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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Natasha Oakley

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Os beijos do xeque, n.º 1441 - Agosto 2014

Título original: Cinderella and the Sheikh

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2010

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5366-9

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Volta

Capítulo 1

 

– Deveria conhecê-lo? – Polly Anderson virou a fotografia na mesa de forma a conseguir vê-la mais claramente.

A sua amiga sorriu.

– Esqueceste-te das lentes de contacto esta manhã?

– Não – Polly aceitou o café simples que Minty lhe deu e bebeu-o. – Deitei-me muito tarde ontem à noite e tenho os olhos como se estivessem cheios de areia, para que saibas.

– E és demasiado coquete para usares óculos, é claro!

Polly fez um gesto de desagrado. O que se passava era que não sabia onde os pusera. Deixou a chávena azul e branca na mesa e disse:

– Tenho a certeza de que não o conheço. Não é o xeque típico que faz negócios com Anthony.

– Queres dizer que não é gordo, nem velho?

– Sim, mais ou menos.

Minty riu-se sensualmente e deslizou outra fotografia sobre a mesa.

– Tens de o ver sem o turbante. Assim, é apenas alto, moreno e deliciosamente perigoso.

– É bonito – disse Polly, olhando para a imagem de um homem incrivelmente atraente.

Realmente, era muito bonito. A sua vista não estava assim tão mal para não conseguir vê-lo. O mais apelativo eram os seus olhos azuis numa cara que era inconfundivelmente árabe.

Tinha um aspeto exótico e familiar ao mesmo tempo. E era incrivelmente sexy. Aqueles olhos pareciam prometer sentimentos e sensações que ela ainda não experimentara. Ou que experimentara muito pouco.

Polly sorriu. Talvez se parecesse mais com a sua escandalosa tetravó do que pensara. Era um pensamento interessante, que, provavelmente, a sua mãe teria preferido que não tivesse.

– Quem é? – perguntou Polly.

– Oficialmente, Sua Alteza, o príncipe Rashid bin Khalid bin Abdullah Al Baha. Mas entre os ocidentais é conhecido como o xeque Rashid Al Baha. Muito mais simples. Tem vinte e nove anos, mede um metro e oitenta e cinco, é solteiro, gosta de andar a cavalo e é imensamente rico – Minty inclinou-se para a frente. – E é terrivelmente sexy.

Polly riu-se.

– Não é que estejas interessada, nem nada...

– Na verdade, não estou. É o segundo filho do príncipe Khalid com a sua esposa inglesa. E é melhor não nos cruzarmos com ele. É um mulherengo incorrigível.

– Oh, está bem... Já ouvi falar dele – interrompeu-a Polly. – É o xeque playboy de Amrah, não é?

Minty assentiu.

– É ele. É um verdadeiro Don Juan. E a única coisa com que se compromete é com os cavalos. Eu não entendo nada desse assunto, mas é uma pessoa importante no mundo dos cavalos. Cria-os ou algo do género. Por isso, pensei que o conhecerias, por intermédio do teu irmão adotivo. Mas se não é assim, não importa. Desenvencilhamo-nos.

Polly pegou na fotografia onde o homem estava vestido mais tradicionalmente. Minty tinha razão. O príncipe Rashid era muito sexy. Se tivesse ido a Shelton, tê-lo-ia recordado.

– Vieram alguns xeques de Amrah, mas eram mais velhos. E não acho que fossem da família real, porque Anthony se teria mostrado mais impressionado. Posso conseguir-te os seus nomes, se precisares.

Minty abanou a cabeça e agachou-se para abrir a pasta que estava apoiada contra a perna da cadeira.

– Não é preciso. De qualquer modo, dá uma olhadela ao irmão mais velho dele – disse Minty. – Sua Alteza, o príncipe Hanif bin Khalid bin Abdullah Al Baha. Embora ele tenda a reduzi-lo para xeque Hanif Al Baha. E quem pode culpá-lo por isso?

Polly agarrou na fotografia.

– Agora que o seu pai está muito doente, provavelmente devíamos falar com Hanif – disse Minty, lentamente, com o olhar concentrado nas suas notas. – Ambos têm o «bin Khalid bin Abdullah Al Baha» exatamente igual. Não é muito imaginativo, pois não? A única diferença está no primeiro nome, Hanif ou Rashid – disse Minty.

Havia mais diferenças entre os irmãos para além dessa. O xeque Hanif parecia uma pessoa séria e responsável, se pudesse dizer-se algo do género apenas por uma fotografia. Talvez tivesse um toque de tristeza nos seus olhos escuros...

Mas Rashid era outra coisa. Tinha um ar inquieto e perigoso. Porque seriam tão atraentes os maus rapazes?, perguntou-se.

