Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
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28001 Madrid
© 1996 Emma Darcy
© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
O grito da alma, n.º 387 - agosto 2018
Título original: Craving Jamie
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-9188-538-2
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Se gostou deste livro…
Ela estava vestida de amarelo.
A linda mulher que acabara de chegar à galeria de arte fez com que Jim Neilson se lembrasse de uma adorável flor do campo, pura e brilhante, que se destacava entre exóticas orquídeas pretas.
As senhoras da sociedade usavam o preto como uma espécie de uniforme e procuravam suavizar o impacto da cor abusando do uso de jóias. Algumas delas compareceram à exposição de Paul Howard para serem admiradas.
Para não fugir à regra, Jim Nielson também escolhera uma roupa preta. A cor repetia-se na camisa de seda, nas calças de ganga de marca, no blusão de couro e nos sapatos italianos. Gostava da ilusão de pertencer àquele mundo exclusivo, embora tivesse consciência de que não era o seu nem nunca seria.
Tinha uma sólida reputação como coleccionador de arte e a sua opinião sobre o assunto era altamente respeitada. No entanto, aquilo não o fazia sentir-se adequado ao círculo sofisticado que frequentava. A sensação de ser alguém à parte nunca o abandonava, independentemente do quanto subira na vida.
Jim não perdia de vista a mulher de amarelo. Ela não parecia ter consciência do quanto se diferenciava das outras. Não eram muitas as mulheres que podiam usar aquela cor com sucesso.
Alta, magra e de ombros rectos, possuía o porte de um manequim. O cabelo comprido e sedoso era de um vibrante tom dourado, sem mencionar os olhos verdes e amendoados, a boca generosa e o nariz recto, aristocrático.
«É simplesmente adorável», concluiu Jim, atraído pela bela desconhecida.
Admitia que a sua vida amorosa andava em baixo. O seu interesse por Alysha arrefecera há muito tempo, ainda antes dela ir tentar a sorte na Europa e de se tornar modelo internacional. Alysha pertencia ao passado. Ele precisava de encontrar alguém, um rosto novo, uma mulher que o excitasse.
Olhou em redor. Grande parte das mulheres presentes na exposição daria tudo para ter a oportunidade de se deitar na sua cama. Para a maioria, Jim Nielson representava apenas uma extravagância.
Porém, ele já estava cansado de relacionamentos superficiais. Desejava uma coisa mais sólida, talvez um pouco de mistério ou de resistência em vez da rendição total e sem demora.
A mulher de amarelo era um vibrante tempero primaveril no meio daquela sofisticação toda: refrescante, tentadora. Fosse quem fosse, estava sozinha. Não se dirigia a nenhum dos presentes nem demonstrava interesse pelas obras de arte. Jim notou que o seu olhar se limitava a resvalar pelas telas expostas.
De repente, a sua curiosidade aumentou. Ela observava atentamente os homens presentes.
– Aceitas mais uma taça de champanhe, Jim?
Claud Meyer abriu caminho à força e aproximou-se. O proprietário da moderna galeria Woolhara era sempre um óptimo anfitrião para os bons clientes. Provavelmente, aquela exposição permitiria vendas suficientes para assegurar o sucesso do artista e do empresário. Claud era um excelente negociante e Jim respeitava-o.
– Por que não? – respondeu enquanto depositava a taça vazia na bandeja de prata que o empregado de mesa segurava. A seguir, pegou noutra, cheia. – A noite promete ser um sucesso.
– É verdade. O artista é muito popular – foi a resposta do empresário. – Viste alguma coisa que te agrade?
– Vi. A mulher de amarelo – e indicou-a com um gesto de cabeça.
A surpresa de Claud foi substituída rapidamente por uma gargalhada bem-humorada.
– Desculpa, referia-me às obras expostas.
– De facto, o artista é talentoso, mas não pretendo comprar nada.
– Pois devias analisar melhor o seu trabalho e adquirir pelo menos um quadro. Futuramente, será um bom investimento.
– Sabes quem ela é?
– Estás a brincar comigo?
– Porquê? Provavelmente sabes de quem se trata. Só se entra aqui com convite, nas noites de inauguração.
Claud olhou novamente para a mulher de amarelo.
– Asseguro-te que é a primeira vez que a vejo. Permiti que entrasse sem convite, porque ela afirmou que tinha um encontro contigo. Como te vi sozinho, concluí que era verdade.
A curiosidade de Jim aumentou.
– Foi muito engenhoso da parte dela.
Claud mexeu-se, inquieto. Não gostava de ser enganado.
– Se é mentira, vou...
– Não. Deixa-a ficar. De qualquer modo, vamos encontrar-nos – Jim olhou para o dono da galeria e piscou-lhe o olho. – E se ela gostar de alguma destas paisagens, talvez eu a compre – encolheu os ombros.
Reconhecendo que não arrancaria nada a Jim Neilson, Claud sorriu.
– Nesse caso, ela fica.
– Importas-te que eu tome outra taça de champanhe?
– Serve-te, por favor. Vejo-te mais tarde.
Claud saiu, à procura de prováveis compradores, e Jim concentrou-se na mulher de amarelo. Teria mencionado o seu nome apenas para conseguir entrar na galeria sem convite? Ou teria realmente um motivo para querer vê-lo? E com que propósito? A atitude da desconhecida intrigava-o.
Seria mais uma oportunista? Desde que entrara para a lista dos dez solteirões mais cobiçados da Austrália, contra a sua vontade, passara a ser o alvo principal das casamenteiras.
Revoltou-se com a ideia de que ela pudesse ter aparecido ali com aquela intenção. Não queria acreditar que fosse uma interesseira. No entanto, a mulher continuava a medir de alto a baixo os homens presentes na galeria para, em seguida, os dispensar, um por um.
Jim continuou a observar a sua meticulosa avaliação. Se, de facto, era o alvo daquela mulher, estava disposto a colaborar. Antes, claro, de lhe dar uma lição da qual ela não se esqueceria tão cedo. Jim trabalhara arduamente e sofrera muito, mas resistira para chegar onde estava. Detestava parasitas. Um rosto bonito e um corpo escultural não obtinham nada dele, excepto um lugar temporário na sua cama.
A mulher acabara de chegar à passagem em arco que unia os dois salões do primeiro andar. Mais um segundo e seria o momento da verdade.
Jim aguardou, pronto para lançar o desafio.
Quando, finalmente, a mulher se deparou com ele, os seus olhos arregalaram-se. Mas a que é que se devia o espanto? Será que ela esperava ser reconhecida? Jim nunca a vira! Com ele, aquele truque não funcionava.
Se havia uma coisa de que se orgulhava era da habilidade que tinha para reconhecer pessoas, coisas e lugares. Era o seu maior talento, aquilo que o ajudara a alcançar a posição que ocupava presentemente e a tornar-se o mais importante investidor da cidade.
De repente, a expressão da mulher de amarelo mudou, como se finalmente tivesse encontrado aquilo que procurava e ela passou a encará-lo com uma intensidade estranhamente desconfortável. Parecia querer atravessar-lhe a pele com os olhos, para o ver por dentro.
A atitude da desconhecida fez com que Jim tomasse a iniciativa. Deliberadamente, deslizou os olhos pelo corpo escultural, devagar, parando nos seios fartos. A saia, um pouco acima dos joelhos, proporcionava uma boa visão das pernas altas e bem torneadas.
Imaginou-as submissas, em redor dos seus quadris. Ia dar-lhe aquilo que procurava. Aquilo que merecia, por ousar tentar ludibriá-lo. Ninguém enganava Jim Nielson tão facilmente.