Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2000 Susan Napier
© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Amor sem compromisso, n.º 581 - outubro 2019
Título original: The Mistress Deception
Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suasfiliais, utilizadas com licença.
As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-1328-568-9
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Créditos
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Epílogo
Se gostou deste livro…
– Com licença, senhor Riordan?
Matthew Riordan lançou um olhar impaciente à mulher de meia-idade que estava parada à porta da sua sala.
– Desculpe incomodá-lo… – disse ela, sem se deixar abater pela expressão pouco amigável no rosto de Matthew. Com um grande envelope pardo nas mãos, ela moveu-se na direcção da mesa dele. – Sei que me pediu para organizar a correspondência do seu pai até ao dia em que ele estivesse recuperado, mas recebi algo que deve ver.
Matthew, reclinando-se na sua cadeira de couro, ergueu as sobrancelhas grossas e avaliou a secretária do seu pai.
Há quase três décadas, desde que Matt nascera, que Mary Marcus trabalhava no escritório do seu pai em Auckland. Mary era muito eficiente e fiel ao seu pai, Kevin Riordan, o ex-sucateiro, que agora era o dono de um dos maiores conglomerados de trituradores de lixo da Nova Zelândia.
Mary provou a sua eficiência no dia em que, ao ouvir um estranho barulho vindo do fundo do escritório, encontrou o chefe à beira de uma paragem cardíaca. Recobrando-se do choque, chamou uma ambulância e fez-lhe massagens até que a equipa médica chegasse. Depois avisou a família, enviou um fax a informar o vice-presidente da companhia, que estava em Tóquio a negócios e, discretamente, adiou todos os compromissos e reuniões, a fim de evitar especulações.
Mary colocou cuidadosamente o envelope sobre a mesa de Matthew.
– O que é isto, uma carta bomba?
Mary, mantendo-se calma, olhou-o com austeridade, repreendendo-o silenciosamente pela sua ironia.
Matthew pôs de lado a sua caneta, tirou os óculos e atirou-os para um canto. Os seus olhos pareciam cansados.
Pegou no envelope, olhando com atenção para o endereço dactilografado, e leu a frase «Estritamente Confidencial» sublinhada várias vezes.
Ao incliná-lo, três fotografias caíram sobre a mesa. Pegou numa delas e ficou intrigado. A fotografia a preto e branco fora tirada há duas semanas durante a festa de Merrilyn Freeman.
Numa das fotografias, Matthew estava curvado diante de uma mulher voluptuosa. Ambos seguravam taças de champanhe e sorriam.
Ele não se lembrava de ter visto fotógrafos naquela festa.
O contraste forte e a textura granulada sugeriam que as fotografias tinham sido feitas a partir de negativos pequenos.
Como ele sempre fora fotografado ao lado de mulheres em poses iguais ou mais suspeitas que aquela, não conseguia entender o motivo de alguém querer enviar aquela fotografia ao seu pai, a não ser, talvez, que fosse uma tentativa para se autopromover.
Matt pegou nas outras fotografias e ficou extremamente aborrecido e constrangido.
Ele podia sentir o olhar desaprovador de Mary, que saía da sala.
A sua boa reputação fora abalada, mas ao menos sabia que poderia contar com a discrição dela.
Com os lábios comprimidos, Matt estudava a prova da sua traição.
Na primeira fotografia, ele estava sentado numa cama, sem camisa, e uma mulher, com um vestido branco brilhante, estava ajoelhada diante dele, com a cabeça inclinada entre as suas pernas, numa típica cena de submissão sexual.
Matthew corou e a sua irritação aumentou ainda mais quando ele olhou para a fotografia seguinte. Nessa segunda foto, os papéis de submissão e dominação tinham sido invertidos. Ele estava deitado com os braços esticados para trás e as suas mãos estavam atadas à cabeceira da cama com um cinto. Uma linda mulher estava sobre ele, com os joelhos apoiados no seu corpo, segurando firmemente os pulsos dele e com os seios à mostra. O chicote de couro negro enrolado ao lado da cama dava intensidade à cena.
As lembranças daquela noite confundiam-se com as imagens eróticas à sua frente, e ele mexeu-se, desconfortável, na cadeira, tentando amenizar o efeito que aquelas fotos provocaram numa parte da sua anatomia. Matthew estava furioso consigo mesmo por estar excitado. Sentia-se manipulado, o seu orgulho estava ferido, a sua privacidade fora violada.
Pôs a mão dentro do envelope vazio e, como tinha imaginado, não havia mensagem alguma.
Não era preciso mensagem. Matthew sabia que aquilo era algum tipo de chantagem.
Fora tudo premeditado. E ele ainda lhe tinha enviado flores, um caríssimo ramo de rosas amarelas, e um cartão escrito à mão, a agradecer por ela ter evitado que ele causasse um escândalo na festa.
Matthew tentava punir-se pela sua ingenuidade. Como pudera ter confiado nela? Ele suspeitara dela desde o dia em que se conheceram; reconheceu a antipatia dela quando foram apresentados.
