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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2005 Marion Lennox

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Instinto de proteção, n.º 1435 - Julho 2014

Título original: Rescued by a Millionaire

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Este título foi publicado originalmente em português em 2006

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5358-4

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Volta

Prólogo

 

Uma estranha sensação de alívio invadiu Riley Jackson, quando carregou os últimos pertences da esposa para o aeroplano do seu melhor amigo. Não devia sentir-se furioso? Ou desolado? Ou ressentido? Afinal de contas, fora assim que se sentira no passado, sempre que tivera de dizer adeus a uma pessoa que amara.

No entanto, apenas alguns minutos depois, quando viu o avião a descolar e o seguiu com o olhar até não ser mais do que um ponto no horizonte, não sentiu pena alguma.

«Talvez isso signifique que fiquei curado definitivamente do vírus do amor», pensou. De qualquer modo, ficara bem claro que era incapaz de manter uma relação. E, sinceramente, não se importava.

– O que achas, rapaz? – perguntou ao cão. E Bustle esfregou o focinho contra a palma da sua mão.

Não, Bustle também não sentiria falta de Lisa, que nunca tivera tempo para ele.

– Ficámos sozinhos, amigo – disse Riley, enquanto se virava para regressar a casa. E o velho cão seguiu-o, a coxear.

Ao contrário da esposa, Bustle ser-lhe-ia fiel até ao fim e sabia que, quando o perdesse, sentiria uma dor profunda, verdadeira. Quando isso ocorresse, quando Bustle morresse, não voltaria a permitir-se sentir carinho por ninguém.

O velho collie voltou a esfregar o focinho contra a palma da sua mão e Riley baixou-se, para o abraçar com carinho.

– Eu sei – murmurou. – Sei que não te terei comigo por muito mais tempo, rapaz, e não sabes como sentirei a tua falta, mas será a última vez que chorarei. A partir de agora, não voltarei a abrir o meu coração a ninguém.

Capítulo 1

 

Jenna cometera muitos erros na vida, mas aquele era o pior de todos. «Numa escala de um a dez, a estupidez que acabo de fazer merece um vinte», disse a si mesma, enquanto olhava angustiada para o comboio que se afastava, esfumando-se com as ondas trémulas em que o espantoso calor convertera a linha do horizonte.

Até onde a vista alcançava, não havia mais do que aquele pó avermelhado que o vento arrastava e a linha do comboio. Junto dela tinham crescido algumas ervas mas, para além disso, não havia mais nada.

Ficou ali, de pé, imóvel, tentando digerir a magnitude do seu erro. Quando ouvira o anúncio de que a próxima paragem seria em Barinya Downs, supusera que seria um lugar habitado. Além disso, vira meia dúzia de camionetas paradas perto da plataforma, através da janela, e os trabalhadores da empresa ferroviária a descarregar mercadorias que vários homens e mulheres, com aspeto de rancheiros, traziam com eles.

Dissera a si mesma que, mesmo não sendo mais do que uma pequena povoação, apear-se ali seria muito melhor do que passar mais dois dias no comboio, a ver Brian a humilhar a irmã mais nova.

Antes de descer, devia ter-se certificado de que aquele lugar era habitado mas, nesse momento, estava tão furiosa que agarrara nas suas malas, dissera a Karli que iam descer e, mal tinham posto o pé na plataforma, quando o comboio retomou a marcha.

Por causa da sua estupidez, estavam no meio do nada, a um dia e meio de viagem de comboio até Sidney, e a dois de Perth.

– Onde estamos? – perguntou Karli, a meia-irmã de cinco anos, com uma vozinha assustada.

– Em Barinya Downs – respondeu Jenna contra o vento quente, num tom alto e claro, como se com isso fosse transformar aquele nada em alguma coisa.

Infelizmente, era evidente que Barinya Downs era apenas uma plataforma de cimento, com um telhado de lata. Não havia mais nada, nem uma árvore, nem um telefone... Nada. E Karli estava ao seu lado, esperando que lhe dissesse o que iam fazer.