– Nenhum dos dois esteve em Shelton, tenho a certeza – disse Polly. – Ambos têm menos vinte anos do que os homens que conheci.

– Têm nomes tremendos! Sou incapaz de os memorizar... O pai é o príncipe Khalid bin Abdullah bin Abdul-Aalee Al Baha... Ena!

– «Bin» significa «filho de» – disse Polly, deixando as fotografias e agarrando no café. – Encara-o como se se tratasse de uma árvore genealógica. E Baha é o nome da família do rei Abdullah.

– Ah! Isso deixa tudo muito mais claro! – gozou Minty. – Mas não importa. Desde que cubras os ombros e não uses minissaias em Amrah, não haverá nenhum problema, mesmo que não esteja tudo resolvido.

– Sim – Polly estendeu as pernas. – Não te preocupes, fá-lo-ei. Embora seja uma pena esconder a minha melhor característica, não achas?

– É melhor isso do que seres presa por imoralidade num lugar público.

– Fazem isso?

– Na verdade, não faço ideia, mas é melhor que não nos arrisquemos – ao ver a cara de preocupação de Polly, Minty acrescentou: – Não te preocupes. Tenho uma equipa a trabalhar para que não haja nenhum problema prático. Não te acontecerá nada horrível, garanto-te.

Polly assentiu, embora não parecesse completamente convencida.

– E Matthew Wriggley, o historiador que nos ajuda, encontrou uma informação maravilhosa sobre a tua Elizabeth Lewis. Realmente excitante. Vais adorar – Minty apanhou as fotografias e pô-las na sua pasta. – Estava a correr tudo muito bem até o príncipe Khalid ter ficado doente e a permissão para filmar ter ficado pendente.

Polly não disse nada. Bebeu outro gole de café e esperou. Conhecia Minty há nove anos e sabia que havia mais.

– Portanto, agora preciso que catives o xeque Rashid, que consigas o seu apoio e que o convenças de que não temos nada a ver com nenhum plano subversivo.

Polly franziu o sobrolho.

– Achei que tinhas dito que tínhamos de negociar com o irmão mais velho, agora que o príncipe Khalid está doente.

– Eu sabia que não estavas a prestar-me atenção. O xeque Hanif é o irmão com quem devíamos falar, visto que se pensa que é o braço direito do seu pai, mas é quase impossível aceder a ele.

– Que bom!

– Pelos vistos, está constantemente ao lado do seu pai. Portanto, não nos resta outra opção senão abordar o xeque Rashid.

– Ah...

– Que, felizmente, tem um fraco bem documentado por loiras inglesas.

– Que sorte a minha! – exclamou Polly, secamente.

– É verdade, não é? E não é só isso. Além disso, virá a tua casa para a grande festa de caridade deste fim de semana. Não faço ideia porque Rashid Al Baha não está também ao lado do seu pai, mas isso não nos importa.

Polly abanou a cabeça. Devia haver um engano.

– O nome dele não está na lista de convidados – disse Polly, com a certeza serena de alguém que a verificara duas vezes na semana anterior.

– Está. Está no grupo do duque de Aylesbury.

– Como raios sabes disso e eu não?

– Num jantar aborrecido, fiquei sentada ao lado de um aluno de Eton que bebeu vários copos a mais e que mo comentou – Minty mexeu o café depois de lhe pôr sacarina. – Aparentemente, o seu irmão Hanif andou em Eton com o duque de Aylesbury e são amigos íntimos. E é possível que a amizade se estenda ao irmão mais novo. Seja qual for a razão, Rashid estará em Shelton no sábado.

Polly recostou-se na sua cadeira e olhou para Minty, surpreendida.

– Portanto, se fizeres bem o teu papel de «senhora encantadora do castelo» e conseguires o seu apoio, tudo poderá acontecer muito mais depressa – acrescentou Minty.

– Fazer o quê? – perguntou Polly.

Minty levantou o olhar e riu-se.

– Sabes a que me refiro. Os estrangeiros adoram a história do castelo e da sua senhora. Leva-o a ver os Rembrandt ou algo do género. Fala-lhe da tua mãe, da duquesa viúva. Puxa o cabelo para trás e olha para ele de forma interessante... E não penses em dizer-lhe que és a Cinderela da equipa. Ele adorar-te-á – Minty olhou por cima do ombro e depois voltou a olhar para Polly. – O que é este ruído?

– Ah! É o meu telemóvel! Desculpa – Polly remexeu na sua mala. – Devia tê-lo desligado.

Pendurou a mala no braço da cadeira e, quando conseguiu abri-lo, o telefone deixou de tocar.

– Era uma chamada importante?

– Provavelmente, não. Era Anthony – respondeu Polly e voltou a colocar o telefone na mala. – Telefono-lhe mais tarde.

