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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Fiona Harper

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Um «sim» para o milionário, n.º 1132 - Dezembro 2014

Título original: Saying Yes to the Millionaire

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2009

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5872-5

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Volta

Capítulo 1

 

– Não, não consigo. Não consigo fazê-lo!

O chão era uma lembrança distante. Fern olhou para os seus pés e sentiu náuseas. O Tamisa reflectia o sol do mês de Junho e Londres continuava educadamente com a sua rotina diária quarenta e cinco metros mais abaixo.

– Vais saltar ou não? – perguntou alguém atrás dela.

Não! Claro que não! Não estava louca! De certeza que se Deus quisesse que o bridge jumping fosse uma parte natural das suas vidas teriam nascido com metros de cordas elásticas atadas aos pés.

Fern engoliu em seco. Tinha todos os músculos do corpo tensos. Fechou os olhos, mas isso ainda foi pior. A escuridão aumentava o barulho monótono do trânsito em terra e o tamborilar da corda suspensa no ar.

Não, não ia saltar.

Abriu os olhos e virou a cabeça, abrindo a boca para lhes dizer que fora um erro. Mas então sentiu que umas mãos fortes a seguravam pela cintura.

– Agora salta – disse uma voz atrás dela. – Não é, Fern?

Fern abanou a cabeça, mas o gritinho que saiu da sua garganta parecia um «sim».

Fern inalou a fragrância da loção de barbear e sentiu a respiração masculina a acariciar-lhe as madeixas de cabelo que se tinham soltado da sua trança.

– Consegues saltar – disse ele, num tom de voz quente e tranquilizador. – Sabes que consegues, não é?

Durante um segundo Fern quase se esqueceu de onde estava, no topo de uma grua à beira do rio Tamisa, quase a cinquenta metros do chão. Quase se esqueceu dos curiosos e dos organizadores do evento de beneficência que os observavam do chão. Conhecia aquela voz!

Meu Deus, estava lá!

Atrás dela, a sussurrar-lhe palavras de ânimo ao ouvido. A sua pulsação enlouqueceu. Não sabia se devia ir mais depressa, mais devagar ou parar por completo, mas Fern sentiu-se mais segura agora que ele estava ali, tão perto que quase conseguia sentir o batimento do coração masculino nas costas.

– Eh… sim – balbuciou.

Dessa vez quase acreditou na sua resposta.

– Está bem, vou contar até três e, quando disser «já», deixas-te cair.

Ele tinha uma voz deliciosa e Fern deixou-se levar pelos sons e pelas sílabas individuais que pareciam ecoar nos seus ouvidos com suavidade, esquecendo o significado das palavras.

De repente, percebeu que Josh já estava a dizer…

– Três.

– Mas…

Josh não gritou. Antes pelo contrário. Disse a seguinte palavra suavemente, apenas num sussurro.

– Já!

E ela viu-se a cair. E, nesse momento, sentiu-se incapaz de gritar.

 

Três dias antes

 

– Não, obrigada – Fern abanou firmemente a cabeça, esperando que Lisette entendesse a mensagem.

Mas devia ter sabido que não seria assim. A sua amiga estava a abanar um garfo com alguma coisa de aspecto pegajoso à frente do seu nariz, tão perto que Fern mal conseguia vê-lo.

– Vá lá, prova.

– Não, Lisette, eu não gosto de marisco.

– É uma lula. Quase não sabe a nada – continuou Lisette. – Há um ano que vimos ao Giovanni’s pelo menos uma vez por mês e tu pedes sempre o mesmo.

Fern afastou o garfo com a mão.

– Eu gosto do molho napolitano. É o meu favorito.

Lisette pousou o garfo no prato.

– Que aborrecido! É sempre igual.

– Está bom e assim não me arrisco a sofrer uma intoxicação se não o cozinharem nem o armazenarem adequadamente – declarou Fern, pousando o garfo no seu prato de massa e sem parar de olhar para a sua amiga.

Depois, bebeu um gole de vinho.