«Fizeste asneira, Jenna», repreendeu-se. «O teu pai sempre disse que eras estúpida e acabas de demonstrar que tinha razão».

Mas, o que importava o que o pai pensava? Estava na América, a milhares de quilómetros de distância. Além disso, quem lhe dizia que ele não estava combinado com Brian? A ideia era disparatada, mas não impossível. Filhas da mesma mãe, ela e Karli tinham pais diferentes, que tinham em comum a falta de escrúpulos.

Jenna fechou os olhos, recordando, irritada, a expressão triunfante no rosto de Brian, quando dissera a Karli que iam descer do comboio.

«Isso, vai e leva essa criança chorona!», resmungara. «Não me importo! Ganhei!»

De repente, um pensamento terrível atravessou a sua mente. Seria possível que Brian soubesse que naquele lugar onde se iam apear não havia absolutamente nada? Poderia ser tão cruel? «Não», pensou, horrorizada. Nem sequer alguém como Brian poderia deixar a sua própria filha num sítio como aquele e ficar com a consciência tranquila.

«Não!», pensou, zangada consigo mesma por ser tão ingénua. Sentou-se em cima da mala e tentou controlar o pânico que sentia. Como podia ter sido tão estúpida? Baixou os olhos e viu Karli, que olhava para ela, preocupada. Sentou-a ao colo e abraçou-a com força. «Acalma-te, Jenna. Pensa».

– Vem alguém buscar-nos? – perguntou Karli.

– Talvez – respondeu, distraidamente. – Deixa-me pensar um pouco.

Obediente, a menina emudeceu, algo que infelizmente fazia muito bem. Karli passara a sua curta vida a seguir à letra o preceito que lhe tinham inculcado, de que as crianças estavam melhor caladas. Jenna estava decidida a pôr fim ao seu retraimento mas, nesse momento, agradeceu o silêncio. Precisava de pensar e, nas circunstâncias atuais, não era fácil porque, além de estar paralisada pelo medo, estava a suar. A mudança do comboio, com ar condicionado, para o exterior, fora brutal. Estava tanto calor que poderia estrelar um ovo sobre o cimento da plataforma. Afinal de contas, o que esperava? Era meio-dia e estavam no Outback, a região central semidesértica da Austrália.

«Esquece o calor e concentra-te», repreendeu-se. Quanto tempo faltaria, até passar o próximo comboio? Tentou recordar-se dos horários que vira na Internet, antes de sair de Inglaterra, e o coração pulou. Não, não podia ser. Tinha de estar enganada... Não, não estava, tinha a certeza. Aquele comboio que percorria a zona central do continente só passava duas vezes por semana. Não haveria mais comboios até à próxima segunda-feira... E era terça-feira!

Sentindo-se muito angustiada, Jenna tirou o telemóvel da mala e olhou para o ecrã. «Sem rede». Ótimo, também estavam incomunicáveis.

Mas... E as pessoas das camionetas? Tinham de viver em algum lugar. Tirou Karli do colo e foi até à beira da plataforma para olhar em redor, o que não foi muito boa ideia, como comprovou quando o sol lhe bateu em cheio no rosto. Voltou para a sombra, sob o telhado de chapa da plataforma, e Karli abraçou-se à sua perna.

Fazendo uma pala com as mãos para proteger os olhos da claridade cegante, Jenna passeou o olhar pela paisagem. No terreno poeirento, viam-se as marcas das rodas das camionetas, que tinham tomado direções diferentes, mas não havia sinal de vida. Não, um momento... Via algo, ao longe. Seriam edifícios? Não tinha a certeza.

Olhou para a meia-irmã com indecisão. O que devia fazer?

