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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1997 Susan Napier

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

A amante do noivo, n.º 381 - setembro 2018

Título original: Mistress of the Groom

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-756-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

A morena alta e deslumbrante entrou no restaurante do luxuoso hotel. Linda e etérea, parecia flutuar pelo salão. Tinha a pele branca e o cabelo escuro preso num carrapito de tranças no cocuruto da cabeça.

Sem usar qualquer tipo de jóia, destacava-se dramaticamente das mulheres presentes, que pareciam levar o estilo «arco-íris» às últimas consequências, numa tentativa de ostentarem estatuto financeiro e social, naquele que já era considerado o evento do ano em Auckland.

A mulher de preto caminhava de cabeça erguida, ignorando os murmúrios de admiração que provocava ao passar. Tinha os olhos azuis gelados fixos num grupo de pessoas reunidas ao fundo do imenso salão.

Quando já estava perto, o homem que era o centro das atenções de um bando de bajuladores, voltou-se e estendeu a mão para a taça de champanhe que o empregado de mesa lhe oferecia. Foi então que a avistou.

Ergueu a cabeça, pronto para a enfrentar, como um animal selvagem, a reagir à invasão inesperada do seu território. Tinha o cabelo cortado curto e da mesma cor escura do fato bem talhado. Os olhos azuis como o cobalto brilhavam com hostilidade, a demonstrar o seu desagrado. Tinha apenas trinta e três anos, embora parecesse mais velho, devido às pequenas rugas de expressão em torno dos olhos e nos cantos da boca.

Passado o choque, sorriu à morena que parara a uma certa distância.

– Ora vejam… Que prazer inesperado, menina Sherwood… Não sabia que o seu nome constava da minha lista de convidados. Mas que falta de tacto, convidá-la para comemorar o acordo que mandou a sua pequena empresa ao ar! – ironizou.

Apesar dos saltos altos que usava, Jane Sherwood empinou o queixo, a lamentar ter que o fazer para encarar aquele rosto desprezível.

– Não fui convidada, senhor Blair – declarou Jane Sherwood num tom tão glacial como o do seu inimigo. De soslaio, viu o funcionário do hotel, o mesmo que conseguira burlar à entrada. Ele apontava na sua direcção enquanto falava com um homem louro, magro e de feições grosseiras.

Jane reconheceu-o como o assistente inseparável do chefe e sentiu o coração acelerar-se ao vê-lo caminhar na sua direcção.

O silêncio era pesado, enquanto Ryan Blair deslizava os olhos pelo seu vestido.

– Ah, então está a ser deselegante… Embora deva admitir que se veste extremamente bem para alguém à beira da falência. Julguei que as autoridades seriam mais rigorosas na cobrança das dívidas que fez. Esse vestido, por exemplo, daria para pagar a meia dúzia dos seus inúmeros credores…

Os lábios dele curvaram-se com um sorriso ainda mais desagradável do que o seu olhar.

– O preto cai-lhe bem e suponho que tenha algum significado. Enterrei a sua companhia e a menina está de luto. Ou será que esse seu ar martirizado é apenas para que eu sinta pena de si? Se veio implorar pelas migalhas, lamento, mas ainda não jantámos… – apontou para as mesas, ornadas com cristais, porcelanas e talheres de prata.

Jane Sherwood respondeu com um leve encolhimento de ombros.

Ryan não levou em conta aquela reacção e continuou:

– Porque é que não telefona à minha secretária e vê se consegue marcar uma hora para conversarmos no escritório? Claro que não posso garantir nada.

– Não vim pedir nenhum favor – esclareceu Jane, friamente, com o estômago às voltas perante a ideia de ser forçada a implorar alguma coisa a um sádico como aquele.

«É exactamente o que ele quer», constatou. Depois de a ter despojado de uma brilhante carreira e de praticamente todos os bens materiais, estava a tentar expô-la ao ridículo. E, pior, valia-se daquele encontro para a humilhar.

Bem, se tinha que ir ao fundo do poço, iria, mas não pararia de lutar por um único segundo!

– Não? Então, talvez esteja aqui para me dar um presente – troçou, quando os seus olhares, irados, se encontraram. – Afinal, é o meu aniversário e parece que todos querem cobrir-me de presentes.

