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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2005 Laura Wright

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

O leito do Sultão, n.º 677 - Março 2015

Título original: The Sultan’s Bed

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2006

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-6481-8

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Capítulo Dezasseis

Se gostou deste livro…

 

Prólogo

 

– O nosso pai teve outro filho.

Depois de dizer estas palavras, Zayad Al-Nayhal, sultão de Emand, deu uma volta completa sobre si próprio e enterrou a espada num torso imaginário. Chegou-se para trás e voltou a apoiar firmemente os pés no chão do terraço que existia à volta do terceiro andar do palácio. Estava tenso, exausto e sangrava da mão direita.

Era normal, pois estava a treinar há três horas e meia. Mas aquilo era para ele uma diversão.

Na noite anterior tinha recebido uma carta do antigo assessor do seu pai, escrita poucos dias antes de morrer. O conteúdo era de tal forma emocional que Zayad telefonou imediatamente ao seu irmão para lhe pedir que regressasse a casa. Sem saber do que se tratava mas surpreendido com a agitação do irmão, Sakir partiu uma hora depois.

Naquela noite, Zayad tentou adormecer mas não conseguiu. Às duas e meia da manhã saiu da cama e foi para o terraço com o objectivo de continuar a treinar com a espada enquanto esperava pelo irmão.

O sol começava a espreitar no horizonte, por trás das paredes do palácio. Estava a amanhecer e, por essa altura, o seu irmão já teria chegado a Emand.

Sakir apareceu, e por trás deles podiam ver-se varandas de pedra, cortinas de seda e cúpulas douradas. Ele olhava para o irmão com uma expressão aborrecida e os braços cruzados.

– Tens feito de tudo para me trazeres até Emand, mas inventar essa história…

– Eu não inventei nada, meu irmão.

– Não acredito em ti – respondeu Sakir. – Eu deixei a minha mulher grávida nos Estados Unidos porque me pareceu que…

– Que era uma emergência?

– Sim. E encontro-te aqui a brincar às espadas.

Com os olhos fixos no irmão, Zayad levou a ponta da espada até uma mesa redonda. Sobre a mesa estava uma bandeja de ouro com o seu pequeno-almoço e, ao lado da bandeja, uma carta.

– O Draka escreveu esta carta antes de morrer. Aquilo que diz é tão extraordinário e de tal importância que achei ser razão suficiente para te afastar da Rita.

Sakir olhou para a carta mas não se moveu.

– O que é que diz?

– Que há vinte e seis anos atrás o nosso pai foi aos Estados Unidos. Ia reunir-se com dois senadores da Califórnia para falarem dos métodos modernos de extracção de petróleo – respondeu Zayad. – Lá, conheceu uma mulher.

– Uma mulher? – repetiu o seu irmão.

– Uma jovem que trabalhava para um dos senadores. Parece que o nosso pai se sentiu atraído pela sua beleza e personalidade. Convidou-a para jantar e ela aceitou. Depois de jantarem, deram um longo passeio pela costa… – Zayad parou a descrição, respirou profundamente – e depois ela convidou-o a passar a noite em casa dela.

Sakir demorou alguns instantes para reagir.

– Isso parece-me muito difícil de acreditar. O nosso pai odiava os americanos.

– Eu também achava isso mas, segundo Draka, esta mulher era diferente.

Pela segunda vez nas últimas vinte e quatro horas, Zayad sentiu-se invadido pela cólera. Ele não era um romântico, não acreditava no amor. Ele conhecia o modo como os homens da sua posição agiam, inclusive os homens casados. Mas o seu pai tinha sido diferente. Era isso que sempre achara. O sultão nunca tinha levado para a cama nenhuma mulher para além da sua esposa. Dizia amá-la profundamente e, contrariamente a outros governantes da zona, teve apenas uma mulher.

– Quanto tempo esteve nos Estados Unidos? – perguntou Sakir.

– Três dias.

– E passou-os com essa mulher?

– Parece que sim.

– Mas falaste de um filho…

– Um mês depois do nosso pai regressar a Emand, a mulher pôs-se em contacto com o Draka.

– E?

– Disse-lhe que ia ter um filho do sultão. Queria falar com ele e dar-lhe a notícia.

– O que é que o nosso pai disse?

– Zayad aproximou-se da balaustrada e procurou encontrar alguma calma na paisagem desértica.

– O Draka nunca lhe contou.

