bian1468.jpg

5493.png

Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

© 2005 Shirley Kawa-Jump, LLC.

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

O jogo do amor, n.º 1468 - Abril 2015

Título original: The Dating Game

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado originalmente em português em 2006

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

I.S.B.N.: 978-84-687-6590-7

Editor responsável: Luis Pugni

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Epílogo

Se gostou deste livro…

Prólogo

Na segunda-feira de manhã, Bowden Hartman brincava com o envelope que tinha nas mãos, enquanto considerava a ideia de esquecer todas as regras que acompanhavam um uniforme de mensageiro.

Bom, talvez não todas as regras, só algumas, as mais importantes.

O que estava escrito no envelope era bem claro.

«Entrega imediata, antes das dez horas». Aquela era a sua especialidade, a razão pela qual lhe pagavam o salário todos os meses.

Muito bem, entregaria o envelope, no entanto, não o iria entregar àquela pessoa.

Não deveria fazer isso, contudo, quando é que seguira as regras, em vez de fazer aquilo que o instinto lhe dizia?

Quase nunca.

E era essa atitude que tornava a sua vida mais divertida e o seu trabalho suportável.

Não precisava de trabalhar, desde que herdara uma parte da fortuna Hartman.

Contudo, desde a morte do pai, há dois anos, Bowden descobrira que gostava de trabalhar, especialmente, em empregos em que as pessoas se alegravam ao vê-lo e que lhe permitiam dedicar-se a uma das suas coisas preferidas.

Ou seja, intrometer-se na vida dos outros.

Principalmente, na vida amorosa dos outros. Se havia alguma coisa de que Bowden Hartman gostava, era de ver um final feliz.

– Tiveste sorte, Hartman – dissera um dos colegas, Jimmy Landry, enquanto pegava na sua chávena de café. – O que eu daria para levar essa carta.

– Qual?

– A que está dirigida «à bomba» que vai aparecer no concurso Roda do Amor. Acho que foi Miss Indiana. De certeza que te dará um beijo, quando lhe entregares a carta. Eu, como é evidente, penso ver a tal rapariga… O concurso todas as noites.

Bowden olhou novamente para o envelope. Como já tivera oportunidade de ver, estava dirigido a Tiffany Barrett, que fora Miss Indiana há dois anos.

Tinha à sua frente um monte de envelopes, alguns deles dirigidos aos quinze homens solteiros que entrariam com ela no concurso do canal dez, em Lawford.

E havia outros que eram dirigidos aos concorrentes do programa Sobreviventes, um outro reality show.

No dia anterior, o produtor executivo daquela estação de televisão fora à agência para entregar os envelopes, indicando quais seriam para os concorrentes eleitos e quais deveriam ser entregues aos que tinham sido rejeitados e que não tinham prioridade.

Também deixara bem claro que exigia sigilo absoluto, caso contrário, «iriam rolar cabeças».

Bom, não dissera exatamente que «iriam rolar cabeças».

Usara uma outra expressão, muito mais assustadora, como se isso fosse possível.

Os colegas nem quiseram tocar nos envelopes.

Bowden não dissera uma única palavra, contudo, também não fizera caso do produtor. Antes pelo contrário, passara a noite a elaborar um plano.

Na sua mão, tinha um envelope dirigido a uma das concorrentes do programa Sobreviventes.

Chamava-se Mattie Grant e vivia nos históricos apartamentos Pierpont, no centro da cidade. Era uma rapariga simpática, que precisava de ter uma mudança na sua vida.

Bowden já a vira várias vezes, porque lhe entregara diversas caixas de t-shirts para a equipa feminina de futebol, que ela treinava.

E, na semana anterior, ela deixara escapar que concorrera a um programa e que fora ao casting para entrar em Sobreviventes.

E agora, ele tinha na sua mão a carta em que o canal dez dava a resposta e a aceitava como concorrente.

Bowden olhou para os envelopes, um em cada mão.

O de Mattie contra o da ex-Miss Indiana.

E pensou na ideia que tivera na noite anterior.

No entanto, não devia…

Se o apanhassem, iriam despedi-lo imediatamente.

Bom, as consequências pouco interessam. Bowden Hartman achava, firmemente, que quebrar as regras era algo muito mais divertido do que obedecer à letra.

Capítulo 1

Mattie Grant estava preparada para enfrentar tudo.