Fora o desejo de acabar com aquela antipatia que o estimulou a conquistá-la.
E agora ela queria vingar-se.
Ele fora um alvo fácil quando estava bêbedo, mas sóbrio, ela não conseguiria manipulá-lo.
Olhou para a data manchada do envelope e, ao perceber o que aquilo significava, ligou para Mary.
– Escritório do senhor Riordan.
– Mary, quando é que recebeu este envelope? – perguntou rispidamente.
– Na manhã de anteontem – respondeu Mary, depois de pensar na sequência dos eventos. – Eu abro sempre a correspondência do senhor Riordan assim que a recebo e deixo-a numa pilha na sua mesa… e certamente nunca olho para o conteúdo, a menos que ele me peça.
– Então quer dizer que este envelope estava por aí, aberto, na mesa do papá, há dois dias? – perguntou Matthew, nervoso.
– Bem, acho que sim, mas com o senhor Stiller em Tóquio, somente as empregadas de limpeza e eu tivemos acesso ao escritório do seu pai – ressaltou Mary.
A tensão de Matthew diminuíra ao saber da ausência do primo.
Desde criança, Neville Stiller e ele tinham sido sempre muito próximos um do outro, mas agora o seu relacionamento não passava de mera cordialidade.
Neville, que trabalhava nas indústrias KR desde que concluíra o secundário, fora promovido a vice-presidente há cinco anos, e ocuparia o lugar do seu pai quando este se aposentasse.
Matthew não quisera seguir os passos do pai e agora liderava uma das empresas da família, negociando acções milionárias no mercado financeiro.
Desde o início, percebera que não haveria muito espaço para ele na empresa bem sucedida do pai.
Se a presença de Neville no Japão não fosse absolutamente necessária, ele indubitavelmente já teria regressado para estar no comando da empresa.
Matthew encolhera-se só de imaginar o primo sentado confortavelmente na cadeira do seu pai convalescido, a abrir aquele envelope, sentindo-se satisfeito por saber que ele se deixara apanhar em flagrante tão facilmente.
Como Neville não poderia voltar sem antes concluir as negociações, Matthew não tivera outra escolha a não ser substituir o seu pai.
De repente, foi devastado por uma preocupação ainda maior e decidiu ligar novamente para Mary.
– Sabe se o papá teve tempo de verificar a correspondência antes da paragem cardíaca?
Mary reconheceu logo a voz implicante do outro lado.
– Acho que sim – admitiu ela calmamente. – Como de costume, verificamos a correspondência comercial primeiro, depois ele pediu-me que respondesse às cartas mais urgentes e… sim, é possível que ele tenha verificado a sua correspondência pessoal enquanto eu estava a dactilografar as cartas. Como o envelope era grande, acabei por colocá-lo debaixo da pilha…
Ambos sabiam que não havia um grande consolo nisso.
A educação simples do seu pai sempre o fizera acreditar que o tamanho era um importante indicador de status.
Sobriedade era uma palavra que não existia no seu vocabulário. Se ele tivesse decidido ler a correspondência, certamente acharia que o envelope grande era o que continha coisas mais interessantes e, neste caso, estaria certo.
– Mary, traga-me um envelope grande – pediu ele, desligando o telefone em seguida.
Matthew pegou no bloco de notas que estava à sua frente e começou a rabiscar uma mensagem com uma caneta verde.
Quando Mary apareceu com o seu pedido, ele dobrou a mensagem, pegou nas fotos, colocou-as no envelope e escreveu o endereço em letras garrafais.
– Preciso que isto seja enviado imediatamente.
– Encomenda expressa ou normal?
– Encomenda expressa – disse ele, com um sorriso antipático.
Ele queria que a tortura mental da chantagista começasse o quanto antes.
Mary olhou para o endereço, demonstrando certa preocupação.
– Não acha que deveria…
– Sem perguntas, simplesmente faça!
A secretária ficou estarrecida com tamanha falta de educação, então virou-se e caminhou em direcção à porta…
– Desculpe, Mary – disse ele com sinceridade, enquanto passava a mão nervosamente pelos cabelos. – Sei que não precisava de ter gritado. Não estou zangado consigo. Fazer companhia à minha mãe no hospital, resolver os problemas aqui do escritório, assim como os do meu próprio trabalho, está a desgastar-me muito. Não tenho dormido bem nestes últimos dias e acho que isto está a reflectir-se no meu humor… Mas tenho que aprender a lidar com isto.
Mary lembrou-se que quando Matthew era criança reconhecia sempre os seus erros facilmente e tentava corrigir-se. Agora que era adulto, era igualmente implacável com as suas falhas.
– Espero que saiba o que está a fazer – murmurou ela.
– Sei exactamente o que estou a fazer – disse ele, tentando sorrir. – Vou-me vingar de uma chantagista. Acho que tenho o dom para lidar com chantagens – acrescentou.