– Bom, diz-me, que trabalho estás a fazer agora? – perguntou.

Nem todos conseguiam ter empregos tão extravagantes como Lisette, o que era uma espécie de «bónus» profissional. Tão depressa estava sentada num pub a participar numa das telenovelas semanais da televisão britânica como estava vestida com um fato prateado para uma série de ficção científica.

– Tenho um papel numa série policial nova. Na semana que vem, usarei leggings, sapatos de salto alto e terei um brilho sedutor nos olhos.

– Desde quando é que as polícias usam leggings?

Lisette sorriu.

– Por favor, não pensarás que vou fazer de polícia, eh? – Lisette riu-se. – Eu serei a prostituta número três. Fantástico, eh?

Fern assentiu, embora com o sobrolho franzido.

– Lamento muito, Lisette. Adoro que te tenham dado o papel, mas…

– Sei que ficar seminua num quarto e comportares-te como uma descarada não é para ti – replicou Lisette. – Se eu fosse investigadora de seguros, morreria de aborrecimento.

– Análise de riscos – recordou-lhe Fern, embora não soubesse porque se incomodava.

Lisette confundia-se sempre com o nome da sua função.

– Sim, sim, já me lembro – replicou Lisette, oferecendo um mexilhão a Fern. – Se não queres lulas, pelo menos prova um destes.

Fern suspirou.

– Não.

– Sabes? Parece-me que essa é a palavra que mais abunda no teu vocabulário – gozou Lisette, divertida.

– Nem pensar!

– Claro que é. O que precisas é de um pouco de emoção na tua vida.

Bom, já ia começar.

Lisette estava convencida de que a sua missão na vida era animar a existência monótona e rotineira da sua pobre amiga. Ao longo dos anos, arrastara-a para todo o tipo de actividades extravagantes: kickboxing, parapente, tipos de ioga em que tivera de dobrar o corpo de formas inimagináveis… Depois, tentara encontrar-lhe homens emocionantes para sair. Depois de uma noite com Brad, o piloto de Fórmula 1, Fern demorara mais de uma semana a entrar num carro.

– Não, nada disso.

Lisette esboçou um sorriso enorme.

– Outra vez a palavra. Não consegues evitá-lo, pois não?

– Sim, claro que consigo – redarguiu ela, sorrindo de orelha a orelha.

Lisette pôs um garfo cheio de massa na boca, olhando pensativa para o tecto. Quando acabou, apoiou-se nas costas da cadeira e cruzou os braços.

– De certeza que, se tivesses de passar uma semana sem dizer «não», tinhas um enfarte.

– Não sejas ridícula!

– Achas? Está bem, então vamos ver se a minha teoria é assim tão ridícula – desafiou-a Lisette. – Vamos ver se consegues dizer «sim» a tudo o que te perguntarem durante uma semana inteira.

Fern riu-se tão alto que várias cabeças se viraram para olharem para ela e levou rapidamente a mão à boca.

– E porque havia de aceitar um desafio como esse?

Um brilho divertido apareceu nos olhos de Lisette e Fern sentiu que estava em apuros.

– Porque, se o fizeres, doarei quinhentas libras a essa organização que angaria recursos a favor da investigação da leucemia.

Oh, aquilo era um golpe baixo. Como podia rejeitar uma oferta semelhante? A associação de luta contra o cancro que liderava precisava desesperadamente de fundos para investigar tratamentos; tratamentos que teriam podido salvar a vida de Ryan há anos, se alguém os tivesse descoberto. A associação pedira aos seus voluntários para angariarem cem mil libras para investigação e ela participara em todo o tipo de eventos com fins de beneficência, desde corridas e maratonas a festas infantis e já quase tinham conseguido. Só lhes faltavam cinco mil libras e Lisette oferecia-lhe uma décima parte, que era muito mais do que ela conseguia reunir numa semana.

– Estás louca!

– Certamente, mas será um prazer dar-te o dinheiro em troca de te ver a correr alguns riscos e a viver um pouco.

