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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2006 Annette Broadrick

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Um homem de negócios, n.º 697 - Setembro 2014

Título original: The Man Means Business

Publicado originalmente por Silhouette® Books

Publicado em português em 2006

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5426-0

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

Capítulo Um

 

– Homens, a seus postos! Alerta! Alerta!

Jodie Cameron sorriu ao ouvir a forma inovadora como a recepcionista avisava que o seu chefe finalmente chegava ao escritório naquele dia de Inverno.

– Obrigada, Betty – Jodie afastou da cara uma madeixa de cabelo e aguardou.

Alguma coisa devia ter acontecido a Dean Logan. Nos cinco anos que trabalhara para ele, nunca tinha chegado tão atrasado. Chegava sempre antes do que ela.

Consultara a sua agenda para ver se estava fora da cidade, mas não tinha nada anotado. Pensou que talvez não tivesse ido trabalhar porque era sexta-feira e ia de férias no domingo. Mas era improvável; teria ligado a avisá-la.

Eram as primeiras férias que tirava desde que trabalhava para ele, e estava desejosa de aproveitar a acalmia para limpar os arquivos, organizar sub-pastas e trabalhar sem interrupções.

Ao menos Betty avisara-a de que não vinha de bom humor. Dean era taciturno nos seus melhores momentos, mas por muito mal-humorado que estivesse naquela manhã, seria capaz de aturá-lo mais um dia.

Era um homem de negócios astuto, que trabalhara no duro para erguer a sua empresa de segurança electrónica. Ela não entendia por que ele não parecia estar feliz com o que alcançara naqueles últimos quinze anos.

Tinha mais aspecto de jogador de futebol americano do que de director de uma empresa milionária. Só era pena que mal sorrisse. Nunca o vira a rir. Não era um homem jovial.

O seu rosto parecia talhado em granito e em algum momento da sua vida devia ter partido o nariz. As suas espessas sobrancelhas e os seus agudos olhos azul-prata não o ajudavam a entrar na lista dos solteiros mais sexys da América.

Mas o seu aspecto não detinha as beldades que o rodeavam, todas com a esperança de conquistar a distinção de ser a senhora Dean Logan.

Pelo que Jodie tinha visto, ele nem as animava nem as desanimava. Rachel Hunt era a sua última conquista. Estava com ela há quase três meses, quase um recorde para ele.

Jodie sabia quando começava a namorar com uma mulher nova porque era ela quem tratava das flores, de comprar os presentes, de reservar bilhetes para diferentes eventos e, às vezes, de ouvir os seus comentários sobre as mulheres que entravam e saíam da sua vida.

Dean sabia que a maior parte das mulheres estavam mais interessadas no seu dinheiro e nos seus contactos do que nele. Ouvia com cinismo declarações de amor eterno e súplicas de um compromisso que ele se recusava a assumir.

A isso se devia o alto número de mulheres que entravam e saíam da sua vida.

Às vezes, Jodie via a solidão nos seus olhos. Muito antes de ela ter entrado para a empresa, Dean devia ter decidido impedir que se aproximassem demasiado dele. Ela achava-o triste, mas nunca permitiria que ele soubesse que tinha pena dele. Limitava-se a ouvi-lo quando precisava de falar e calava as suas opiniões.

A sua irmã não acreditaria se soubesse. Jodie tinha fama de se expressar sobre qualquer assunto em qualquer momento. Sorriu ao pensar nisso.

Dean mexia-se de forma muito silenciosa e habituara-se a que aparecesse à porta de súbito. Como fez precisamente naquele momento.

– Bom di...

– Não, definitivamente não é – Dean deteve-se perante a secretária, tirou um envelope do bolso do casaco e entregou-lho. – Já não preciso deles – dirigiu-se ao seu gabinete. – Importa-se de me trazer um café, por favor? Estou com uma dor de cabeça tremenda.

– É para já – respondeu ela, distraída. Olhou para dentro do envelope. Eram os bilhetes de avião com destino ao Havai que reservara para Dean e para Rachel. Perguntou-se se Rachel teria mudado de opinião.

Levantou-se, foi até à cafeteira, encheu uma chávena e foi ao gabinete de Dean. Ele estava com as mãos nos bolsos, a olhar pela janela. Deixou a chávena sobre a sua secretária e sentou-se no lugar habitual.