Mosquitos que eram do tamanho de pintassilgos, beber água infetada com germes e bactérias, e sabia que teria de suportar o frio e o calor.

Podia suportar tudo e queria ganhar.

Afinal, treinara muito para competir no programa Sobreviventes, com a dedicação de um verdadeiro atleta que entrava em maratonas.

Fizera fogueiras no jardim, usando apenas duas pedras; estudara a flora e a fauna da zona, fizera tudo o que estivera ao seu alcance.

Não havia dúvida de que dominava a arte da sobrevivência. Numa selva, num bosque e inclusive numa vala, não haveria o menor problema.

Contudo, não estava preparada para estar numa mansão, que tinha um jardim digno de figurar no cinema.

Mattie estacionou o seu velho jipe e olhou para o envelope que o mensageiro lhe entregara, nessa manhã. Bowden, um rapaz que já conhecia de outras vezes, ficara à espera que abrisse o envelope, porque sabia que ela concorrera ao concurso da televisão, Sobreviventes.

E, quando vira a sua expressão, dera-lhe os parabéns, desejara-lhe boa sorte e despedira-se.

No entanto, Mattie não precisava de sorte. Sabia que tinha várias habilidades. Aos vinte e seis anos de idade, já aprendera que o importante na vida era ter habilidade. Não importava ter dinheiro, nem contactos, nem beleza.

Mattie olhou novamente para aquela casa opulenta, que mais parecia uma joia sob o sol quente de julho. Devia ter pelo menos vinte quartos, atrás da fachada de pedra branca, com duas grandes colunas que ladeavam a entrada.

Aquela era a morada que estava escrita no envelope, porém, não era exatamente aquilo de que estava à espera.

«Antes de o concurso começar, talvez tenha de pousar para fotografias publicitárias ou algo do género», pensou.

Era o que faziam as grandes estações de televisão.

Assim sendo, decidiu sair do jipe, aproximou-se do alpendre e bateu duas vezes à porta, usando a argola de bronze.

Um segundo depois, um homem mais velho, envergando um fato escuro, abriu a porta.

– Estou aqui por causa do concurso – declarou Mattie, mostrando-lhe o envelope.

No entanto, as suas palavras tinham sido pronunciadas como uma pergunta, mais do que como uma afirmação. Havia algo muito estranho.

O mordomo era alto, magro, de cabelo grisalho, e nem sequer pestanejou. De facto, nem sequer parecia estar a respirar. Se não tivesse reparado que movia ligeiramente a mão, teria pensado que era um personagem do Museu de Cera.

– Por aqui, menina.

– Não pode ser… – murmurou Mattie, entrando no vestíbulo. Havia um enorme candelabro, pendurado sobre as suas cabeças, e os pedaços de vidro refletiam a luz que entrava pelas janelas altas. – Vim para participar no concurso Sobreviventes e isto parece ser A Quinta das Celebridades.

O mordomo continuou a caminhar, sem dizer uma palavra. Mattie interrogou-se se deveria ir-se embora. Contudo, se aquele fosse o lugar certo, se aquilo fosse apenas um truque do concurso, para ver como reagia, poderiam desqualificá-la.

– Costumam organizar muitas excursões? – perguntou, olhando à sua volta, para ver se havia alguma câmara escondida.

– Desculpe?

– O senhor sabe. Fogueiras num acampamento, onde se canta Cumbayá, onde há tendas e todas essas coisas.

– Não, menina. Aqui, não temos nada disso – respondeu o mordomo, olhando para ela por cima do ombro, sem se incomodar em disfarçar o desdém provocado pela sua indumentária. Simplesmente, usava calções e chinelos.

Aparentemente, quando os convidados não estavam vestidos de forma adequada não iam muito longe, porque o homem parou na primeira divisão, uma sala onde um caniche se sentiria muito bem.

– Por favor, sente-se – pediu, apontando para um sofá com um tecido estampado, de cujo nome Mattie não se conseguia recordar. Para desgosto da mãe, que sempre achara que viver bem era a única forma de viver.

Ela, que passara a vida com os joelhos esfolados, com as meias sujas de relva, gostava muito mais de brincar do que ficar a saber o nome dos tecidos.

O mordomo pigarreou e Mattie olhou novamente para o sofá. Mais parecia ser uma peça de mobiliário para estar numa casa de bonecas, do que um sofá a sério.

No entanto, o homem parecia muito empenhado em vê-la sentada.