Na verdade, não tinham muitas opções. Podiam ficar na plataforma, sem nada para comer ou beber, esperar pelo próximo comboio ou caminhar para o horizonte, fosse o que fosse aquilo que via. «A escolha está bastante clara, mas teremos de esperar umas horas», pensou, dando uma olhadela ao relógio de pulso. Era uma da tarde e o sol estava no seu apogeu.

– Sabes o que vamos fazer? – perguntou a Karli, tentando que a voz soasse corajosa. – Vamos tirar da mala alguma coisa mais fresca, para nos mudarmos, esperamos que o calor passe um pouco e depois vamos até àquele sítio que se vê ali, para ver se é uma casa.

«E Deus queira que seja», pensou.

 

 

Depois de entrar em casa e deixar a última caixa de provisões no chão da cozinha, Riley ergueu-se e baixou o olhar com uma expressão de desgosto. Maggie mandara-lhe mais frascos de feijão guisado com tomate. Enfim, pelo menos, também empacotara várias latas de cerveja. Além disso, dentro de uma semana voltaria à civilização, a Munyering, onde o esperavam a sua casa confortável, a comida ótima de Maggie e uma piscina, coisas que tornavam o calor mais suportável.

Porque não tinha enviado um dos seus homens para fazer aquelas reparações? «Porque se teriam recusado a vir», respondeu a si mesmo, imediatamente, esboçando um sorriso irónico. De certeza que no contrato dos peões do rancho havia uma cláusula sobre feijões e o pó do Outback.

«Não é a altura de perder tempo a pensar em tolices», repreendeu-se. O que não tinha, precisamente, era tempo. «Portanto... Vamos por prioridades», disse a si mesmo.

Desembalou as latas de cerveja, colocou as que pôde no frigorífico e olhou para o relógio. Era uma da tarde. Ainda tinha sete horas de luz pela frente e isso significava que teria tempo de desentupir, pelo menos, outra conduta.

Trabalhar sob o sol abrasador do meio-dia era uma loucura, mas as condutas de água estavam obstruídas e a sobrevivência do gado dependia desse arranjo. Se parasse para descansar, nesse momento, outras trinta cabeças poderiam morrer antes do anoitecer.

«Bom, amigo», pensou, com a porta do frigorífico ainda aberta, «a cerveja terá que esperar. Não há outro remédio. Voltemos ao trabalho».

 

 

De todos os fins de tarde que Jenna contemplara, aquele era simplesmente impressionante. O sol, uma bola de fogo, afundava-se atrás da linha do horizonte, e os raios avermelhados tingiam a paisagem baldia com a sua luz. Noutras circunstâncias, aquele espetáculo tê-la-ia deixado sem fôlego, mas Karli começava a cambalear. Ao calcular a distância até aos edifícios, parecera-lhe estarem a pouco mais de um quilómetro e meio, mas acabaram por ser três ou quatro, e embora tivessem deixado as malas para trás e vestido roupa leve, a caminhada era longa e calorosa, e a areia queimava os pés sob as solas finas dos sapatos.

E, nesse momento, quando por fim estavam a chegar, a alma de Jenna caiu-lhe aos pés. Aquilo que ao longe lhe parecera ser um grupo de edifícios, era apenas uma casa de madeira velha, com telhado de lata, rodeada de alguns abrigos desmantelados. Não havia uma cerca, nem um jardim, os vidros de algumas janelas estavam partidos e a falta de tábuas, em vários sítios, parecia indicar que há muito tempo que não vivia ali ninguém.

No entanto, por muito arruinada que a casa estivesse, poderiam refugiar-se nela até o próximo comboio passar. O que interessava a Jenna era o tanque de água, que vira atrás da casa.

– Por favor, que ainda funcione... – sussurrou, enquanto rodeavam a casa. – Por favor, meu Deus...

E então, ao virar a esquina, viu uma pista de aterragem tosca e, no final dela, uma pequena avioneta, moderna e cara. Ninguém no seu perfeito juízo a deixaria ali, abandonada.