– Parece-me bem. Deixa que resolva os seus problemas sozinho. Já está na hora de fazer alguma coisa.

Polly sorriu. A sua lealdade para com o seu falecido padrasto fazia com que se abstivesse de criticar Anthony.

– Há quanto tempo morreu Richard? – perguntou Minty, de repente.

– Há três anos. Quase. Fará três anos em maio.

Era incrível como o tempo passava. Em breve, faria mais tempo que a sua mãe era viúva do que tinha estado casada.

– Tempo suficiente para que Anthony se habitue à ideia de que tem de tratar de tudo o que diz respeito a Shelton.

Mas Anthony não mostrava nenhuma inclinação para o fazer.

– E se a sua esposa pensasse noutra coisa que não fosse apenas em cavalos, seria de grande ajuda – acrescentou Minty.

– Terão de se desenvencilhar enquanto eu estiver fora, em rodagem – comentou Polly.

– Se conseguirmos a permissão.

– É verdade. Se a conseguirmos.

– Não pareces muito interessada no assunto.

– Não, é verdade.

O que acontecia era que lhe custava deixar Shelton. Cada vez que se imaginava a fazer a mala e a afastar-se do castelo... não conseguia.

E então, começava a pensar em tudo o que tinha de fazer: o baile de São Valentim, o fim de semana de Páscoa... Atividades que angariariam dinheiro para a manutenção do castelo.

O problema era que o castelo de Shelton lhe importava. E aquela propriedade começara a ser a sua razão de ser.

E a verdade era que devia ser Anthony a amá-lo. Era seu dono por direito de nascença. E, se ela não conseguisse afastar-se do castelo, seria terrível.

Minty observou-a, semicerrando os olhos.

– Concordaste que estava na hora de deixares Shelton. E em fazeres um trabalho pelo qual te paguem como é devido.

Era verdade.

– Não tens economias, nem reforma, nenhuma profissão que te ampare...

– Eu sei.

Era algo que não lhe tirava o sono, mas sabia que era um problema que tinha de resolver.

E sabia que Amrah podia ser uma solução. A primeira tentativa real de cortar o cordão umbilical que a ligava ao castelo.

– Bom. Então, sê agradável com o xeque Rashid e eu marcar-te-ei uma passagem de avião assim que resolvermos a papelada.

 

 

«Sê amável com o xeque Rashid.» Era mais fácil dizê-lo do que fazê-lo. Não havia forma de se aproximar daquele homem.

Polly escondeu-se atrás de um arranjo floral extravagante para o observar mais facilmente.

O xeque Rashid estava sentado, a olhar para o salão de baile, algo que fizera durante toda a noite. Tinha um olhar de leve aborrecimento. Estava calado. Tinha uma expressão arrogante, quase mal-educada.

Desde que chegara, estivera rodeado de mulheres bonitas, no entanto ele não lhes tinha prestado atenção. Talvez estivesse tão habituado a isso que nem se desse conta de que estavam ali.

Não era nada fácil a missão de que Minty a incumbira.

Não era o tipo de homem de quem conseguisse aproximar-se comodamente. Era muito sexy. Muito alto. Muito atraente. Muito poderoso.

E, pelo que sabia, vinha de uma longa linhagem de homens que tinham tido de enfrentar muitas disputas tribais, anos de ocupação colonial e confrontos violentos que tinham feito de Amrah o país que era. E todas essas experiências deviam tê-lo modelado.

Era estranho pensar que a sua tetravó tinha participado ativamente em toda aquela história. Ou numa pequena parte, pelo menos.

– Passa-se alguma coisa?

Polly olhou para a sua mãe.

– Não. Porquê? – respondeu.

– Estás a franzir o sobrolho, algo pouco característico em ti.

– Tenho de parar de pensar e tratar...

– Polly.

Polly parou.

– Só queria dizer-te que fizeste um bom trabalho esta noite. Mais uma vez – a sua mãe tocou-lhe na mão. – Sei que Anthony não aprecia este tipo de atividades, mas eu, sim.

– Eu sei – Polly inclinou-se espontaneamente e deu um beijo na face da sua mãe. – Tens tudo o que precisas? Queres uma bebida?

A duquesa riu-se.

– Estou bem. É melhor que não beba mais champanhe, porque, senão, prendem-me por conduzir uma cadeira de rodas bêbeda. Faz o que precisares de fazer, querida – disse a sua mãe.

– Manda alguém avisar-me se quiseres ir para a cama – disse Polly, vendo a cara de cansaço da sua mãe.

– Não te preocupes. Fico bem – de repente, distraiu-se e perguntou: – Quem é aquele homem? Não o reconheço.

