar a boca.

Jayne só vira aquela mulher uma vez, no apartamento de Rich, uns dias antes do casamento. Uma Barbie de carne e osso, que usava apenas lingerie.

Agora, o vestido azul e simples dela, e o casaco branco, estavam a quilómetros de distância do sutiã e das meias de renda que usara em casa de Rich. O diadema branco que segurava o cabelo loiro, comprido e liso, não tinha nada a ver com o cabelo despenteado que não deixara lugar para dúvidas sobre o que Rich e ela tinham estado a fazer.

Contudo, não havia dúvidas de que era ela. As faces coradas eram exatamente as mesmas.

Abatida, soube qual o tipo de festa de que se tratava. Era uma despedida de solteira.

Rich ia casar e as irmãs tinham preparado uma festa para a mulher com quem lhe fora infiel.

Sentiu dificuldade em respirar.

«Olha para outro lado», pensou. Mas não era capaz. A cena era estranha e, ao mesmo tempo, inquietantemente familiar. Muito parecida com a sua despedida de solteira.

Sentiu vontade de chorar e tinha um nó na garganta.

Como é que as irmãs de Rich tinham podido levar aquela mulher ali? Era como se ela nunca tivesse existido, como se não tivesse passado todos os domingos a almoçar na casa dos pais delas, não tivesse ajudado Grace a pintar os quartos das crianças, nem tivesse feito as centenas de coisas que fizera com eles.

Por eles.

Por Rich.

Ser traída por ele era uma coisa, mas também ia ser traída por toda a família?

Sentiu um nó no estômago e pensou que ia vomitar.

«Vai-te embora e vai agora!», gritava o seu instinto de proteção. Assim sendo, pôs o livro na mala e deixou uma nota de vinte dólares na mesa. A quantia excedia o custo do chá e dos bolinhos mas, por uma vez, não se importou de esbanjar alguns dólares.

Levantou-se.

Alguém a chamou.

Tremeu.

Não apenas alguém, era Grace, a irmã mais velha de Rich, a única pessoa da família que lhe ligara depois do fim da relação, para saber como estava.

Dividida entre o que queria e o que devia fazer, olhou para a mulher e encontrou uma Grace muito grávida. A preocupação que viu nos olhos dela... Uns olhos com a mesma forma e cor que os de Rich... Chegou-lhe ao coração e, por isso, esboçou um sorriso hesitante. Era tudo o que podia fazer.

Grace abriu caminho por entre a multidão e dirigiu-se para ela.

Não!

Os seus pulmões ficaram sem ar.

Não fazia a mínima ideia do que Grace queria, mas um pensamento terrível surgiu na sua mente. Não, não permitiria que a apresentassem àquela mulher. À outra. A futura mulher de Rich Strickland.

Uma dose potente de nervosismo aumentou o pânico que Jayne sentia, mesmo antes de pronunciar um «lamento», enquanto olhava para Grace e se virava para se ir embora.

 

 

No dia seguinte, Grace Strickland Cooper estava na cozinha dos pais, depois da reunião semanal da família.

– Preciso de um favor.

Tristan MacGregor parou de limpar uma panela e olhou para a irmã do melhor amigo.

– Se deixares o teu marido, os teus dois filhos e três quartos, e fugires comigo, farei o que me pedires.

– Oh, sim! Sou exatamente a pessoa junto de quem um fotógrafo aventureiro quereria acordar todos os dias.

– És uma mulher linda. Qualquer homem quereria acordar ao teu lado.

– Certamente, dizes isso a todas. Estejam grávidas ou não.

– Não confirmo, nem desminto – pendurou a panela no apoio que pendia do teto. – Embora costume manter-me longe das grávidas.

Ela abanou a cabeça, enquanto dizia:

– Nunca mudarás, MacGregor.

Ele esboçou o seu sorriso mais encantador.

– Mas amas-me na mesma.

– Nos teus sonhos!

Tristan piscou-lhe o olho.