Fern respirou fundo, meditando sobre a proposta.

– Não acho que tenhas pensado bem – redarguiu, finalmente. – Não posso responder afirmativamente a todas as perguntas que me fizerem durante uma semana. E se alguém me perguntar se quero assaltar um banco?

– Sim, esse é o lado negativo de Londres, há sempre desconhecidos que se aproximam e perguntam esse tipo de coisas.

Fern revirou os olhos e afastou o prato.

– Estás a exagerar, como sempre. Sabes a que me refiro e não podes ignorar o facto de nesta cidade haver muitos loucos à solta.

Lisette devia sabê-lo. Saíra com metade deles.

– Tens razão – Lisette tirou uma caneta da mala e começou a rabiscar alguma coisa num guardanapo. – Precisamos de algumas regras básicas.

– Esquece. Não tenciono fazê-lo.

Lisette continuou a escrever.

– Está bem, estas são as cláusulas. Nada ilegal, nem nada que seja muito perigoso.

– Nem imoral.

Estava a aceitar? Aquilo não ia a lado nenhum.

Ao ouvi-la, Lisette levantou a cabeça.

– Nem imoral? Que pena! Assim eliminas imensas coisas que podem ser muito divertidas – replicou, num tom que não deixava dúvida sobre o tipo de coisas a que se referia.

– Divertidas para ti, mas certamente eu não tenciono ir para a cama com o primeiro homem que se aproxime de mim na rua e mo peça.

– É o que digo, estás a eliminar imensas coisas divertidas – insistiu Lisette.

– E como vais verificar se o faço? – perguntou Fern, sorrindo. – Não podes seguir-me durante uma semana. E se fizer batota?

Lisette ficou pensativa durante um instante e, depois, desatou a rir-se.

– Não, não me parece. Mesmo que te sentisses tentada a fazê-lo, confessá-lo-ias quando te desse o cheque, não é?

– Nem pensar!

Que tipo de idiota pensara que era? Claro que… Fern encostou a cabeça nas mãos.

– Oh, meu Deus! Sim, é verdade – reconheceu.

Lisette conhecia bem a sua amiga e soube que estava prestes a ceder.

– Imagina que é outro evento para angariar fundos – insistiu, certa de que já quase a convencera.

Maldita Lisette! Depois de viver com ela durante três anos, a sua amiga sabia perfeitamente quais eram os seus pontos fracos. E angariar dinheiro para evitar que mais crianças sofressem como o seu irmão sofrera antes de morrer vítima do cancro era o mais importante na sua vida.

– Posso parar a qualquer momento?

Lisette encolheu os ombros.

– Sim, mas ficarás sem o dinheiro.

Fern levantou o copo de vinho e bebeu-o de um gole.

– Está bem, sim, fá-lo-ei.

«Por Ryan», pensou enquanto engolia o Chardonnay.

Lisette aplaudiu, emocionada.

– Garanto-te que vai ser a semana mais emocionante da tua vida.

Fern pegou na garrafa de vinho e serviu outro copo. Isso era exactamente o que ela receava.

 

 

– Lamento muito, Callum, vais ter de te ocupar da reunião em Nova Iorque sozinho – Josh espreitou pela porta da sala e olhou para o seu pai ensonado no sofá com o jornal sobre a cara. Fechou a porta e baixou o tom de voz. – O meu pai está melhor, mas vou ficar mais algumas semanas.

Enquanto o seu sócio lamentava o facto de ele perder uma reunião importante com o presidente de uma cadeia hoteleira, Josh foi à cozinha e olhou para o jardim. Callum conseguia fazê-lo sozinho. Pessoalmente, Josh lamentava mais abandonar a viagem que preparara depois de Nova Iorque, uma visita a um dos seus projectos mais queridos.

Recentemente a One Life Travel, a sua agência de viagens especializada em viagens inesquecíveis e exclusivas, iniciara uma nova linha de negócio que organizava expedições com fins de beneficência.