– O que se passa, Dean?

Ele não respondeu. Continuou a olhar para a neve que o vento atirava contra o vidro. Ela esperou. Após vários minutos de silêncio, ele sentou-se.

– Tem uma aspirina? – perguntou Dean.

– Claro que tenho – aproximou-se de um pequeno bar que estava por trás de uma porta de correr e serviu um copo de água antes de pegar na caixa de aspirinas e pôr tudo à sua frente.

Sem dúvida, Dean estava de péssimo humor. O seu sobrolho era ainda mais intimidador do que era habitual. Não estranhava que as pessoas tivessem medo dele. Ela pensava que não era consciente de quão brusco soava... nos seus melhores dias.

Quando Jodie entrara para empresa, sabia que era a quinta de uma série de mulheres que tinham desistido do emprego após poucas semanas. Ia avisada.

Mas Jodie era forte. Crescera com três irmãos homens. A sua irmã e ela tinham aprendido a defender-se dos rapazes.

– O que está aqui a fazer? – perguntou Dean com uma expressão desconcertada, após vários minutos de silêncio.

– Trabalho aqui – respondeu ela com expressão séria.

– Desculpe – Dean fechou os olhos. – Não estou nos meus melhores dias.

Disso não havia qualquer dúvida. E pedira desculpa! Ela pensou que devia marcar aquilo no calendário.

– Há quanto tempo é que trabalha para mim?

– Há cinco anos.

– Porquê?

– Porquê, o quê?

– Se sou assim tão desagradável, por que me atura?

– Quem disse que é desagradável? Eu considero-o muito agradável, desde que consiga o que quer – respondeu ela com naturalidade.

– A Rachel diz que toda a gente neste escritório se sente intimidada por mim. Mas não é o seu caso.

– Não sabia que isso fizesse parte dos requisitos. É por isso que está preocupado esta manhã?

– Não.

– Importa-se com o que as pessoas aqui pensam de si?

– Bem, não. Mas importo-me com o que você pensa. O que pensa você de mim?

Ela recostou-se na cadeira e ponderou a resposta.

– Acho que é um homem brilhante que fica impaciente com as pessoas. Um homem que, sem a ajuda de ninguém, criou uma empresa de sucesso, ignorando todos os avisos pessimistas e seguindo a sua própria visão – respondeu finalmente, olhando-o nos olhos.

– Humm – tomou a aspirina e bebeu a água. Depois, levantou a chávena de café e deu um golo.

Continuaram sentados em silêncio mais uns segundos.

– A Rachel acabou comigo ontem à noite – confessou Dean.

Ela não pôde ocultar a sua surpresa. Devia ser a primeira vez que Dean passava por aquilo. Costumava ser ele a acabar as relações, quando as mulheres começavam a pedir-lhe mais do que ele estava disposto a oferecer.

– Foi porque queria que fosse para o Havai consigo? – perguntou ela com uma incredulidade óbvia.

– Na verdade, nem tive tempo de a surpreender com os bilhetes antes de me dizer que não queria voltar a ver-me nunca mais.

– Ah! – a confissão assombrou Jodie. – Não sabia que tinha planeado a viagem como uma surpresa.

– Pois foi isso mesmo, mas afinal a surpresa foi para mim.

– O que aconteceu?

– Esqueci-me que tínhamos convites para a ópera ontem à noite. Trabalhei até tarde para limpar a secretária e esqueci-me de apontar a ópera na agenda.

– Ui, meu Deus!

– Quando ouvi as mensagens do telemóvel, de caminho a casa, já estava uma hora atrasado para ir buscá-la.

– O-oh!

– Quando cheguei à sua casa estava furiosa. Disse-lhe que podíamos chegar antes do intervalo; não que não conhecêssemos o argumento. Porém, ela já não queria saber da ópera – esfregou a cara com a mão. – Deu-me um saco com as coisas que fui deixando no seu apartamento desde que estávamos juntos e disse-me para me ir embora.

– É óbvio que a Rachel estava aborrecida naquele momento – disse Jodie. – Porque não lhe liga agora e lhe conta tudo sobre a viagem que organizou? Tenho a certeza que vai voltar a amá-lo quando descobrir a surpresa.