– Bom, conformo-me com o que posso.

Rindo-se, ela passou uma panela coberta de detergente por água.

– Tenho a certeza de que não tens nenhum problema em conseguir tudo o que queres. Nunca tiveste.

E isso era verdade, pelo menos, até há bem pouco tempo.

Evitava manter relações sérias, pois gostava de se divertir. Ultimamente, comparara as mulheres que conhecia com um ideal inalcançável e isso estava a limitar gravemente a diversão.

Pegou num pano e começou a limpar uma frigideira.

– Bom, o que precisas? Queres que lave mais loiça?

– Não. Ontem, vi Jayne Cavendish.

Ouvir o nome da ex-noiva de Rich fez com que Tristan sentisse uma sacudidela e quase deixou cair a frigideira.

Jayne... A mulher ideal...

– Onde?

– Estava no salão de chá, onde celebrámos a despedida de solteira de Deidre. O mesmo sítio a que levámos Jayne para celebrar a dela, portanto, deve ter-se sentido ainda pior.

Pelo bem de Rich, Tristan tentara não pensar em Jayne Cavendish, mas ela invadira os seus pensamentos e apoderara-se dos seus sonhos. Transformara-se na mulher com quem comparava todas as outras e até tinha a fotografia dela na carteira.

– Foi algo muito embaraçoso. Tinha-me esquecido de como ela gostava daquele lugar – continuou Grace. – Bom, a questão é que Jayne se foi embora antes de eu conseguir alcançá-la.

– E achas que não o devia ter feito? – perguntou ele, bruscamente.

– Compreendo. Amo o meu irmão, mas comportou-se como um verdadeiro cretino com Jayne. Rich devia ter acabado o noivado, em vez de a abandonar depois de conhecer Deidre.

– Concordo.

– Mas não o fez e foi Jayne que sofreu.

– Sofreu? – Tristan pendurou a frigideira. – Devia sentir-se aliviada por ele não se ter casado com ela. Rich é o meu melhor amigo, mas Jayne está muito melhor sem ele.

Grace limpou as mãos num pano, procurou algo na mala e deu-lhe um postal.

– Saiu tão depressa, que se esqueceu disto na mesa. Pensei que podias devolver-lho e certificar-te de que está bem.

Ver Jayne?

O coração de Tristan acelerou, como se tivesse encontrado a fotografia perfeita, para a qual não precisava de ajustes de luz ou de objetiva. Passara meses a desejar ver Jayne, mas duas razões tinham-no impedido. As suas viagens de trabalho e Rich.

– Liga-lhe – sugeriu Tristan.

– Não posso – admitiu Grace. – Deidre sente-se muito insegura, neste momento.

Contudo, isso não era um problema dele. Rich zangara-se muito com Tristan, por ter acabado o noivado, e não queria voltar a passar pelo mesmo.

Devolveu o postal a Grace.

– Lamento, mas não tenciono fazer isto às escondidas de Rich.

– Não estarias a fazer nada às escondidas. Perguntei-lhe esta manhã, quando veio.

– Não se importa que eu veja Jayne?

– Antes tu, que eu.

– Porque não sou família?

Grace corou.

– O meu irmão e tu são amigos desde que eram pequenos, fazes parte da família, mas Deidre ficou muito nervosa, ontem, portanto, disse-lhe que não teria nenhum contacto com Jayne. Não há problema em devolver-lhe o postal. Deidre não o verá como uma ameaça, se descobrir que foste tu que o devolveste a Jayne. Todos sabem que não gostas dela.

Ninguém sabia o que Tristan sentia por ela.

– Rich e ela não tinham sido feitos um para o outro.

– Talvez Rich tenha deixado Jayne para trás, mas eu não consigo esquecê-la sem mais nem menos e fingir que não me importo.

– Não foram amigas durante muito tempo.