– O quê? – exclamou o seu irmão.

– O Draka não acreditou na mulher.

– Mas deviam ter investigado…

– Claro que sim, mas não o fizeram – interrompeu Zayad, olhando para os jardins do palácio. Neles havia flores, plantas e árvores de fruto e o túmulo do seu irmão mais novo, Hassan. O rapaz morrera uns anos antes, num exercício militar, e Zayad ainda não conseguira superar a sua morte.

Mas as borboletas voavam sobre as flores do seu túmulo, como numa lembrança que o seu espírito continuava ali.

Zayad percebeu naquele preciso instante que, mesmo que a possibilidade dele e Sakir terem um irmão fosse muito remota, ela teria que ser investigada.

– No que é que estás a pensar?

– Isto é um assunto pessoal, um assunto da família. Eu quero saber se temos um irmão nos Estados Unidos.

– Está bem. Vamos procurá-lo.

– Sou eu quem irá à procura dele.

– Mas…

– Como tu próprio disseste, tens uma mulher, ela está grávida e precisa da tua ajuda. Não podes deixá-la sozinha mais do que alguns dias. Eu seria um egoísta se te afastasse de casa numa altura destas. Só te chamei aqui agora porque não te queria contar pelo telefone.

– Fizeste bem.

– Mas o teu dever é voltar para perto da Rita.

Sakir cerrou os lábios.

– Se essa criança existir, vai ter que se fazer um teste de ADN.

– Claro. Mas já não será uma criança. Passaram muitos anos.

– Pois, agora será um adulto.

Zayad espetou a espada na carta e entregou-a ao irmão.

– Lê o último parágrafo.

Sakir agarrou no papel e Zayad observou, divertido, a mudança de expressão na cara do irmão.

– Uma rapariga?

– Sim, uma rapariga – também ele ficara surpreendido. Com três filhos varões, nunca lhe passou pela cabeça que o seu pai poderia ter tido uma filha.

– Onde é que ela está? – perguntou Sakir.

– Vive a uma hora de Los Angeles, na Califórnia. Num lugar que se chama Ventura.

– Quando é que partes?

– Amanhã de manhã. Mas a investigação já começou. Antes de partir quero saber mais algumas coisas sobre esta mulher.

– O que é que vais fazer quando chegares lá?

– Vou viver como um americano. Vou conhecer esta Jane Hefner, verificar se é uma Al-Nayhal e se consegue aceitar a verdade.

– Tens que me manter informado.

– Claro – disse Zayad e indicou a um dos criados para levar a bandeja e a outro para lhe levar a espada.

– Podemos vir a ter uma irmã – disse Sakir, com um sorriso nos lábios.

Zayad não partilhava o entusiasmo dele.

– Não te iludas. Poderíamos ter uma irmã… mas também poderíamos ter uma impostora.

Capítulo Um

 

«Serão todos os homens uns imbecis?»

Mariah Kennedy saiu do seu Ford Escort de 92, sem ar condicionado, e enfrentou os quarenta graus do sol da Califórnia.

«Bonito, charmoso, inteligente, com dez milhões de dólares e recusa-se a dar a pensão alimentar aos filhos gémeos.»

Mariah bateu com a porta.

Estava encharcada em suor desde os cabelos, presos num rabo-de-cavalo, até ao fato, imitação de um Chanel. Subiu até ao seu velho, mas encantador, duplex. A brisa de verão vinda do mar, a menos de um quilómetro de distância, refrescava-lhe a pele e o mau humor.

«Não, nem todos os homens são uns imbecis. O meu pai era um homem fantástico. Devem ser só os ricos e bonitos que são uns imbecis.»

Mariah chegou à porta e, com o seu estilo inconfundível, procurou as chaves dentro da mala ao mesmo tempo que se baixou para apanhar o jornal que lhe tinham deixado à porta.

Normalmente conseguia fazer as duas coisas ao mesmo tempo, mas naquele dia tudo lhe corria mal.

A primeira página do jornal, A Exposição Solar Provoca Aumento de Peso, fez com que hesitasse em levá-lo.

Nesse momento ouviu um barulho atrás de si. Levantou-se e deu meia-volta ao mesmo tempo…

Má opção…

A falta de jeito que demonstrou durante toda a manhã na sala de audiências, repetiu-se naquele instante, fazendo com que ela embatesse contra o peito de um homem.