– Para dizer a verdade, vim exactamente para lhe dar uma coisa – confessou Jane, a aproximar-se mais, com a mão esquerda fechada escondida entre as pregas do vestido.

O assistente, que se posicionara silenciosamente ao lado do chefe, ficou tenso e tentou protegê-lo, mas foi repelido por um gesto de Ryan Blair.

– A sério? – baixou o braço assim que o homem recuou. – Pergunto-me o que terá vindo dar-me, que eu ainda não tenha – pronunciou as palavras lentamente, enquanto bebericava o champanhe, com a segurança de quem conhecia a impotência do inimigo.

Mas Jane sabia que podia contar com o elemento surpresa…

– Isto…

Brian não se apercebeu do perigo ao vê-la girar o corpo. Em segundos, o punho fechado de Jane atingiu-lhe violentamente o rosto.

Em seguida, flashes de luz cegaram-na momentaneamente. A única coisa que viu foi Ryan Blair a cair na mesa posta elegantemente atrás de si. Derrubou os cristais e os talheres até que, finalmente, se estatelou no chão.

Vê-lo levantar-se furioso e a massajar o rosto face ao silêncio espantado dos convidados, foi um bálsamo para o coração ferido de Jane.

Assim que o gerente do hotel entrou em acção, a desculpar-se, Jane virou as costas ao caos que criara e saiu com a mesma calma e dignidade com que chegara. Imperturbável, encontrou a saída com facilidade, já que as pessoas se afastavam ao vê-la passar.

Alcançou a pesada porta de vidro sem dificuldade. Contudo, ao tentar abri-la, alguém se antecipou. Ao dar meia volta para agradecer, constatou que se tratava do assistente de Ryan. Julgou que ia detê-la ou, pelo menos, adverti-la de que seria processada. Mas, para sua surpresa, ele limitou-se a inclinar levemente a cabeça, quando ela atravessou a porta.

 

 

Ao chegar à rua, a noite de Verão envolveu-a. A calçada ainda se encontrava molhada devido à chuva que caíra no fim da tarde. Começou a andar com cuidado, devido aos saltos altos e finos, consciente de que estava a ser observada pelas janelas do restaurante que davam para a rua.

Ao chegar à esquina onde estacionara o carro, ouviu passos apressados atrás de si. Em seguida, alguém a agarrou pelos ombros e a fez voltar-se. Era Ryan Blair.

– Não pensaste que sairias daqui impune, pois não? Ninguém me desafia e se vai embora como se nada tivesse acontecido!

Quando Jane o olhou, notou que, de um corte no lábio inferior, corria um fio de sangue e que o lado esquerdo do seu rosto estava avermelhado. Provavelmente, na manhã seguinte acordaria com o olho roxo.

Jane, que detestava a violência, sentiu um prazer imenso ao observar o estrago feito no rosto formoso de Ryan Blair.

– Não vejo o que poderá fazer para evitar que isso aconteça – replicou, a tentar soltar-se. – A menos que queira mandar-me prender por tentativa de assalto!

– Achas que as pessoas ainda não se riram o suficiente de mim? – retorquiu ele, a apertar-lhe o braço com mais força.

Jane desistiu de lutar e encarou-o com olhos gelados.

– E de quem é a culpa? Pode muito bem comprar a lealdade das pessoas, mas nunca conquistará o seu respeito. A sua campanha para tirar as Empresas Sherwood do mercado foi imoral, fraudulenta e comercialmente reprovável.

Perante a falta de reacção do empresário, continuou a falar:

– Aposto como, no fundo, muitos dos bajuladores que subornou ou que intimou a participar no seu círculo de amizades influentes e corruptas, apreciaram que tenha recebido o troco, embora sejam demasiado cobardes para o admitirem!

Lembrou-se da audiência curiosa que os observara no restaurante.

– Então, agrediste-me por achares que não tens mais nada a perder? – inquiriu ele, irado. – Pensa bem, doçura.

Jane não pôde responder. Ryan debruçou-se sobre ela e beijou-a com impetuosidade, forçando-a a render-se.