 

Quer percorrer a Grande Muralha da China para ajudar a salvar as baleias? Ou subir o Amazonas de canoa para lutar contra as doenças coronárias? Com a One Life Travel, poderá fazê-lo.

 

O Amazonas. Josh suspirou. Entre os seus planos, tencionara fazer a viagem de canoa para verificar se, na expedição no maior rio do mundo, tudo funcionava correctamente. Da cozinha, viu a sua mãe ajoelhada no jardim, a plantar umas petúnias. O jardim dos seus pais era lindo, sem dúvida, mas demasiado artificial e cuidado para o seu gosto. E pequeno. Ali não havia possibilidade de encontrar cobras nem piranhas.

– Correrá tudo perfeitamente. Leva Sarah contigo – disse a Callum. A sua assistente pessoal era tão eficiente que seria quase como estar lá pessoalmente. – Sarah conhece muito bem o projecto – garantiu. – Telefonar-te-ei dentro de uma semana.

Josh despediu-se e deixou o telefone sem fios na bancada da cozinha. De certeza que a sua mãe o recordaria mais tarde.

Era estranho estar novamente em casa dos seus pais, até mesmo dormir no seu velho quarto, em vez de na casa que tinha no outro extremo de Londres. Em casa dos seus pais, nada mudara, a casa continuava a ser tão acolhedora e aborrecida como sempre.

Claro que a sua mãe estava contente por o ter ali. Ultimamente, só ia visitá-los nas épocas festivas, como o aniversário do seu pai ou o jantar de Natal. Bom, nem sempre. No Natal passado ficara preso no Nepal depois de um passeio aos Himalaias, quando o seu voo fora cancelado por causa do mau tempo.

Alegrava-se por voltar a ver os seus pais, mas teria preferido que fosse noutras circunstâncias. Há um mês e meio, recebera uma chamada frenética da sua mãe dizendo-lhe que o seu pai estava a ser operado ao coração de urgência. Nesse momento, apanhara o primeiro avião para estar junto deles, sem se importar com as dez horas de voo nem com o facto de ter de abandonar as suas obrigações profissionais.

Abanou a cabeça e saiu para o jardim. Agora que o seu pai estava melhor, sentia novamente a inquietação de continuar com a sua vida habitual.

– Muito bonitas, mãe!

A sua mãe virou-se para olhar para ele.

– Não são muito exóticas, eu sei, mas eu gosto.

Josh sorriu e percorreu o jardim onde passara tantos momentos durante a sua infância com o olhar. E então percebeu que faltava alguma coisa.

– Mãe, onde está a macieira?

A sua mãe limpou as mãos com um pano e aproximou-se dele.

– Esta Primavera esteve muito vento. Uma noite tivemos rajadas de até cento e cinquenta quilómetros por hora – a mulher encolheu os ombros. – De manhã, quando nos levantámos, a macieira estava no jardim do vizinho.

Sem pensar, Josh dirigiu-se para onde estivera a macieira. Só restava o buraco. De repente, sentiu raiva. A árvore fora uma parte importante da sua infância. Durante os Verões, o seu vizinho e amigo Ryan e ele passavam mais tempo entre os seus ramos do que com os pés no chão. Se soubesse que já não estaria lá, da última vez que estivera em casa teria… teria rezado uma prece ou algo do género.

Não gostava de cemitérios e não fora ver a pequena lápide de mármore no cemitério de Saint Mark’s, nem sequer no dia do funeral do seu amigo. Em vez disso, subira até aos ramos mais altos da macieira e permanecera lá em silêncio.

Uma sensação fria e sombria embargou-o e, de repente, viu-se obrigado a virar-se para a casa e a afastar-se das suas lembranças.

Quando entrou na cozinha a sua mãe estava a fazer o chá.

– Ainda sentes a falta dele, não é?

Josh encolheu um ombro, com os olhos cravados no chão, consciente de que não limpara os sapatos no tapete ao entrar. Em silêncio, foi novamente até à porta e limpou-os. Quando levantou a cabeça, a sua mãe observava-o com uma expressão que deixava claro que não a enganava.