Polly seguiu a direção do olhar da sua mãe. E, de repente, encontrou-se com os olhos de Rashid. A sensação foi elétrica. E estava a observá-la!

Polly endireitou-se e fez o seu melhor sorriso de anfitriã, resistindo à tentação de compor um pouco o cabelo.

Então, bruscamente, ele inclinou-se para a frente e falou com o duque de Aylesbury, que estava sentado à sua esquerda.

Polly levantou mais um pouco o queixo quando o xeque Rashid lhe cravou os olhos azuis mais uma vez, mas sentiu um aperto no estômago.

– Parece zangado – disse a sua mãe.

– Aquele é Sua Alteza, o príncipe Rashid bin Khalid bin Abdullah Al Baha. Porque achas que está zangado?

– Pareceu-me, pela cara dele... – a sua mãe destravou a sua cadeira de rodas, como se tivesse perdido o interesse naquela conversa, e acrescentou: – Espero que Anthony não tente fazer negócios com ele. Não acho que seja boa ideia.

Depois daquela observação, a duquesa partiu.

Polly observou-a e, deliberadamente, não voltou a olhar para o príncipe de Amrah, e saiu para o hall.

Contudo sentiu os olhos dele nas suas costas, enquanto caminhava, e sentiu-se tão desajeitada como uma adolescente.

Polly entrou no hall, fechou a porta, satisfeita, e passou uma mão pela testa.

O que raios se passava com ela? Se havia algo que tinha aprendido naqueles seis anos, fora a não deixar que aquelas pessoas a afetassem.

No entanto...

Ele tinha olhado para ela de um modo muito pessoal. Tinha-a olhado como se fosse... um inimigo.

Sim, fora isso.

Polly abanou a cabeça.

Era ridículo. Aquele homem moreno de olhos azuis afetara a sua sensatez. Ela não o conhecia. Nem sequer sabia muito sobre ele e ele devia saber ainda menos sobre ela.

No máximo, ela seria para o xeque um nome na permissão para filmar em Amrah. Não gostaria que filmassem no seu país? Não fazia sentido. Porque, se fosse assim, não daria a permissão e ponto. E Minty teria de se retirar e procurar outro projeto.

Contudo ela tinha muito mais a perder. Se o xeque Rashid vetasse o seu projeto, o que faria?

– Está tudo bem, menina Polly?

Polly virou-se e sorriu ao mordomo do seu irmão, que se aproximara.

– Sim. Ia verificar se está tudo pronto para o fogo de artifício.

– Os animadores da festa estão à sua espera na sala do pessoal – disse o mordomo.

Polly sorriu e pegou no vestido.

– Estamos quase a acabar. Portanto, é melhor tratar dessa gente e mandá-los para casa.

– Muito bem, menina Polly.

«Menina Polly.» Gostava disso. Gostava do mordomo do seu irmão. Henry Phillips conseguira encontrar a solução perfeita para chamar alguém que era quase da família, mas que não era.

Ela seria sempre a filha da governanta, embora a sua mãe se tivesse casado com o décimo quarto duque. E Henry Phillips recordaria sempre que em pequena a levara à cozinha e lhe preparara leite quente com açúcar durante o velório do seu pai. Era um laço entre eles que jamais se perderia.

– Henry? – Polly parou-o. – O que sabe do xeque Rashid Al Baha? Nunca esteve em Shelton, pois não?

– Não. Mas foi quem comprou Golden Mile.

– Deve ter pagado milhões! – exclamou, surpreendida.

– Sim, uma quantia enorme. Mas não creio que o tenha preocupado.

– Então, porque só veio a Shelton agora? – perguntou ela, franzindo o sobrolho.

– Presumo que todas as negociações tenham sido feitas através do seu agente. O seu irmão adotivo e o comprador anónimo de Golden Mile quiseram que a transação fosse privada.

– Oh...

– Porque pergunta?

– Por nada.

Na verdade, ocorrera-lhe que o olhar hostil de Rashid Al Baha poderia ter a ver com Anthony. Afinal de contas, o seu irmão adotivo criava inimigos com muita facilidade.

– E encontraram-se esta noite?

Henry assentiu.

– O que aconteceu? Discutiram?

– Isso seria muito estranho em alguém da cultura dele, acho eu. Tiveram uma conversa extremamente cordial. Mas... – o mordomo procurou a palavra correta. – Digamos... fria.

Aquilo surpreendeu-a.

Porque teria sido? Um príncipe com aquela reputação e aquela fortuna normalmente teria tido Anthony aos seus pés, a apresentar toda a sua simpatia. E até ela admitia que Anthony costumava fazê-lo muito bem quando realmente lhe interessava.

Todavia «frio» também era a palavra com que teria descrito o olhar que Rashid Al Baha lhe dedicara antes. Frio, zangado e especulativo.