Foi um contacto repentino, quente e insinuante. Ryan deslizou a língua pela superfície macia dos seus lábios ainda selados. Contra a sua vontade, Jane sentiu um arrepio e gemeu. E debateu-se, a odiar aquele homem e a fraqueza do seu próprio corpo.

Ele acariciou-lhe as têmporas, a cara, o pescoço e o colo branco. Com uma mão, desmanchou o seu impecável carrapito ao retirar os travessões. Entretanto, deslizou a outra mão pelas suas costas e prendeu-a pelos quadris. Com o joelho, tentou forçá-la a abrir as coxas, enquanto Jane procurava desesperadamente afastá-lo, empurrando-o com os punhos fechados.

Sentiu uma dor lancinante na mão esquerda que a fez abrir a boca, o que lhe permitiu o acesso a ela. Os dentes dele prenderam os seus lábios e, ao sentir o gosto de sangue, Jane não soube se era dele ou seu.

Ryan não fez qualquer tentativa de fingir paixão… Aquilo era apenas um exercício de dominação masculina… mas o beijo foi real, profundo e perturbador.

Estranhas ondas de frio e calor invadiram os sentidos de Jane e ela pensou que ia desmaiar quando um flash de luz, igual aos que a tinham deixado cega no restaurante, os iluminou.

Ryan Blair soltou-a de imediato. Jane notou que o fotógrafo continuava a fotografá-los. Sentiu um arrepio ao pensar nas imagens que poderia ter capturado com a sua máquina fotográfica.

– Porque é que fizeste isso? – perguntou, ofegante e furiosa, enquanto tentava prender o cabelo que Ryan soltara.

O sorriso vitorioso que ele esboçou deixou claro que se apercebera da presença do fotógrafo desde o início.

Olhou para o colo farto de Jane antes de responder:

– Para mostrar a todos que a cena grotesca que presenciaram no restaurante não teve nada a ver com os negócios, mas sim com o nosso relacionamento íntimo.

– Sabes bem que não temos nenhum relacionamento – argumentou ela, desistindo de prender o cabelo e deixando que caísse em ondas sedosas até ao meio das costas. Sabia que já não era a mulher destemida que o enfrentara no restaurante há alguns minutos. Tinha o rosto vermelho, o cabelo em desalinho e sentia-se reduzida a um mero objecto de desejo.

– Tenta dizer-lhes isso… Amanhã, a cidade fervilhará com os comentários. As colunas sociais especularão sobre quanto tempo pretendíamos manter em segredo o nosso romance.

Jane, que sentia que a terra desaparecera sob os seus pés, não conseguiu falar.

Com uma calma de fazer inveja, ele continuou:

– E também sobre a nossa rivalidade, se seria apenas uma fachada, que se tornou verdadeira quando o nosso romance começou a arrefecer. Haverá quem sugira que o motivo da falência das Empresas Sherwood foi a sua presidente ter-se apaixonado e perdido completamente o sentido de perspectiva. O caso clássico de uma mulher que permite que o seu cérebro seja comandado pelas hormonas…

«Sim, este porco chauvinista sentir-se-ia realizado a espalhar esta teoria suja entre os executivos», pensou Jane, furiosa.

Por ser mulher e jovem, tivera de trabalhar arduamente para ser bem sucedida. A sua determinação ferrenha em demonstrar que era capaz de ocupar o lugar deixado pelo pai tornara-a uma excelente competidora no mercado imobiliário, superando homens mais velhos e mais experientes. Agora, a ala masculina apreciaria a oportunidade de humilhá-la e diminuí-la com uma piada de mau gosto.

– Seu sacana! – exaltou-se. – Para que é que queres fazer isso? Não basta tudo o que já fizeste? Graças a ti, perdi tudo o que tinha. Por mais quanto tempo pretendes continuar a perseguir-me?

Ele aproximou o rosto do dela e, com a voz fria como o aço, despejou todo o seu veneno, destruindo qualquer esperança de clemência que ela pudesse acalentar:

– Não, ainda não perdeste tudo, minha querida… Mas vais perder. Arruinaste o meu casamento e eu arruinar-te-ei da mesma forma; portanto, diz adeus aos teus sonhos e esperanças, Jane Sherwood, porque o teu futuro será muito diferente daquele que planeaste!