– Menina, por favor, pode dar-me a sua… Mala? – perguntou, um pouco depois, olhando para a mochila com uma certa confusão.

– Não, obrigada. Prefiro tê-la por perto.

Mattie vira outros programas e sabia o que acontecia com os concorrentes que entregavam as malas. Acabavam numa ilha deserta, de mãos vazias. Mas havia sempre um esperto que tinha tudo.

Isso não iria acontecer-lhe.

Tencionava ganhar o programa e, se precisasse de se recusar a entregar a sua mochila ao embalsamador, iria fazê-lo sem sentir o mínimo de escrúpulos.

Deixou-a no chão, aos seus pés, e deixou-se cair no sofá estampado, sem nome, que para além disso era duro e muito incómodo, como se tivessem posto tijolos debaixo do tecido.

Porém, não pretendia ficar ali muito tempo.

Mattie Grant sentia-se tão bem naquele lugar, como um puma num transportador para gatos.

O mordomo fechou a porta, sem fazer o menor ruído, e Mattie decidiu tirar a carta que guardara na mochila.

O bilhete simples, da estação de televisão, era muito conciso.

Dizia apenas que fora selecionada, que era uma das concorrentes do novo reality show.

Não davam mais detalhes.

Quando fora ao casting para o programa Sobreviventes, os produtores tinham avisado que iriam manter a informação em segredo. Porém…

Naquele lugar, havia mais segurança do que no Pentágono

Parabéns! Foi selecionada para participar no novo reality show do canal dez, em Lawford.

E indicavam uma morada, para onde se devia dirigir na quarta-feira, de manhã. Não havia mais nada, exceto a quantia do prémio que o vencedor iria ganhar.

Cinquenta mil dólares.

– Cinquenta mil dólares – ao proferi-lo em voz alta, pensou que aquela quantia era astronómica. E precisava muito daquele dinheiro. Tinha de ganhar, mesmo que tivesse de suportar aquela casa de bonecas durante umas horas, antes de ir para a floresta.

A porta abriu-se e um homem…

Não.

Entrou um deus naquela divisão.

Devia medir um metro e oitenta e cinco, era moreno e tinha olhos azuis, daqueles que fazem com que as mulheres tropecem.

Era parecido com Pierce Brosnan, mas mais novo.

Contudo, Mattie tinha a certeza de que poderia vencê-lo.

Um homem como aquele não duraria muito, no meio de uma floresta. Estaria demasiado preocupado em não partir as unhas, enquanto tentava fazer uma fogueira com pauzinhos.

Ótimo. Seria menos um adversário.

– Estou onde deveria estar? – perguntou ele, ajustando o nó da gravata.

Que tipo de homem usa fato e gravata, para participar um concurso de sobrevivência?

Bom, houvera um advogado, no ano anterior.

Provavelmente, ele estava a pensar em usar o fato como saco-cama.

– Depende de onde tem de estar – respondeu Mattie.

– Sim, claro – e sorriu. – Lamento muito. Ainda não me apresentei. Sou David Simpson. Você é…?

– O seu pior pesadelo.

– Desculpe?

– Não, nada. Era uma brincadeira. Sou Mattie Grant e não tenciono perder.

– Eu também não.

Mattie olhou para o fato dele e para os sapatos brilhantes.

– Não parece ser um concorrente muito preparado.

– Que engraçada. Ia dizer o mesmo, em relação a si – replicou, olhando para os chinelos dela. – Não está um pouco… Informal?

– Isto não é um concurso de beleza. O que interessa aquilo que eu visto?

O deus desconhecido sorriu.

– Gosto de si, Mattie Grant. Não é o que eu esperava.

– Ah, não?

– Vai ser um programa muito interessante. Muito, muito interessante.

Olhou para ela, como se estivesse a estudá-la. Pois bem, ela também podia fazer o mesmo.

– Na sua opinião, porque é que vão fazer um programa como este, em Lawford? Não me queixo, pois Lawford é uma cidade linda. No entanto, normalmente, este tipo de concurso costuma ser produzido pelas grandes estações de televisão.

– Bom, um reality show é muito barato e tem grandes níveis de audiência. Portanto, para os donos do canal dez, era o melhor. O novo proprietário da estação espera vir a ganhar muito dinheiro. Além disso, o canal dez, em Lawford, não é precisamente a joia da coroa, no que respeita a canais de televisão.

Mattie inclinou a cabeça, para estudá-lo atentamente.

– E, como sabe tudo isso?