– Tem de haver alguém aqui! – exclamou excitada, baixando-se para abraçar a irmã. – Portaste-te muito bem, Karli, és uma campeã. Estamos salvas!

– Tenho sede – murmurou a menina, com voz lastimosa.

Jenna virou-se e olhou para a casa.

– Anda – disse a Karli, dando-lhe a mão, – vamos bater à porta.

«Quem viveria num sítio sujo como aquele?», interrogou-se, enquanto rodeavam novamente a casa. Bateu à porta com os nós dos dedos e esperou. Mas não obteve resposta. A única coisa que se ouvia era o vento.

– Volta a bater – incitou a menina.

Jenna bateu de novo, desta vez com mais força, e a porta abriu-se. Ficaram em silêncio, à espera, mas só se ouvia o tamborilar metálico de algumas tábuas soltas no telhado, que o vento levantava.

– Tenho muita sede – insistiu Karli.

Jenna apertou-lhe a mão e mordeu o lábio inferior, indecisa. Entrar numa propriedade privada, sem permissão, era invasão de propriedade mas, dadas as circunstâncias, esperava que quem vivesse ali o entendesse.

– Vamos entrar – informou.

– Porque falas em voz baixa? – inquiriu Karli, imitando-a.

– Porque este sítio é bastante sinistro. Agarra-te bem à minha mão.

– Achas que há fantasmas?

– Se há, espero que saibam pilotar um avião.

Karli soltou um risinho e aquele som alegrou o coração de Jenna. Infelizmente, houvera muito poucos momentos felizes na vida da menina.

Entraram em bicos de pés e comprovaram que, por dentro, a casa não era muito diferente. Parecia estar abandonada há anos. Uma grossa camada de pó vermelho cobria tudo, mas no chão da entrada havia rastos, pegadas de botas. Pareciam ser recentes e, a julgar pelo tamanho, deviam ser de um homem.

Entraram por um corredor estreito e a primeira porta que encontraram era a da cozinha. Ali, havia sinais inequívocos de vida. Caixas com latas de comida, um frigorífico, uma lanterna e uma pilha de jornais em cima de uma mesa de madeira enorme. Enquanto Karli olhava à sua volta com curiosidade, Jenna pegou no jornal que estava no cimo da pilha. Segundo a data, era de há dois dias, o que significava que alguém tinha de estar a fazer uso daquela casa.

E, melhor ainda, havia um lava-loiça. Sustendo a respiração, Jenna soltou a mão de Karli e dirigiu-se para ele. Rodou a torneira e saiu um jorro de água limpa. Baixou a cabeça e bebeu, pensando que nunca nada lhe soubera tão bem.

– Estamos salvas, Karli – disse à menina, pegando-lhe para que também pudesse beber. – Temos comida e água. Podemos ficar aqui, o tempo que for preciso.

– Claro que não – disse uma voz profunda, nas suas costas.

Jenna virou a cabeça, sobressaltada, e viu um homem junto da porta. Com o susto, Karli deixara de beber e também virara a cabeça, mas Jenna demorou um instante a reagir, antes de a colocar no chão e fechar a torneira.

Media mais de um metro e oitenta, e a sua musculatura desenvolvida denunciava uma vida de trabalho físico, duro... Trabalho físico ao ar livre, sob o sol abrasador do Outback, a julgar pela pele bronzeada e o cabelo castanho nas raízes, e quase dourado nas pontas. Além disso, havia pequenas rugas nos cantos exteriores dos olhos, cinzentos profundos, que provavelmente se formaram por os ter piscado muitas vezes, para os proteger da luz forte desse mesmo sol.

Coberto da cabeça aos pés pelo pó avermelhado que havia por toda a parte, usava uma camisa caqui, calças de couro inglês e botas. E, na mão, tinha um chapéu Akubra. Era a vestimenta típica dos australianos que trabalhavam no campo. Devia ser um rancheiro, mas... Um rancho ali, naquele lugar árido, no meio do nada? Parecia impossível.