De que serviria dizer-lhe que ainda havia vezes em que esperava ver Ryan a aparecer pela porta da cozinha e a pedir à sua mãe um pedaço do seu famoso bolo de creme?

Josh olhou para o jardim dos Chambers.

– Ainda não vi Fern.

A sua mãe tirou algumas chávenas do armário.

– Acho que está muito ocupada com o trabalho.

Josh assentiu. Fern era assim. Entregue, trabalhadora e leal.

– Espero que não se exceda demasiado.

A sua mãe desatou a rir-se.

– És tão terrível como Jim e Helen! – exclamou a mulher. – Passaram a vida a querer protegê-la. Não é de estranhar que tenha ido viver sozinha.

Mas a sua mãe não conhecia a promessa que Josh fizera no dia do enterro de Ryan, escondido entre os ramos da velha macieira. Adoptar a sua irmã mais nova como se fosse dele e jurar cuidar dela para sempre. Oh, metia-se com ela tal como Ryan fizera, sim, mas também a protegia.

– Embora a sua companheira de apartamento seja um pouco estranha – estava a comentar a sua mãe. – Um pouco louca, diria eu.

– Está… a sair com alguém?

A sua mãe abanou a cabeça.

– Não que eu saiba. Sei que no ano passado teve uma relação mais séria e eu tinha a certeza de que acabariam por se casar, mas, de repente, ele desapareceu.

– Posso procurá-lo e bater-lhe? – perguntou Josh.

– Não tem nove anos – recordou-lhe a sua mãe.

Josh sabia perfeitamente. Mas era mais fácil pensar nela como se ainda fosse uma criança.

– És como os seus pais – continuou a sua mãe. – Sempre a tentar protegê-la. Ela aguenta-o por eles, por Ryan, mas não vai gostar se tu fizeres o mesmo – avisou.

Tolices! Fern adorava vê-lo. Ele era o seu irmão mais velho favorito.

– Vai ver se o teu pai quer um chá.

Josh saiu da cozinha, mas a sua mãe chamou-o novamente.

– E põe o telefone no seu sítio.

Josh sorriu, voltou a pegar no telefone e foi para a sala, onde o seu pai ressonava sonoramente por baixo do jornal. Com cuidado, tirou-lho e começou a dobrá-lo. Era melhor continuar a descansar. O seu pai precisava disso.

bridge jumping

Seria assim tão horrível? Não era mau rapaz, fisicamente não era mau e conseguia manter uma conversa agradável com ele. Mas mais nada. Entre eles não havia faísca.

Claro que ela só sentira aquela faísca uma vez na sua vida e isso não significava absolutamente nada. Na verdade, a faísca era perigosa.

Sim, Simon era uma boa escolha, uma aposta sem risco. Talvez devesse aceitar.

– Simon diz que temos de estar no rio às oito, Lis.

Simon mexeu-se na cadeira.

– Bom, os que vão saltar só têm de lá estar às nove e meia.

Lisette, que acabara de dar uma dentada à sua madalena, limpou os lábios com o dedo.

– Rapazes, tenho uma má notícia – replicou, fazendo uma careta e olhando para Fern de soslaio.

Oh, não! Aquilo não podia ser bom.

– Não me olhes assim – redarguiu. – Na série, querem filmar mais cenas do que tinham planeado ao princípio e começamos a gravar amanhã em vez de ser na quinta-feira. Apanhou-me totalmente desprevenida, mas não posso dizer que não.

Simon olhou para ela, em pânico.

– E o dinheiro do teu patrocinador?

– Bom, acho que tenho a solução… – virou-se para olhar para Fern e ela sentiu pele de galinha imediatamente. – Fern, minha amiga querida e responsável…

Fern levantou-se da cadeira como que impulsionada por uma mola e tapou a boca da sua amiga com a mão.

Não! Nem pensar!

– Lisette, nem penses…