– O tempo não importa. Ia ser minha cunhada e madrinha do meu filho. Até pintou os quartos dos meus filhos. Não consigo evitar pensar nela, cada vez que entro neles – Grace pôs as mãos na barriga volumosa e o seu olhar encheu-se de preocupação. – E quando vi Jayne, ontem, parecia...

– O quê? – perguntou, tenso.

– Diferente. Perdeu peso, tinha o cabelo curto e, sobretudo, parecia estar muito triste. Suponho que é normal, dadas as circunstâncias, pois só passaram uns meses desde que Rich acabou tudo com ela.

«Sete meses, uma semana e quatro dias», pensou Tristan.

– O normal é que não estivesse alegre como sempre, depois de tudo o que passou, mas não consigo evitar preocupar-me com ela. Os pais dela morreram e não tem irmãos. Jayne não tem ninguém, exceto as três melhores amigas. E ontem, não estavam com ela. Precisa de alguém, mas não posso ser eu.

A irmã mais velha de Rich fora o primeiro amor de Tristan, há anos, amara mais Grace do que qualquer outra pessoa e vê-la tão preocupada deu-lhe uma razão para voltar a ver Jayne Cavendish. Isso e a permissão de Rich.

Além disso, assim, Tristan poderia ver se a atração que sentia por Jayne era real ou se a idealizara porque estava fora do seu alcance.

– Para de te preocupar. Irei esta tarde, devolverei o postal e verei como está.

– Obrigada – Grace abraçou-o... Bom, fez o que pôde, tendo em conta o tamanho da barriga dela. – E se conheceres um rapaz simpático que possas apresentar-lhe...

Tristan ficou tenso, ao pensar em Jayne com um dos seus amigos.

– Cada coisa a seu tempo, Grace.

 

 

Duas horas depois, Tristan viu uma patrulha de estradas da Califórnia, na autoestrada, levantou o pé do acelerador e carregou no travão. Ser detido por excesso de velocidade só serviria para o atrasar. Ao passar à frente do carro branco e preto, o agente nem olhou para ele.

Ainda bem.

Voltou a carregar no acelerador, embora se certificasse de que não ia ultrapassar o limite de velocidade. Queria ver Jayne.

«Precisa de alguém», dissera Grace, «mas não posso ser eu.»

Também não podia ser ele e, no entanto, estava ali, a acelerar... Sem exceder o limite de velocidade, claro... Para ver Jayne.

Jayne Cavendish.

Lembrava-se de muitas coisas dela. O cheiro a morango do cabelo, o som da gargalhada e o calor das carícias dela... Ou, melhor dizendo, do toque da mão dela, quando se tinham cumprimentado no dia em que se tinham conhecido...

 

 

– O facto de o teu casamento não funcionar... – replicara Rich, enquanto entrava num dos estacionamentos do Parque Balboa com o seu quatro por quatro. – Isso não significa que o meu também fracasse.

– É verdade – mesmo assim, Tristan não gostara da data do casamento, de tal forma que quase recusara quando o amigo lhe pedira para ser o padrinho. – Mas não estavas a sair com ninguém, quando me fui embora para fazer um trabalho. Volto uns meses depois e agora vais casar dentro de algumas semanas. Não entendo porque tens tanta pressa.

– Não há nenhuma pressa. Jayne diz que agora é um bom momento.

– Jayne diz muitas coisas.

Rich suspirara.

– Vais ver... Vais gostar dela.

«Talvez... Ou talvez não.»

Contudo, Tristan evitara dizer mais até a conhecer. Essa era uma das razões por que decidira oferecer uma sessão fotográfica ao casal, para passar algum tempo com a mulher que fizera com que o amigo quisesse dar o salto para o inferno doméstico, ou seja, para o casamento.

– Dá-me um pouco de tempo para me habituar à ideia – pedira Tristan, olhando para o melhor amigo. – Odeio pensar em sair por aí sem o meu copiloto. Ter um amigo bombeiro é um verdadeiro íman para atrair raparigas bonitas.