Ele negou com a cabeça antes que ela acabasse a frase.

– Não vou fazer isso. Disse que não queria saber de mim nunca mais, para que vou incomodar-me? – a sua boca curvou-se ligeiramente. – Admito que o meu ego se sentiu magoado e fui para casa furioso. Mas ela deixou claro que tínhamos acabado e posso aceitá-lo – apontou com a cabeça para o envelope que ela deixara sobre a sua secretária. – Por isso não vou precisar desses bilhetes.

Jodie prometera a si mesma não dar a sua opinião a não ser que ele a pedisse; e quando o fazia era sempre sobre assuntos de negócios. Lutou contra a sua consciência por um momento, mas decidiu falar.

– Não concordo – disse corajosamente, preparando-se para a sua reacção. – Acho que precisa de sair daqui, com ou sem a Rachel. Adora o Havai, comprou lá um andar há três anos. Devia passar uns dias na praia, esquecer o trabalho, dormir e descansar. Assim que estiver lá, vai ver que tomou a decisão certa.

Ele recostou-se na cadeira e olhou para ela. Jodie esperava que lhe dissesse para meter o nariz nos seus assuntos e, no entanto, surpreendeu-se porque, em vez disso, ele fez-lhe uma pergunta.

– Acha que casei com o meu trabalho?

Ela olhou-o, na incerteza. Aquele homem nunca se questionara a si próprio à sua frente. Perguntou-se até que ponto podia ser franca com ele.

– Talvez – disse, com cautela.

– Está bem, obrigado – ele baixou as sobrancelhas e olhou para ela.

– Olhe-o desta perspectiva – continuou ela, mais decidida. – Teve de trabalhar muitas horas quando criou esta empresa e habituou-se a passar a maior parte do tempo aqui. Agora tem pessoas nas quais pode delegar o trabalho do dia-a-dia. Talvez fosse hora de descobrir outras coisas para fazer na vida, além de trabalhar.

– Suponho que sim – coçou o queixo e mexeu a cabeça. – Não consigo parar de pensar na Rachel, furiosa, quando cheguei. O que fiz eu assim de tão mau? Podia ter chamado um táxi quando não conseguiu falar comigo, e ter ido ver a ópera toda.

– Ligou para ela assim que ouviu as mensagens?

– Para quê? Estava a ir para casa dela.

– Imagino que a sua irritação se deve ao cúmulo de vezes que chegou atrasado, que se esqueceu de lhe ligar ou que foi de viagem sem avisar – tossiu para disfarçar a sua diversão. – Algumas mulheres não gostam desse tipo de comportamento.

– Você não se importa.

– Paga-me para que não me importe. Além disso, sou a sua secretária, não a sua namorada.

– Só por mais algum tempo – estudou-a em silêncio por um momento. – Em Junho passa para o departamento do Frank – continuou com voz desgostosa.

– Tudo graças a si.

– Apanhou-me num estranho momento de gratidão pelo seu trabalho árduo. Vai acabar o seu curso de gestão de empresas esta Primavera, não é isso?

– Isso mesmo. Não teria podido assistir às aulas à noite se não me tivesse pago a matrícula.

– Não fui eu que a paguei – grunhiu ele. – Foi a empresa. Foi uma decisão estritamente de negócios. Conhece tão bem a firma e aprende tão depressa que seria uma estupidez impedi-la de desenvolver todo o seu potencial.

Coçou a testa, como se continuasse a doer-lhe a cabeça.

– Infelizmente, isso significa que vou passar por um inferno até encontrar alguém que trabalhe para mim.

– Não. Eu faço a selecção. Se encontrar alguém, homem ou mulher, capaz de trabalhar para si sem fugir a correr assim que elevar a voz, marco uma entrevista consigo.

– Acho que isso podia funcionar – disse ele, desgostoso.

Ela sabia que promovê-la tinha sido um grande sacrifício para ele. Sob aquele aspecto duro e fugidio, escondia-se um homem justo. Evidentemente, era um inapto no que se referia a mulheres, mas que homem não o era?

– Sai muito? – perguntou ele, surpreendendo-a de novo. Nunca mostrara interesse pela sua vida privada.

– De vez em quando. Ir às aulas três noites por semana e estudar ocupa quase todo o meu tempo livre.