– Bo... Boa tarde – balbuciou Jenna, nervosa.

Talvez não tivesse sido uma boa ideia entrar ali. E se aquele tipo fosse perigoso?

– Não é muito boa – replicou o homem, com aquela voz profunda e um sotaque australiano acentuado.

Karli olhou receosa para o estranho e abraçou-se à perna de Jenna.

– Eu... Você é o dono desta casa? – inquiriu Jenna, rodeando com um braço os ombros da irmã.

– O próprio – respondeu ele, olhando para Karli como se pensasse estar a ter visões.

A menina escondeu-se atrás de Jenna e fez-se um silêncio prolongado, até que o homem, recuperado da surpresa, de ter encontrado uma jovem e uma menina na sua cozinha, atirou o chapéu para cima da mesa e dirigiu-se para o frigorífico. Abriu-o, tirou uma lata de cerveja e, antes de fechar a porta, perguntou a Jenna:

– Quer uma?

– Não, obrigada – balbuciou.

Encolheu os ombros e fechou o frigorífico.

– Pois não tenho outra coisa – respondeu, puxando a argola da lata para beber um gole longo... – Além de água, claro – acrescentou. – Mas, pelo que vi, já se serviram.

Karli espreitou por detrás da perna de Jenna e o homem piscou-lhe o olho, o que a fez voltar a esconder-se.

– Eu... Desculpe, por termos entrado sem permissão – disse Jenna. – É que... Bom, temos um problema.

– Era o que eu pensava – respondeu o homem, muito sério. – Quando as encontrei aqui, pensei que era isso ou eram vendedoras de enciclopédias, ao domicílio – acrescentou, exibindo um sorriso que lhe iluminou o rosto, fazendo-o parecer mais jovem.

Jenna calculara que teria uns quarenta anos, à primeira vista, mas nesse momento achou que devia rondar os trinta. E o sorriso não só o rejuvenescia, como também lhe dava um ar incrivelmente... Masculino... Irresistível... Sexy. O rumo que os seus pensamentos tomaram fê-la corar ligeiramente. Em que estava a pensar?

– Não, não somos vendedoras – respondeu, entrando na brincadeira. – Aqui, a distância entre as casas é muito grande, para ir de porta em porta.

Ele riu-se.

– É pena, porque só tenho isso para ler – disse, com o sorriso ainda nos lábios, apontando para os jornais que estavam na mesa.

Depois, ficou sério e escrutinou os olhos de Jenna. Mas a sua expressão suavizou-se, como se tivesse advertido o seu receio. Baixou o olhar para Karli, que espreitara de novo por detrás da perna da irmã, e a expressão no seu rosto suavizou-se ainda mais.

– Bem, então, se não vendem nada, talvez me possam dizer quem são e o que fazem na minha casa.

Jenna abriu a boca para responder, mas ficou calada porque não sabia como poderia explicar.

– Se lhe dissesse, não acreditaria em nós.

– Experimente.

– Mas, é que... Nem sequer sei quem você é! – replicou Jenna, sem se conseguir reprimir. E aquele sorriso incrível voltou a aflorar os lábios do homem.

– Tem razão, não me apresentei – admitiu. – Pensei que, visto que esta é a minha casa e entraram sem serem convidadas, deviam fazê-lo primeiro, mas enfim...

Tirou o chapéu da mesa, voltou a colocá-lo na cabeça e levantou-o, um pouco a modo de saudação.

– Chamo-me Riley Jackson – disse, olhando divertido para Karli, que continuava escondida atrás de Jenna.

– Eu chamo-me Jenna Svenson – respondeu ela, – e esta é Karli.

– Muito prazer, sejam bem-vindas ao meu rancho – respondeu Riley. – Vamos, sentem-se.

Mas nenhuma delas se mexeu.

– Isto é um rancho? – perguntou Jenna, franzindo o sobrolho. – Quer dizer... Não vive aqui, pois não? – inquiriu incrédula, olhando em redor.