– Se te servir de consolo, as amigas de Jayne são muito bonitas. Talvez tenhas sorte, depois do nosso casamento.

Contudo, Tristan queria que fosse Rich a ter sorte. Esperava que o casamento do amigo fosse melhor do que o dele. O amor ou, pelo menos o tipo de amor que dura para sempre, era algo que não acontecia com facilidade. Os pais de Rich tinham-no encontrado, mas não havia muitos que o conseguissem.

– Seria bom – acedera Tristan, forçando um sorriso.

– Quer dizer, «fantástico».

Nesse momento, o telemóvel de Rich tocara.

– Tenho de atender. Encontro-me com vocês na fonte, junto do Jardim das Rosas.

Assentindo, Tristan agarrara no equipamento de fotografia, saíra do todo-o-terreno e entrara no Parque Balboa, que albergava museus, vários jardins e o Jardim Zoológico de San Diego.

Atravessara a ponte que conduzia ao famoso Jardim das Rosas, enquanto soprava uma brisa suave, e sentira o cheiro doce das rosas a pairar no ar.

Tristan preferia tirar fotografias de pessoas, não de paisagens, pois pensava que os rostos e os olhos expressavam muito mais. Mesmo assim, a explosão de cores que saía das filas de canteiros circulares fê-lo agarrar na máquina fotográfica. A mãe adorava rosas e não podia desperdiçar a oportunidade de tirar algumas fotografias, sobretudo, porque o aniversário dela seria no próximo mês.

Enquanto se dirigia para a fonte, focou uma flor, uma rosa exuberante, cor de laranja, que o fez pensar num pôr do sol. E, satisfeito por ter capturado a imagem, olhou à sua volta. Uma pérgula coberta de rosas brancas. Um casal de idosos de mão dada, junto de uma roseira amarela. E...

Tristan reagiu demasiado tarde.

Uma figura alta e elegante destacava-se entre as rosas cor de rosa. A camisa era no mesmo tom pálido das pétalas e toda ela parecia ser uma extensão das próprias flores.

O jogo de luz e sombras ajudou-o a compor uma fotografia fantástica.

O cabelo cor de avelã dava-lhe pela cintura e brilhava sob os raios do sol, um perfeito contraste com as formas e cores suaves e quentes que a rodeavam.

Cativado pela cena, tirou uma fotografia atrás de outra.

Ela parecia alheia à sua presença e, por isso, Tristan aproveitara e mexera-se para a fotografar sob diferentes ângulos.

Concentrara-se no rosto dela e fotografara uns olhos azuis e grandes, emoldurados por pestanas espessas que se fixavam nas pétalas delicadas de uma rosa. O coração acelerara, enquanto tirava as fotografias.

Uns lábios cor-de-rosa, exuberantes, curvaram-se num sorriso que Tristan quis saborear e quando ela se baixou para cheirar a rosa, o decote da camisa abrira-se, deixando ver uma pele cativante, cor de marfim, e um sutiã de renda branco.

Linda... Lindo.

E excitante...

Endireitara-se e alisara a saia, que chegava aos joelhos.

Tinha umas pernas fantásticas!

Ampliara a imagem, tirara mais algumas fotografias e fora ter com ela. Não deixaria passar a oportunidade de conhecer aquela rapariga.

– Olá! – cumprimentara Tristan.

Não tinham sido, exatamente, palavras memoráveis, mas ela deixara-o sem fala e há uma década que isso não acontecia.

– Olá! – os olhos azuis brilhantes quase o tinham feito cair no chão. – Estava à tua espera.

Era uma grande frase. Tristan não acreditava no amor à primeira vista, mas desejo à primeira vista era outra coisa. Ele esboçara um sorriso... O mesmo que fazia com que conseguisse sempre tudo o que queria.

– Sou Tristan MacGregor.

– É um prazer conhecer-te – quando lhe apertara a mão, um calor forte percorrera-lhe as veias. – Sou Jayne Cavendish. A noiva de Rich.