– Planeei a viagem para apaziguar a Rachel, por chegar sempre atrasado. No entanto, em Honolulu há um homem, Steve Furukawa, que tem vários negócios nas ilhas e gostava de lhe oferecer os nossos serviços – estudou-a por um momento. – Se estiver interessado, vou precisar da sua ajuda para lhe fazer uma apresentação. Acho que devíamos ir os dois. Dedicamos dois dias aos negócios e o resto são de férias.

– Eu? – a voz dela quebrou-se. – Não posso!

– Porque não?

Ela olhou para ele, incrédula. Era óbvio que não entendia.

– Estou a meio do curso. Além disso, irmos juntos para o Havai não será bem-visto.

– Mas é uma viagem de trabalho.

– Nunca precisou de mim antes.

– Jodie, você é uma secretária muito competente e sensata. E não me parece que perder uma semana de aulas vá fazer com que reprove.

– Bom, não. Mas...

– Então não vejo qualquer problema – remexeu uns papéis que estavam sobre a sua secretária. – Pode pedir à contabilidade que lhe dêem os últimos números do caso Malone? Gostava de vê-los antes de ir almoçar, se possível.

Capítulo Dois

 

– O que lhe disseste? – perguntou-lhe Lynette, irmã de Jodie, naquela noite, a seguir ao jantar.

Jodie estava convidada para jantar em casa de Chuck e Lynette todas as sextas-feiras, mas nunca tivera notícias tão impressionantes como naquela noite.

Chuck tinha telefonado a dizer que ia chegar tarde e que não esperassem por ele para jantar.

Jodie ajudou a preparar o jantar e esperou até que os seus sobrinhos, Kent e Kyle, de seis e sete anos, estivessem deitados antes de mencionar o plano de Dean.

Depois, reuniu-se com Lynette na sala, onde estava a dar de mamar a Emily, de oito semanas, e lançou a bomba.

– Acho que disse alguma coisa entre dentes, mas não me lembro de quê. Tinha a cabeça às voltas.

– Vais, não vais?

– Quase me ordenou que fosse – gemeu Jodie, rindo-se.

– Quando é que vão?

– Os bilhetes são para domingo de manhã.

– Então a sua última querida finalmente fartou-se do teu problemático chefe, não é? Durou mais do que as outras.

– Acho que o que o afectou foi que fosse ela a acabar. Costuma ser privilégio dele. Ao menos agora sabe o que se sente ao ser rejeitado.

– Custa-me a acreditar que tenha recusado uma viagem ao Havai. Eu teria ido e depois acabava com ele – disse.

– Ela não sabia. A viagem era uma surpresa.

– Esse homem não percebe mesmo nada de mulheres – Lynette abanou a cabeça, incrédula. – A expectativa da viagem é quase tão importante como a viagem em si.

– Estamos a falar de Dean Logan. É óbvio que ele não percebe nada de mulheres. Para ser um homem tão brilhante nos negócios, é incrivelmente obtuso com o sexo oposto.

– Bom, que diferença faz isso se conseguiste umas férias de borla?

– Vou perder três aulas.

– E depois? Tiveste óptimas notas até agora. Recupera-las num instante.

Abriu-se a porta que comunicava a garagem com a cozinha. Chuck estava em casa.

– Boa tarde – disse, entrando na sala. Era polícia detective e a farda assentava-lhe na perfeição. – Como estão as minhas três mulheres preferidas? – Inclinou-se sobre Lynette e deu-lhe um longo beijo. Jodie contemplou-os com inveja.

Quando se ergueu, beijou a cabecinha de Emily, mas a menina ignorou-o, o jantar era mais importante.

– Tens o jantar no frigorífico. Só tens de pô-lo no microondas.

– Como está tudo, Jodie? – perguntou ele, dirigindo-se à cozinha.

– O patrão convidou-a a passar uma semana no Havai – disse Lynette, antes que Jodie tivesse tempo de falar.

– A sério? – Chuck deteve-se e virou-se sobre o seu eixo. – O Logan convidou-te para ires com ele? Bom, bom. Andavas muito caladinha. Não sabia que estavam juntos.

– Não estamos! Acredita, não há nada romântico entre nós. A mulher com quem andava acabou com ele. Tinha os bilhetes de avião, eu sugeri-lhe que fosse de férias à mesma, e decidiu que se tinha de reunir com um possível cliente enquanto lá estava. Disse que precisava da minha ajuda, portanto devem ser umas férias de trabalho.