Deu um pequeno grito e deixou cair a mala, fazendo com que tudo o que se encontrava lá dentro caísse ao chão.

– Raios! – exclamou Mariah, ajoelhando-se. O homem agachou-se ao lado dela. – Não se preocupe eu tenho tudo sob controlo.

– Não parece.

Com a rapidez da sucessão dos acontecimentos, tivera apenas tempo de reparar na cara dele.

Ela levantou o olhar.

Um imenso calor, que não era do sol, pareceu entranhar-se nos ossos. Nunca vira um homem tão belo ao vivo. Mas ali estava ele. Tinha uns olhos escuros e profundos, uns cabelos pretos e bem cortados, umas feições masculinas e elegantes e uns lábios que, por certo, teriam enlouquecido muitas mulheres.

Mariah tentou acalmar o batimento do seu coração mas não serviu de nada.

Ele devia ter perto de trinta e cinco anos e era incrivelmente bonito. Tinha o aspecto seguro que impressiona homens e mulheres num tribunal apesar de estar vestido informalmente, com uma simples camisa preta.

Aquele homem tão bonito devia ser o novo inquilino de quem a senhora Gill falara no dia anterior.

O inquilino a quem a senhora Gill se tinha referido como «um jovem encantador».

O «jovem encantador» levantou o sobrolho.

– Não queria insultá-la. Só que parecia estar um pouco nervosa.

Tinha uma voz de barítono com uma ligeira pronúncia estrangeira.

Perfeito.

– Eu não estou nervosa.

O desconhecido apanhou o livro que ela deixara cair ao chão, As mulheres que Amam Homens Idiotas, e entregou-lho.

– Se eu puder fazer uma sugestão…

– O quê? Que olhe para onde vou?

– Sim, isso também seria uma boa ideia – sorriu ele, oferecendo-lhe a mão. – Quando se tem calma, estas coisas não acontecem.

– Eu não gosto de fazer as coisas com calma.

– E desculparmo-nos quando provocamos uma situação desagradável também é uma boa ideia.

Mariah sorriu. Talvez estivesse enganada quanto aos homens bonitos e charmosos.

– Está bem, agradeço o seu pedido de desculpas. A verdade é que me pregou um susto…

– Não, eu falava de si. É você quem deveria pedir desculpa, não é?

«Afinal, talvez seja mesmo um imbecil.»

– Desculpe?

– Foi você que bateu contra mim, não foi?

– Sim, mas foi um acidente.

– Eu não acredito em acidentes. Mas, mesmo se tivesse sido um acidente, acho que mereço um pedido de desculpas.

Mariah, como advogada, estava disposta a discutir o assunto, mas depois do dia terrível que tivera, não lhe apetecia nada.

– Peço desculpas de ter batido contra si. Está bem assim?

Ele não parecia contente.

– Acho que vai ter que servir, senhora…

– Mariah Kennedy – respondeu ela.

– Eu sou o Zayad Fandal. Vivo no apartamento ao lado.

Claro, ela acertara. Ele era o novo inquilino.

«Lembra-te, podes olhar mas não podes tocar.»

– Prazer em conhecê-lo, senhor Fandal. Bem-vindo ao bairro. E, mais uma vez, lamento muito ter batido contra si – disse Mariah, pondo a chave na fechadura.

 

 

– Senhora Kennedy.

Quando ela se virou, viu que ele estava a olhar para o traseiro dela.

– Sim?

– Posso perguntar-lhe uma coisa?

«Não estou interessada, obrigada.»

Depois de ter passado por um divórcio que durou quatro anos, e de ver aquilo por que passavam muitas das suas clientes por causa de homens como aquele, Mariah decidira sair só com homens desinteressantes, física e intelectualmente.

Era uma tolice? Talvez. Mas assim jogava pelo seguro.

– Diga, senhor Fandal?

– Gostava de saber se a sua companheira de casa, a Jane Hefner, está em casa.

«Ah, claro.»

Ela a achar que ele estava interessado nela e afinal estava interessado era na Jane. Era normal. A sua companheira de casa tinha os homens a fazerem fila à porta do apartamento. A Mariah, loira, baixinha e muito mais voluptuosa, não podia competir com a Jane, uma morena altíssima, com pernas quilométricas e olhos verdes.

Por certo vira a Jane de manhã e ficara cativado.

«Que idiota que eu sou.»