– E tu acreditas? – sorriu Chuck.

– Claro, porque não havia de acreditar?

– Jodie, minha querida. Põe os pés na terra, certo? – Chuck, esquecendo o jantar, sentou-se ao pé de Lynette. – Um homem não convida a sua bela secretária para ir para uma ilha tropical sem ter um motivo estritamente masculino. Vai fazer todos os possíveis para te levar para a cama. Conta com isso.

– Chuck! – disse Lynette, com voz suave mas enfática. Nem todos os homens pensam só em sexo, como tu!

– Ah pensam, claro que pensam! – ofereceu-lhe um sorriso íntimo. – Mas uns ocultam-no melhor do que outros.

– É possível que tenhas razão, Chuck, mas o Dean é uma excepção – apontou Jodie. – Trabalho para ele há muitos anos e sei que não repara em mim como mulher. Para ele sou apenas uma máquina eficiente, mais nada.

– Está bem. Tu é que sabes. E quando é que vão?

– Domingo de manhã.

– Já estiveste no Havai alguma vez?

– Não.

– Então vai e diverte-te. Imagino que ele é que paga a tua estadia, não é?

– Ele comprou um apartamento lá há três anos como parte de um acordo de negócios. Tem três quartos e três casas de banho. Acho que a empresa que o vendeu o usava antes para que os seus executivos «relaxassem».

– Então vai ter-te mesmo onde ele quer para te seduzir com calma – comentou Chuck, enquanto enrolava as pontas de um bigode imaginário, a sorrir.

– Imaginação não te falta, isso é óbvio – disse Jodie a rir. – Se o conhecesses, percebias quanto te enganas.

– Porquê? É alguma espécie de monstro?

– Digamos que é difícil habituar-se a ele. Quando fechar o seu negócio o mais provável é que se esqueça que eu estou lá.

– Isso é levar o platónico longe de mais, minha irmã – disse Lynette. – Tem de haver um meio-termo entre o que tu imaginas e o que o meu marido pensa.

– Então, acham que devo ir?

– Acho – responderam ambos em uníssono.

– Mas, e as fofocas no escritório? – protestou Jodie – Acham que as pessoas não vão ficar com uma ideia errada?

– Assim têm qualquer coisa para falar – respondeu Chuck. – De certeza que levanta a moral a toda a gente. Aposto que até vão fazer apostas sobre quando vão anunciar o vosso compromisso.

– Enfim, se for, então vou ter de ir comprar alguma roupa de praia amanhã.

– Boa ideia. Compra coisas coloridas e tropicais – sugeriu a sua irmã. – Dizes que nunca tens tempo de ir cortar o cabelo, por que não vais amanhã?

– Sim, vou fazer isso – assentiu Jodie.

– E compra protector solar. Já sabes que nós ficamos vermelhas como lagostas por causa dos nossos antepassados escandinavos.

– Espero voltar com um grande bronze – disse Jodie.

Lynette pôs Emily no ombro e afagou-lhe as costas até que a menina soltou um sonoro arroto.

– Tenho de ir deitá-la – disse Lynette. – Volto já.

– Tenho de me ir embora. Foi uma semana comprida – Jodie levantou-se. – E parece que amanhã vou ter de passar o dia todo nas compras.

– Coitadinha – consolou-a Lynette com um sorriso. – É o teu passatempo preferido, todos sabemos isso.

– Sim, comprar roupa de Verão em pleno Inverno era mesmo o que estava a precisar para me entusiasmar.

 

 

Naquela noite, antes de se deitar, Jodie pensou nos comentários de Lynette e Chuck.

– Vais ser corajosa e vais considerar isto como uma oportunidade única para conhecer o Havai com tudo pago? – perguntou-se, olhando-se ao espelho com olhos brilhantes. – Será preciso equilibrar a balança. Por um lado, o Havai com todos os seus prazeres; e por outro, uma semana com um homem que é viciado no trabalho. Conhecendo o Dean, vamos passar o tempo todo a trabalhar.

Mas ia encontrar algum momento para desfrutar do sol e da praia. Com um sorriso nos lábios, foi-se deitar.